Destaques
quarta-feira, junho 12, 2013
Sutilezas semânticas
segunda-feira, junho 10, 2013
'Onda de retrocesso moralista'
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Sim, claro, é completamente errado: ninguém pode dirigir bêbado. Mas a sutileza tucana sempre é a de cortar tudo, sem brechas, em vez de prever exceções e/ou dar opções - como, por exemplo, garantir transporte público de qualidade e por preço razoável ou colocar o metrô para funcionar 24 horas. Por isso, sem mais rodeios, reproduzo na íntegra o excelente artigo de Vinicius Mota, secretário de Redação da Folha, publicado hoje:
sexta-feira, junho 07, 2013
A massa cheirosa paulistana se diverte
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Rosas para as dondocas, porrada no povo |
Marido marqueteiro do PSDB é só um acaso |
Política pública: inaugurar loja de contrabando |
Kherlakian entretendo tucanos no rega-bofe |
Claudia Raia reviveu glamour da Era Collor |
Sonho da elite paulistana é reviver a 'Redentora' |
segunda-feira, março 04, 2013
'Crise de gestão'
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sábado, setembro 01, 2012
Paradoxo: esperança de Serra em ir ao segundo turno pode estar no crescimento de Haddad
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Não é novidade pra
ninguém que a semana foi péssima para o candidato do PSDB à
prefeitura de São Paulo, José Serra. Primeiro, a pesquisa
Datafolha, divulgada na quarta-feira, mostrava uma queda de cinco
pontos de sua candidatura e, dois dias depois, o Ibope já apontava
um empate
técnico do tucano com Fernando Haddad na segunda colocação.
Agora, a campanha serrista tem como objetivo garantir a ida do eterno
presidenciável ao segundo turno, ainda que o tom agressivo possa
prejudicá-lo – e muito – em uma eventual segunda volta.
Pesquisas não têm deixado Serra feliz |
sexta-feira, maio 20, 2011
Um governo inexistente - ou que ninguém quer mostrar
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Acompanhando o noticiário sobre o assassinato do estudante Felipe Ramos dentro da Universidade de São Paulo (USP), constatei, sem surpresa, que a chamada "grande" imprensa (grande só no lucro...), mais uma vez, não dá nome aos bois e muito menos vai atrás deles. Por isso, resolvi fazer um post "didático". Se houve um crime, é problema de segurança. No Estado de São Paulo, a vigilância é feita pela Polícia Militar, que, por sua vez, é subordinada à Secretaria Estadual de Segurança. Nas notícias sobre o crime - ou crimes, parece que foram mais de 200 dentro da USP, somente no último mês - será difícil ver o nome ou a figura do cidadão da foto à esquerda. Mas, sim, ele é o secretário de Segurança Pública do Estado, Antônio Ferreira Pinto. Muito prazer, senhor Ferreira Pinto! Como vai?
Pois bem. Se o crime ocorreu dentro de uma universidade pública, quem é responsável por ela? A USP, assim como a Polícia Militar paulista, é mantida pelo governo do Estado. Ah! Que coisa! Logo, está subordinada à Secretaria Estadual de Educação. Parece lógica toda essa associação e encadeamento de subordinações e responsabilidades, mas, dificilmente, vocês também vão ver, no noticiário sobre o crime na USP, o distindo cidadão da foto à direita, o secretário de Educação, Herman Voorwald. Muito prazer, senhor Voorwald! Sim, eu sei: uma cobertura lógica, racional e jornalística do fato procuraria esses dois funcionários públicos. Mas nós estamos no Estado de São Paulo e, por questões políticas e financeiras, não interessa (ou antes, é proibido) mostrá-los. Sabem por quê?
Porque, voltando à sequência de subordinações e responsabilidades, em última instância, ambos os secretários são subordinados à autoridade máxima do Estado paulista. E esse, meus amigos, não vai aparecer em reportagem negativa nem se ele matasse a própria mãe. Sim, estamos falando do atual governador (governador?!?) do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (foto à esquerda). Aquele, do PSDB - sigla que denomina um partido que, quase nunca, vocês vão ver na imprensa quando o assunto é negativo. Exagero? Por que ele não aparece na TV, rádio, portal de internet, jornal ou revista falando sobre os crimes na USP? Como disse, em última instância, ele é a autoridade máxima, responsável pela USP e pela polícia estadual.
Acontece, meus queridos irmãos, que aqui, no Estado mais rico do Brasil, a imprensa tem posição política muito definida - embora insista em enganar a população, dizendo que não tem "rabo preso" com ninguém. Tem, sim. Nesta semana que passou, foram completos cinco anos dos ataques de uma facção criminosa em todo o Estado, que culminou com a Polícia Militar assassinando mais de 400 pobres, a esmo (a maioria, negros). Nada foi investigado e ninguém foi punido de lá para cá. E o secretário Antônio Ferreira Pinto também não apareceu no noticiário, falando sobre o assunto, nem o governador Alckmin. Da mesma forma, no mês passado, funcionários da limpeza da mesma USP entraram em greve, pois a empresa terceirizada que os empregava atrasou salários. A empresa foi contratada pela USP, que é subordinada à Secretaria de Educação - do governo estadual. Mas, para (não) variar, ninguém da "grande" imprensa procurou o secretário Herman Voorwald. Nem Geraldo Alckmin.
Para o leitor, ouvinte, internauta ou telespectador, a impressão é de que o governo de São Paulo é inexistente. Como diria o Padre Quevedo, "nom equiziste!". E, se não existe, não tem culpa nem responsabilidade de nada. Nem Ferreira Pinto, nem Voorwald e nem Alckmin jamais serão associados, por esses consumidores de "informação", a qualquer crime ou problema relacionados à segurança ou educação pública. Legal, né? Mas deviam perguntar para a família do rapaz assassinado e para os alunos da USP o que eles acham disso. Ah, mas que bobagem! Isso a "grande" imprensa também não vai fazer, nunca...
domingo, maio 15, 2011
Cinco anos dos Crimes de Maio: 'obra' de Alckmin
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Há exatos cinco anos, uma série de ataques atribuídos a uma facção criminosa denominada Primeiro Comando da Capital (PCC) assolou o Estado de São Paulo, escancarando, para o Brasil e o mundo, a suprema incompetência, descontrole e omissão do governo do Estado mais rico da federação com a segurança pública. Pior do que isso: para responder aos ataques e tentar acalmar a população apavorada, o poder público paulista mandou sua Polícia Militar às regiões periféricas e mais pobres da capital para assassinar no mínimo 493 pessoas, A ESMO, sendo a imensa maioria delas, mais de 400 jovens, executados sumariamente - segundo o Movimento Mães de Maio (na foto, uma de suas inúmeras manifestações, com fotos dos mortos, sempre ignoradas pelo governo estadual).
Esse impressionante contingente de quatro centenas de pessoas pobres, negras e indefesas não tinha sequer passagens pela polícia, nem qualquer indício de envolvimento com crimes ou práticas ilegais. Morreram justamente porque eram pretos e pobres, assim como os 111 presos mortos pela mesma Polícia Militar paulista no vergonhoso massacre do presídio Carandiru, em 2 de outubro de 1992. Vale a pena reler a matéria que a Revista Fórum publicou sobre os Crimes de Maio de 2006 (a íntegra aqui).
Naquele início de 2006, até pouco antes dos ataques, o governador - e verdadeiro responsável pelo descaso com a segurança pública, o crescimento das organizações criminosas e o assassinato de quase 500 pessoas pelo poder público - era Geraldo Alckmin (PSDB), que deixou o cargo para disputar as eleições presidenciais - por isso, seu vice, Cláudio Lembo, era o governador especificamente no mês dos ataques (mas é óbvio que a situação ficou caótica sob o governo do titular da pasta, não do vice).
Alckmin é esse mesmo que passou a ocupar novamente, a partir de janeiro deste ano, o posto de governador. Exatamente por isso, cinco anos após a tragédia, o governo estadual tucano não mexe uma palha para investigar os crimes que praticou. Sempre que é abordado sobre os Crimes de Maio de 2006, Alckmin se acovarda e foge, como mostra esse vídeo aqui:
Nota-se que a coragem de questioná-lo partiu de uma equipe estrangeira, pois a chamada "grande imprensa" paulista e brasileira (que, de grande, só tem o poder econômico) continua dócil e inofensiva ao PSDB. Ninguém citou Alckmin nas matérias sobre os cinco anos dos ataques e dos assassinatos. Ninguém deu - e nem dará - nome aos bois, ou melhor, ao boi.
"Somos centenas de mães, familiares e amigos que tivemos nossos entes queridos assassinados covardemente e até hoje seguimos sem qualquer satisfação por parte do estado: os casos permanecem arquivados sem investigação correta para busca da verdade dos fatos, sem Julgamentos dos verdadeiros culpados (os agentes do estado) sem qualquer proteção, indenização ou reparação. Um estado que ainda insiste em nos sequestrar também o sentimento de justiça", dizia texto divulgado pelo Movimento Mães de Maio em 2009.
Neste mês, um relatório apontou como causas principais dos ataques de maio de 2006 a corrupção policial contra membros do PCC, a falta de integração dos aparatos repressivos do estado e a transferência que uniu 765 chefes da facção criminosa, às vésperas do Dia das Mães de 2006, numa prisão de Presidente Venceslau (SP). Corrupção, falta de controle e decisões equivocadas. Esse deveria ser o verdadeiro slogan do PSDB paulista, em vez de "gestão, planejamento e eficiência", como gostam de alardear.
Federalização do caso
O estudo de quase 250 páginas foi produzido pela ONG de defesa de direitos humanos Justiça Global e pela Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard, dos Estados Unidos. Ao esmiuçar os 493 homicídios ocorridos no Estado de 12 a 20 de maio de 2006, o estudo viu "indícios da participação de policiais em 122 execuções", além de discrepância na elucidação desses casos em relação aos que vitimaram 43 agentes públicos. Por conta disso, propõe a federalização da investigação. Assim, talvez haja alguma esperança de Justiça para as mães e parentes das vítimas da Polícia Militar paulista.
Porém, o que mais preocupa é que a inoperância do governo estadual tucano continua. Em cinco anos, NADA mudou na caótica segurança público do estado, e todos sabem, veladamente, que quem comanda os presídios paulistas é o PCC. "Passados cinco anos, nossa pesquisa indica que não foram construídos mecanismos eficazes, consistentes de superação e de enfrentamento para essa situação", afirma Sandra Carvalho, diretora da Justiça Global. É preciso insistir neste assunto. Sempre.
quarta-feira, maio 11, 2011
O Metrô de São Paulo e a vitória do higienismo
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sexta-feira, março 04, 2011
Wikileaks: Eleições 2006 na visão da embaixada dos EUA - e de seus interlocutores
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A terceira leva de documentos eram 141 páginas de telegramas de temas variados. Os diplomatas tiveram bate-papos mais ou menos formais com expoentes políticos, especialmente da oposição. Nesse grupo, encontram-se os senadores Sérgio Guerra (PSDB/CE), Arthur Vigílio (PSDB/AM) e Antonio Carlos Magalhães (PFL/BA), o então governador Jarbas Vasconcellos (PMDB/PE) e Hélio Costa (PMDB/MG) – então Ministro das Comunicações. Falavam também com empresários. Quer dizer, menos leitura de jornal do que em assuntos tratados anteriormente.
Na contagem de palavras, dá-lhe Lula e Alckmin (1.041 e 659, respectivamente), com menção honrosa para o PT (466), PSDB (359) e PMDB (255). A Área de Livre Comércio das Américas é mencionada 30 vezes.
Aí vai uma seleção do que diversos blogueiros postaram sobre o tema.
Diplomatas dos EUA transitavam facilmente pelo governo Lula
Por Juliana Sada, o Escrevinhador
Os documentos mostram a facilidade com a qual os membros das embaixadas americanas têm acesso aos membros do governo, líderes de partidos e importantes figuras do meio empresarial e político.
Cablegate: Alca e Alckmin e a Folha entendiada sem o Lula
Por MariaFrô
"A principal diferença na política econômica que interfere substancialmente nos interesses do governo dos Estados Unidos é a ênfase de Alckmin em trazer novamente as negociações para implementação da Alca".
Matarazzo: “É claro que Alckmin é da Opus Dei
Por Marcus V F Lacerda
Andrea Matarazzo, reconhecido como “peso-pesado” do PSDB, acreditava que a ligação entre Alckmin e o grupo político de direita Opus Dei era clara, apesar do candidato tucano à presidência sempre negar.
Em 2006, Temer também criticou colegas que apoiavam Lula
por Marcus V F Lacerda
Michel Temer, atual vice-presidente, criticou colegas que apoiavam Lula durante a corrida presidencial de 2006, quando era presidente do PMDB.
Lembo: FHC achava Alckmin "um caipira de Pindamonhangaba"
por Marcus V F Lacerda
Em reuniões com representantes americanos na última semana de abril de 2006, o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, demonstrou preocupação com o racha que havia dentro do PSDB, a caminho da disputa eleitoral contra Lula.
Eleições 2006: PSDB falava de virada, mas cônsul já achava "fantasia"
por Marcus V F Lacerda
Apesar das esperanças de segundo turno em 2006, lá por agosto, o cônsul-geral McMullen sinalizava que a possibilidade de uma virada era remota. Um interlocutor tucano, Fernando Braga, "denunciava" ainda que a Rede Globo estaria ajudando a Lula à época devido a uma negociação de suas dívidas em troca de espaço para propaganda de órgãos do governo e estatais.
A relação entre Lula e o setor empresarial
Por Juliana Sada, o Escrevinhador
O documento aponta que os empresários estavam satisfeitos com a política econômica aplicada por Antonio Palocci, quando Ministro da Fazenda, e acreditavam que se Lula fosse reeleito, não haveria mudanças na área. Mesmo assim, “ele ainda deixa os empresários nervosos”. De acordo com a correspondência diplomática, “o governo Lula dirigiu mais recursos para programas sociais enquanto retém fundos para investimentos. A comunidade empresarial gostaria de ver essas prioridades invertidas”.
As conversas com ACM e José Carlos Aleluia na Bahia
por Marcus V F Lacerda
ACM (morto um ano depois) já achava que caso Lula ganhasse a eleição tentaria montar um governo de reconciliação e falharia nesse esforço. Antônio Carlos Magalhães esperava que Lula escolhesse 2 ou 3 nomes fora das fileiras petistas e partidos aliados. Já Aleluia dizia que Lula usou seu poder para comprar os tribunais, as universidades, a Polícia Federal e o Ministério Público.
Na disputa presidencial entre Alckmin e Lula, os EUA estavam tranquilos
por Juliana Sada, O Escrevinhador
"O fato de que um candidato abertamente pró-mercado como Alckmin tenha dificuldades em diferenciar sua agenda econômica de um presidente nominalmente de esquerda é ilustrativo de quão pouca incerteza existe sobre os rumos política econômica após a eleição", escreve o diplomata.
Michel Temer: programas sociais de Lula não promovem crescimento
por Marcus V F Lacerda
Em 2006, o presidente do PMDB disse que os diversos programas sociais de Lula não promoviam nem crescimento ou desenvolvimento econômicos. Para o atual vice-presidente, o PT se elegeu com um programa que não foi realizado durante seus primeiros quatro anos no poder, o que configuraria fraude eleitoral. Temer ainda acusa líderes do PT de desviar dinheiro público não em benefício próprio, mas para aumentar o poder do partido, o que teria agravado mais ainda a descrença do brasileiro.
quinta-feira, janeiro 27, 2011
O cara pede...
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Nós aqui do Futepoca estamos super-acostumados (tem hífen, raios?) às acusações de esquerdice explícita. É tudo verdade, não negamos isso. Às vezes acham que a gente exagera na perseguição a tucanos, especialmente a um certo ex-governador de São Paulo. Pode ser. Mas eles pedem!
quinta-feira, novembro 04, 2010
Pensamentos esparsos sobre Lula, Dilma, FHC e a oposição autofágica
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Lembro bem, quando Lula venceu a eleição de 2002, a primeira ação orquestrada da mídia foi tratar de “separá-lo" do PT. Isso se intensificou quando iniciou o governo com nomeações (como o Henrique Meireles) e medidas econômicas tidas como "ortodoxas", elogiadas como a continuidade de FHC – o que mostrou ser de grande prudência, já que uma mudança drástica fatalmente teria consequências indesejadas –, e ao mesmo tempo se falava em "radicais do partido" sempre desenhados como monstros rapinosos. O que se desenhou o tempo todo no discurso (e ainda permanece) foi que Lula estava acertando por continuar FHC e que isso acontecia contra a vontade de seus correligionários. A mídia, assim como a oposição, permaneceu cega quanto a todas as novidades que foram introduzidas, e acredito que haja aí uma boa dose de ilusão.
Nos tempos de FHC, aprendemos a acompanhar de perto a tal da "taxa de juros", que seria o grande instrumento do Estado para interferir na economia. Acho que muita gente chegou a acreditar (e ainda acredita) que o tal do tripé câmbio livre (praticado apenas no segundo mandato de FHC, diga-se), meta de inflação e superávit primário resuma o que o Estado pode fazer para interferir na economia. Talvez no mundo do Estado mínimo, desejado pelos tucanos, isso até seja de algum modo verdade. Não quero aqui desconsiderar que os grandes economistas tucanos ignorem a importância de outros fatores, mas é fato que a discussão ficava enrolada em torno desse ponto.
Também não há dúvida de que hoje a discussão está muito mais rica. Fala-se em infraestrutura, em microcrédito, em ampliação do mercado interno (vamos nos lembrar que foi Lula que fez os empresários brasileiros a aprenderem a lidar com a classe C e D, que passou a consumir) com o aumento do poder de compra dos salários mais baixos. Outra coisa que muitos não percebem: não creio que Lula seja contra privatizações "por princípio", mas sim porque quando o Estado não participa de igual para igual nas disputas no mercado os consumidores ficam à mercê de interesses privados (que naturalmente é o interesse das empresas). O Estado perde poder de pressão. Mas Lula mostrou, com a Vale, que o Estado deve defender seus interesses enquanto "sócio" que é da empresa (embora isso seja tratado como ingerência por muita gente).
Li isso por esses dias (não me lembro onde, que me perdoe a fonte não citada aqui). Enquanto FHC injetou dinheiro na economia pelo topo, por meio das privatizações, Lula injetou pela base, com microcrédito e aumento da renda das classes mais pobres. Por isso a política de FHC era essencialmente excludente (e o desemprego e as perdas salariais eram vistas como "o preço a se pagar pelo desenvolvimento") e a de Lula, essencialmente inclusiva. E mais segura, porque pulverizada, não concentrada.
O Bolsa Família, na verdade, embora importante, não é o grande diferencial. Dilma (e Serra também, vejam só) fala sempre nele porque sabe que é um programa que pegou, tem um potencial marqueteiro forte. Mas ela sabe muito bem que o principal está em outra parte.
Agora, com a vitória de Dilma, estão tentando consolidar o entendimento de que ela ganhou roubado, porque quem moveu as peças foi o Lula, que agiu "ilegalmente", já que "um chefe de Estado" não pode ser líder de partido. Obviamente, um dos requisitos normais de um chefe de Estado é que ele seja líder de partido. Mas o que espanta é que essa ilegalidade só existe na cabeça deles. É tão disparatado isso que me vejo obrigado a imaginar a situação de um presidente disputando reeleição sem poder fazer campanha para si mesmo, já que o hábito de chefe de Estado não permite. Ouvi de um tucano ainda que "o FHC não fez isso" quando Serra disputou pela primeira vez a presidência. Não custa lembrar que nas três últimas campanhas presidenciais, FHC foi escondido pelo "seu" candidato, já que suas aparições sempre resultaram em perda de votos por parte daqueles em cuja defesa ele vem.
Além disso, todos os olhos gordos agora estarão sobre Dilma, a tentar capturar cada um de seus deslizes, cada ameaça de titubeio que será anunciada como fraqueza e incapacidade. Não faltará veneno a cada dia. Tentarão desrespeitar Dilma, como o fizeram tantas vezes com o "presidente analfabeto". E se qualquer líder político trombar com a Dilma, isso poderá ser eventualmente ignorado, mas cada gesto do Lula será interpretado como uma mensagem para Dilma, que sem ele não saberia o que fazer. Mais ou menos como um jogo de truco político.
Acabou a eleição, mas a campanha apenas começou, alertou o vampiresco Serra. Vem mais chumbo por aí, podemos esperar, e darão todo o espaço que Serra desejar para falar (já dão para o FHC, imagine para alguém não senil...).
Enquanto isso, fecham os olhos para o fato de que a oposição (anunciada como a grande vitoriosa dessas eleições, tipo "perdeu mas levou") está se devorando a si mesma. Serra já tenta matar o Aécio, que não é bobo mas não terá tanta bala na agulha quanto dizem. Serra também não terá tanto apoio assim de Alckmin, que não vai esquecer as rasteiras que levou do colega careca; ao contrário, o opus dei vai reduzir o serrismo em São Paulo ao "mínimo indispensável". FHC dá show de declarações non-sense, e mostra justamente a desunião do partido. Sergio Guerra e Eduardo Jorge fatalmente se enrolarão nos desdobramentos do escândalo do Arruda. "Líderes" outrora importantes como Tasso Jereissati, Arthur Virgílio, Heráclito Fortes foram excluídos da cena principal. O Kassab já fala em sair do DEM, que agoniza.
Há que trabalhar muito agora, pois ganhar espaço nas eleições municipais de 2012 será mais um passo importante para o gradual desaparecimento do DEM. Enquanto isso, estarão em estado de "vale tudo", em desesperto pela sobrevivência, apegados a um passado que não existe mais, mas que insiste em assombrar-nos.
quarta-feira, setembro 29, 2010
Fontes da Folha são Datafolha e... repórter da Folha
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Todo mundo sabe que a credibilidade da Folha de S.Paulo está tão baixa quanto a do Fernando Henrique Cardoso, que disse à Reuters que vencer no 1º turno não será bom para Dilma Rousseff (!!!). Pois, agora há pouco, a Folha On Line publicou uma materinha intitulada "Mercadante aposta em popularidade de Lula na reta final da campanha" (coisa mais óbvia!), em que a cara de pau conhece novos patamares. Além de usar os números do não menos desacreditado Datafolha (desmentido sistematicamente pelos resultados do Ibope, Sensus e Vox Populi), o texto ainda usa aspas de apenas uma fonte. Sabem de quem? Daniela Lima, repórter do caderno "Poder", da... Folha de S.Paulo (!!!!). Está inaugurado o auto-jornalismo.
Ps.: Há dois anos, em setembro de 2008, às vésperas da eleição municipal em São Paulo, o Datafolha apontava empate entre Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab, com 22%, atrás de Marta Suplicy, que tinha 37% (reprodução abaixo). Poucos dias depois, em 5 de outubro, Kassab teve 33,6% dos votos válidos, contra 32,8% de Marta e 22,5% de Alckmin, que ficou fora do 2º turno.
Mais piada pronta
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Ontem à noite, durante o último debate entre a maioria dos candidatos à governador de São Paulo, transmitido ao vivo pela TV Globo, o petista Aloizio Mercadante, 2º colocado nas pesquisas, reforçou várias vezes que o tucano Geraldo Alckmin, 1º colocado, estava evitando confronto direto com ele e só fazia perguntas para os outros concorrentes. No último bloco, o apresentador Chico Pinheiro passou a palavra para Alckmin, que ensaiou uma resposta a Mercadante, mas o microfone falhou e o som sumiu. Depois de alguns segundos constrangedores, a transmissão saiu do ar, surgiu uma tela preta e, na emergência, entraram comerciais. Curiosamente, a primeira propaganda veiculada foi a de um DVD que destacava, em letras garrafais, a música TRISTEZA DO JECA...
quinta-feira, julho 01, 2010
Novamente é aquela corrente pra frente...
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Depois de muito pelejar para encontrar um vice na promoção, Zezinho encontra Geraldinho para torcerem juntinhos na Copa do Mundo. Que medo!
domingo, maio 16, 2010
Irritação de Serra tem nome. Ou melhor, números
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É fato que o nefasto José Serra (à direita) nunca foi educado ou uma flor de delicadeza, mas mesmo os tucanos mais ferrenhos estranharam seu destempero recente em algumas entrevistas para TV e rádio. Por que tanta irritação? Serra não lidera as pesquisas de intenção de voto? Pois é exatamente aí que está a raiz do nervosismo do tucano: ontem, o Vox Populi divulgou pesquisa encomendada pela Rede Bandeirantes que mostra Dilma Rousseff à frente, com 38%, contra 35% de Serra. A Globo fez que não viu. E pesquisa interna do PT paulista mostra que o chuchu Geraldo Alckmin está muito longe dos 53% que a Datafolha mostrou em março, na disputa pelo governo de São Paulo. Será que ele também vai começar a brigar com jornalistas?
sexta-feira, outubro 02, 2009
Mães de maio, Salve geral e os crimes
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Nesta sexta-feira, 2, a Associação de Amparo a Mães e Familiares Vítimas de Violência promete um protesto contra o filme Salva Geral, cuja estreia está marcada para o mesmo dia. Por tratar dos crimes de maio de 2006, o longa-metragem de Sérgio Rezende realizado pela Globo Filmes nasce polêmico e ambicionando o Oscar.
Reprodução do site
Como ainda não assisti, não sei se o filme exagera ou erra ou pisa na bola ao tentar narrar a história das "mulheres por trás" do mundo do crime. É claro que a polêmica e o protesto só fazem atrair mais atenção à produção, a exemplo do que Cidade de Deus – que também teve participação da Globo Filmes – provocou.
O primeiro dado é que o filme remete aos ataques do PCC. As ações da facção criminosa que se autointitula Primeiro Comando da Capital ou Partido do Crime realmente ocorreram em maio, mas foram sucedidas de cinco dias de execuções de moradores da periferia de São Paulo. A maior parte de jovens negros. Foram 493 mortes, muitas registradas como auto de resistência, prática usada com frequência, segundo organizações e pesquisadores de direitos humanos, para justificar execuções sumárias cometidas por policiais.
As mães de maio, que também é uma alusão às da Praça de Maio, garantem que não foram procuradas para contar suas histórias no longa lançado hoje. Muito diferente de um outro, um documentário, que pelo menos até pouco tempo, nem dinheiro para se finalizado tinha. Nem nome, nem data para estreiar. Dirigido pela jornalista Ali Rocha, foram colhidas entrevistas com mães de jovens assassinados para contarem o que aconteceu.
À época dos crimes de maio, Cláudio Lembo era governador, porque Geraldo Alckmin havia se afastado do cargo para disputar a Presidência da República (este link é obrigatório).
No manifesto que convoca a manifestação, elas lembram que dia 2 de outubro, há 17 anos, foi a data do massacre do Carandiru, quando 111 presos foram executados em operação policial. A Casa de Detenção passava por uma rebelião e, sob ordens do coronel Ubiratan Guimarães, a força policial entrou no Pavilhão 9. O caso também foi incluído em um filme (nem vou dizer a qual produtora estava vinculado).
Ao apontar ainda outros casos, o manifesto conclui pedindo o fim do "genocídio contra a classe pobre, a população indígena descendente e negra do Brasil".
Por outro lado, pode ser interessante o filme trazer o debate e refrescar a memória. Mas, mesmo sem assistir, é bem compreensível que pessoas que viveram o lado mais trágico de uma carnificina sintam-se mal ao saberem que outra história virou espetáculo e produto cultural – enquadrado na Lei Rouanet.
quinta-feira, janeiro 29, 2009
No butiquim da Política - Serra batendo um bolão
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CLÓVIS MESSIAS*
Olá, pessoal do Futepoca. Após um merecido recesso, longe de todo bagulho eletrônico, volto a encostar o umbigo no balcão. A grande preocupação dos observadores políticos, na posse do tucano Geraldo Alckmin como secretário do Desenvolvimento do governo José Serra, era tentar montar o quebra-cabeça das futuras alianças. Havia apenas uma certeza: o governador e candidato à Presidência da República em 2010 mostrará, na festinha, força aglutinadora com o intuito de facilitar sua vida no PSDB.
Mas um distraído em sua mesa, aqui no buteco, pensou alto: "-Não será força demais?". Aí, o ponto de interrogação aumentou. Será que passaram do ponto, mais uma vez? Bem, se há "forçação de barra", não sei, mas a chapa projetada nos bastidores da convenção municipal tucana do ano passado indicava Aloysio Nunes Ferreira como provável candidato ao Palácio dos Bandeirantes e, hoje, o que parecia impossível está mais que confirmado. Ninguém acredita que o agora secretário Geraldo Alckmin poderá pleitear a disputa ao governo de São Paulo dentro do partido, na próxima eleição.
José Serra está tão á vontade nesta roupagem que, durante a visita do presidente Luís Inácio Lula da Silva, em São Paulo, na terça-feira, cumpriu agenda semelhante. Praticamente não desgrudou do Lula. Serra esteve no Hospital Sírio Libanês para visitar o vice-presidente da República José Alencar, que se recupera de cirurgia. Esteve na sinagoga de Higienópolis na cerimônia em memória do Dia Internacional do Holocausto. Finalmente, à noite, no Aeroporto de Congonhas, conversou aproximadamente 40 minutos com Lula.
Um manguaça observou: "-Serra e Lula sozinhos?". Pois é. Passaram muito tempo falando do Palmeiras e do Corinthians no Paulistão. Pelo exposto, Serra e Lula estão batendo um bolão. Da prorrogação (conversa ao pé do ouvido), a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, não participou. No dia seguinte, o governador recebeu, em almoço no Palácio dos Bandeirantes, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o da CBF, Ricardo Teixeira. Em pauta, a Copa do Mundo de 2014. Gentilmente, ele convidou o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PPS), para participar e reivindicar que Manaus seja uma das cidades sede do Mundial.
Isto faz com que os freqüentadores do butiquim afirmem que ele já está em campanha aberta e, aos distraídos, trabalhando como se já estivesse eleito presidente da República Federativa do Brasil. Tá batendo um bolão. Já o Aécio...
*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino e dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo. Escreve regularmente essa coluna para o Futepoca.
segunda-feira, janeiro 12, 2009
Buraco do metrô: dois anos da tragédia impune
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Hoje faz dois anos da maior tragédia em obras de transporte público na cidade de São Paulo: o desabamento em um dos canteiros da futura Via Amarela do metrô, na Marginal Pinheiros, que matou sete pessoas e resultou na interdição de 55 imóveis nas imediações da cratera e na demolição de cinco deles. Um fato absurdo, creditado unicamente ao Consórcio Via Amarela, responsável pela construção e liderado pela Odebrecht, a maior construtora do país, e ainda por OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Mas o consórcio foi contratado pelo governo do Estado (gestões tucanas de Geraldo Alckmin e José Serra), que se isentou completamente de responsabilidade e foi docilmente poupado pela imprensa.
Na semana passada, segundo o site Uol, o promotor Arnaldo Hossepian Junior protocolou na 1ª Vara Criminal do bairro Pinheiros um documento em que denuncia 13 pessoas ligadas ao consórcio e ao Metrô como responsáveis pelo acidente nas obras da linha 4, acusando os engenheiros envolvidos de negligência e imprudência. De posse dos laudos feitos pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e pelo Instituto de Criminalística, o promotor afirmou corajosamente que a tragédia poderia ter sido evitada. Os laudos haviam demonstrado também ter havido explosões momentos antes do acidente e que o plano de evasão no entorno da obra não funcionou.
Porém, tudo acaba em pizza. Em entrevista coletiva, o próprio Hossepian disse que não acredita que os responsáveis sejam presos. Enquanto isso, nas ruas vizinhas ao local da tragédia os moradores ainda lamentam os prejuízos. "Meu prejuízo foi muito grande e só aceitei a mixaria que eles me ofereceram porque minha família pediu para tirar o processo. Eles me f... de verde e amarelo", reclama o espanhol Fidel Montes, dono de uma marcenaria que ficou fechada por três meses, em entrevista para o Uol. José Carlos de Oliveira, por sua vez, tinha sociedade em um estacionamento que ficava na esquina das ruas Capri e Gilberto Sabino e foi engolido pelo deslocamento de terra para dentro do buraco à beira da marginal do rio Pinheiros.
Hoje, ele cuida dos carros na rua e aluga vagas em garagens das cercanias. "Eu era microempresário, agora sou um flanelinha." Já a taxista Rosa Maria Pescuma foi desalojada por decisão judicial e teve de abandonar sua casa na rua Gilberto Sabino na última semana de 2008. Diante de sua porta há cavaletes e placas de "proibido passar". Ela e seus dois cachorros tiveram de ir morar com a filha no município de Osasco. "Meus clientes e amigos estão aqui. Saio com dor no coração." E aí, governador José Serra, só silêncio? E aí, Veja? E aí, Arnaldo Jabor? Nada a comentar? Além das mortes e perdas, quanto o governo do Estado está tendo de prejuízo com o reparo e o atraso na entrega das estações? Isso não é um boa pauta, não?!??
sábado, dezembro 20, 2008
No butiquim da Política - Vôo solo, cobrança coletiva
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CLÓVIS MESSIAS*
Ao idealizar o sistema viário Rodoanel, o falecido ex-governador Mario Covas (foto) garantiu que não haveria pedágio. Mas aí vieram seus colegas de PSDB Geraldo Alckmin e José Serra e o dito ficou pelo não dito. Surdez oportuna. O Rodoanel, que deve ganhar 13 praças de pedágio nas rodovias Bandeirantes, Anhangüera, Castelo Branco, Raposo Tavares e Régis Bitencourt, atingem uma distância aproximada de 20 a 28 quilômetros do Marco Zero da cidade de São Paulo.
Provavelmente, o governador Mario Covas, na época, estava se referindo a uma Lei de 1953 que veta a cobrança de pedágios num raio de 35 quilômetros da Praça da Sé. Chegando no butiquim, um "gorosista permanente" comemorava a fala do deputado estadual Carlos Gianazzi, do PSol, que disse, na tribuna da Assembléia Legislativa: "-Vou protocolar junto ao Ministério Público a proibição da cobrança de pedágio no Trecho Oeste do Rodoanel, fundamentada em Lei de 55 anos atrás, que nunca foi revogada e está, portanto, em plena vigência". Gianazzi afirma que, com a cobrança, haverá um verdadeiro caos no trânsito da capital, pois os motoristas desviarão suas rotas para não arcarem com essa despesa.
Perplexo, o inocente amigo freqüentador lembrou: "-Antes tarde do que nunca. Será que os legisladores aprenderam a legislar?". Mas eu lembrei ao distraído: "-Por que os outros deputados não acompanharam o Gianazzi com apartes ou confirmações em defesa da causa pública? Foi uma ave isolada, em vôo solo. E o preço do silêncio será de R$ 1,20 por eixo".
*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.
terça-feira, outubro 28, 2008
No butiquim da Política - A eleição na capital
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CLÓVIS MESSIAS*
Todo mundo sabe que os candidatos Geraldo Alckmin, do PSDB, e Marta Suplicy, do PT (fotos à direita), foram os grandes derrotados nas eleições municipais de São Paulo. E essa também é a avaliação da maioria dos deputados e assessores aqui no Palácio 9 de Julho. Segundo se afirma, o remédio principal para os dois será o tempo. As projeções de um mês atrás não servem para mais nada, devido os resultados atuais. Aqui no buteco especulam-se nomes para as futuras eleições majoritárias. Os partidos não rejuvenesceram, não apareceram novos líderes. As agremiações, em nome dos debates internos, sufocam novidades administrativas. Os militantes votam em cima do convencionalismo partidário e, conseqüentemente, o novo desaparece. Nesse momento, as conversas vão do céu ao inferno num estalar de dedos.
Amuados, os perdedores estão retornando com a impressão de que a Assembléia Legislativa não os projeta, não lhes dá destaque. Mas os culpados são eles mesmos, já que não sabem politizar os debates sócio-econômicos (afinal, o poder se destaca através dos seus membros). A verdade é que as convenções partidárias, com ou sem acordos, deixaram hematomas que não desaparecerão tão cedo. Dessa vez, a omissão das direções partidárias não foi o senhor da sabedoria. No PSDB, como se nada estivesse acontecendo, Aloysio Nunes Ferreira, chefe da Casa Civil do governador José Serra, continua acertando os ponteiros com o PTB, PV, PR e PMDB. Ninguém faz contraponto, mas o partido está em notória ebulição.
Do outro lado, com sua forma descontraída de participar da eleição, votando em Luiz Marinho (foto à esquerda) para prefeito de São Bernardo do Campo, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, projetou um novo líder petista estadual. Agora, com quase todos os nomes desgastados no PT, Marinho surge como um nome forte para futuras eleições. Numa das mesas alguém comenta que ele é um sindicalista vencedor. Como líder metalúrgico, por hábito, ouve bastante antes de tomar atitudes. Está na hora do partido voltar às origens, mas com novas lideranças. Na capital, o PT perdeu nas zonas Leste e Sul da capital e também nos bolsões da classe média. As propostas, aqui no buteco, são de reestruturação total. Lógico, isso é um pouco de exagero. Mas o novo é a construção.
Já os DEMocratas, vencedores na capital com Gilberto Kassab, não se abalam. Continuam compondo chapas. Estão contentes aqui no Legislativo de São Paulo.
*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.