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sexta-feira, março 26, 2010

Tudo desculpa pra beber

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No livro "1808", de Laurentino Gomes (Editora Planeta, 2007), que narra a vinda e a permanência de Dom João VI por 13 anos no Brasil, uma descrição interessante das condições de viagem de navio da Europa até aqui, pelo Oceano Atlântico, há 200 anos:

A dieta de bordo era composta de biscoitos, lentilha, azeite, repolho azedo e carne salgada de porco ou bacalhau. No calor sufocante das zonas tropicais, ratos, baratas e camundongos infestavam os depósitos de mantimentos. A água apodrecia logo, contaminada por bactérias e fungos. Por isso, a bebida regular nos navios britânicos era a cerveja. Nos portugueses, espanhóis e franceses, bebia-se vinho.

Taí, já dá pra entender o que impulsionou as navegações...

1 comentários:

Anselmo disse...

não só nos navios europeus isso acontecia. a função de hidratação por contaminação da água sempre foi, historicamente, um efeito colateral desejado do consumo de etílicos.
antes dos filtros, tratamentos de água, cloros etc., o pessoal percebeu que tinha menos dor de barriga tomando uma do que consumindo água colhida rio abaixo (principalmente se a latrina fosse atirada rio acima).
o curioso é que em guias turísticos atuais de países pobres (ou em desenvolvimento) sempre consta aquelas recomendações meio prudentes – considerando o público turista-bobo – meio preconceituosas. Uma delas é não beber água do local. O problema é que se substituiu, nesses guias, o saudável e milenar hábito de se hidratar com fermentados de baixo teor alcoólico pelo contemporâneo "vício moderno" de refrigerantes e sucos de caixinha adoçados (a ironia é uma provocação gratuita e direta, quiçá desnecessária, ao Olavo).