Pouco a falar sobre o jogo da Seleção Brasileira nesta segunda, frente à Rússia. Mais uma partida fraca, sem demonstrar organização coletiva e nem a qualidade individual dos principais jogadores. A Rússia apertou no começo, mas depois passou o jogo recuada e explorando os contra-ataques. Nesse período, o que posso ver de positivo no desempenho brasileiro: o time tocou bem a bola, manteve a posse e o controle do jogo. Legal, mas isso não resultou em quase nenhuma jogada realmente perigosa, só uns chuveirinhos meio esquisitos.
Felipão testou no primeiro tempo uma novidade que usou contra a Itália. Um tipo de 4-4-2 à inglesa, com Oscar e Kaká nas extremas e Neymar de segundo atacante, posição que, se a coisa funcionasse, lhe daria muita liberdade para circular pelo ataque todo e aproveitar seu considerável potencial. Mas os problemas impedem que isso aconteça: se for pra jogar assim, os volantes, especialmente Hernanes, precisam chegar mais para armar o jogo, o que não fizeram. E os dois meias precisam se movimentar mais, não só ficar parados nas pontas (o que, segundo o repórter da SporTV, foi recomendação do Felipão, vai entender...). Do jeito que foi, fica um buraco no meio da armação que Neymar tentou o tempo todo voltar pra preencher. O esquema parece o do Corinthians e, se for mantido, Paulinho, Ralph e Renato Augusto passam a ser nomes interessantes em futuras convocações – atendendo parcialmente a sugestão de Pelé.
No segundo tempo, Felipão mudou para um 4-2-3-1, com Kaká centralizado e Hulk no lugar de Oscar. E depois do gol da Rússia, tirou Kaká, o único meia, e botou um segundo centroavante, abrindo um tipo de 4-2-4 bem feliponesco, em que Neymar ficou esquecido na ponta direita e o super-herói verde jogou na esquerda - o que não deixa de ser, digamos, curioso, já que Neymar achou seu espaço no Santos jogando na ponta esquerda e Hulk teve seus melhores momentos no Porto na ponta direita.
Não sei se foi o desespero, a mudança do treinador ou uma descarga de concentração, mas Marcelo e Hulk passaram a jogar muito bem, trocando passes e construindo pela esquerda todas as jogadas. Até que saiu o gol de Fred, em bela tabela entre os dois.
Em termos de nomes, ninguém foi esplêndido. Marcelo fez jogadas muito boas nessa etapa final e Hulk entrou bem. Mas como não tinha jogado nada no outro amistoso, não sei o quanto isso conta em sua moral com o chefe. Thiago Silva voltou bem, dando qualidade na saída de bola.
Mas o fato é que o que temos de time está na defesa – mesmo que Daniel Alves não esteja acertando muito. Do meio pra frente, Neymar tem vaga, mas não tem jogado bem, e Fred vai consolidando seu nome. Oscar, que tinha muita moral com Mano Menezes, foi substituído nos dois jogos. Pode ser porque o treinador já o conhece, pode ser porque não gosta dele.
E sem definir os nomes não adianta falar muito de esquema, já que seleção (e time também, mas é diferente) tem que ter o esquema tático que melhor acomode os melhores jogadores. Feito isso, arranja-se o resto. Pergunto: quem são hoje estes jogadores brasileiros que deveriam servir de referência para a montagem do time? Pois é, já foi mais fácil.
O São Paulo passou mais um vexame na Libertadores ontem, perdendo na Argentina por 2 a 1 para o mesmo Arsenal (pior time do grupo) com quem havia empatado sofrivelmente na semana passada, em pleno Pacaembu. Dessa vez, a derrota nem foi o maior prejuízo - até porque, mesmo que pareça praticamente impossível, o Tricolor ainda tem chance de passar às oitavas-de-final pelas próprias pernas. O pior, para o time, foi constatar como o técnico Ney Franco está perdido, isolado e sem moral. Ao escalar três zagueiros pela primeira vez nos oitos meses em que dirige a equipe, desfigurou totalmente qualquer esquema ou tática. Libertadores é torneio de tiro curto, com partidas decisivas, onde não há lugar para testes. Os três zagueiros, que nunca tinham jogado juntos, bateram cabeça e falharam mais do que o habitual de quando atuam em dupla. O meio-campo praticamente não existiu, só observou. Os laterais reviveram os piores pesadelos da torcida. O ataque não rendeu. O time não jogou nada. E, com justiça, perdeu.
Rifado pelos atletas - O fracasso ao improvisar uma retranca contra um time fraco - e de segundo (ou terceiro) nível - queima os créditos que Ney Franco ainda tem com a torcida, que, em sua maioria, aprova o trabalho mostrado principalmente no fim do ano passado. Só que muito mais grave do que isso foram os sinais de que o técnico está perdendo o respeito do elenco. Ainda no Brasil, pouco antes de entrar no avião, Paulo Henrique Ganso rifou a cautela excessiva do treinador, que fez vários treinos secretos, ao entregar para um jornalista que não seria titular na Argentina. E isso porque no domingo, no clássico contra o Palmeiras, ele já havia saído xingando em altos brados, na cara do técnico, ao ser substituído. Situação semelhante aconteceu com Lúcio, ontem: saiu correndo para o vestiário e não olhou pra trás quando foi sacado, no segundo tempo, e nem esperou a equipe no vestiário, preferindo se isolar ostensivamente no ônibus.
Rifado pelo presidente - Para complicar ainda mais esse clima de isolamento, Ney Franco, que parece visivelmente nervoso, acuado e pressionado, se enrolou ao dizer que seu trabalho é "nota 10" em uma entrevista após o jogo contra os palmeirenses. Ao comentar a declaração, o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, canelou dizendo que dá nota 8... Até quis consertar, observando que aumentaria a nota do técnico para 9, se o time ganhasse do Arsenal em Avellaneda. Como perdeu, o conceito do técnico deve ter baixado pra 7 ou 6, num esforço de otimismo. E o horizonte de Ney Franco se mostra ainda mais sombrio. Como liderar o Paulistão não vale nada para a diretoria, a bóia de salvação será uma - improvável - classificação para a próxima fase da Libertadores. Um time que em dois jogos não conseguiu vencer o medíocre Arsenal dificilmente vencerá o The Strongest em La Paz e o azeitado e embalado Atlético-MG na capital paulista.
Com atletas afrontando o técnico publicamente e o presidente do clube afirmando que nem o Papa conseguiu garantia de ficar no cargo, há uma grande chance de o Coelho da Páscoa não encontrar Ney Franco no Morumbi para entregar sua encomenda...
Ps.1: Há que se considerar, em defesa de Ney Franco, que treinar o São Paulo, com Juvenal Juvêncio como presidente, não deve ser coisa das mais agradáveis. Aliás, para usar um termo do técnico Leão, deve ser bastante desagradável. Além desse episódio de nota 10 ou nota 8, o atual treinador já trocou farpas com o fiel escudeiro de Juvenal, João Paulo de Jesus Lopes, e dá mostras de que só escala (o inoperante) Ganso por pressão da diretoria, que pagou caro pelo jogador e o deseja na vitrine. Mais centelhas para esquentar o óleo sob a frigideira que embala Ney Franco.
Ps.2: Falando em Leão, ele se envolveu nessa semana em polêmica justamente contra o foclórico ex-patrão Juvenal Juvêncio. Primeiro, o cartola-mor do São Paulo afirmou que a segunda passagem de Leão pelo Morumbi foi "uma barbaridade" - no sentido pejorativo, mesmo. "A gente comete essas coisas assim. É um bom sujeito, mas não quero trazer mais ele, não", disse Juvenal à Fox Sports, em meio a gargalhadas. Aproveitando o Conclave que escolheu o Papa, Leão também resolveu brincar e disse que Juvenal deveria imitar Bento XVI e renunciar ao cargo.
Ps.3: Juro que esse post quilométrico acaba aqui! (se é que alguém teve paciência de ler alguma coisa...) Não posso falar em Emerson Leão sem citar um episódio nebuloso ainda não comentado pelo Futepoca, a revelação do presidente do Sport, Luciano Bivar, de que pagou para o volante Leomar ser convocado pela seleção brasileira em 2000. Lembro que, na época, a convocação pegou todo mundo de surpresa. Mas como Leão, técnico da seleção, tinha feito um belo trabalho no Sport pouco antes, e com Leomar como homem de confiança em campo, pareceu plausível. Agora, a batata assou. Leão disse que Bivar "devia ser preso". Mas não escapou de ser convocado pelo STJD, junto com Antônio Lopes, seu auxiliar técnico na época, para dar explicações. Outra pizza?
Vai a lista de convocados de Felipão, com menos motivos pra eu reclamar do que a última. O excelente Diego Cavalieri ganha sua chance, bem como o bom volante Fernando, do Grêmio. São boas notícias, bem como a volta de Kaká e Dedé (momento infantilizado do post) e a manutenção de Jean ao lado de uma lista de volantes que sabem o que fazem com a bola. Boa também a chegada de Hernanes, pretendida pelo treinador já na pelada anterior.
Veremos também pela primeira vez os ofensivos laterais Daniel Alves e Marcelo juntos na Seleção – e sem nenhum volante limpa-trilho para proteger. Tá certo que no jogo que fez até aqui Felipão recuou o time e segurou mais os volantes, mas continua sendo uma experiência interessante – que eu preferia ver no estilo proposto por Mano Menezes.
A surpresa fica por conta de Diego Costa, seja ele quem for, atacante do Atlético de Madrid de quem eu nunca havia ouvido falar, dada minha ignorância sobre o futebol espanhol. Aparentemente, ele foi muito novo para a Europa e está indo muito bem nessa temporada. Quem souber mais, que conte outra, por favor.
Dessas de ir para a Europa, Felipão e Parreira deram declarações que vão aquecer os corações santistas. Segundo eles, não seria uma boa para o trabalho na Seleção se Neymar mudasse de endereço agora. Felipão disse que o importante é o moço jogar onde estiver feliz. Parreira, mais prolixo, disse que o período de adaptação profissional e pessoal tão perto da Copa poderia atrapalhar o jogador.
Cheguei
Vai a lista:
GOLEIROS
Julio Cesar - QPR (ING)
Diego Cavalieri - Fluminense
LATERAIS
Daniel Alves - Barcelona (ESP)
Marcelo - Real Madrid (ESP)
Filipe Luís - Atlético de Madri (ESP)
ZAGUEIROS
David Luiz - Chelsea (ING)
Dedé - Vasco
Dante - Bayern de Munique (ALE)
Thiago Silva - PSG (FRA)
VOLANTES
Paulinho - Corinthians
Ramires - Chelsea (ING)
Jean - Fluminense
Fernando - Grêmio
Luiz Gustavo - Bayern de Munique (ALE)
MEIAS
Kaká (foto) - Real Madrid (ESP)
Hernanes - Lazio (ITA)
Oscar - Chelsea (ING)
Lucas - PSG (FRA)
ATACANTES
Diego Costa (foto) - Atlético de Madri (ESP)
Neymar - Santos
Fred - Fluminense
Hulk - Zenit (RUS)
Felipão gesticula ao explicar seu objetivo: resgatar o futebol-bailarino (Silvia Izquierdo/AP)
Feita a primeira
convocação, podemos começar a afinar as cornetas contra Felipão.
O resumo da ópera das escolhas do veterano treinador é exatamente o
envelhecimento da equipe, trazendo de volta jogadores mais "experientes", no
caso, Ronaldinho Gaúcho, Luiz Fabiano, Júlio César e Fred.
Começando pelo gol, a
volta de JC é meio estranha. O goleiro saiu da Inter de Milão e foi
para o pouco expressivo Queens Park Rangers, o que indica que os
grandes clubes não se interessaram por seu futebol. Enfim, não vi o
cara jogar pra avaliar e a posição estava meio em aberto mesmo.
As mudanças mais
estruturais acontecem do meio para a frente. Felipão sinaliza que
seu time vai ter um centroavante mais pesado e mais preso dentro da
área. Uma mudança em relação ao time leve que vinha sendo
tentando por Mano Menezes, com muita movimentação. Vamos ver como
funciona.
Achei estranha a troca
de Kaká, que jogou bem e vinha se entendendo com Neymar, por
Ronaldinho Gaúcho. O meia do Atlético fez um bom Brasileirão, é
fato. Mas não sei se o bastante para apagar o mau desempenho que
teve nas convocações mais recentes.
A coisa complica
também por questões de estilo: Gaúcho no Atlético nem finge que
vai tentar marcar alguém. A pressão no ataque é feita por Bernard
e Guilherme, nas beiradas, enquanto o lento meia fica livre. Na
Seleção, Neymar e, sei lá, Lucas não farão este papel nem a pau
– e nem devem se sacrificar tanto para isso, ainda que eu ache
fundamental que todo o time tenha um papel na recomposição
defensiva.
Ele voltou, mas não vai marcar ninguém (Getty)
O resultado deve ser
que os volantes vão ficar mais presos, perdendo um pouco da
mobilidade e dos elementos surpresa que vinham aparecendo nos últimos
jogos. Claro que o novo treinador vai
imprimir sua marca, mas se é pra deixar volante preso não faz muito
sentido convocar Paulinho, Ramires e Arouca.
O resultado do conjunto parece ser um time mais estático, com posições e funções mais fixas. Para o meu gosto, parece um retrocesso.
E o meu medo
Concordo com Felipão ao convocar Hernanes, mas discordo quando o técnico diz que o jogador é um meia mais ofensivo. Pra mim, ele é pode se tornar um baita armador, para jogar e marcar. Entraria no meu time como segundo volante, fazendo a transição da defesa para o ataque, cadenciando o jogo com seu bom passe, coisa e tal. Como meia, recebendo a bola mais à frente, me emociona menos.
Um elemento que Felipão
teria levantado na coletiva é que poderia usar David Luiz como
volante, posição em que ele já apareceu no Chelsea. Juntando isso
tudo, começa a aparecer meu medo: Felipão vai meter David Luiz de
terceiro volante e tentar me convencer que Hernanes é meia.
Não agora, mas mais
pra frente, se e quando a coisa começar a apertar. Vai deixar dois
zagueiros, dois laterais, David Luiz como volante limpa-trilho na
frente da zaga, Paulinho e Hernanes de segundos volantes e
estabelecer o “joga no Neymar” que foi tônica do Santos ano
passado.
Foi mais ou menos o que
ele fez em 2002, quando Edmilson era um zagueiro disfarçado de
volante e Juninho Paulista não podia passar muito do meio campo –
até ser substituído por Kleberson, caracterizando de vez os três
volantes. Funcionou, dirão os otimistas. Sim, sem dúvida. A diferença é que, lá, Rivaldo e Ronaldo estavam voando, secundados por um Ronaldinho Gaúcho em ascensão. Resta ver como a coisa anda.
Com a saída de Mano
Menezes, a seleção brasileira, ou melhor, a patroa da equipe, CBF,
vai para o divã. Na prática, o técnico não tinha um desempenho
brilhante, nem deixará saudades para o torcedor, em que pese ter
tido apoio quase incondicional do maior grupo de comunicação do
país. Mas, para saber o que virá depois dele e o que significa a
alentada “virada filosófica”, é preciso retroceder um pouco na
recente história da seleção, que mostra como a direção do
futebol brasileiro reagiu até agora na troca de técnicos, sempre
negando aquilo que o anterior deixou (ou teria deixado).
Em 2006, Parreira
colocou em campo jogadores com adiposidade em excesso, o que refletiu
no desempenho do time. Cortar a balada e o descompromisso era a
palavra de ordem após o fracasso diante dos pés de Zidane e por
isso o símbolo do trabalho duro na seleção foi chamado, mesmo
nunca tendo sido técnico anteriormente. Dunga usou, na prática, a
receita moldada por Parreira em 1994, que não conseguiu repetir em
2006, e que Felipão também utilizou em 2002. “Fechou” o grupo,
formando uma dita família que implicou na convocação da jogadores
de qualidade duvidosa em função da “coerência” e “confiança”.
Diferentemente de seus antecessores, achou por bem ser escudo de seus
jogadores, topando com a imprensa e irritando o império global. Novo
insucesso em 2010, apesar de uma trajetória vitoriosa até o
Mundial, mesmo sem encantar.
Mano não conquistou a torcida nem com força da Globo
Veio Mano Menezes,
segunda opção após a recusa de Muricy Ramalho, com a missão de
“renovar” a seleção (sim, há excessos de aspas nesse texto,
mas se tratando de prática e intenção da CBF e de seus
contratados, é preciso). Primeiramente, recusou a herança dos
atletas de Dunga, que não deixou muitos atletas jovens com
experiência de amarelinha para o ex-corintiano trabalhar. Mesmo
aqueles que teriam condições de continuar, não foram convocados
por Mano ou, quando foram, já era tarde.
Mas, como diria
conselheiro Acácio em suas ponderações de bar, uma coisa é ser
técnico da seleção, outra é ser comandante de um time, quando se
tem tempo pra treinar e impor um padrão. Não é à toa que os
treinadores de priscas eras usavam bases de um e/ou outro time para
dar consistência a um selecionado.
Depois de testar, tentar, e não
conseguir ser inovador, Mano perdeu para seleções fortes e só
ganhou de equipes menos qualificadas. Fracassou em Londres e, quando
tentava ajeitar seu time com dois volantes móveis e um quarteto
ofensivo, ganhou o Superclássico das Américas perdendo, com um time
B+ do Brasil, para um time C da Argentina. Não caiu pelo resultado
em si, mas a peleja não ajudou em nada a sua permanência.
A política e o
futuro
Como bem lembrou oNicolau, citando o Menon, há na saída de Mano uma questão
política. José Maria Marín tem mais simpatia pelo presidente da
Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, para ser seu
sucessor. Mano é homem de Andres Sanches, diretor de seleções –
por enquanto – e homem de confiança de Ricardo Teixeira, que o
nomeou, assim como a Ronaldo no COL, para assegurar o seu “legado”.
Sanches é alguém cuja
trajetória mostra a habilidade de crescer em um tipo de cenário,
ver o cenário ruir, e depois seguir adiante como se nada tivesse com
o assunto. Fez parte da diretoria que levou o Corinthians ao
rebaixamento em 2007, sendo um dos parceiros principais de Kia
Jorabchiaan na gestão. Sucedeu Alberto Dualib e fez o corintiano
rapidamente esquecer o seu passado recente. Levado à CBF por Ricardo
Teixeira, foi fundamental para levar Mano, seu ex-comandado, para a
seleção brasileira. Tem um grande serviço prestado à CBF de
Ricardo Teixeera e à Globo ao ser o principal articulador da
implosão do Clube dos Treze.
Com esse currículo
político, claro que era (e é) uma ameaça aos planos de poder de
Marin, que tratou de escanteá-lo. Além do fator político puro, há
o desempenho técnico da equipe da Confederação, que também
influencia nos rumos do poder. E esse, sob a batuta de Mano, não ia
bem das pernas. Juntando-se os ingredientes, está pronta a receita
da troca de treinador.
A dúvida em relação
ao futuro da seleção é: o que vai importar de fato, um time que
ganhe e “cale a boca dos críticos” ou uma tentativa de
ressuscitar o futebol arte, magia, moleque (seguem adjetivos), aquele
que encanta mas não necessariamente ganha porque assim é o esporte?
Se seguirmos a lógica
do “fácil é o certo”, que costuma ser a cebefista, a opção
Felipão é a mais acertada. Foi ele quem assumiu o barco que
navegava em águas intranquilas na última vez que um técnico não
cumpriu um ciclo de quatro anos na seleção. Contudo, o fato de o
treinador só ser anunciado em janeiro abre margem a especulações
como o nome de Tite, que, vencedor do Mundial de Clubes, chegaria com
pompa e circunstância no comando do time verde-amarelo. Os mais
otimistas dirão que é o tempo necessário para convencer Pep
Guardiola, sendo que já tem até abaixo-assinado para que ele seja o
novo treinador do Brasil (ver aqui). E ao que parece, Guardiola gostou da ideia de treinar o Brasil. Ainda acho pouco possível, mas não
custa torcer.
A CBF demitiu Mano Menezes do cargo de treinador da Seleção Brasileira de futebol. Segundo Andrés Sanches, diretor de Seleções da entidade e assumidamente voto vencido na decisão, o presidente José Maria Marin quer uma "nova filosofia" no trabalho do escrete canarinho. Os nomes cotados na imprensa para trazer estes ares de novidade e renovação são Muricy Ramalho, Luís Felipe Scolari, Vanderlei Luxemburgo e Tite. Aguarde e confie.
Para o parceiro Menon, a demissão é mais um lance no jogo de poder da confederação, com Marin e Marco Polo del Nero agindo para isolar Sanches e tirá-lo do tabuleiro da sucessão, em 2014. Faz sentido.
Ainda que não conte com minha oposição, os números do trabalho de Mano são pouco defensáveis: disputou 33 partidas e teve 21 vitórias, seis empates e seis derrotas, aproveitamento de 69,69% (69 pontos de 99 disputados). Perdeu os dois torneios relevantes que disputou: Copa América e Olimpíadas.
Lá está ele, Durval, o craque da camisa 4. Só que não.
Pouca gente deve ter dado bola, mas o Brasil foi campeão na noite desta quarta-feira, em
cima da Argentina, e en La Bonbonera. Trata-se, claro, do glorioso Superclássico das
Américas. O tradicional caneco ficou com a seleção canarinho pela segunda vez
em duas disputadas, esta nos pênaltis, após o 2 a 1 para a Argentina no tempo
regulamentar, resultado igual ao conquistado em terras tupiniquins.
O resultado, na
verdade, pouco importa. Se esse jogo vale de alguma coisa, é para
observar alguns jogadores novatos com a amarelinha. Começando pelo
óbvio: Durval não dá. O zagueiro deve ser o cara que mais
comemorou o único título que jamais imaginou que ganharia. O mesmo
vale para Fábio Santos e o tal Lucas Marques, lateral-direito do
Botafogo, o que demonstra a escassez de nomes para a posição. Réver
também é mais fraco do que eu imaginava e Ralph é aquele
cão-de-guarda conhecido, com boa marcação e passes de lado. Isto
posto, vamos ao jogo.
Mano entrou com uma
formação estranha com três volantes: Ralph, Paulinho e Arouca,
sendo que os dois últimos deveriam armar o jogo. Começaram muito
mal, com os dois “armadores” batendo cabeça no lado direito do
campo. Pouco depois Arouca caiu pela esquerda e se adiantou um pouco,
distribuindo melhor o time. Foi dele o passe para a melhor chance
brasileira, desperdiçada por Neymar, que parecia se questionar o
tempo todo “o que diabo eu to fazendo aqui?” - dúvida semelhante à manifestada por Durval quando soube de sua convocação.
Primeira observação:
Arouca tem passe melhor que Ramires. Merece ser testado na dupla de
volantes-que-marcam-e-jogam de Mano, ao lado de Paulinho, que fez
outra boa partida - como volante, não como armador.
Ainda no meio-campo,
chamou minha atenção a atuação ruim de Thiago Neves. Errou quase
tudo que tentou, não achou posição e pouco acrescentou. Foi
prejudicado pelo vazio na armação dos dois volantes, é
verdade, mas, com seu desempenho igualmente fraco no jogo anterior, teria gasto suas chances com este professor aqui.
Fred e Neymar foram
prejudicados pelas dificuldades da armação. Mesmo assim, o camisa
11 teve as melhores chances, como a já citada no passe de Arouca, e
deu uma arrancada maravilhosa que merecia terminar em gol. O 9, bem, fez o gol de empate numa das
poucas chances que teve. Mas é fato que Fred não se entendeu tão
bem com Neymar e seu entrosamento com Thiago Neves não ajudou muito.
No segundo tempo,
entraram Carlinhos na lateral-esquerda, criando uma opção ofensiva
pelo setor, e Jean no lugar de Arouca. O volante (são tantos...)
não ficou muito tempo no meio-campo e teve de cobrir a
lateral-direita com a lesão de Lucas. Entrou Bernard, que bem que
podia ter começado o jogo para ser melhor avaliado.
Foi Jean quem cometeu a
falta fora da área que o juizão decidiu transformar em pênalti. E
também foi ele que cobriu como o volante que é o contra-ataque
bizarro cedido pelos zagueiros, deixando o setor direito da defesa
aberto para a finalização de Scocco, que entrou no lugar do pirata
Barcos.
Nos pênaltis, Diego
Cavalieri deu passos para garantir uma vaga com uma bela defesa na
cobrança do corintiano Martinez (nota mental: avisar Tite para não
deixar o argentino cobrar pênaltis no Japão). Montillo chutou na
lua e, como Neymar não perdeu dessa vez, levamos.
Bom, foi o que se pode
arranjar sobre essa partida de validade duvidosa. Mas sem dúvida
Durval lembrará para sempre do dia em que foi campeão pela mais
vitoriosa seleção do mundo. Mais um bonito momento proporcionado
pela CBF.
Londres 2012 viu Michael Phelps e Usain Bolt fazerem história como grandes medalhistas olímpicos. Arthur Zanetti, os irmãos Falcão e a delegação brasileira como um todo também, com 16 idas ao pódio já asseguradas -- superando o recorde de 15, de Pequim em 2008 -- também são feitos relevantes.
Na reta final dos Jogos Olímpicos de Londres, chegamos ao penúltimo dia de competição. Aquecimento para a Paralimpíada (aliás, o que foi que fizeram com o "o" depois do prefixo "para"?). Tudo acaba neste domingo, 12, mas ainda tem medalha em disputa.
Se há três pratas garantidas, a esperança brasileira é de ouro. Que seria inédito em dois casos, no futebol e no boxe. De certo modo, um eventual bicampeonato no vôlei feminino também seria feito nunca antes alcançado...
O ludopédio masculino, com a seleção de Mano Menezes, disputa com o México às 11h, no estádio de Wembley. Neymar, Oscar e Leandro Damião têm o desafio de ir além de Romário e Taffarel em Seul, na Olimpíada sul-coreana de 1988, quando os canarinhos foram parados pelos soviéticos pela última vez.
Última vez porque, a partir de 1992, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) não mais foram vistas em Jogos Olímpicos (em Barcelona, esteve a Comunidade de Estados Independentes).
O vôlei feminino de quadra está na final, contra todos os prognósticos e numa trajetória de crescimento na competição incrível -- cujo ponto decisivo foram as quartas de final, contra as russas, que tiraram o sono até dos ministros do STF no julgamento do Mensalão.
Na semifinal, Esquiva Falcão bateu, em múltiplos sentidos,
o britânico Anthony Ogogo. Já fez história. Hoje, vai além
Entre os pesos médios (de até 75kg), Esquiva Falcão, irmão de Yamagushi e filho de Touro Moreno, pode escrever mais linhas bonitas na história do boxe olímpico brasileiro.
Natália Falavigna, no taekwondo feminino de 67kg, começou sua participação às 5h30, com derrota. A essa altura, espera que sua rival chegue à final para poder disputar o bronze pelo caminhao da repescagem. Quem sabe vem alguma ajuda para Diogo Silva não voltar "pro buraco"
O dia tem ainda o velocista Usain Bolt, que fez a Jamaica definitivamente ser lembrada "apenas" por Bob Marley, no comando da equipe do país caribenho no revezamento 4x100 masculino, às 17h. Mesmo horário da final do basquete feminino, entre Estados Unidos e França.
Futebol masculino
às 11h, Brasil x México, vale ouro
Vôlei de quadra feminino
às 14h30, Brasil x Estados Unidos, vale ouro e bicampeonato
Boxe masculino
às 17h45, Esquiva Falcão x Ryota Murata (Japão), para a história
Revezamento masculino 4x100
às 17h, só pra ver se os patrícios de Usain Bolt também voam, sem brasileiros
Marta, Cristiane e cia. destruíram Camarões e dançaram em cima (Foto: Reuters)
O Brasil começou com o pé direito nas Olimpíadas, com direito a goleada. O primeiro dos cinco gols da seleção feminina de futebol foi marcado por Francielle, de falta, logo aos 6 minutos de jogo. Aos 10, Renata Costa ampliou de cabeça e praticamente definiu a partida. O resto do primeiro tempo foi mais devagar, ainda que a superioridade brasileira continuasse.
O terceiro foi de Marta, cobrando pênalti sofrido por ela mesma. Pouco depois, a ex-melhor do mundo deu um passe perfeito para Cristiane driblar a goleira e marcar e se tornar a maior goleadora da história do futebol feminino em Olimpíadas, com 11 gols. O posicionamento e timing da atacante para sair na frente das zagueiras e evitar o impedimento é coisa que eu não via faz um bom tempo.
Cristiane quase marcou outro golaço: passou pela zaga inteira, com direito a drible da vaca, passou pela goleira e bateu. O chute tinha endereço, mas foi cortado por uma zagueira camaronesa. A bola, no entanto, sobrou para Marta, sozinha no meio da área, só empurrar, fazendo a pobre zagueira tão bem posicionada ficar bastante decepcionada com suas colegas de time.
Camarões se mostrou um time claramente inferior tecnicamente. Mas foi uma baita sacolada.
Em um dia 17 de junho como hoje o Brasil defendia seu
primeiro título mundial de futebol, conquistado quatro anos antes na Suécia. A base titular daquela seleção
era praticamente a mesma de 1958, inicialmente, apenas com
duas mudanças: os zagueiros, Mauro e Zózimo,
no lugar de Bellini e Orlando. Nílton Santos, mesmo com 37 anos e já
atuando como zagueiro pelo Botafogo por conta da idade, foi escalado
como titular, barrando Rildo, do Santos, que fazia parte da primeira
lista de 41 convocados mas acabou cortado. Já Coutinho, que vinha
jogando no time de Aymoré Moreira, foi para a reserva e cedeu lugar
para Vavá no Mundial, pois o treinador privilegiou a experiência
dos campeões de 58.
Dos 22 atletas que
foram ao Chile, sete eram do Santos, cinco do Botafogo, três do
Palmeiras, três do Fluminense e dois do São Paulo. Ainda havia
Zózimo, do Bangu, e o jovem Jair da Costa, da Portuguesa. O grupo da
seleção no torneio contava com México, Tchecoslováquia e Espanha.
A estreia foi contra os mexicanos e o Brasil venceu por 2 a 0, mas
não jogou um futebol convincente. Pelé fez o cruzamento para
Zagallo marcar o primeiro gol da partida, que só surgiu aos 11 do
segundo tempo e o próprio Dez marcou o segundo, depois de driblar
dois adversários, aos 28.
Mas se a desconfiança
pairava sobre a seleção, que muitos viam como uma equipe
envelhecida, a situação ficaria ainda pior na segunda partida. O
jogo entre Brasil e Tchecoslováquia terminou em zero a zero, mas a notícia ruim foi a contusão de Pelé, que, aos 27 minutos, depois de
finalizar de fora da área, sentiu a virilha esquerda. Sem condições
de atuar, ficou em campo até o final, já que não eram permitidas
substituições. No dia seguinte, o diagnóstico de distensão no
músculo adutor da coxa esquerda confirmava os temores do time e da
torcida: Pelé estava fora da Copa.
Na partida que fechou a
primeira fase, o Brasil precisava somente do empate para ir às
quartas de final do Mundial, mas a Espanha era um time forte, que
tinha praticamente o ataque do Real Madrid campeão europeu. E
contava com um expediente que depois seria proibido: a naturalização
de atletas, mesmo daqueles que já tinham disputado jogos por outras
seleções. Assim, a Fúria vinha com o húngaro Puskas e o argentino
Di Stefano, que chegou ao Chile contundido, além do uruguaio
Santamaría e o paraguaio Martínez. Após a Copa, a Fifa proibiu a
“naturalização por atacado”, que estava virando moda, como
mostrava a seleção da Itália, que também tinha os seus: os
brasileiros Sormani e Altafini e os argentinos Sívori e Maschio
O time inteiro jogava
mal e a Espanha chegou ao gol aos 35, com Adelardo. Tudo poderia
ter sido ainda pior se não fossem dois grandes erros da arbitragem. O
primeiro, em um lance que já se tornou lenda, no qual Nílton Santos
derrubou Collar na área mas, espertamente, deu um passo à frente,
ludibriando o árbitro chileno Sergio Bustamante. Na sequência, após
a cobrança de falta de Puskas, Peiró marcou de bicicleta, mas o gol
foi anulado por Bustamante ter entendido o lance como “jogada
perigosa”, ainda que Peiró estivesse a mais de um metro de Zózimo.
O vídeo abaixo mostra dos dois lances. Amarildo e Garrincha
marcariam a virada brasileira.
E Garrincha apareceu
Vieram as quartas de final
foram contra a Inglaterra e, finalmente, brilhou a estrela de
Garrincha. O ponta havia sido muito criticado pelo seu desempenho na
primeira fase e, sem Pelé, o Brasil apostava no talento do craque
das pernas tortas. Ele marcou o primeiro tento da partida, de cabeça,
mas os ingleses empataram oito minutos depois, com Hitchens. A
igualdade persistiu até os 8 do segundo tempo, quando Vavá escorou
após rebote do goleiro Springett em cobrança de Garrincha. O ponta
faria ainda o terceiro, em chute de fora da área. Naquele dia,
Garrincha só seria driblado por um cachorro que entrou em campo
paralisando a peleja. Outro cão provocou uma segunda paralisação e
sumiu debaixo das arquibancadas.
A semifinal seria
contra os donos da casa e a seleção tentou se precaver contra
qualquer imprevisto. Tanto que a refeições do dia da semifinal
foram providenciadas pela própria comissão técnica brasileira, que
tinha medo de algum “problema” com a comida servida aos jogadores
no hotel. Na partida, o infernal Garrincha assegurou a vantagem logo
aos 9, com um chute de fora da área que foi parar no ângulo
esquerdo de Escuti. Ele marcaria novamente aos 31, de cabeça, com o
Chile descontando em cobrança de falta aos 41 ainda do primeiro
tempo.
Logo no início da
segunda etapa, Vavá não deixou os anfitriões se animarem, e marcou
após escanteio. Leonel Sanchez descontou de pênalti e Vavá
fez o quarto, aos 33. Depois do último gol, o jogo sairia do
controle do árbitro peruano Arturo Yamazaki. Landa foi expulso após
falta dura em Zito e Garrincha, caçado durante todo o tempo, revidou
em cima de Rojas, agredindo o chileno. O juiz não viu o lance, mas
foi cercado pelos chilenos, que apelaram para o testemunho do
auxiliar uruguaio Esteban Marino, que confirmou a agressão. Como não
havia suspensão automática, ficava a dúvida: Garrincha poderia
jogar a final pelo Brasil?
E daí surge mais um
episódio “estranho” a favor dos brasileiros. Em sessão
extraordinária do Tribunal da Fifa, o árbitro disse não ter visto
a agressão, mas que o uruguaio Marino havia confirmado que ela tinha
existido. Convocado para depor, Marino não compareceu, pois já teria
deixado o Chile àquela altura. Sem o depoimento, Garrincha foi
liberado para atuar contra a Tchecoslováquia. À época, dizia-se
que a CBD teria pago a viagem de Marino, que estaria no Brasil.
Um mês após a Copa, o uruguaio foi contratado pela Federação
Paulista de Futebol.
No dia da final,
Garrincha amanheceu com febre e não teve a destacada atuação dos
dois jogos anteriores. Os tchecos aproveitaram e abriram o placar aos
15. Mas somente dois minutos depois do gol de Masopust, Amarildo
empatou, em um lance no qual o arqueiro Schroif fez um fatídico golpe de
vista.
Na etapa final, a
seleção veio melhor, mas poderia ter encontrado mais problemas se o
árbitro Nikolai Latchev tivesse marcado pênalti quando Djalma
Santos tocou a bola com o braço dentro da área, em cruzamento de
Jelinek. Como o juizão interpretou “bola na mão”,
o jogo seguiu e, aos 24, Amarildo fez grande jogada pela esquerda e
cruzou para Zito, que marcou. Algo raro, já que, por ser volante, o santista costumava chegar pouco à área e na sua trajetória com a camisa do Brasil foram apenas três gols. Um deles, este, que pode ser considerado o do título.
Após nova falha, mais grotesca, de Schroif, Vavá fez
o terceiro aos 33 e selou a vitória brasileira. O país que tinha
complexo de vira-latas no futebol antes do Mundial de 58, vencia pela
segunda vez a Copa do Mundo. E como perguntar não ofende, será que algum jogador, desses que costumam imitar João Sorrisão e quetais, na rodada do Brasileirão de hoje vai lembrar de homenagear os grandes de 1962?
Boa parte das
informações contidas neste post estão no ótimo livro de Lycio
Vellozo Ribas, O
mundo das Copas. Mais que recomendável.
A Globo estava
empolgada e muitos torcedores também. Depois das vitórias contra a
Dinamarca e contra os Estados Unidos, a seleção parecia inspirar
algo melhor do que fez no primeiro tempo do jogo com o México. O
Brasil não jogou nada, o meio de campo não conseguiu articular
nenhuma jogada e o esquema com três atacantes, jogando cada um quase
isolado do outro, não propiciou sequer uma chance decente de gol.
Não que os mexicanos
tenham jogado grande coisa. Defenderam com esmero, e só. Contaram
com um gol sem querer de Giovani dos Santos, e um pênalti infantil
cometido por Juan. Seus desarmes fizeram a diferença. Com a zaga
antecipando os lances feitos pelos meias brasileiros – na maioria,
previsíveis – de nada adiantou os atacantes marcarem pressão
porque a bola pouco ficava na defesa mexicana. A partida era
disputada no meio, e foi ali que os rivais cozinharam os canarinhos.
A marcação-pressão
do Brasil aumentou na segunda etapa, com Lucas no lugar do inoperante
Sandro, e Pato substituindo Damião. Não adiantou. Por mais que o
abafa tenha aumentado, nenhum dos dois fez a diferença e, ainda que
muitos não tenham visto, só Neymar chamou a responsabilidade (mesmo
não jogando bem contra a feroz marcação mexicana), coisa que os
demais não fizeram. E ninguém, ninguém, aproveitou o espaço que
surgia em função da marcação tripla, às vezes quádrupla, em
Neymar. Oscar, incensado no último amistoso, sumiu durante boa parte
do tempo, mas não é o caso de incorporar o discurso de ressentidos
tricolores que querem jogar o meia fora. Tem potencial, mas o time
ainda não é time (talvez não venha a ser). Isso, para um meia de
armação, significa muito.
Sobre Neymar
Não são só os zagueiros que querem pegar Neymar
Diante
dos festejos e rojões soltados nos últimos dois amistosos pela
transmissão da Globo, ficava esquisito a emissora criticar Mano
Menezes. Daí, surge uma pergunta “pescada” entre os internautas:
por que Neymar não brilha tanto como no Santos na seleção? Bom,
levando a questão a um outro nível, lembraríamos por que
Ronaldinho Gaúcho, mesmo no auge, não rendia na seleção como no
Barcelona. Por que Messi, que disputou duas Copas do Mundo, nunca fez
um gol no torneio ou reproduziu o desempenho do Barcelona na seleção? O mesmo vale para Cristiano Ronaldo, que no Real Madrid é soberano,
enquanto na seleção portuguesa é mediano.
Daí
surge o luminar Galvão Bueno “vendendo” Neymar para o exterior,
corroborando a tese de Mano Menezes, que não foi criticado durante a
transmissão, de que o atacante santista deveria ir para o exterior para ganhar experiência contra esse tipo de marcação.
Era o caso de perguntar por que Cristiano Ronaldo ou Messi, mesmo
jogando em dois dos maiores clubes do planeta, não rendem o mesmo em
suas seleções. Será que eles devem "ganhar experiência" (em que pese não serem mais garotos) em outro lugar, tipo a China? Ou será que é muito mais fácil para
qualquer jogador atuar com companheiros de time, com os quais já
está acostumado, com esquemas de jogo definidos, do que em uma
seleção? Qual atleta se sente “à vontade” na seleção
brasileira?
Natural se cobrar o Neymar, maior jogador brasileiro e artilheiro da Era Mano Menezes. Com Messi foi (ainda é, mas menos) assim e com outros tantos também é. Mas atuar sozinho é complicado. E não contar com o auxílio do treinador é pior ainda.
Sem Libertadores,
Brasileirão ou Copa do Brasil, o jeito foi o torcedor se conformar
com o amistoso entre a seleção e os Estados Unidos. Uma vitória
por 4 a 1 que diz algumas coisas, mas que não traduz bem o que foi a
partida. Ainda mais se levarmos em conta que o pênalti dado ao
Brasil e que conferiu a vantagem aos visitantes logo aos 11 minutos
foi pra lá de duvidoso.
Com três atacantes,
Hulk, Damião e Neymar, o Brasil adiantou a marcação e pressionou
os EUA em seu campo durante quase toda a primeira etapa. Deu certo.
Neymar converteu a penalidade que deu mais tranquilidade à equipe.
Justo ele que, segundo Mano Menezes há pouco menos de um ano, não
sabia cobrar pênaltis. Parece que o treinador mudou de ideia. Em
cobrança de escanteio conquistado após jogada de Hulk, Neymar
colocou na cabeça de Thiago Silva, que marcou o segundo. Os
norte-americanos ainda descontaram no final, dando impressão que
poderiam dificultar na segunda etapa.
E dificultaram, mas não
foi o suficiente. O Brasil se encolheu, passando a marcar dentro de
seu próprio campo e um defeito defensivo se tornou evidente: quase
todas as bolas aéreas na retaguarda brasileira terminavam em uma
finalização ou lance de perigo dos EUA. Mesmo assim, em assistência
de Neymar, Marcelo fez o terceiro. Rafael ainda apareceria com uma
sequência de duas defesas e uma terceira, após uma cabeçada
ianque. E ainda viria o quarto gol, em lance de Marcelo, com uma bela
conclusão de Pato.
Vamos pro basquete, vai...
Ao fim do jogo, foi
interessante ver a reação nas redes sociais. Gente dizendo, por
exemplo, que falta a Neymar uma atuação de gala, daquelas
esplendorosas e que, hoje, por exemplo, Oscar tinha sido melhor do
que ele. Bom, primeiro que não vejo por que Neymar tem que ser o
melhor em todas as partidas da seleção. Só se a seleção for
muito ruim e depender só dele, o que é um risco. Não lembro de
Ronaldo ser o melhor sempre, ou Romário, por exemplo. E, ainda que
Oscar tenha de fato jogado bem (principalmente no primeiro tempo),
quem participou dos três lances decisivos do Brasil enquanto estava
em campo foi o atacante santista.
Além de Neymar e
Oscar, é importante destacar Marcelo, que pelo jeito é nome certo
entre os três que estão acima dos 23 anos. E, com esse esquema de
três jogadores à frente que marcam a saída de bola do adversário (e que um ou dois voltam para a meia), a participação de Hulk é fundamental,
já que ele se movimenta muito, consegue prender a bola quando
necessário e marca bem. Não é um primor técnico, mas é de uma
inteligência tática diferenciada.
O título deste post faz referência ao “conselho” dado técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, a Neymar, entrevista ao jornal O Globo. Segundo o treinador: “Em relação a ambiente dele, à coisa aconchegante, a permanência é ótima. Mas, para um desenvolvimento final, para ganhar respeito maior, é importante passar pela Europa. Estando lá, não há a necessidade de se expor tanto. A permanência no Brasil exigiu contratos que tomam bastante o seu tempo. A gente vê que está exposto. Você precisa executar bem as três questões: treinar, se alimentar e repousar para estar bem”.
Precisa ir pra fora? (Ivan Storti/SantosFC)
Interessante a posição de Mano Menezes. Como um dos funcionários mais importantes da CBF, deveria zelar e agir para que houvesse um futebol brasileiro mais forte, com um campeonato nacional valorizado que tivesse grandes jogadores, que fosse mais organizado. E, acima de tudo, deveria manter alguma neutralidade em função do cargo que ocupa, não se imiscuindo em assuntos dos clubes. Sua declaração é um desrespeito ao esforço que o Santos teve que fazer para manter Neymar perto dos torcedores do Brasil, os mesmos que mal podem acompanhar a seleção que joga mais no exterior do que no país. Mano quer que eles vejam Neymar só pela TV.
Pra quem tem memória curta, é bom lembrar que outro sábio da bola tupiniquim deu conselho semelhante a um então jogador santista. Carlos Alberto Parreira declarou que o meia Diego deveria sair da Vila para adquirir experiência na Europa, quando o time da Vila recebia propostas de fora e tentava segurar o jogador. O jovem foi para o campeão europeu, Porto, mas, ao invés de evoluir, involuiu. Tanto que seu “conselheiro” Parreira deixou de convocá-lo para a seleção e Diego não foi à Copa de 2006. Treinador, quando dá tais “conselhos”, só pensa no próprio cargo, se o jogador cair em desgraça, azar o dele. Talvez por ter um comportamento diferente que Dunga tivesse moral entre seus comandados, o que não parece ser o caso de Mano Menezes, que tem um trabalho até agora muito inferior que seu contestado antecessor.
E, justamente por causa do pífio desempenho apresentado até o momento à frente da seleção, talvez seja o caso de Mano ir treinar uma equipe do exterior para “ganhar experiência”. Sim, porque é algo comum entre treinadores da seleção. Muitos fizeram isso, como Carlos Alberto Parreira, Sebastião Lazaroni, Zagallo, Carlos Alberto Silva, Emerson Leão, Telê Santana – que treinou o Al-Ahly –, e mesmo o grande fantasma que assombra o técnico da seleção, Muricy Ramalho. Dunga não treinou nenhum time antes de assumir o esquadrão verde-amarelo, mas possuía um largo histórico na seleção e já tinha jogado fora do país. Será que o treinador admitiria que tal falha no currículo lhe faria menos capacitado que seus antecessores?
Tendo treinado só duas grandes equipes na vida, Mano tem como título mais importante no currículo uma Copa do Brasil, além de dois estaduais gaúchos, um Paulista e dois campeonatos da Série B. Neymar, que tem uma carreira muito mais curta que o comandante, tem uma Libertadores, uma Copa do Brasil, dois Paulistas, um Sul-Americano pela seleção sub-20 de Ney Franco, e várias premiações de melhor jogador. Não sei se o treinador assiste a jogos no Brasil (talvez o campeonato russo lhe seja mais atraente, dadas as convocações de seu time), mas Neymar evolui a cada dia. Jogando aqui. Quem precisa de mais experiência mesmo, Mano?
*****
O comandante da seleção repete Ronaldo, que também declarou que o atacante alvinegro deveria jogar no exterior. O que a mídia não dizia, apesar de ter conhecimento, é que o hoje ex-atleta era parte interessada na ida de Neymar para a Europa, já que era intermediário do Real Madrid para tentar levar o peixeiro. Opinião nada neutra pois, a não ser que ele estivesse fazendo isso só por paixão ao clube espanhol. Aliás, o futebol brasileiro é feito só de gente “apaixonada” e desinteressada...
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Não é a primeira vez que Mano Menezes palpita sobre Neymar. Pouco antes da Copa América, o técnico disse que Neymar não cobrava bem pênaltis. A eliminação do Brasil na competição mostrou que outra das virtudes do treinador é avaliar quem bate bem penalidades...
- Acompanho o consenso: Ronaldinho Gaúcho, não dá mais. Os únicos argumentos que vi para manter suas convocações, ainda antes do jogos, foram a experiência e o de segurar um pouco a onda do Ganso. Mas para as duas situações prefiro Kaká, que pelo menos jogou a última Copa.
- Além dele, David Luiz e Sandro foram muito mal. O primeiro possivelmente por um dia infeliz, o segundo por ser o que é: um volante marcador que só tenta passes curtos. Não acho que ele caiba no tipo de jogo que parece ser objetivo dos torcedores e do técnico. Já de Fernandinho eu gostei. Marca, distribui bem o jogo e deu alguns passes em profundidade interessantes.
- Thiago Silva é realmente um Monstro, como definiu já há algum tempo o pessoal do Blablagol. Sério, rápido e praticamente sem erros. E os laterais jogaram demais. Estamos muito bem, obrigado, nesse quesito. O Tostão sugeriu outro dia na Folha que poderia ser uma boa colocar mais um zagueiro para liberar de vez Daniel Alves e Marcelo. Pode ser, mas acho que valeria a pena tentar liberá-los sem o tal zagueiro para ver o que acontece.
- A entrada de Elias e Ganso melhorou bastante o time. A questão para mim é a seguinte: é preciso conseguir desacelerar o jogo para controlá-lo. Se ficarmos sempre correndo com a bola e tentando definir rápido a jogada, perdemos muito rápido o controle das ações (nessas, não gostei muito de Leandro Damião, que chutou de qualquer lugar e não participou coletivamente). Ganso vai melhor que Gaúcho por conseguir dar essa cadência sem perder a visão de jogo. Não teve ainda o passe em profundidade, inesperado, mas o filé vem depois do feijão com arroz.
- Nesse sentido, a dupla de volantes não pode ser tosca. Tem que ser opção ofensiva quando tivermos a posse da bola, saber tocar com ciência, prender a bola, acelerar se necessário. Se não, o meia centralizado (seja ele Ganso, Danilo ou Zidane) fica emparedado entre dois ou três marcadores que não tem mais ninguém com quem se preocupar. Bons volantes-armadores aparecem Espanha (Xabi Alonso e Busquets) e Alemanha (Schweinsteiger e Khedira), atuais referências. No caso brasileiro, como os laterais vão descer muito, os volantes precisam ainda ser muito rápidos para a cobertura. Assim, fora Sandro e Lucas Leiva. Os volantes titulares deveriam ficar entre Hernanes, Elias, Arouca e, pelo jogo de ontem, Fernandinho pode disputar uma vaga.
- Hernanes, aliás, jogou na ponta/meia direita do 4-2-3-1 ontem. O PVC disse que ele já atuou assim na Itália e foi bem. Não foi mal, mas acho que acrescenta mais à Seleção com seu bom passe no meio campo.
- A relação mistura x guarnição citada acima também vale pra Neymar, que jogou bem, se mexeu, trocou bons passes, mas não fez nenhuma das jogadas que, bem, resolvem o jogo, como costuma fazer no Santos. Acho que é só questão do ajuste coletivo, mas cabe a ressalva: será a defesa da Bósnia melhor que a média enfrentada pelo atacante no Brasil?
- O Mauro Beting diz que não se pode cornetar escalação sem dar opção. Então, aí vai uma proposta: Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Arouca, Hernanes e Ganso; Neymar, Damião e Robinho. No banco, de diferente, teria Kaká para o lugar de Ganso. Vai sem goleiro porque não tenho muita convicção de nenhum. Gostei de Jefferson quando jogou, mas não acho um absurdo apostar em Júlio César.
- Acho uma boa resgatar Robinho. Ele sempre foi bem na Seleção e está num momento muito bom no Milan. Além disso, conhece Neymar e Ganso e está adaptado a ajudar na marcação, o que será necessário em qualquer proposta de jogo ofensiva que se apresente. Do Milan, aliás, assim que possível viria Pato, que acho ter mais a ver com o estilo desse ataque que Damião.
Aguardo as cornetas – de preferência, com as respectivas alternativas.
O técnico Mano Menezes divulgou hoje nova convocação da Seleção Brasileira que enfrentará a Bósnia Herzegovina, no fim deste mês, na Suíça. As lista não traz grandes novidades, mas tem alguns retornos interessantes.
O primeiro é Paulo Henrique Ganso, que se ainda não apresentou o futebol do primeiro semestre de 2010 (é, Ganso, faz tempo...), já deu mostras no Santos de que continua dono do meio campo. Também no setor, volta Hernanes, o bom volante que pode qualificar bastante o passe e a posse de bola no meio, que tem sido problemas do time. Volta também Júlio Cesar, que não é mais aquele, mas segue um baita goleiro.
Os jornais questionaram uma presença e uma ausência: respectivamente, Ronaldinho Gaúcho e Kaká. Sobre o Gaúcho, Mano justificou que está contemplando as cobranças pela manutenção de uma base e definição de um time. “Não posso ficar trocando a todo momento por causa de um momento ruim. A fase agora exige um período melhor. As coisas serão mais estáveis", afirmou. Sobre Kaká, não deu maiores explicações.
De minha parte, levaria Kaká. Para mim, o moço evangélico ainda tem bastante para contribuir para a seleção – mais do que Gaúcho, na verdade. Entendo a justificativa para a convocação deste último, mas não sei se concordo. Se chamasse, seria só para tentar suprir a falta de meias no futebol brasileiro.
Depois do compromisso contra os bósnios, a seleção volta a se apresentar apenas em maio, contra a Dinamarca na Alemanha. Em seguida, encara turnê pela América do Norte, com amistosos marcados contra Estados Unidos, México e Argentina.
Vi apenas o segundo tempo do jogo e, pelos “melhores momentos” do primeiro, parece que cheguei junto com o futebol. Meus colegas, mais competentes que eu, podem analisar o jogo, em post ou nos comentários. Eu mesmo queria só apontar algumas coisas que me impressionaram.
Primeiro a posição do Ronaldinho Gaúcho. Ele agora está se esmerando na arte de dar dribles fantásticos na antemeia-esquerda, ou anteponta, sei lá que nome tem aquela região do campo. Com o Neymar de ponta-esquerda e o Cortez apoiando na ala, o Gaúcho ficou recuado driblando e dando bons passes por ali, antes do meio campo, na sinistra, mais ou menos entre a quina da própria área e a linha central. E até que funcionou, porque justamente não tumultuou a zona de ação do Neymar.
Os dois gols brasileiros mostraram que há esperança no nosso futebol, pois foram gols de equipe, em que a bola foi ficando mais redonda a cada patada que recebia. O primeiro foi impressionante, a começar pelo drible inicial do Cortez, que de algum modo dá a velocidade e a inspiração para que a jogada continue, os toques perfeitos de Borges e Danilo, e no meio disso tudo, desde o início da jogada, cruzava o Lucas, que quando pega a bola numa posição dessas é mortal.
O segundo foi novamente uma limpada de terreno do Cortez, e o passe perfeito do Diego Souza para a, digamos, “trombada-arte” do Neymar, aquela jogada em que todo mundo se atrapalha e ele está ali para dar o toque que precisava.
Foram jogadas em que prevaleceu a qualidade. Chega a inflar o coração, mas aos poucos está parecendo que esta geração não vai deixar alternativa ao técnico da seleção senão investir no jogo bem jogado, pra frente, ágil e preciso. Mesmo que uns não queiram, certas verdades são irrefreáveis, pois se mostram com tamanha evidência que fica impossível reverter.
Será que as defesas brasileiras amadureceram? Será que agora já sabemos o que é defender e poderemos voltar àquela que acreditamos ser a vocação nacional, o futebol bonito, ofensivo, diagonal, oblíquo, imprevisível, elástico?
Simbolicamente, foi o Ronaldinho Gaúcho – que é artista mas sempre foi jogou mais pras câmeras que pro resultado, e de qualquer maneira é de uma geração em que os volantes é que eram “a alma” do time – que recuou e deu lugar deixou a dianteira pra molecada. E é gostoso ver isso acontecer diante da Argentina, mesmo que desfalcada, e mesmo tendo depois que ouvir o Galvão Bueno pela vigésima vez dizer que “ganhar é bom, mas ganhar da Argentina é muuuuuito melhor”, o que é o óbvio.
Ou será que sou eu que fui tomado de um acesso de otimismo num joguinho pouco mais que medíocre? Olha que eu nem bebi, que eu tô me curando de uma conjuntivite. Deve ser o colírio antibiótico.
Durante a Copa do Mundo de 2010, todo mundo se divertia com o Galvão Bueno nas transmissões da competição. Mas era um se divertir ruim, sarcástico, cheio de críticas, do Cala boca Galvão no Twitter. Nenhum problema com essa modalidade de humor mal humorado.
Mas nesta quarta-feira, 14, minha diversão na transmissão foi diferente. Achei o tantas vezes odioso Galvão Bueno divertido mesmo. Teve momentos em que me ocorreu a ideia de que Galvão tivesse tomado um vinho de Mendoza durante a cena em Córdoba, antes de ir ao Estádio Mário Alberto Kempes. Ou um Fernet Bianco, para descontrair.
O cidadão me soou mais leve e bem menos pretensioso do que o normal. Admitiu que não sabia o número do Casemiro porque "na lista não tem", mandou o comentarista de arbitragem Arnaldo César Coelho pastar (por duas vezes), tomou uns pedalas de volta, reclamou dos bons tempos em que os jogadores eram revelados na várzea, lamentou a atuação do árbitro, disse que Neymar "apanhou da bola"...
Como não assisto nem acompanho Fórmula 1, em cujas transmissões, consta, abundarem asneiras, nem sei se foi exceção ou se anda sendo nova regra.
Claro que pintaram bobagens, elogios desnecessários ao Mano Menezes, comentários sobre o futuro de Neymar (incluinco "bronca" do técnico Mourinho e as pretensas necessidades de driblar menos e de ganhar mais massa muscular). E menção a um suposto medo dos argentinos durante o jogo. Mas foi bem mais agradável do que eu imaginaria.
Jogo chato
Apesar de o Brasil ter colocado duas bolas na trave, com Leandro Damião, o jogo foi chato. Claro, se não fosse assim, o Galvão Bueno nunca teria ido parar no topo deste post. O melhor teria sido se a bola tivesse entrado na chance com direito a carretilha do atacante do Inter. Mas a defesa mostrou fragilidades, mesmo com três volantes. Enquanto o meio e o ataque tiveram dificuldade de fazer jogadas e permitir que se chegasse com qualidade no campo de ataque.
A Argentina jogou pouca bola e teve pouca vontade e disposição para ganhar. Com um pouco mais de qualidade, e o marcador teria sido alterado para o lado dos hermanos.
A ideia de ressuscitar a Copa Roca é legal, apesar de a partida só com jogadores que atuam nos respectivos países ter uma terrível aparência de vitrine para vender jogador. Ainda mais num período de crise econômica nos países ricos com falta de grana para contratações.
Dá o que pensar a história de que o troféu foi criado com nome de cartola paraguaio, Nicolás Leoz, e desenhado por um artista uruguaio, Carlos Páez Vilaró. Seria Mercosul demais?
E a rivalidade entre Brasil e Argentina já foi bem mais nervosa do que hoje. Muita cordialidade para um confronto de tanta história e tanta rusga.