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quinta-feira, fevereiro 12, 2015

'Bebidas espirituosas'

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O 3º volume da coleção 'Terra Brasilis'
Em que pese ter sido escrito por Eduardo Bueno, aquele que recentemente chamou a região Nordeste de "bosta", o livro "Capitães do Brasil - A saga dos primeiros colonizadores" é um dos três volumes de uma coleção publicada pela Editora Objetiva, no fim do século passado, que teve o mérito inegável de recontar e detalhar os primórdios da História brasileira sob uma ótica menos mítica/acadêmica e mais "humanizada", por assim dizer, perseguindo informações e provas documentais com rigor "jornalístico". A linguagem menos empolada/mais acessível utilizada pelo autor também colaborou para o sucesso popular dessas obras, pertencentes ao chamado "revisionismo histórico" - que, a partir daquela época, motivou centenas de publicações interessantes no país.

Marco de Touros, exposto em Natal
Pois bem, ao conhecer, no início deste mês, o Marco de Touros, exposto no Forte dos Reis Magos, em Natal (RN), me interessei pela tese de um pesquisador local de que Pedro Álvares Cabral talvez não tenha descoberto o Brasil em Porto Seguro (BA). Desde então, tenho lido e relido vários textos e livros sobre o primeiro século de colonização do nosso território. Um deles é exatamente "Capitães do Brasil", o único dos três títulos da Coleção Terra Brasilis que eu ainda não tinha lido (os outros são "A viagem do descobrimento" e "Náufragos, traficantes e degredados"). Neste último volume, Bueno trata sobre os interesses de Portugal ao decidir colonizar o Brasil 30 anos após a descoberta, a divisão em capitanias hereditárias, o destino de cada uma delas e as venturas e desventuras dos doze donatários daquelas terras.

Manguaça Vasco Fernandes Coutinho
Um deles foi Vasco Fernandes Coutinho, fidalgo português presenteado pelo rei Dom João III com a 11ª capitania das 15 demarcadas horizontalmente de Norte a Sul na nova colônia, a do Espírito Santo. Depois de tomar posse da gigantesca porção de terra em 1535 (cada capitania tinha cerca de 350 km de largura, dimensões similares às das maiores nações europeias), Coutinho decidiu regressar à Portugal quatro anos depois, em busca de algum sócio que topasse investir em expedições para procurar ouro e prata no interior do Brasil. Porém, ao partir para Lisboa, o donatário deixou no comando da capitania o degredado D. Jorge de Meneses, conhecido por "homem de Maluco". Não à toa: investido do cargo, quebrou acordo com os índios Goitacás e invadiu seu território. Foi morto a flechadas.

Mapa de Vila Velha do século XVI
Outro degredado, D. Simão de Castelo Branco, assumiu o posto vago. Em vão: ainda furiosos, os Goitacás não só o assassinaram como trucidaram a maioria dos colonos europeus, além de invadir e destruir o povoado que existia onde hoje está a cidade de Vila Velha. A notícia da tragédia demorou alguns anos para atravessar o oceano e, por isso, Vasco Coutinho a ignorava quando voltou ao Brasil. O pior foi que, além de desinformado, o donatário tomou uma atitude absurda ao fazer uma escala na capitania de Porto Seguro: levou consigo, para o Espírito Santo, um bando de degredados que havia fugido da cadeia de Ilhéus, depois de ter capturado e saqueado um navio. Um dos piratas era francês, e dar abrigo a ele era algo impensável numa época em que Portugal combatia com armas os frequentes saques da França no Brasil.

Gravura de índio 'bebendo fumo'
Com a ajuda dos degredados e de colonos remanescentes, Coutinho fundou um novo povoado, chamado Vila Nova (ao lado de onde antes existia a destruída Vila Velha) e, em 1551, derrotou os Goitacás - motivo pelo qual a Vila foi rebatizada como Vitória, cidade que hoje é a capital do atual Estado do Espírito Santo. Porém, os degredados, piratas e bandidos aos quais o donatário tinha se aliado se tornaram problema muito maior do que os indígenas, e a capitania caiu em desordem incontrolável. Para complicar a situação, segundo Francisco de Varnhagen, um dos primeiros historiadores brasileiros no século XIX, Vasco Coutinho "acabou por dedicar-se com excesso às bebidas espirituosas e até se acostumou com os índios a fumar, ou a beber fumo, como então se chamava a esse hábito, que naquele tempo serviu de compendiar até onde o tinha levado sua devassidão".

Estátua de Pero Fernandes Sardinha
Curiosa a denominação "bebidas espirituosas", quando em língua inglesa o goró é popularmente chamado de spirit, pois considera-se que o consumo de bebida alcoólica "altera o espírito", causando mudanças físicas e mentais. Voltando ao "dono" da capitania do Espírito Santo, seus vícios o fizeram sofrer uma série de humilhações públicas, infringidas pelo primeiro bispo do Brasil, D. Pero Fernandes Sardinha. De acordo com relato do então governador-geral da colônia, D. Duarte da Costa, Vasco Coutinho chegou a Salvador em 1555 "velho, pobre e cansado, bem injuriado do Bispo, que lhe tolhera a cadeira das espaldas e apregoara por excomunhão, por sua mistura com homens baixos e por seu hábito de beber fumo (...); e o Bispo dissera dele no púlpito coisas tão descorteses, estando ele presente, que o puseram em condição de se perder". Era o princípio do fim do fidalgo-manguaça.

O governador-geral Mem de Sá
Em 1558, outra vez cercado pelos Goitacás e sem qualquer respeito dos colonos ou controle na administração da capitania, Coutinho escreveu para o novo governador-geral, Mém de Sá, pedindo dinheiro e dizendo-se "velho, doente e aleijado". Apesar de mandar reforços, Sá escreveu para o rei sugerindo: "Parece que V. Alteza devia tomar esta terra a Vasco Fernandes e dar aos homens ricos que para cá querem vir". De acordo com o livro de Bueno, em 1561, "depois de gastados muitos mil cruzados que trouxera da Índia, e muito patrimônio que tinha em Portugal", Vasco Coutinho "acabou seus dias tão pobremente que chegou a pedir que lhe dessem de comer por amor de Deus, e não sei se teve um lençol com que o amortalhassem". Consta ainda que sua mulher e filhos acabaram seus dias desamparados, num hospital de caridade. E o território do Espírito Santo permaneceu por muito tempo abandonado, abrigando fugitivos e piratas.

A 'Medalha Vasco Fernandes Coutinho'
Mais de quatro séculos depois, Vasco Coutinho continua causando polêmica. Em 1962, a Polícia Militar do Espírito Santo criou uma medalha com seu nome, para "celebrar a colonização do solo" local - e "homenagear", no dia 23 de maio (alusão à data de desembarque de Coutinho em  1535), políticos, militares, empresários e "otoridades"/"celebridades" do gênero. Na edição de 2013, o dramaturgo Wilson Coêlho recusou-se a recebê-la, justificando: "Me parece estúpida a ideia de comemorar a colonização, principalmente quando significa eu assumir o papel de colonizado como um 'bom moço' entre os colonizados. Nesse processo de colonização, Vasco Fernandes Coutinho simboliza o genocídio, o assassinato cultural dos povos originários (Aimorés, Botocudos e Puris), a expansão do território europeu, o roubo e a exploração do trabalho escravo" (leia a íntegra de sua carta aqui). Apropriado ponto final nesse post.

quarta-feira, fevereiro 26, 2014

Nicotina na cerveja OU cigarros para beber

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Dia desses, numa barbearia em Brasília, ouvi uma conversa mais ou menos assim:

– É, amigo... Sou de um tempo em que fumar era bonito, e dar a bunda era feio.
– Sei – não discordou o barbeiro, cujo ouvido pareceu acostumado a tudo.
– Hoje em dia, dizem aí que fumar é feio e dar a bunda é que a bonito.

A pérola homofóbica com ares de preocupação ficou no ar. Não faltou vontade de sugerir que ele largasse mesmo o cigarro e fosse ser feliz. Ou que fosse feliz mesmo fumando. Mas foi melhor ter evitado o desaforo.

Lembrei-me, então, de uma informação que havia aparecido dias antes, em alguma leitura aleatória na internet – que finalmente aproxima o assunto do Futepoca.

Para muitos fumantes que tentam largar o hábito (ou o vício), a mesa do bar é entrave mais difícil do que o cafezinho, porque a cerveja e o papo chamam o cigarro.

A proximidade entre esses dois itens poderia ser ainda maior. E aqui vão exemplos.

Foto: @NicoShot 
Em 2005, a alemã Nautilus GmbH lançou a NicoShot, uma cerveja com nicotina para "ajudar bebedores a largar o cigarro". "NicoShot é a satisfação de um cigarro em uma cerveja sem a fumaça", prometia o press release de lançamento.

Três latinhas representariam um maço fumado, em quantidades da substância viciante presente no tabaco. Era uma "terapia de substituição de nicotina", semelhante ao chiclete.

O perfil da marca no Twitter deixou de ser alimentado em 2011, e o domínio NicoShot.com não existe mais. Aparentemente não houve sucesso em conseguir aprovação para venda do produto em mercados como Estados Unidos e Austrália.

Com menos pretensão, a italiana Birra del Borgo tempera uma ale porter com folhas de tabaco na Ke To Re Porter. Mas aqui o objetivo era meramente o de conferir sabor.

Fume cerveja

Da série "não vingou" vem a Cerveja Malboro.

É que consta que uma das marcas que mais frequentemente povoam a mente dos tabagistas quase esteve nos rótulos de cervejas em prateleiras de vendinhas. A transposição do nome para as garrafas chegou a ser patenteada para comercialização em 1970. Este registro parece prova sólida o bastante para mim (porque, ao contrário do que ensinava Jânio Quadros, se fosse líquida...).

E não é (só) um fake produzido por um designer pouco ocupado.

Segundo o culturalmente irreparável Beer History, a empreitada sucedeu a aquisição, pela multinacional do tabaco Philip Morris, da Miller Brewing, de Milwaukee, em Wisconsin. A Miller pertence à SABMiller desde 2002, sendo atualmente a segunda maior fabricante de cerveja do mundo.

Mas, no fins dos anos 1960, fumar era "pra frente". Embora tenha permanecido como marca de cigarro, o climão de "venha para o mundo de Malboro" foi aplicado aos comerciais da Miller, na tentativa de levar a cervejaria do nordesde estadunidense ao topo do mercado. Brigou firme com a Budweiser, inserindo a tendência de comerciais de cerveja que falavam mais do bebedor do que da bebida.

Essa perspectiva permanece até hoje nas propagandas, com a diferença de que, no Brasil, adicionaram-se algumas doses nada moderadas de moças de biquini e decotes variados. Mas isso é outra história.

As fotos abaixo foram garimpadas de um site de classificados na gringolândia que, em 2010, tentou passar para frente exemplares dos supostos protótipos.

Foto: Box Vox
Independentemente da razão para o registro da
marca, consta que a cerveja Malboro nunca chegou
a ser comercializada. 


sexta-feira, março 22, 2013

Estudo acaciano, mas nem por isso desnecessário

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A entidade beneficente inglesa Mind, dedicada a questões ligadas à saúde mental, ouviu 2 mil pessoas e concluiu em um estudo que a tensão provocada pelo trabalho pode levar ao abuso no consumo de álcool e de outras drogas. Sim, claro, não há qualquer novidade nisso. Mas sempre é bom reforçar uma obviedade dessas com a chancela de um estudo sério, para que os patrões não condenem, maltratem ou demitam aqueles supostos "vagabundos", "bêbados" e "irresponsáveis" que não conseguem suportar o "pau alado" sóbrios - afinal, já avisava Chico Buarque, na letra de "Meu caro amigo": "Porque senão, sem a cachaça/ Ninguém segura esse rojão".

E, apesar dos diversos males causados pelo álcool, a manguacice, muitas vezes, serve como válvula de escape para coisa pior. O estudo alerta, por exemplo, que o ambiente de trabalho seria responsável por 7% dos pensamentos ligados ao suicídio, subindo para 10% nas pessoas com idades entre 18 e 24 anos. Mais de um terço dos adultos ouvidos apontam o trabalho como o aspecto mais estressante, mais do que preocupações com o dinheiro e saúde. Por isso, 57% desses pesquisados não dispensam um ou mais drinques após o expediente e 14% afirmaram beber mesmo durante a jornada de trabalho ("Opa! Traz mais meia dúzia!").

Cigarro e remédios para dormir também são consumidos como maneiras de lidar com o problema, segundo o estudo - embora nós, futepoquenses, continuemos priorizando o buteco (onde fumar geralmente é proibido). Tanta pressão e vício levam muitos a desistir: 9% dos pesquisados já pediram demissão de algum trabalho alegando estresse e 25% admitiram ter vontade de fazer o mesmo. "Um entre seis trabalhadores vive quadro de depressão, estresse e ansiedade. A maioria dos administradores não se sentem capacitados para dar apoio", diz Paul Farmer, diretor da Mind.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Vício!

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Como boa viciada em joguinhos de computador, não sosseguei enquanto não completei o Flash Pops de escudos de times de futebol. Só consegui com uma tarde inteira de pesquisa mais as dicas de pessoas que já tinham completado, é verdade. O negócio é difícil!
Eu recomendo!

O endereço é www2.uol.com.br/flashpops/jogos/escudos.shtml

Reprodução

Entendeu?