Destaques

quinta-feira, abril 01, 2010

Quase definidas as oitavas da Copa do Brasil 2010

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A rodada desta quarta-feira, 31, da Copa do Brasil definiu quase todos os confrontos das oitavas de final da edição 2010 da competição. Todas as partidas foram precedidas por um minuto de silêncio em homenagem a Armando Nogueira.





Faltam apenas quatro times. O invicto Grêmio deve confirmar o favoritismo diante do Votoraty, já que venceu a partida de ida por 1 a 0. O Botafogo está na mesma condição ante o Santa Cruz. Enquanto o Atlético-PR só precisa de uma vitória simples sobre o Sampaio Correia-MA em Curitiba, o homônimo de Minas Gerais precisa reverter a derrota para o Chapecó, em Belo Horizonte.

Os destaques do dia foram o Goiás de Rafael Quatro-gols Moura e Jorginho, que bateu o São José-AP por 7 a 0, e o Vitória, que passou por 4 a 0 sobre o Náutico. As equipes goleadoras enfrentam-se na próxima fase.

O Coritiba, em preparação para disputar a série B, foi desclassificado pelo Avaí, em casa, por 1 a 0. E teve pênalti perdido.

O maior calor da rodada foi imposto pelo Asa de Arapiraca sobre o Vasco. Depois de empatar na partida de ida, a equipe cruzmaltina abriu o placar, sofreu a igualdade, mas depois conseguiu vencer por 3 a 1.

Outro aperto foi o da Portuguesa, que empatava com a Ponte Preta por 1 a 1 até os 46 minutos do segundo tempo. O uruguaio Gustavo Biscayzacu fez 2 a 1 e levou a Lusa para a próxima fase, quando enfrenta o Fluminense.

Além do tricolor carioca, apenas o Santos conseguiu eliminar a partida de volta. Enquanto o time das Laranjeiras passou pelo Uberaba por 2 a 0, o Peixe bateu o Remo por 4 a 0. Como a partir das oitavas acaba essa chance de classificação na primeira partida caso o visitante vença por mais de dois gols de diferença, poucos times vão sentir falta do recurso.

Outros classificados foram Ceará, Atlético-GO, Sport e Palmeiras.

Oitavas de final da Copa do Brasil 2010
Na distribuição dos jogos, está respeitada a ordem das chaves e atualizado com os mandos dos primeiros jogos (o time da coluna 2 decide em casa).

Corinthians-PR x Vasco
Vitória x Goiás

Botafogo ou Santa Cruz x Atlético-GO
Atlético-PR ou Sampaio Corrêa x Palmeiras

Portuguesa x Fluminense
Grêmio ou Votoraty x Avaí

Santos x Guarani
Atlético-MG ou Chapecó x Sport

A ordem dos confrontos deve ser definida por sorteio nesta quinta-feira, 1º, às 14h, antes das partidas que faltam. Passado os jogos que faltam, fica mais fácil de fazer apostas.

Palmeiras vence o Paysandu, mas ainda precisa melhorar

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O Palmeiras venceu o Paysandu pela segunda fase da Copa do Brasil. Eliminado do campeonato Paulista, o Verdão tinha trazido um 2 a 1 de Belém e era favorito para seguir na competição.

Como atrasou a cerimônia de renúncia do governador de São Paulo José Serra (PSDB), ele não pôde comparecer ao Palestra Itália, evitando pôr a prova os atencedentes de pé-frio.



O gol foi de Robert, mas o melhor em campo foi Armero. O lateral-esquerdo foi à linha de fundo fazer o único passe certo da partida para garantir a cabeçada do camisa 20. Mas ele foi o símbolo da atuação da equipe, esforçada, mas ainda sem um refinamento necessário para tornar a vida mais fácil. Foram muitas chances de gol, mas chutes tortos, para fora. Muito contra-ataque na base do chutão, e poucos construídos com trocas de passes.

Diego Souza esteve melhor do que em partidas anteriores, mas ainda oscila momentos de disposição com outros que parecem displicência. Sem Cleiton Xavier nem Lincoln, contundidos, Ivo compôs o meio de campo, e o volante Márcio Araújo improvisado na direita. Time manco de uma lateral.

O estreante Bruno Paulo foi bem, com muita vontade, mas excessiva ambição de fazer gol logo na primeira partida. Com um pouquinho mais de passes na chegada à área adversária, quem sabe, as coisas melhoram para o lado alviverde?

O Paysandu tentou avançar depois de sofrer o gol, mas criou apenas duas jogadas de perigo. O time da casa aproveitou menos do que precisaria a abertura para contra-ataques.

Bora trabalhar, Antonio Carlos Zago.

Na próxima fase, o adversário é, provavelmente, o Atlético-PR, que enfrenta o Sampaio Corrêa em Curitiba. Na partida de ida, foi 1 a 1.

quarta-feira, março 31, 2010

Promotores contra Maluf

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O deputado federal e ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, não hesitou ao responder por que seu nome e sua foto foram parar na lista de procurados pela Interpol. É tudo retaliação ou até vingança por parte de procuradores de Justiça, preocupados com seu projeto de lei 265/2007. O texto prevê que um promotor que apresente denúncia temerária ao Judiciário seja responsabilizado criminalmente.

Foto: Reprodução

A apresentação da propositura é, por seu lado, uma resposta de Maluf aos processos judiciais movidos contra ele. Tudo artimanha de quem quer se promover, segundo sua peculiar visão de mundo.

Esse contexto envolvendo ainda a "Lei da Mordaça" ao Ministério Público, que é natural e essencialmente polêmica, deveria transformar o título do post no inverso. Algo como "Maluf contra promotores". Ou, no mínimo, levar um "vice-versa". Mas as coisas são curiosas.

O protesto e o release
Os procuradores são contrários ao projeto. Por isso, prometem um ato em 6 de abril em São Paulo na Procuradoria Regional da República da 3ª Região (PRR-3). Até aí, tudo normal, desde 2009, entidades de promotores promovem campanhas nesse sentido.

Só que foi muito, mas muito curiosa a sequência de releases do evento que atingiram minha caixa de entrada. Ambos enviados pelo departamento de imprensa da PRR-3, um era correção do outro.

(Parênteses para quem, por graça divina ou bom senso mesmo, não é jornalista e não é bombardeado por avisos de pauta e divulgação para a mídia. Release é a redução de "press release", eventualmente traduzido pra lá de livremente como "comunicados de imprensa". É a forma mais comum de as assessorias de imprensa de empresas, governos, órgãos públicos, ONGs etc. avisarem os jornalistas sobre o que acreditam que os profissionais de comunicação precisam saber. Mais comum do que jornalista errar ao redigir uma reportagem é um release ter uma informação incorreta, o que demanda um novo envio da mensagem, com títulos que avisam "correção" em que se pede para "desconsiderar o anterior".)

O curioso é notar as diferenças. A começar pelo assunto:

Original:
PRR-3 sedia ato em SP contra “Lei da Mordaça” de Paulo Maluf

Corrigido:
Vale este - "PRR-3 sedia ato em SP contra 'Lei da Mordaça'"

A correção pega um pouco mais leve com o pai da matéria e não escancara o alvo da movimentação. Mais adiante, o juridiquês que parecia dar razão à "Lei do Maluf" cedeu vez.

Original:
Iniciativa do deputado federal Paulo Maluf, o projeto de lei prevê sanções aos autores de ações civis públicas, populares e de improbidade promovidas contra agentes públicos quando ajuizamento tiver sido temerário, de má-fé, para promoção pessoal ou por perseguição política. O projeto de lei atinge não apenas o Ministério Público, mas o cidadão ou associações que tiverem promovido, nas mesmas circunstâncias imprecisas e indeterminadas, ações populares e ações civis públicas. A mobilização visa mostrar à sociedade que o projeto de lei restringe independência do Ministério Público e o intimida a não cumprir, com autonomia, deveres previstos na Constituição.

Correção:
Iniciativa do deputado federal Paulo Maluf, o projeto de lei prevê a responsabilização pessoal dos autores de ações judiciais contra agentes políticos consideradas “temerárias”, de “má fé”, com a “finalidade de promoção pessoal” ou de “perseguição política”.

Na sequência, uma nova tentativa de ampliar o horizonte e tirar do "procurado" doutor Paulo o centro de tudo. Assim, consta da versão final:
O ato não é voltado apenas contra o ex-prefeito de São Paulo, réu em inúmeros processos movidos pelo MP de São Paulo e pelo MPF por sua gestão à frente do município e autor do projeto de lei, mas à Câmara Federal, que aprovou em sessão do dia 16 de março a urgência na apreciação do Projeto de Lei pelo plenário.
A "aliviada" com Maluf só fez explicitar o quanto o evento aproveita as polêmicas declarações de Maluf para se posicionar na discussão pública.

Foto: Reprodução

O debate é bom
Depois de toda essa digressão, vale registrar que o debate é bom. Na lista de quem acusa promotores federais ou estaduais de oportunismo está gente de todo tipo. O primeiro exemplo que me ocorre é o de Eduardo Jorge, ex-assessor especial do presidente Fernando Henrique Cardoso, réu em denúncia apresentada por Luiz Francisco Fernandes de Souza. Ele foi inocentado e processou Folha de S.Paulo, O Globo, Veja, Ciro Gomes e mais metade do mundo.

Luiz Francisco foi alvo de queixas de outras pessoas, incluindo o Opportunity de Daniel Dantas. Ele foi acusado de apresentar denúncia que teria sido redigida em um computador de Roberto Demarco, ex-sócio e atual desafeto do banqueiro, além de contar com ajuda de advogados da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

Em sua defesa, o procurador alega que gostou da tipologia (fonte) do documento recebido dos advogados de Demarco. Abriu o arquivo, foi em Editar, Selecionar tudo e pressionou o delete, começando a redigir com a simpática fonte – isso ele me declarou em entrevista por telefone em 2008. Nenhuma pendência consta na corregedoria do Ministério Público Federal, mas Luiz Francisco mantém uma atuação bem discreta, se comparada ao estrelato alçado durante a década de 1990.

Neste ano, o tesoureiro do PT e ex-presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários, João Vaccari Neto, critica José Carlos Blat, do Ministério Público Estadual de São Paulo. Blat corre atrás do inquérito sobre a cooperativa desde 2005 e, até hoje, não formalizou a denúncia à Justiça. Mas sempre que o tema volta, é entrevistado em reportagens em diversos veículos sobre o caso, declarando que a Bancoop é uma organização criminosa. Se é ou não, um juiz poderia avaliar, caso uma denúncia fosse concluída e apresentada.

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Gente como Silvio Pereira (ex-PT, sem partido), José Serra (PSDB-SP), Yeda Crusius (PSDB-RS)  a Rede Record, além de Paulo Maluf e de metade dos advogados de defesa de pessoas acionadas por promotores, também já recorreram a disparar contra os acusadores. As queixas são de busca por projeção em cima de acusados "famosos" ou de irresponsabilidade.

Há casos como o de Fernando Capez, membro do MPE-SP que ganhou notoriedade ao mover ações contra torcidas organizadas em 1995, quando conseguiu decisão judicial que extinguia essas torcidas. Foi eleito deputado estadual pelo PSDB de São Paulo em 2006.

Em janeiro, Fernando Grella, procurador-geral de Justiça de São Paulo, em entrevista ao Estadão, em janeiro, declarou que "o ministério público está isolado", porque antes, o organismo "tinha apoio de alguns partidos políticos", mas hoje, nem tanto. Grella admite erros pontuais de promotores, e atribui a falhas no sistema processual "em termos de provas".

No caso de agrupamentos políticos, a denúncia do ministério público é como um gol: só é ruim quando é contra o patrimônio. Isso não quer dizer que eventualmente não haja erros e abusos.

Em artigo ao Jornal do Brasil, o jurista Dalmo Dallari tocou a questão, ao defender a independência do ministério público para cumprir seu papel constitucional. "No seu conjunto o desempenho do Ministério Público pode ser considerado altamente satisfatório", escreveu. "Têm ocorrido situações em que uma iniciativa do Ministério Público sugere a influência de fatores políticos, como se tem verificado em regiões nas quais os conflitos sociais são mais agudos, mas qualquer iniciativa de um órgão do Ministério Público está sujeita a um estrito controle de legalidade, podendo ser anuladas pelo Poder Judiciário aquelas que não tiverem embasamento em fatos concretos e não se enquadrem em alguma hipótese legal". Sua conclusão é de "veemente repúdio" à "lei Maluf".

Outras modalidades de mordaça impostas por lei, herdadas do período autoritário no Brasil (cujo colpe ocorreu há exatos 46 anos, em 31 de março de 1964) contra outros servidores vêm sendo extintas. Foi o caso das peças no estado e município de São Paulo. Nesse contexto, soa trágica a ideia de restrições por lei aos procuradores. O que não torna importante o debate sobre o papel da instituição.

No estádio em Istambul

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Depois de visitar estádios em Buenos Aires e Londres, eis que me vejo em um jogo de futebol numa cidade um pouco mais, digamos assim, exótica para futebolistas: Istambul. Viajei para a Turquia por conta do meu mestrado, mas claro que eu tinha que tentar ver um joguinho.

Eu fui mais escolhida pelo confronto entre Besiktas e Eskisehirspor do que o escolhi. Como não entendo uma palavrinha sequer de turco - ô língua difícil! - tive que pedir ajuda à pessoa mais próxima de mim nessa viagem, no caso o professor da universidade que nos acolheu em Istambul, Murat. Como torcedor do Besiktas, ele disse que poderia ir comigo ao jogo. Achei ótimo, pois sabe-se lá se tem mulher nos estádios turcos, e tal. Ir sozinha seria um pouco de aventura demais para mim... eu pensava. Enfim, nem cogitei a possibilidade de ir a outro jogo, e não sabia que no dia seguinte Fenerbahce e Galatasaray se enfrentariam. Perdi o clássico!

No dia do jogo, Murat teve um compromisso e não pôde ir. Quase desisti, mas uma amiga, Joanna, uma americana que até jogava futebol mas nunca tinha ido a um estádio, queria fazer um programa diferente e resolvemos arriscar. Como estávamos em pontos diferentes da cidade, combinamos de nos encontrar no estádio. Cheguei cedo, comprei os ingressos - ponto positivo, sempre tem alguém que fale inglês pra te ajudar, impressionante -, tudo dando certo. Inclusive avistei algumas mulheres na parte de fora do estádio, o que me deixou mais tranquila. Minha amiga demorou um pouco e perdemos o começo do jogo.

Quando entramos, por um segundo pensei: ai, eu não deveria estar aqui. A lotação do estádio era impressionante. Tinha um policial em um dos corredores dizendo "aqui não que já está cheio". Mas cheio é cheio mesmo. Imagino que a sensação seja algo do tipo Morumbi com 100 mil pessoas. Subimos mais um lance de escadas e ficamos espremidas em um dos corredores. Em todos os lances da arquibancada tinha duas fileiras de pessoas em pé. Eu via bem pouco do que se passava em campo. É uma sensação impressionante. Como o ingresso para aquela partida estava muito barato - o Murat havia me dito que o preço partia das 50 liras turcas (60 reais, mais ou menos), mas pagamos 20 liras - a lotação é até justificável. Mas que não é seguro, não é. Ou o time vendeu mais ingressos do que deveria ou as regras de lotação da federação turca não são rigorosas.

No vídeo, um pouco do clima do jogo


Bom, o jogo foi ruim, pra falar a verdade, mas emocionante. Quando chegamos, por causa do atraso, a partida já estava 2 a 1 para os visitantes. O Besiktas jogava mal demais, não conseguia atacar e o goleiro quase entrega um lance patético - por algum motivo ele resolveu dar combate como se fosse um zagueiro, fora da área. Quase entrega o terceiro gol - ridículo. Nisso já tinha colado um turco que fala inglês do nosso lado, explicando que o goleiro Rüştü Reçber estava muito velho e tinha que se aposentar. A idade? Quase 37. Me pareceu que esse goleiro não é tão ídolo quanto Marcos e Rogério, os que falham mas continuam com crédito.

No segundo tempo, o jogo continuou chato. Joanna me diz que parece que não está acontecendo nada. Disse que futebol é bem chato a maior parte do tempo. Exagerei de propósito, mas de fato, quando não é nosso próprio time, tem jogo que é dureza de aguentar. Enfim, poucas chances para o Besiktas, e agora nenhuma para o adversário, encurralado na defesa. Até que ele, o ex-corinthiano Bobô, apareceu e fez o gol de empate, de cabeça, aos 15 minutos. O estádio explodiu. Na verdade não sei se a reação foi assim tão eufórica, mas tanta gente junta sempre provoca uma reação intensa. Tanto que tive que me segurar na minha amiga pra não cair, já que um torcedor cedeu o lugar dele em cima da cadeirinha por pena da minha altura, e se manter em pé na cadeirinha não é mole.

Mas isso era só a preparação para o que estava por vir.

A torcida acordou e passou a cantar seus hinos, a pular, a xingar a torcida adversária, que até então estava dominando, apesar de serem bem poucos e estarem confinados num curralzinho atrás de um dos gols. Aliás, a Joanna me perguntou o motivo da separação. Bom, na verdade eu nem tive que responder.

Aos 28 minutos, Holosko fez o gol da virada do Besiktas. Não me perguntem como foi a jogada. Eu até lembro que foi uma bola bem trabalhada, mas a cotovelada que eu levei na comemoração fez minha atenção mudar de foco. É, rapaz, eu disse que não era seguro. Eu já estive no Morumbi lotado algumas vezes e nunca tinha passado por algo parecido. Levei a pancada na cabeça, me desequilibrei e caí no degrau da frente. Caí em pé, tudo bem, mas no caminho ainda dobrei uma das unhas pra cima, deu aquela descolada da carne. Putz, doeu. OK, está tudo bem, não foi nada grave, mas eu não consigo nem imaginar um princípio de tumulto naquele lugar.

Logo em seguida resolvemos ir embora, para evitar a multidão da saída. Corremos para pegar o barco que nos levaria para perto do albergue. Aliás, uma parte considerável do transporte coletivo de Istambul é feito por balsas, adorei.

Pontos curiosos a destacar: a pronúncia do nome do time. Eles falam Bexictaxxxxxx, uma coisa assim meio Xou da Xuxa. E o estranho caso do "desparecimento" das torcedoras. Elas existiam fora do estádio, mas não vi NENHUMA lá dentro. Acabamos virando atração turística, um cara até tentou disfarçar e tirar uma foto da gente com o celular, tipo assim "não falei que tinham duas gringas no estádio? Tá aqui a prova!". Engraçado. E não tem cerveja no estádio, só chá. Bom, a bebida quente faz sentido, Istambul é bem fria. Já a falta de cerveja... bom, é aquela coisa de sempre.

Bom, o Besiktas fez sua parte, aproveitando a derrota do líder Bursaspor no dia anterior e diminuindo a diferença para 3 pontos. Com a vitória no clássico sobre o Galatasaray, o Fenerbahce tem o mesmo número de pontos, mas leva vantagem no critério de desempate. Faltam 4 rodadas para o fim do campeonato e está tudo embolado. O final vai ser interessante.

Orelhadas de bar (1)

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Nove da noite de sexta-feira. A moça pede para eu esperar no buteco enquanto vai ao apartamento dar comida para o cachorro. Peço uísque. E minha antena auricular capta os primeiros sinais da mesa ao lado:

- Pede mais uma, larga a mão de ser chato.

- Pode ser. Mas me fala uma coisa, você continua casado?

- Há 24 anos. Casei em 85.

- Tá tudo bem em casa?

- Olha, vou te contar uma coisa... De Reinaldo pra Reinaldo: é foda.

- É. Eu sei. (...)


Baixa um silêncio sepulcral. Passa uma gostosa fazendo cooper. Um ônibus vira a esquina e derruba o cone da parada de táxi. Uma criança aparece vendendo chicletes. O papo anexo reflui.

- Mas você ainda tá jogando tênis?

- Só enganando. Hoje eu ia, mas fui ver meu sogro. Tá em coma.

- Ih, rapaz, nem fale. O meu sogro também tá ruim, teve um AVC.

- É foda.

- O véio não dura seis meses. Mas você já vai? Senta aí!

- Preciso ir. Minha mulher ligou duas vezes.

- Fica aí, rapaz!

- Não dá. Dessa vez não dá, meu irmão.

- Vou pedir a última.


Minha moça volta ao bar. Com o cachorro. A antena se distrai por um momento da frequência alheia. A moça vai ao banheiro e me deixa segurando o cão pela coleira. Tento sintonizar o fim da conversa vizinha. Só silêncio. Resta um na mesa. Calado. O outro Reinaldo arribou.

Sem beber a saideira.

terça-feira, março 30, 2010

Pilsen brasileira tá no mesmo nível das sem álcool

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Ao passar o olho por uma materinha do Jornal da Tarde sobre mais uma pesquisa envolvendo cerveja, não foi o resultado que me chamou a atenção. Segundo a Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), cervejas brasileiras têm vitamina B9, importante no combate à anemia e doenças cardiovasculares. Entre os três tipos analisados, a malzbier foi a que apresentou melhor resultado. E aí que está o detalhe: com mais que o dobro de vitamina B9 do que as cervejas pilsen e sem álcool nacionais. A pesquisadora e engenheira de alimentos Ana Cecília Poloni Rybka, coordenadora da pesquisa, observou que "a cerveja sem álcool apresentou teor abaixo, porém similar ao teor encontrado em cerveja pilsen, tanto de folatos como de compostos fenólicos". É isso mesmo: "abaixo, porém similar".

Concordo que ter mais ou menos vitamina B9 não faz a menor diferença para nós, manguaças, que combatemos a anemia com os mais variados "frutos do bar" (batata frita, manjuba, linguiça, costelinha, salsicha, ovo cozido, Calafrango, dobradinha do Tom Cat, X-Elvis etc). Mas a similaridade entre as pilsen brasileiras mais consumidas (Brahma, Skol, Antarctica etc) e as sem álcool (Lieber, Kronenbier) nesse quesito não deixa de ser curiosa. Porque, cada vez mais, parece tudo a mesma coisa...

segunda-feira, março 29, 2010

Visão corintiana: Timão faz melhor partida do ano

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A vitória sobre o São Paulo foi a melhor partida do Corinthians esse ano e mostra o estilo de jogo do time, ainda em fase de consolidação. A boa notícia é que, se o Timão não teve o domínio amplo que transparece no tom catastrófico da visão sãopaulina sobre o clássico, jogou melhor que o São Paulo, especialmente no primeiro tempo e enquanto Dentinho esteve em campo.

A formação do meio campo tem Ralph, Jucilei (agora ele é titular, Maurício!), Elias e Danilo. Enquanto o primeiro se desdobra na destruição das jogadas adversárias, os outros participam tanto da criação quanto da marcação. Elias ocupa a faixa central do campo, mas com características diferentes de Douglas: enquanto esse se esmerava no passe e cadencia do jogo, o camisa 7 dá velocidade ao time, num jogo mais vertical, como no primeiro gol alvinegro.

A cadência do passe passa a ser função primordial do ex-sãopaulino Danilo, autor do segundo gol. Ele ainda ocupa o lado esquerdo do campo, mas se mexeu mais, ficando menos isolado do que em partidas anteriores. O entrosamento com Roberto Carlos – que, já é razoável dizer, está jogando muita bola – está melhorando, criando uma boa opção.

Jucilei participa mais da marcação sem a bola, cumprindo função semelhante à de Elias no esquema de 2009. Marca e saí para jogar mais pela faixa direita, com Moacir – que é bom lateral e acho que já merece a vaga de Alessandro no time titular (ainda que não saiba cruzar).

Com mais gente que marca e joga no meio campo, Dentinho tem mais liberdade para flutuar nos dois lados do ataque e está indo muito bem. Participou dos dois gols e de outras jogadas importantes até ser expulso – numa jogada que, pra mim, não valia o barulho que o árbitro fez. Com essa formação, o time tocou a bola com ciência e controlou o jogo até abrir 2 a 0.



Os maus momentos vieram, além dos méritos tricolores, da mania de Mano Menezes de recuar o time quando está ganhando, buscando atrair o adversário e jogar no contra-ataque. Jogando a convite no campo do alvinegro, o São Paulo conseguiu as faltas que levaram aos dois gols de Rodrigo Souto. A estratégia só foi desmontada depois do empate.

Outro erro do treinador foi a manutenção de Ronaldo no time durante quase toda a segunda etapa. A lentidão do centroavante o deixa quase sem função num esquema voltado ao contra-ataque. Isso sem considerar a má fase do Gordo – apesar do passe para Elias no primeiro gol.

E o adversário?

Sobre o São Paulo, não entendo como Ricardo Gomes não coloca Cicinho no time titular. O time melhorou bastante quando ele entrou – apesar da inexplicável saída de Hernanes, o mais lúcido sãopaulino até então (os técnicos estavam inventivos ontem...).

Para mim, está claro que ele e Júnior César têm de jogar. Com aquela quantidade de volantes no elenco, deve ter dois que consigam cobrir os avanços dos dois. Eu escalaria Rodrigo Souto e Jean, por exemplo, ambos marcadores e com bom passe.

Outra dúvida é como Léo Lima ainda tem moral para ser titular de um time grande. E jogando de meia, não na invenção luxemburguiana de colocá-lo de segundo volante. O cara é lento e não tem habilidade o bastante no passe para compensar. Bota Hernanes e Marcelinho Paraíba na armação, com Dagoberto/Fernandinho na frente ao lado de Washignton.

Se o São Paulo não foi a negação que o Marcão pintou – tanto que fez três gols... –, continua dependendo demais de jogadas aéreas e bolas paradas. O primeiro gol, em bela jogada de Dagoberto, foi uma exceção.

E a classificação?

O Corinthians pega o Ituano fora e Rio Branco no Pacaembu nas duas últimas rodadas, dois times já sem pretensões e nem muito medo do rebeixamento. Mas não depende só de si mesmo para se classificar.

Grêmio Prudente e São Paulo ocupam nesse momento a terceira e quarta colocações, respectivamente. O time do interior joga contra o Bragantino na terra da lingüiça e recebe o São Caetano, times também na zona intermediária – apesar do Azulão, com 27 pontos, poder até sonhar com uma vaga.

O São Paulo em tese pega os adversários mais difíceis: Botafogo, ainda na briga pela vaga, no Morumbi e Santo André no ABC. Mas o Ramalhão já garantiu a vaga e pode tirar o pé.

De quatro

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Que o São Paulo vem jogando mal, não é novidade pra ninguém. Mas a falta de tudo no time (padrão tático, técnico, vibração) fica mais visível quando pega adversário forte pela frente. Vencer Rio Claro, Paulista, São Caetano, Mogi Mirim, Ituano, Ponte Preta, Monte Azul, Monterrey ou Nacional do Paraguai não significa absolutamente nada. Quando enfrentou os quatro adversários mais tradicionais no Campeonato Paulista, o São Paulo foi derrotado, com toda justiça, pela Portuguesa (3x1), Santos (2x1), Palmeiras (2x0) e, ontem, Corinthians (4x3) - foto de Rubens Chiri/SPFC. Na Copa Libertadores, o único jogo realmente importante, até o momento, foi contra o Once Caldas, fora de casa. Outra derrota (2x1). Esse retrospecto diz mais do que qualquer análise de comentarista ou palpite de torcedor.



No clássico que manteve o tabu de nove partidas do Corinthians sem derrota para o time do Jardim Leonor, o São Paulo caiu de quatro de forma humilhante: tabelinha com toques de primeira pelo meio da zaga no primeiro, de Elias; falha de Miranda e golaço de pé direito do ex-sãopaulino Danilo no segundo; cobrança de falta magistral de Roberto Carlos, sem atitude da barreira e falha de Rogério Ceni no terceiro; e, por fim, Iarley entra na área sem marcação e chuta para um belo gol de cabeça do zagueiro Alex Silva, definindo o placar. Fora o baile, apagão de Hernanes (de novo), falhas mil de Miranda (idem), ruindade de Léo Lima, papelão e expulsão boba de Washington, erros e mais erros de Júnior César. E por que Cicinho é reserva?

Nem vou relembrar a paradinha humilhante de Neymar, a chaleira de Robinho, os dois gols do palmeirense Robert e os outros dois de Heverton para a Lusa. E as falhas seguidas e constrangedoras de Ceni. É muito ridículo para nem três meses de competições. O São Paulo não caiu de quatro ontem. O São Paulo caiu de quatro na temporada. E dá medo pensar nas próximas fases de mata mata. Haja cachaça...

Maluf é são-paulino

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Já ouvi insinuações de que ele seria corintiano, mas o deputado federal mais votado do Brasil tratou de dirimir dúvidas: "Eu me chamo Paulo, nasci na Maternidade São Paulo, torço para o São Paulo Futebol Clube, fui prefeito e governador de São Paulo." E aproveita para comparar-se a outro ilustre tricolor: "Gilberto Kassab fez Escola Politécnica como eu, é bom gestor e não tem culpa da chuva que caiu este ano. Mas ninguém investiu mais em São Paulo do que eu." Deu no Estadão deste domingo, no caderno "Aliás".

Em tempo, Maluf figura agora na lista de procurados da Interpol, o que significa que, se sair do Brasil, pode ser engaiolado. A acusação? "(...) teria movimentado, por meio de um doleiro, US$ 11,68 milhões de uma agência do Safra National Bank na Quinta Avenida para contas secretas no paraíso fiscal da Ilha de Jersey. (...) A quantia teria sido desviada das obras da Av. Águas Espraiadas, atual Av. Roberto Marinho, entre janeiro e agosto de 1998." O deputado diz que vai processar o promotor nova-iorquino que o acusa.

domingo, março 28, 2010

O governo de São Paulo deve explicações

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A cena de uma policial sendo carregada por um suposto manifestante foi sem dúvida uma das imagens mais marcantes do protesto dos professores em frente ao Palácio dos Bandeirantes, que foi recebido com truculência pela Polícia Militar. Para desfazer o valor simbólico da imagem, a assessoria de imprensa da corporação divulgou nota dizendo que a pessoa que carregava a ferida era um “policial à paisana”.

Do fato, surgem algumas questões. Primeiro, qual é a intenção da polícia ao infiltrar um policial em meio a uma manifestação de professores? Tal ação lembra os regimes autoritários que esse país viveu e, já que a polícia expôs um de seus agentes, o mínimo que se poderia esperar é uma justificativa sobre tal operação.

Curioso também o fato não causar estranheza à mídia comercial. Imaginem, por exemplo, se alguém descobrisse em meio ao protesto do Cansei, algum policial federal à paisana “tomando conta” da manifestação? Provavelmente fariam alusão à URSS, à Cortina de Ferro, aos nazistas, ou a Cuba, que infiltra (e assume isso publicamente) agentes na manifestação das Damas de Branco que ocorreu na Ilha. No caso, o governo cubano justificou dizendo que faz isso para evitar confrontos entre simpatizantes do regime e os manifestantes. Mas, repito, qual a justificativa do governo estadual para infilitrar agentes, ainda mais em um país democrático?

No entanto, denúncias graves relacionadas à ação policial e à atitude de “infiltrados” vieram à baila. Leonardo Severo, da CUT, relata que um professor de Filosofia de Jundiaí, Fernando Ribeiro, teria presenciado quando um dos policiais à paisana “tentava atear fogo em um veículo, buscando incriminar os manifestantes”. Professores e estudantes teriam evitado o ato e o falso manifestante buscou refúgio entre os policiais militares. “Tentaram colocar fogo no carro para culpar o protesto. Como agiram com muita força, numa ação desproporcional, queriam uma justificativa”, disse o professor.

É inadmissível que não haja qualquer resposta da PM ou do governo do estado. É bom lembrar, aliás, que a infiltração de agentes por parte da polícia em manifestações democráticas já foi comprovada em outra gestão do PSDB, no Rio Grande do Sul. Um homem usou um crachá da Agência Carta Maior para se infiltrar em protesto de servidores públicos contra Yeda Crusius, em Porto Alegre, fazendo fotos dos manifestantes.

Com a palavra o governo do estado que, ao que parece, prefere usar cassetetes ao invés do verbo.

sábado, março 27, 2010

Minas pode criar bancada de cachaceiros no Senado

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A depender dos resultados das eleições de 2010, o estado de Minas Gerais pode iniciar uma nova frente parlamentar no Congresso, a bancada dos cachaceiros. Ninguém está chamando os ilustríssimos postulantes ao parlamento nacional de beberrões nem de irmãos-da-opa.

Ocorre que o governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) e o vice-presidente José Alencar (PRB), ambos cotados para concorrer ao Senado, não têm como negar a alcunha, como explica qualquer alambiqueiro. Ocorre que o termo "cachaceiro" aplica-se, neste caso, aos produtores da marvada. Outro nome cotado, o do ex-presidente e ex-governador Itamar Franco tem outros elos com a malafa

Foto: Divulgação

Aécio e Alencar, criaram marcas próprias da molha-goela. A Mingote é apenas o rótulo mais recente da Fazenda da Mata, na cidade de Cláudio. Trata-se de uma homenagem a Domingos da Silva Guimarães, tetravô do governador de Minas Gerais, cujo retrato está no rótulo. Seu apelido era Mingote e foi ele quem reativou a atividade alambiqueira na propriedade. Consta que Aécio tem sociedade no empreendimento, fruto da união entre a família Guimarães Tolentino e a dinastia dos Neves em virtude do casamento entre dona Risoleta, pela primeira, e Tancredo, pela segunda.

Até 1985, o carro-chefe era a chambirra que respondia pelo nome de Mathusalem. Se o personagem bíblico chegou a 969 primaveras, a branquinha homônima foi descontinuada depois do falecimento de Tancredo Neves. Outras marcas de menor qualidade também são produzidas, mas sobre essas o governador nega qualquer ingerência.

Foto: Divulgação
Rótulos da Fazenda Cantagalo, que produz os isbeliques de José Alencar

Alencar se encarrega da Maria da Cruz, produzida na Fazenda Cantagalo, em Pedras de Maria da Cruz (MG). A proximidade da região de Salinas, no norte do estado, favorece. A propaganda boca-a-boca é feita pelo próprio empresário, até junto a garçons, segundo fontes. A propriedade ainda engarrafa com outras três marcas – Sagarana, Caninha 38 e Porto Estrela.

Assim como há diferenças políticas entre esses mineiros, as divergências também aparecem na forma de se envelhecer aquela-que-matou-o-guarda. A de Aécio descansa de cinco a dez anos em amendoim. A do vice-presidente, em amburana, madeira típica do semiárido brasileiro.

Não é à toa que Aécio ampliou a certificação de alambiques artesanais e incluiu a rapadura na merenda escolar da criançada.

Mas é bem verdade que quem tornou a caninha bebida oficial do estado foi seu antecessor, Itamar Franco, que também estuda concorrer ao Senado. Se tirar uma das vagas dos cachaceiros citados, também será bem-vindo à bancada da cachaça, além de instituir o 21 de maio como data comemorativa para a mata-velho.

A formação da bancada da cachaça – ou dos cachaceiros – depende  da formação das chapas, dos resultados das urnas e, claro, da disposição das figuras de abraçar a causa. Consta uma experiência sem grande repercussão a assembleia legislativa do Rio Grande do Norte. Muito diferente da bancada da cana-de-açúcar e do setor sucroalcooleiro.

Ministro
Foto: Divulgação

Os mineiros envolvidos na política valorizam as golos há algum tempo. O porta-voz de João Figueiredo e ex-ministro do Tribunal de Contas da União, Carlos Átila, abriu, depois da aposentadoria, seu alambique próprio. A Cachaça do Ministro dorme por cinco anos em carvalho ou jequitibá (foto), a depender do rótulo – ouro e prata.

Entre empresários, segundo reportagem da revista Época de 2008, o baiano Emílio Odebrecht, da empreiteira que leva seu nome, e o paulista Ivan Zurita, presidente da Nestlé, também se debruçam sobre uma boa pinga. São donos da Itagibá e da do Barão, respectivamente.

sexta-feira, março 26, 2010

Porque o Santos toma gols

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Ontem, o Santos venceu o Botafogo por 4x2, na casa do adversário, em Ribeirão Preto. A vitória garantiu matematicamente o Peixe na próxima fase do Campeonato Paulista - ao lado do surpreendente Santo André, que fez 3x0 no Monte Azul e, assim, impediu que o Paulista tenha os quatro grandes nas semifinais, como ocorreu no ano passado.

O Santos atuou com um time praticamente igual ao que fez 9x1 no Ituano. Ou seja, estava sem as estrelas Neymar (suspenso) e Robinho (contundido). Mais uma vez, assim como contra o Ituano e em outros tantos jogos, a estrela foi Paulo Henrique Ganso. Um golaço, passes precisos e atuação em todos os setores do campo. Marquinhos fez dois gols - se mostrando cada vez mais útil e carbonizando a língua desse que vos escreve, que considerou ridícula sua contratação - e Zé Eduardo, mais uma vez, deixou o seu. É ótima opção para o banco do Santos. Muito bom ver o Santos com um elenco forte.



Mas aí o Santos levou dois gols. Assim como levara quatro do Palmeiras, três do Bragantino, e assim por diante.

O futebol que o Santos tem demonstrado nesse 2010 tem despertado muitos sentimentos fortes - seja de paixão, seja de raiva. A ponto de fazer, por um lado, corintianos vibrarem com a derrota santista para o Palmeiras e torcedores de uma série de times rivais derramarem elogios como "esse é o único time que dá gosto de ver jogar".

As análises sempre vão na mesma linha: é um time alegre, que vai pra cima, e que por isso toma seus gols - mas faz um monte, para compensar.

Partidas como ontem e como a contra o Palmeiras deixam claro que o Santos não toma gols por "alegria", por "opção", por ser "praticante do futebol alegre". Toma gols, sim, porque não é perfeito.


Vejamos os dois gols de ontem: o primeiro ocorreu por conta de um pênalti dos mais indiscutíveis da história, cometido pelo Edu Dracena. E o segundo, porque a zaga marcou bobeira e deixou o adversário cabecear sozinho. Contra o Palmeiras, os gols vieram principalmente por falhas do goleiro Felipe.

"Opção pela alegria" ou falhas daquelas que todo time tem?

O Corinthians quer passaporte. Da Alegria.

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Desavidado, tomo um susto ao receber o seguinte release:

Comunicado oficial: Em relação a noticia do suposto interesse do Corinthians em construir seu estádio na área do Playcenter, esclarecemos desconhecer sua origem. Nunca mantivemos nenhum contato com ninguém do clube ou empresas ligadas a ele sobre esse assunto. (...) O Playcenter continuará o seu desenvolvimento, consolidando-se como a melhor opção de diversão da família paulistana.

Os corintianos do blogue sabiam disso? Manifestem-se!

Fala, FHC, que eu te escuto

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Prosseguindo com nossa campanha para que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fale o máximo que puder à imprensa nesse ano de eleições, ao contrário da vontade tucana, vamos à nova pérola do sociólogo que fala francês (o grifo é nosso):

- Nós temos que pensar: qual Brasil vamos inventar? Está faltando neurônio. O Brasil será grande no mundo quando fornecer conhecimento. No conjunto desses desafios, que são grandes, o importante na universidade, além de produzir modelos culturais, é começar a discutir o futuro, disse o "iluminado" político do PSDB, na quarta-feira (24/03), durante a palestra "Ensino Superior como área crítica e estratégica para o Futuro do Brasil", na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Essa conversa de neurônio me lembra a análise de um reitor baiano sobre o berimbau. Mas FHC não foi convocado a dar pitaco sobre o ensino brasileiro de graça. Para quem não sabe, há uma greve de professores em São Paulo, território do (des)governador e pré-candidato à presidente da República José Erra, digo, Serra. E FHC aproveitou o assunto para defender a famigerada meritocracia tucana, pois em São Paulo, em vez de Serra dar aumento de salário, escolhe os professores mais "bonzinhos" e "comportadinhos" para "merecer" um troquinho a mais.

- Hoje se tem uma greve em São Paulo em parte contra isso. Até hoje não se aceita que haja incentivo pecuniário para quem for melhor. Não acredito que a meritocracia possa substituir a democracia, mas acho que é preciso prestar atenção, pois ela pode significar um grande desafio: além de ter uma força econômica, baseia suas grandes decisões num sistema de mérito, defendeu FHC.

Palmas para o "iluminado" que ele merece! E o Futepoca aproveita para lançar aqui, a partir desse post, uma campanha que mobilizará a nação:

FALA MAIS, FHC!

Marcos pode

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Diz-se que fuma e que bebe. Quando termina o jogo, reclama nos microfones da imprensa que o companheiro não voltou para marcar e que o outro fez corpo mole. Nem diz com todas as letras e deixa no ar um monte de possibilidades que vão fomentar as especulações de mesa de bar. Se o time está perdendo por falta de empenho generalizado, põe o pé no freio. Vai à festa e posa para fotos com antebraços cruzados, punho cerrado e o dedo médio em riste, numa inconfundível paródia do gestual característico de uma organizada do São Paulo.

Escrevendo assim, é o perfil de um mau elemento, um bad boy dentro do futebol. Daqueles caras que desagregam elenco, têm pavio curto e gastam tempo demais com um comportamento inadequado a um profissional da bola.

  
"Saint Marcos and a bird in a peaceful time of the soccer game",
diz a legenda da foto original (algo como "São Marcos
e um pássado em um momento de paz de um jogo de futebol"


Mas Marcos é o Goleiro. Não falta em treino – embora fuja de atividades mais pesadas e do que não é coletivo –, joga com dor (e uma placa) no punho esquerdo há anos. É torcedor. No Palmeiras desde 1992, jogou 485 partidas. Foi pentacampeão mundial pela seleção, um dos maiores responsáveis pela Libertadores de 1999 – o último título de monta do clube – além de um dos momentos mais sensacionais a que um palmeirense poderia assistir.

Na libertadores do ano passado, quando salvou a pátria diante do Sport nos pênaltis, o fez pela sétima vez em sua carreira. Em nove disputas assim, defendeu dez cobranças; foi derrotado apenas em duas decisões de pênaltis.

Muito antes disso, no segundo semestre de 2002, não quis jogar no Arsenal, porque a família queria mesmo era morar em Oriente (SP). No mesmo ano, quando o Palmeiras rumava para a série B, Marcos foi o melhor em campo em boa parte dos jogos, sinal de que a retaguarda não prestava. Em goleadas, desistiu de ir para as bolas.

Um ano depois, na segundona, Marcos continuava lá. A campanha foi suficiente para terminar a fase de turnos em primeiro, mas era o camisa 12 quem garantia boa parte dos jogos.

Ele não é bonzinho nem certinho. Gente boa, vá lá.

Por esse conjunto, Marcos pode. Pode dar margem pra polêmica, discutir, falar mais do que a boca...

Mas não deve.

Turras
Mesmo sendo ídolo da torcida – pelo menos deveria ter essa condição permanente, apesar de uma parcela dos alviverdes o culparem pelos males de qualquer formação do escrete – tem cada vez mais gente querendo ver Marcos na função para-raio.

Na segunda-feira, ele abandonou o treino em que Diego Souza e outros atletas ignoravam os apelos do arqueiro para que todo mundo voltasse para marcar. Ficou p. da vida, disse até que não jogava mais. O time foi a campo contra o Rio Branco e, bom, faltou mais gente marcar a sério para evitar os dois gols.

Quando o Palmeiras estava na pior fase do campeonato – não que agora esteja em boa situação, mas enquanto se tentava ostensivamente derrubar o técnico – prometeu parar de jogar no fim do ano para livrar o torcedor do sofrimento com ele.

O problema do Palmeiras não está embaixo das traves. No entanto, Marcos 2010 representa menos soluções do a versão de dez anos atrás. É mais do que seus reservas podem proporcionar. Mais jogador palmeirense do que qualquer outro do atual elenco.

Como ele não vai durar para sempre, precisa só cuidar de não passar tão perto do centro do turbilhão de crises nas quais se enfiou o Palmeiras. Dizer que está com raiva de perder e só.

Talvez mais idas ao bar ajudem a acalmar.

Tudo desculpa pra beber

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No livro "1808", de Laurentino Gomes (Editora Planeta, 2007), que narra a vinda e a permanência de Dom João VI por 13 anos no Brasil, uma descrição interessante das condições de viagem de navio da Europa até aqui, pelo Oceano Atlântico, há 200 anos:

A dieta de bordo era composta de biscoitos, lentilha, azeite, repolho azedo e carne salgada de porco ou bacalhau. No calor sufocante das zonas tropicais, ratos, baratas e camundongos infestavam os depósitos de mantimentos. A água apodrecia logo, contaminada por bactérias e fungos. Por isso, a bebida regular nos navios britânicos era a cerveja. Nos portugueses, espanhóis e franceses, bebia-se vinho.

Taí, já dá pra entender o que impulsionou as navegações...

quinta-feira, março 25, 2010

As desculpas pelo bloqueio da poupança ou como Covas salvou Serra de ser ministro de Collor

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Cristina Gallo/Agência Senado
O senador por Alagoas e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello parece hoje aquele veterano que joga mais leve e solto quando não tem a responsabilidade de atuar em uma equipe grande. Depois do período de "quarentena forçada", já que teve seus direitos políticos suspensos por oito anos, o parlamentar, em várias entrevistas, conta detalhes do passado (claro, sua versão dos fatos) e ataca antigos aliados e outros supostos colegas que negam tal condição. Em entrevista concedida aos jornalistas Cezar Motta e Adriano Faria, da Agência Senado, ele descreve episódios interessantes para quem se interessa pela história política do Brasil. Alguns episódios conhecidos, outros, reveladoras. Abaixo, alguns trechos:

Bloqueio da poupança

Eu nunca afirmei isso [que não iria mexer na caderneta de poupança]. Ao contrário, em um dos debates eu disse que o meu adversário é que iria confiscar as poupanças, justamente para evitar que a pergunta me fosse feita. O fato é que, quando todos da minha equipe viram que as contas correntes e a poupança receberam enormes aportes, concluímos que não bastava bloquear os títulos, não seria suficiente. E posso garantir que todos os candidatos tinham a mesma intenção. O PT, o PMDB. Tanto é verdade que, dois dias depois, economistas e políticos do PT paulista, alguns ex-colegas da ministra Zélia na Universidade de São Paulo (USP), a procuraram e disseram: "Era este exatamente o programa que queríamos aplicar. Só que, no nosso caso, o governo cairia no dia seguinte".

(Acima, Collor mostra seu senso de raposa política. Confessa ter posto Lula na parede para não ter que assumir que poderia mexer na poupança. Ou seja, acuse antes de ser acusado)

Fracasso do plano

Não, a população não sabotou. Ao contrário, uma pesquisa logo depois do plano mostrou que tínhamos 67% de aprovação. Erramos em uma série de pequenas coisas, que se tornaram grandes. Por exemplo, na administração da liberação do dinheiro no que chamávamos de "torneiras". Todo dia nos deparávamos com uma surpresa. Nossas reservas cambiais eram atacadas no mercado, e nós precisávamos delas. Muitas frentes estavam abertas, mas a grande resistência veio da Avenida Paulista, como disse, dos grandes industriais e empresários brasileiros, que não gostaram de perder suas reservas de mercado. Em nenhum momento tivemos problemas com sindicatos de trabalhadores ou partidos de oposição, embora o PT já fosse uma oposição forte e ativa. 

Quem sabotou foram os que queriam manter privilégios, aumentar preços e tarifas, a burocracia, os que se envolviam com a Cacex (Câmara de Comércio Exterior do Banco do Brasil, que estabelecia tarifas de importação e exportação). Enfim, era a mesma gente que me apoiou no segundo turno, que defendia a medidas que adotei. Mas logo percebi que defendiam as medidas em relação ao vizinho, mas não aceitavam que fossem adotadas em relação a eles próprios. Tanto que, quando o então presidente da CUT, Jair Meneguelli, foi ao Palácio falar sobre greves e movimentos contra o plano, eu lhe disse: "Não se preocupe, porque vocês, os trabalhadores, não desestabilizam o governo, mesmo com greves. Quem está realmente causando problemas são os seus patrões, os industriais".

(No trecho, Collor tenta se fazer de vítima da elite, discurso comprado por parte de seus ex-eleitores. A outra parte jura de pés juntos que votou nulo ou no Lula no segundo turno de 89... E sobre o apoio ao Plano, é fato. Muita gente não se indignou e, embora possa até ter ficado chateada por ter seu dinheiro bloqueado, só se mexeu de fato quando o Plano começava a fazer água.)

Delfim Netto

Recentemente, por exemplo, o Delfim Netto disse que não foi consultado na época do plano por ninguém da equipe. Realmente, ninguém da equipe o procurou, mas ele esteve comigo. Ele desmente e diz que, convenientemente, escolho só testemunhas já mortas. Mas há as esposas que estavam presentes. Este encontro foi na casa do ex-deputado Amaral Neto, e a d. Ângela, mulher dele, estava lá, um final de tarde, com o então deputado Ricardo Fiúza e o senador Roberto Campos. Eu os consultei sobre a situação da economia, e todos foram unânimes: com essa liquidez, nenhum plano anti-inflação dará certo. Disseram que seria decisiva a escolha do presidente do Banco Central. Era preciso um nome capaz, que o mercado respeitasse. Eu mencionei alguns nomes, e quando citei Ibrahim Eris, Delfim vibrou: "extraordinário nome, extraordinário nome, perfeito!". Já Roberto Campos não gostou: "Esse não pode, Delfim, é um fiscalista, seria um erro".

Logo depois, o Delfim foi ao Planalto, lépido e fagueiro, com aquele cabelo sempre bem penteado, bem barbeado, sorridente, e disse: "genial presidente, genial!! Nem eu com o AI-5 teria condições de fazer isso. Parabéns!" Hoje ele nega o encontro. Mas houve, e dou mais um detalhe da conversa. Ele me perguntou: "Mas esse dinheiro não vai ser devolvido, não é?" E eu respondi: "Sim, vai ser devolvido e com juros". Ele riu e duvidou: "Ah, mas isso eu quero estar vivo pra assistir".Pois o dinheiro foi devolvido e Deus permitiu a ele estar vivo para testemunhar. Ele desmente o encontro, mas explicou que apenas propôs o pagamento em títulos. Ou seja, sem querer, confirmou.


(Delfim que se explique, "nem no AI-5"...)

Acordo com o PSDB


Fechamos o acordo com o presidente do PSDB, o então deputado Franco Montoro, o partido nos apoiaria no Congresso, o Fernando Henrique seria chanceler e o José Serra seria o ministro da Fazenda. Viajei com tudo acertado, e quando voltei soube que o senador Mário Covas havia vetado tudo, anulado o acordo.

(Se o PSDB chegou à presidência, deve ao falecido Covas. Se dependesse dos luminares tucanos...)

Galo, 102

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Sou daqueles que ainda são capazes de chorar com o hino.

que acaba casamento em dia de rebaixamento.

que fica irracional em frente à TV.

que xinga juízes e bandeirinhas.

que é totalmente parcial no futebol.

que não usa a cor do adversário em dia de jogo.

que reclama até hoje do Arnaldo, do Wright...

que lembra do braço erguido de Reinaldo.

que viu 1 milhão de vezes o gol de Dario.

que é torcedor do Clube Atlético Mineiro

uma vez até morrer....


Galo, 102 anos. hoje.
.
(Clique aqui e leia a excelente série sobre os 100 anos do Atlético-MG)

Cerva da pesada

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Em evento hoje no Retro Pub, em São Bernardo, no ABC paulista, será lançada a cerveja Sepultura Weissbier (à direita), produzida pela microcervejaria Fábrica do Chopp, de São Paulo. O lançamento da bebida de trigo do tipo Bavária, "com aroma frutado de cravo e maçã" (segundo a divulgação), serve como marco dos 25 anos da banda Sepultura, ícone do heavy metal, completados em 2009. Os integrantes prometem comparecer ao evento. O guitarrista e sãopaulino Andreas Kisser (à esquerda), 41 anos, é de São Bernardo.

quarta-feira, março 24, 2010

Empate com o Rio Branco é eliminação digna da campanha

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Em novo confronto com um lanterna do campeonato, o Palmeiras passou apuro e só empatou por 2 a 2. Com o Rio Branco, em Araraquara, o alviverde saiu na frente mas, em menos de cinco minutos tomou a virada. Com o empate, as chances matemáticas de o time paulistano se classificar no estadual devem se esvair com os outros jogos da rodada.

Como assim empatar com o lanterna?

Um resultado ruim não foi exatamente uma novidade, bem como a dificuldade. O Verdão jogou três partidas contra equipes que respondiam, nas respectivas rodadas, pela lanterna. Primeiro, uma derrota para outro time de nome ribeirinho – o Rio Claro. A chuva atrapalhou, no revés simples. Depois, contra o Sertãozinho, uma luta para vencer por 3 a 2. Desta vez, novamente dois gols sofridos, mas apenas dois marcados.

As chances de avançar eram mínimas, quase inexistentes. Agora, é olhar para o que vem a seguir e repensar a trajetória do Palmeiras no campeonato, que teve troca de técnico e pouca definição sobre o futuro do time na temporada.

Chamou atenção, no jogo, que seis jogadores do Rio Branco tomaram cartões amarelos e Maurim ainda foi expulso. É bastante. O Palmeiras levou menos advertências, mas Diego Souza, Eduardo e Pierre não precisariam de tanta sede ao pote nos lances em que os cartões foram distribuídos.



Diego Souza abriu o placar, em passe de Cleiton Xavier, aos 17. Depois, aos 20 e aos 23, Alex Terra e Romarinho, ambos em passes do atacante Francisco Alex, garantiram a virada. O quarto gol da partida e segundo do Palmeiras veio de Ewerthon.

Eu que iria criticar a escalação de dois volantes – Pierre e Márcio Araújo – diante do lanterna concordei que, com um sistema defensivo desarticulado complica a vida de qualquer treinador. A proposta de jogo foi ofensiva, foram criadas chances, mas ainda tem coisa fora do prumo.

Até o fim da primeira etapa, foram criadas chances de gol, mas nada de alterar o placar. Com Lincoln no lugar do lateral Eduardo, mais chances, mas o passe para construir jogadas ainda não funcionam tão bem.

A hora é de pensar na Copa do Brasil, fazer o quê?

Uma das minhas preocupações é que o governador de São Paulo José Serra (PSDB) é pré-candidato à Presidência da República. Isso quer dizer que em alguns dias ele anuncia a desincompatibilização. O temor nada tem a ver com eleição. É que, como é semana santa, ele deve fazer isso até terça, talvez quarta-feira. Justamente o dia do jogo de volta contra o Paysandu. Vai que ele resolve ir ao estádio, palco de uma crise sem explicação do alviverde? A última vez em que deram ideia de ele ir ao jogo não foi legal.

Depois é o Lula quem fala besteira...

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No comando de um trator enfeitado com um enorme adesivo amarelo de sua gestão desastrosa, o (des)governador José Erra, digo, Serra (PSDB) participou ontem da demolição de prédios na região central de São Paulo. Após derrubar um muro, declarou, quase tendo um orgasmo:

- É gostoso. Derrubar prédios é uma terapia.

Como diria (a tucana) Regina Duarte, "que medo!". E, pelo visto, destruir o estado mais rico do país também deve ser terapêutico para o Serra.

terça-feira, março 23, 2010

Soninha é democrática para servir cachaça

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No gabinete de Soninha Francine (PPS), subprefeita da Lapa, em São Paulo, a fotógrafa Julia Chequer, do site R7, flagra uma garrafa de cachaça ("do Barão"). E mostra bandejas onde Soninha, mesmo sendo palmeirense, não deixa de oferecer, junto de copos do seu time, uma caneca do Corinthians. Seria um convite ao Lula?

Motoqueiros são os que bebem mais no trânsito

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Pesquisa da Secretaria Nacional de Política sobre Drogas, do governo federal, revela que, nos últimos 12 meses, o consumo abusivo ou pesado de bebida alcoólica (cinco ou mais doses) ocorreu pelo menos uma vez com 79% dos motoristas de moto, 73% dos de carro, 71% dos de caminhão e 61% dos motoristas de ônibus. De acordo com o estudo, a quantidade de doses ingerida no período caracteriza o consumo como "pesado". Já o consumo episódico, ou binge drinking, caracteriza-se pelo consumo de mais de cinco drinques para homens ou quatro para mulheres, em uma única ocasião. A pesquisa concluiu ainda que a maior parte dos motoristas entrevistados, entre 55% e 60%, confirmou beber entre 7 a 15 doses de álcool em dia típico de consumo. A secretaria fez 8 mil entrevistas em rodovias federais das 27 capitais brasileiras, entre 2008 e 2009.

A polêmica dos gols 'oficiais' ou 'não oficiais'

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Ao converter seu 39º pênalti na carreira, domingo, contra o Mogi Mirim, o goleiro Rogério Ceni ficou bem próximo da marca de 100 gols como profissional. Segundo os dados oficiais, com os 89 marcados até aqui, ficariam faltando apenas 11. Mas o caminho poderia ser mais curto, pois, na verdade, Ceni já fez 91 gols. Acontece que dois não são considerados "oficiais", pois foram marcados em jogos amistosos. O primeiro em 25 de janeiro de 1998, no empate do São Paulo por 1 a 1 com o combinado Santos/Flamengo, jogo que contou com a participação de Raí e anunciava sua volta ao clube (que aconteceria em maio daquele ano). Me lembro que Romário foi até o Morumbi pra jogar, mas, como não recebeu os mil reais que havia pedido como cachê, deu algumas entrevistas se desculpando e foi embora. O gol de Rogério Ceni naquele jogo pode ser visto neste vídeo aqui.

Dois anos depois, em 17 de janeiro de 2000, o São Paulo goleou o Uralan Elista, da Rússia, por 5 a 1. O goleiro deixou mais um, como pode se ver aqui. Era o segundo e último jogo de um improvisado "Torneio Internacional" Constantino Cury. Na primeira partida, o São Paulo venceu o Avaí, de Santa Catarina, por 3 a 2 - por isso, ao ganhar também do time russo, acabou sendo "campeão". Claro, óbvio: tanto o confronto de 1998 como esses de 2000 foram amistosos de início de temporada, descontraídos e sem valor. Mas não foram jogos-treino. Quantos amistosos desse tipo o Pelé, por exemplo, não disputou pelo Santos? E seus gols foram contabilizados, bem como aqueles marcados quando defendeu a Seleção do Exército Brasileiro. Isso já deu rolo quando o citado Romário decidiu comemorar seu "milésimo" gol.

Se a soma de gols "não oficiais" de Rogério Ceni fosse grande, mais de 10 ou coisa do gênero, até entenderia a polêmica sobre contá-los ou não. Mas esses dois golzinhos, o que custa? Duas cobranças de falta bonitas, em jogos profissionais. Buenas, de qualquer forma, acredito que ele chegará aos 100 gols. Mas completar 1.000 jogos com a camisa do São Paulo, faltando 109 para isso, já será outra história...

Pelo futebol

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Falar de futebol, hoje, é (deveria ser) falar do Santos. Os santistas Glauco e Olavo se regozijam não apenas com o desempenho do seu time como também com o ímpeto de outras torcidas em criticá-lo. Não há argumentos contra 10 a 0, contra 9 a 1, nem contra séries de 10 vitórias enfrentando times de todos os calibres. Acima de tudo, não há argumentos contra a arquitetura em movimento (música?) dos gols e assistências de Neymar. Dizer que são apenas garotos só amplia a sua glória, ainda mais quando eles não se apequenam diante dos adversários, nem daqueles cuja suposta experiência se traduz apenas em mais peso na botina.

Eu mesmo fiquei espantando vendo são-paulinos e corintianos felizes da vida com a vitória do Palmeiras sobre o Santos. Torcer contra o líder é natural, mas havia algo mais nessa caldeira. Afinal, o que tal imprevisível comunhão está a nos dizer?

Que o Santos está jogando bola de um jeito que nenhum outro time jogou nos últimos anos, e isso incomoda. O Corinthians que venceu o Paulista e a Copa do Brasil era osso duro de roer, principalmente pela solidez de sua defesa e a precisão do toque de bola. Mas dificilmente encantava, salvo pelos arroubos geniais do Gordo, as assistências do Douglas, os petardos de Cristian. O Flamengo que venceu o Brasileiro tinha qualidade, teve momentos geniais, mas sobretudo muita raça. E venceu numa última rodada pra lá de embolada. Não é difícil admitir a vitória do Corinthians ou do Flamengo, pois são times que não destoaram do que tem sido a tônica do futebol mundial.

Mas, no caso do Santos, reconhecer que o esquema ultraofensivo de Dorival Junior está dando certo é engolir em seco anos de futebol travado, de ênfase nos volantes, de medo de jogar aberto e pra frente. É admitir que o futebol pode sim ser ao mesmo tempo bonito, objetivo (ou seja, sem firula) e vencedor. O esforço em denegrir o futebol do Santos é uma estranha forma de dizer que as vitórias de Corinthians e Flamengo foram "dos nossos", do futebol "normal", da "realidade do futebol moderno". Realidade é e sempre será a mais ideológica das palavras.

Em vez de falar mal do Santos – ou da folclórica e ingênua dancinha dos meninos –, os times deveriam empenhar-se seriamente em vencê-lo. Quem quiser provar o seu valor, nesta temporada, terá que vencer o Santos, principalmente em partidas decisivas. Acredito que o Corinthians poderá fazer isso, mas terá que soltar as rédeas do time, com todos os riscos implicados.

Fico pensando se o Timão focasse mais nos seus jovens do que na vovozada experiente e lenta que frequenta o Parque São Jorge. Felipe, Jucilei, Elias, Defederico, Dentinho, Jorge Henrique... este já está chegando nos 30, mas com vigor de moleque. Se em vez de Tcheco trouxesse de volta o Douglas, em vez de Roberto Carlos trouxesse algum jogador mais coordenado... Quer dizer, um time com fome de bola, capitaneado por uma ou duas, no máximo, três figuras mais experientes. Acho que investiríamos no lugar certo, por um futebol digno do nome.

Serra não apita nada

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Enquanto a mídia paulistana abafa o tiroteio interno do PSDB estadual, com o potencial candidato a governador Geraldo Alckmin se estranhando com os desafetos Alberto Goldman (atual vice-governador) e Aloysio Nunes Ferreira (secretário de Governo), o futebol proporciona mais uma bola fora do (des)governador José Erra, digo, Serra. Ao receber a seleção da África do Sul, que é treinada por Carlos Alberto Parreira e faz uma série de amistosos no Brasil, o tucano procurou fazer gracinha ao tentar tocar uma vuvuzela, corneta usada por torcedores (foto abaixo, de Ricardo Trida/Diário do Grande ABC/Agência Estado). Primeiro, esqueceu de tirar a proteção do bocal. Depois, encheu o pulmão de ar e assoprou. Nenhum ruído. Após uma demonstração bem sucedida do ex-jogador Cafu, Serra fez mais uma tentativa. Ouviu-se um leve assovio - seguido de muitas gargalhadas da delegação sul-africana, da plateia e dos jornalistas. O (des)governador fingiu que achou graça.

Som na caixa, manguaça! - Volume 51

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CACHAÇA NÃO É ÁGUA NÃO
(Mirabeau Pinheiro/ Lúcio de Castro/ Héber Lobato/ Marinósio Filho)

Colé e Carmen Costa

Você pensa que cachaça é água?
Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique
E água vem do ribeirão

Pode me faltar tudo na vida
Arroz, feijão e pão
Pode me faltar manteiga
E tudo mais não faz falta não

Pode me faltar amor
Disto até acho graça
Só não quero que me falte
A danada da cachaça

(Do 78 R.P.M. "Cachaça"/"O bode tá solto", Copacabana, 1953)

segunda-feira, março 22, 2010

Cervejas ruins, companheirismo manguaça e prestação de serviço

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Por Moriti Neto

   Demorei pra escrever este post pelo trauma. Recentemente, num final de semana, estava em Atibaia, e fui a um bar daqueles com “cara de casa”, onde o próprio manguaça se serve da cervejada à disposição. E bota cerveja nisso. Tem pra tudo quanto é gosto. De vários cantos do Brasil e doutras nações produtoras da gelada. Normalmente, todas de muito bom gosto. Normalmente.

Eis que, naquele sábado fatídico, os proprietários resolveram “inovar”. Eram duas cervejas vindas de Canoinhas, município de Santa Catarina. Produzidas, como informavam os rótulos, artesanalmente. Peguei a primeira, a Nó de Pinho (à esquerda). Escura. Muita espuma. Doce ao extremo. E aguada. Parecia tubaína com álcool. Por sorte, minha companheira, sempre solidária, principalmente nas causas manguaças, auxiliou na tarefa árdua. Bebemos a garrafa toda.

Então, não satisfeito com a experiência inicial, resolvi provar a outra artesanal catarinense. Tinha que tentar de novo. Não sei o motivo, mas meu subconsciente gravou que cerveja artesanal não pode ser ruim. Como a primeira não caiu legal, achei correta a segunda chance. Aí, veio a Jahu (à direita). Também cheia de espuma. Igualmente aguada. E parecendo álcool de limpeza gaseificado. A companheira, de novo, não me abandonou. A prova, nesse caso, já não era de solidariedade manguaça, mas de amor inconteste. Tomamos, aos trancos e solavancos na garganta, a dita cuja inteira.

Naquelas alturas, procuramos no freezer do bar opção mais agradável. Uma Serramalte salvaria a situação. No entanto, tarde que era, só restava Original. Ainda assim, era um oásis. Abrimos, bebericamos alguns goles e... Travamos a goela (e não a biela). Não desceu. A garrafa ficou pela metade e resolvemos ir embora. Na saída, a dona do bar diz: “uma Original e aquelas duas esquisitas?”. Por que não avisou antes? Ainda bem que era um bar de amigos... 

Os pinguços de Canoinhas que me desculpem, mas a Nó de Pinho (que poderia muito bem se chamar “Nó na Garganta”) e a Jahu, além de serem ruins de beber, impossibilitam aos manguaças sorverem qualquer outra cerveja após experimentá-las. Ao menos, no cômputo geral, recebi mostras de amor e solidariedade e ainda posso prestar um serviço à comunidade ébria.

A um passo do Manguaça Cidadão

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O governo federal estendeu aos funcionários comissionados do Executivo o ressarcimento dos gastos com combustível para aqueles que utilizam seus próprios veículos no trabalho. A oposição apelidou o benefício de "Bolsa Combustível". Olha aí: na linha dos inflamáveis, chegou a hora de retomar o projeto Manguaça Cidadão, bandeira social hasteada pelo Futepoca como complemento do Bolsa Família. Vai encampar, Dilma?

Lula recomenda: 'Troque chimarrão por uísque e cachaça'

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Esse é o meu presidente: em vídeo para parabenizar o ex-ministro da Justiça Tarso Genro por seus 63 anos, Lula recomendou ao pré-candidato do PT ao governo gaúcho que troque o chimarrão por uísque "de qualidade".

- O Tarso é um baita de um companheiro, mas é um companheiro polêmico. Em vez de chimarrão, Tarso, tome um belo de um uísque de qualidade, tome uma cachaça de qualidade, tome uma caipirinha.

O vídeo, de três minutos, foi exibido na noite de sábado em Porto Alegre, no jantar de comemoração do aniversário de Tarso Genro. Será que ele obedeceu Lula?

Famosos que tentarão uma boquinha no Congresso

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Outro dia postei aqui sobre as pretensões eleitorais de Kiko, da bandinha KLB, pelo DEM, e de Jean Wyllys, ex-Big Brother, pelo PSol. Pois o site Congresso em Foco traz uma lista com outros famosos que devem tentar uma boquinha em Brasília:

Romário (PSB), ex-jogador de futebol

Edmundo (PP), ex-jogador de futebol

Dedé Santana (PSC), humorista de Os Trapalhões

Netinho de Paula (PCdoB), cantor e apresentador

Sérgio Malandro (PTB), humorista e apresentador

Márcio Braga (PMDB), cartola do Flamengo

Vanderlei Luxemburgo (PT... de Tocantins), técnico de futebol

Vampeta (PTB), ex-jogador de futebol

Sérgio Reis (PR), cantor e ator

André Gonçalves (filiado ao PMN), ex-Casa dos Artistas

Kleber "Bambam" (PTB), ex-Big Brother

Maguila (PTB), ex-boxeador

Eduardo Braga (PTB), filho do cantor Roberto Carlos

Finalmente uma pesquisa relevante

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Pesquisadores do Keogh Institute for Medical Research, da Austrália, garantem que os homens que costumam tomar alguns drinques com regularidade têm melhor desempenho sexual do que aqueles que nunca tomam bebidas alcoólicas. Eles advertem, porém, que tomar um porre pode ser um tiro pela culatra. Ou seja, o segredo para ser bom de cama está em consumir bebidas com moderação. O estudo, realizado com 1.580 manguaças, mostrou que aqueles que bebiam até 5 doses por semana (porção considerada moderada) tinham uma vida sexual mais ativa e satisfatória do que os que não bebiam nunca ou aqueles que exageravam. Só que, mais uma vez, eu pergunto: quem consegue beber só isso?

Segundo o médico Kew-Kim Chew, coordenador da pesquisa, a incidência de problemas de ereção era 30% menor naqueles que tinham o hábito de beber alguns drinques por semana. Ele explica que a bebida alcoólica em doses moderadas pode ajudar a desinibir e melhorar a função circulatória, que está diretamente ligada aos problemas de ereção. Foram avaliados na pesquisa alcoólatras, homens que bebiam as doses recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os abstêmios e aqueles que não bebiam nada durante a semana, mas exageravam no fim de semana.

A vingança nunca é plena

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Minutos antes do início de Santos x Ituano, no estádio do Pacaembu, o locutor anuncia os times. "Ituano; camisa 1, Saulo". Logo começam os comentários entre os torcedores: esse Saulo do Ituano.. é ele? É aquele!? Alguém confirma que, sim, é ele, é aquele. É aquele Saulo.

O "aquele" tem sua razão de ser. Saulo é um goleiro que foi revelado pelas categorias de base do Santos. Assumiu a titularidade em um período complicado para o time, o segundo semestre de 2005. Fez alguns jogos razoáveis e chegou a ser querido pelos torcedores. Mas de repente começou a decair. A jogar mal. A entregar partidas. Até que foi o protagonista - pelo lado peixeiro, é claro - do maior vexame da história recente do Santos.

Sua atuação catastrófica naquela partida não foi a única coisa que fez com que ele fosse digno de atenções maiores na tarde-noite de hoje. Mais que isso, o que se destacou foi a postura que Saulo adotou quando esteve na Vila. Sabe o que se fala de jogadores como Léo Lima, aquele papo do "se ele jogasse metade do que pensa que joga, estaria na seleção"? Pois é, vale o mesmo para o tal Saulo. Enquanto atuou no Santos, tinha uma atitude que sugeria a quem o visse em campo que estava ali o sucessor de Gilmar dos Santos Neves e Rodolfo Rodriguez - ou até mesmo uma soma, e melhorada, dos dois. O ápice disso tudo se deu no início de 2006, quando, em uma ação ao mesmo tempo revoltante e risível, Saulo processou o Santos por ter sido... colocado na reserva. É, isso mesmo: um jogador movimentando o judiciário nacional por ter sido preterido por outro atleta.

Tudo isso fez com que o desenrolar da partida adquirisse um contorno especial. Todos os santistas presentes no Pacaembu esperavam uma vitória, alguns até já visualizavam uma goleada; mas ninguém, ao menos inicialmente, pensava em fazer Saulo buscar oito vezes a bola dentro do gol.

Mas à medida que o jogo foi correndo, esse passou a ser o objetivo - dos torcedores, é claro. Ao final do primeiro tempo, quando o placar mostrava o Santos enfiando 4x1 em um Ituano desorientado e com um jogador a menos, só o que se ouvia no Paulo Machado de Carvalho eram gritos como "aí, Saulo! só faltam três!", e variantes.

Quando veio o sétimo gol, o santista se sentiu relativamente vingado. O oitavo, um peru histórico, foi um banho de alegria na alma. E o nono, originado em um lance que resultou na expulsão do próprio Saulo, foi um regozijo único. A ponto da coisa já ter virado brincadeira e santistas reclamarem da expulsão de Saulo. Eu, também no estádio, dizia que não me incomodaria muito em ver a cobrança de André sendo defendida pelo jogador improvisado que estava no gol - tudo para que ficasse ainda mais evidente o papelão de Saulo.

No fim das contas, registro que o ocorreu no Pacaembu hoje foi a maior humilhação de um jogador profissional que vi na vida. Porque não foi um time, uma torcida, uma nação a ser pisoteada; foi, sim, um só atleta.

O título desse post é uma referência a um marco da cultura latino-americana, que como poucos falou sobre a questão da vingança. E, ao mesmo tempo, é pra deixar claro que a vingança dos santistas não foi plena - ela só acontecerá caso derrotamos o mesmo adversário, com placar igual ou superior ao ocorrido em 2005. Mas já garantiu uma certa dose de diversão.

PS: aos leitores do Futepoca, cabe um esclarecimento. Os dois posts seguidos sobre Santos 9x1 Ituano se devem a diferentes razões de ser de cada texto. O Glauco fez uma análise precisa do jogo; eu tô apenas desancando coisas de torcedor. Usem os comentários para falarem sobre vinganças no futebol, tenho certeza que vocês têm boas histórias pra contar.

Santos 9 X 1 Ituano - esse não era o Naviraiense

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Antes de falar da partida em si, é preciso apresentar a campanha do Ituano antes do jogo contra o Santos. Era o 11º colocado do Paulista, a 3 pontos do Palmeiras, clube com o qual empatou em 3 a 3. A defesa do interior, inclusive, era melhor que a do clube do Palestra Itália, 21 gols sofridos contra 26. O São Paulo só superou o Ituano, no Morumbi, por 1 a 0 com um gol de pênalti.

Acho que está claro que o Ituano não é um Naviraiense. E olha que assustou o Peixe a um minuto de jogo, com uma falta na qual João Leonardo recebeu a bola em jogada ensaiada. Rodrigo Mancha foi enganado na marcação e o Santos sofreu o gol. No lance, duas lições. Primeiro, que não basta colocar um marcador “de ofício” na equipe para melhorar a defesa. Mais importante é saber ocupar espaços atrás, acuar o adversário e fazê-lo com que se preocupe mais em se defender do que atacar. Um volante a mais no time, junto com Arouca, não evitou o gol do Ituano.

A segunda lição foi para o próprio rubro-negro de Juninho Paulista. Não se cutuca a onça com vara curta. Se o Peixe poderia levar o jogo em banho-maria, o fato de sair atrás no marcador fez com que os meninos peixeiros acelerassem a partida. Uma, duas, três oportunidades. E tome falta do Ituano, como tem sido comum no comportamento dos rivais que se deparam com o Santos. Aos 14, veio o empate com André. A virada anunciada só aos 27, na falta que originou a justa expulsão de Carlos Eduardo, que tomou o segundo amarelo. Ganso marcou na cobrança de Marquinhos, seu companheiro de armação.

Depois, veio o terceiro. E o quarto. Após o intervalo, o Alvinegro voltou mordendo, marcando pressão na saída de bola do adversário. Não adianta ficar aqui descrevendo a partida ou os gols. Melhor vê-los. O Ituano teve mais dois atletas expulsos (justamente), mas o Santos já havia feito o oitavo gol quando isso aconteceu. E o santista Wesley também recebeu seu vermelho no fim da partida.



Mesmo assim, vão dizer que o Ituano é fraco, que jogou com um a menos a maior parte do tempo... Mas, se o santista ouvir isso de algum rival, pergunte a ele qual foi a última vez que ele viu seu time vencer alguém fazendo nove gols. E olha que isso aconteceu dez dias após uma vitória por dez gols. Ainda se pode acrescentar que o Alvinegro jogou sem duas das três principais estrelas do time, Neymar e Robinho. Mas nada convencerá os céticos. Azar o deles.

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Escrevi um texto sobre as meias verdades que seriam ditas após a derrota para o Palmeiras que uma das assertivas falsas era de que “O Santos vai ‘perder o encanto’ e o Palmeiras vai ‘desencantar’”. O Porco foi derrotado pela Ponte Preta em casa e o Santos fez o que fez. Os rivais, e também os santistas, precisam parar de se precipitar.

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Conversando com a amiga Bia depois da vitória sobre o Naviraiense na Vila Belmiro, ela dizia que um garoto que presenciou aquela vitória no estádio jamais deixaria de ser santista. Ontem, quem viu no Pacaembu a vitória peixeira vai ter uma lembrança inesquecível. E é esse o ganho que não pode ser medido, mas que é obtido pelas apresentações espetaculares do Santos.

Não são necessariamente os resultados que conquistam o coração de um torcedor. E foi assim que um clube praiano, de uma cidade média, um “time de bairro” como disse José Roberto Torero uma vez, virou grande mesmo sem ser de uma capital do país. O Santos sempre conquistou fãs pela capacidade de fazer sonhar. Que continue assim.

domingo, março 21, 2010

Derrota por 2 a 0 saiu barato para o Palmeiras

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A Ponte Preta não jogou para vencer, mas para não perder. Conseguiu sair do jogo com o melhor resultado. Depois de três vitórias consecutivas, o Palmeiras voltou a perder. De novo no Palestra Itália, por 2 a 0. Os visitantes ainda desperdiçaram um pênalti, defendido por Marcos, o Goleiro. Por isso, o revés por dois tentos saiu barato para um time que criou só no primeiro tempo e bobeou demais quando sofreu ataques campineiros.

Com o resultado, as chances de classificação no Paulista voltam a se afastar, possivelmente de forma definitiva – quatro ou mais pontos a quatro rodadas do fim.

Até 30 minutos do segundo tempo, estava zero a zero. Bastou esse tempo para Diego e Finazzi marcarem, com uma diferença de seis minutos. Nos acréscimos, o mesmo Finazzi perdeu o pênalti. O time verde minguou.



É só um time marcar melhor que a capacidade ofensiva se dissolve. No primeiro tempo, foram mais lances, obrigado boas defesas do goleiro rival. Mas depois, faltou o técnico Antonio Carlos Zago buscar alternativas com mexidas no time. As mudanças só vieram depois de o Palmeiras estar atrás no marcador. Tarde demais.

Passou da hora de começarem as obras da arena para, quem sabe, desenterrar os sapos debaixo do gramado. Ou permitir que o time jogue em outro estádio, onde tem se saído melhor.