Destaques

Mostrando postagens com marcador Cerveja. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Cerveja. Mostrar todas as postagens

terça-feira, setembro 17, 2013

O melhor do Maracanã: CERVEJA!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Novo Maracanã: a visão geral, na saída do túnel para a arquibancada, é inesquecível
Apesar do calor, a brisa gostosa do sábado, no Rio de Janeiro, convidava para um passeio noturno. Meus pais, Chico e Nair, haviam acabado de desembarcar pela primeira vez em terras cariocas. No reformulado Maracanã, jogariam Fluminense e Portuguesa pelo Brasileirão, às 21 horas. Convidei meu pai, Chico Palhares, para conhecer o estádio - onde eu também nunca tinha ido. É claro que o convite foi aceito no mesmo segundo, afinal, além de ser fanático por esportes, S.Chico é desenhista profissional e já projetou um estádio de futebol, o Taquarão, em minha cidade natal (escrevi sobre isso neste post aqui). Sua curiosidade era ver como ficou o novo Maracanã para a Copa de 2014.

Chico Palhares na frente do estádio
Chegamos em cima da hora e, quando íamos à bilheteria, três cambistas nos abordaram com aquela velha lábia de "evitar fila". Chequei os bilhetes, vi que não eram falsos (há marca d'água em alumínio e outros detalhes difíceis de reproduzir), paguei R$ 30 cada um e entramos. Olhando com atenção, notei que eram entradas "exclusivas" para sócios-torcedores do Fluminense, pelo preço unitário de R$ 10. Tudo bem, eles lucraram, nós pagamos um preço considerado justo (eu esperava pagar bem mais) e entramos rápido no estádio. Ali, S.Chico já se admirou da altura das arquibancadas e da extensa - e larga - passarela que nos levou ao nível 2, atrás do gol, onde ficaria a torcida tricolor. Havia bom público: 19 mil pessoas e 15 mil pagantes.

Na saída da passarela há bons e modernos banheiro e lanchonete. O impacto da visão geral do Maracanã, ao sair do túnel e chegar à arquibancada, é inesquecível. Não sei como era antes, mas o novo estádio impressiona, de fato. S.Chico elogiou a cobertura e os refletores. Há quatro telões gigantescos, que transmitem a partida ao vivo (mas não há replay de lances nem tempo de jogo). S.Chico só criticou o "arremate" da obra: muretas visivelmente tortas, falta de acabamento nos pequenos detalhes, enfim, resumo de um estádio reconstruído às pressas. Meu pai tem 81 anos e é do tempo em que, como ele comentou, "se é pra fazer, tem que fazer direito". Ele também reclamou da nova cadeira, dobrável - muito resistente, mas que dá dor nas costas. Após 90 minutos, também senti o incômodo.

Um dos quatro gigantescos telões
De qualquer forma, a visão do campo (e do jogo) é muito boa e, com a bola rolando, dá pra notar que a moldura do Maracanã melhora qualquer partida, por mais sofrível que seja. Nem foi o caso do jogo de sábado, no qual a Lusa partiu pra cima nos 20 primeiros minutos e, depois, o Fluminense inverteu e passou a pressionar. Quando o gol carioca parecia questão de tempo, uma bola foi alçada na área pelos paulistas e encontrou a cabeça de Diogo: Portuguesa 1 x 0. Eu e meu pai queríamos um empate, o melhor resultado para o nosso São Paulo, e por isso nossos xingamentos na hora do gol ajudaram os torcedores do Flu que nos rodeavam a pensar que torcíamos para o time deles...

No intervalo, acostumado que sou com (a ditadura nos) estádios paulistas, disse ao meu pai que ia buscar refrigerantes. Pouco antes da lanchonete, encontrei um vendedor ambulante cercado por torcedores, que vendia refrigerante e cachorro-quente (estocados em isopor). Ao me aproximar, nem acreditei: havia uma pilha de latas de cerveja! Ah, que maravilha! É incomparável assistir futebol no estádio com uma loira estupidamente gelada na mão! Voltei para perto do S.Chico e ele, franzindo a testa, perguntou: "Que refrigerante carioca é esse, que faz tanta espuma?" Quando percebeu que se tratava do bom e velho "líquido sagrado", abriu um grande sorriso. Pai e filho brindaram a visita ao Rio e ao Maracanã. O melhor do estádio, no final das contas, foi mesmo a cerveja!

É incomparável assistir futebol no estádio com uma loira estupidamente gelada na mão!
Para terminar, Luxemburgo fez duas substituições que tiveram efeito imediato e o Fluminense virou o jogo. Após o apito final, deixamos a arquibancada tranquilamente e chamou minha atenção a atitude de um adolescente tricolor ajudando meu pai a subir as escadas. Havia muitos idosos, mulheres e crianças na torcida do Fluminense, o clima era bem familiar. A dispersão na passarela flui sem problemas. Quando os cariocas começaram a gritar "Neeenseee...", comemorando a vitória de virada, S.Chico observou: "Eles estão me imitando!" E soltou seu grito tradicional para o Clube Atlético Taquaritinga: "Caaaaatêêêê..." (veja nesse post aqui). Os tricolores do Rio não entenderam nada...

Visão do campo é muito boa, mesmo atrás do gol
'CAÔ' NO TAXISTA - Na volta, pegamos um táxi. Minha esposa Patricia, carioca, tinha dito para indicar o caminho e ficar esperto, pois os taxistas costumam esticar o trajeto. Entrei no carro e caprichei no meu (porco) "carioquêisshh": "Belê, mermão? Vamo pra Copa, avenida Nossa Senhora, bem atrás do Palace. Pega Rebouças e Túnel Velho." O motorista estava ouvindo o comentário esportivo no rádio e mandou: "Eaê, foi ver o NOSSO Fluzão vencer?" Meu pai, no banco da frente, não abriu o bico. Eu, atrás, engatei a cara de pau: "Só alegria! Fluzão mandou bem!" Aí o cara animou na conversa e falou bem de uns jogadores, mal de outros - e eu confesso que nunca tinha ouvido falar de muitos deles... Forçando o sotaque carioca, critiquei o Luxemburgo, que devia ter começado o jogo com a formação que terminou, logo de cara, e o lateral Carlinhos (que jogou mal e que é realmente odiado pelos tricolores cariocas que eu conheço). E ainda "intimei": "Aê, amanhã é torcer pro Vasshhco vencer o São Paulo!" O taxista concordou com tudo e, feliz com o passageiro "torcedor" de seu time, seguiu direitinho até o nosso destino. Depois da corrida, S.Chico riu muito.

O filho brindando com o pai, aquele que o ensinou a gostar de futebol: 'Saúde e vida longa!'

quinta-feira, setembro 12, 2013

O 'leitinho' das crianças

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Num site sobre recriação de fotos da infância (acesse clicando aqui), um pai dedicado demonstra como evoluiu a "alimentação" de seu querido pimpolho com o passar dos anos:


terça-feira, setembro 10, 2013

Pode não ser 'salvador da pátria', mas é manguaça!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

- Opa! Meia dúzia no 170!
Se Muricy Ramalho vai ou não salvar o São Paulo do rebaixamento no Brasileirão deste ano, ninguém sabe. Mas o torcedor manguaça fica orgulhoso ao ler uma declaração como essas, na coletiva de sua (re)apresentação, sobre os três meses que ficou parado, depois de ser demitido do Santos:
"A saúde está bem, fiquei esse tempo todo sem fazer nada, tomando cerveja, sem stress, em Ibiúna."
Grande Muricy manguaça! Não foi à toa que, em março de 2011, quando o (então) presidente do Santos, Luís Alvaro, decidiu contratá-lo, "apelou" dessa forma:
"Quando ele quiser, acertamos isso tomando caipirinha e comendo um camarão."
Não deu outra: Muricy aceitou logo em seguida. E já deve ter tomado mais algumas com o Velho Barreiro, digo, Juvenal Juvêncio, que também entorta (muito) o bico!

sexta-feira, setembro 06, 2013

Para aprender com os uruguaios até sobre cerveja gelada

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Uruguai, país de 3,4 milhões de habitantes, vem dando demonstrações de medidas progressistas, como a regulamentação da união homoafetiva (casamento gay) e a descriminalização da maconha, entre outras. Antes, em 2003, ao rejeitar o fim do monopólio sobre os hidrocarbonetos e o petróleo, controlados pela estatal Ancap, garantiram também a continuidade da presença do Estado na economia, já que a Caba S/A, divisão de álcool da companhia, produz também bebidas como uísque e conhaque (uma precursora do Manguaça Cidadão).

Apesar de não vencer uma Copa do Mundo desde 1950, há muito o que aprender com este pequeno país do Cone Sul do continente americano. O amigo e jornalista Vitor Nuzzi esteve em Montevidéu para visitar o Estádio Centenário, assistir ao Peñarol e usufruir de outros atrativos da cultura gaucha e uruguaya e envia mais uma lição.

Foto: Vitor Nuzzi, de Montevidéu, Uruguai

Em um quiosque que vende de fotos 3x4 para documentos a cerveza helada, mostra que nem só de vinhos Tannat, asado e dulce de leche vivem os conterrâneos de Alcides Ghiggia e Diego Fórlan.

segunda-feira, agosto 05, 2013

Mussum voltou. Em forma de cerveja

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Biritis. Esse é o nome da cerveja que traz no rótulo o saudoso ex-Trapalhão Antonio Carlos Bernardes Gomes, vulgo Mussum, ícone do humor e da manguaça nacional que ultrapassou a geração daqueles que o viram para chegar até quem nunca o encontrou num bar.

De acordo com esta matéria do Estadão, Sandro Gomes, filho do comediante falecido em 1994, ao que parece herdou do pai a paixão pelo mézis, vulgo cerveja ou bebidas alcoólicas em geral, e prepara o lançamento da cerveja artesanal Biritis no próximo dia 19 de agosto. Ele ressalta que a bebida é feita com muito cuidado, já que se trata de uma homenagem ao pai.

A responsável pelo produto é a cervejaria Brassaria Ampolis, fundada por Gomes e outros dois sócios. Será uma cerveja do tipo Vienna Lager, comercializada em garrafas de 600 ml em pontos de vendas de São Paulo e do Rio de Janeiro, inclusive na quadra da escola de samba Mangueira, cantada em verso e prosa etílica pelo velho Muça.

Recorrendo sempre ao parceiro Cervejas do Mundo, vemos que a cerveja do tipo Vienna Lager é "uma bebida leve, com sabor e aroma a malte, bastante próxima das Marzen e das Oktoberfest. Apesar da sua origem alemã/austríaca, é, hoje em dia, quase uma raridade encontrar este estilo de cerveja à venda em grandes quantidades. Curiosamente, alguns dos exemplos mais característicos são oriundos do México: a Dos Equis e a Negra Modelo."

Se tivermos a sorte de experimentar um litrinho dos 50 mil da bebida que devem ser produzidos até o fim do primeiro semestre de funcionamento da cervejaria, damos nosso parecer aqui.

(Notícia via Eminência Parda Carmem Machado)

sexta-feira, maio 31, 2013

Procura-se voluntário para beber cerveja e evitar doenças do coração

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Deu no Estadão desta sexta-feira, 31.
O Hospital do Coração, de São Paulo, promete repetir estudos sobre vinhos para medir o papel do consumo moderado de cervejas na prevenção de doenças do coração.
A inovação: avaliar a cerveja em seu mais nobre papel, o de alimento.
Como já ensinava Noel Rosa e tantos outros ébrios de menor reputação boêmia, o fermentado de malte com água e lúpulo é pão líquido. E, que se sólido fosse, Jânio Quadros e todo manguaça comê-lo-ia.
Segundo consta, faltam detalhes a serem definidos no estudo, mas serão formados dois grupos para comparações, um de abstêmios e outro de consumidores regulares de breja.
O álcool tem papel de prevenir entupimentos de artérias e de preservar vasos sanguíneos. As vitaminas do complexo B também ajudam.
O problema é que, certamente, a pesquisa vai concluir que moderação é pré-requisito para que o bem cresça no médio prazo. Tudo porque também se sabe dos efeitos nocivos do etanol  para outros órgãos, como o fígado (aka Figueiredo), pâncreas, estômago, e mesmo para favorecer diabetes, hipertensão e por aí vai.
Quem sabe o estudo desvenda de vez a quantidade equivalente à moderação?
Isso quer dizer que haverá voluntário comedido, atlético, bêbado contumaz, de perfil mais do boteco e mais doméstico, além de outros espécimes. Então, admito, o título do post fica meio inadequado, otimista -- como um copo meio cheio na mesa do bar.
Até lá, a gente só sabe que pode usar cerveja no lugar de isotônico, para hidratação depois de praticar esportes. Só precisa começar alguma atividade esportiva antes de pensar nesse uso...
Foto: VulcanOfWalden/WikiCommons

quarta-feira, maio 29, 2013

Na seca por 18 meses, há 10 anos

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Meu fígado sempre foi meu orgulho. Quando a médica pediu uma ultrassonografia de abdome superior para ver o estado hepático não hesitei na piada: "Tá de quantos meses? Nasce quando, doutora?"

Não fui eu quem riu por último.

Quando peguei o resultado do exame, o diagnóstico parecia nada bom. "Esteatose hepática difusa grave".

Grife-se o "Grave".

Foto: Marcelo Reis/Wikicommons


Uma consulta ao Doutor Google aconteceu antes que eu pensasse que isso não ajudaria. Na lista das primeiras páginas listadas à época, abri tudo quanto era tipo de artigo. O mais marcante era de um zootécnico, que descrevia o fenômeno em bovinos. "Será que de tanto beber que nem um porco você vai terminar virando uma vaca?", ouvi de um interlocutor, ainda em mesa de bar.

Faz dez anos neste mês de maio de 2013 que este outrora assíduo ébrio -- atualmente um moderado, como todos os leitores do Futepoca -- recebeu a recomendação médica de parar de beber. "É pelo bem do seu fígado. Você não gosta dele, não gosta?"

Eu gostava...

O terror e pânico da médica foram calculados para assustar um embriagado de 22 anos. O medo assegurou 18 meses sem ingerir bebida alcoólica nem gordura. Minto: fiz uma incursão fura-lei-seca depois de sete meses, para celebrar a conclusão da graduação na faculdade. Bastou um chope para ficar feliz-feliz. Os lipídios não tiveram a mesma sorte.

A parte feliz do "causo" é que, em um ano, o fígado estava novo, pronto para outra. Em seis meses adicionais, a liberação para voltar a atuar como profissional. Nesse tempo, uns 30 quilos se perderam.

Foto: Carla Salgado/Flickr
Um universo de cachaças para um simples manguaça


Fato é que, passada uma década, ainda mais quilos a menos, nunca voltei a desempenhar o mesmo papel dentro das quatro linhas da mesa quadrada de alumínio dos botecos do mundo. Houve esforço, mas as obrigações etílicas passaram a parecer maiores do que minha capacidade.

Muitos botecos vieram e virão, visto que tudo isso deu-se na era pré-Vavá, Espeto, Moscão e Roxão. O que significa que ao boteco voltei, tentei, insisti. E como insisti.

Na mesa do bar, naquela hora em que se separam os homens dos meninos, há muito que fico com a criançada.

Felizmente, a fama de manguaça permanece.

sexta-feira, maio 03, 2013

Amigo Ibra assistiu o jogo do Timão, dormiu e partiu

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Ainda estou incrédulo. Notícia triste. Lembro de quantas e quantas vezes, nos últimos dois anos, me encontrei com o Ibra lá no bar Meu Rico Português, na esquina da Teodoro Sampaio com a Francisco Leitão, em Pinheiros. Eu já conhecia sua história, havia assistido o documentário Hércules 56 e cruzado com ele em alguns comícios e manifestações. Mas um dia, depois de observá-lo bebendo e fumando sozinho no referido buteco paulistano, decidi abordá-lo. "Perdão, mas o senhor não é o José Ibrahim?" "Sou. O que é que manda?" "Nada. Sou apenas um admirador de sua trajetória" "Obrigado. Senta aí, vamos tomar uma cerveja". E foi assim que passei tardes e noites conversando sobre o governo federal, Cuba, a campanha para prefeito em São Paulo, sindicalismo, luta partidária. Com o tempo, minha filha Liz também o conheceu - e sempre me contava quando encontrava o Ibra em algum lugar.

Pois é. Foi a Liz que me deu a notícia: ele morreu ontem. Diz a notícia do site G1: "Ibrahim assisitiu a um jogo de futebol pela televisão na noite de quarta-feira (1) e depois foi para seu quarto. A mulher o filho saíram para trabalhar pela manhã e o deixaram dormindo. O corpo do sindicalista foi encontrado pela família no início da tarde." Assim, simples. Assistiu o jogo do Corinthians contra o Boca Juniors, dormiu e partiu. Engraçado: nunca conversamos sobre futebol. Era só política. E, de repente, nunca mais vou encontrar o Ibra bebericando sua cervejinha e fumando, às vezes falando muito ao celular - ele era secretário de Formação Política da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Nem deu tempos de dar um abraço, de dizer "bebe mais uma", "até logo". Ou dizer que eu tinha a intenção de escrever alguma coisa sobre ele. Ibra foi como um "primeiro Lula". Amigo Ibra, esteja em paz. E à luta, sempre!

quinta-feira, maio 02, 2013

Estratégia

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Sugestão pra fugir da novela ou daquela comédia romântica...


terça-feira, abril 23, 2013

Pra bebemorar: Lei da Pureza da Cerveja completa 497 anos

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Diz a lenda que, no dia 23 de abril de 1516, ao acordar com uma grande ressaca, Guilherme IV (o bebum à esquerda), duque da Baviera, resolveu botar ordem na produção local de bebidas e promulgou o Reinheitsgebot - a Lei da Pureza da Cerveja. A partir daquela data, a loira gelada só poderia ser produzida com água, malte de cevada e lúpulo (a levedura ainda não tinha sido descoberta). Porém, não foi a ressaca que motivou o duque a tomar tal decisão. Naquela época, a produção de trigo não estava sendo suficiente para suprir a região, sendo disputada por cervejeiros e padeiros. Aproveitando-se disso, o ducado percebeu que, determinando quais eram os únicos ingredientes permitidos, ficaria mais fácil fiscalizar o lucro dos produtores de cerveja.

Assim, a nova lei proibia o uso de grãos para fazer cerveja, com exceção da cevada (considerada ruim para fazer pão). Há historiadores que detectam, ainda, um motivo conservador e moralista para a adoção da Lei da Pureza da Cerveja. Até então dominantes na Europa, as cervejas do tipo "gruit" utilizavam especiarias psicodélicas e psicotrópicas, que alteravam o estado de consciência. Portanto, uma cerveja mais inofensiva era interessante à igreja. E, curiosamente, eram os monges que dominavam a produção do lúpulo, que passou a ser o único ingrediente autorizado a substituir essas especiarias. Pra completar a sacanagem, o sucessor no ducado da Baviera, Guilherme V, ordenou, em 1589, a construção da cervejaria Hofbräuhaus München, que passou a ter o monopólio da produção da bebida feita com trigo - e que, curiosamente, abastecia apenas a corte do duque... Essa injustiça só seria reparada mais de 200 anos depois, em 1806, quando a produção da cerveja de trigo por outros foi autorizada e legalizada.


Porém, exatamente um século depois, em 1906, o Reinheitsgebot voltou a dar as cartas na produção de cerveja, sendo estendendido para a toda a Alemanha (que havia surgido da unificação de vários reinos, entre eles a Baviera, em 1871). A determinação valeu até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o decreto foi modificado: para as cervejas de baixa fermentação foram autorizados o malte de cevada, o lúpulo e a água, e para as cervejas de fermentação elevada foram autorizados, além disso, os maltes de outros cereais e um número limitado de açúcares e corantes.

Atualmente, devido à regulamentação européia, outros ingredientes são autorizados nas cervejas alemãs. Mas muitos cervejeiros germânicos continuam a seguir as prescrições do Reinheitsgebot, consideradas garantia de qualidade. Isto acontece principalmente nas marcas vendidas em território alemão (como a da foto à direita). No Brasil, alguns produtores também gostam de preservar essa regra alemã, como a Cerverjaria Rasen, de Gramado (RS). Muitos dizem que utilização dos ingredientes básicos garantem cerveja melhor, mas outros tantos reclamam que isso "engessa" a produção, eliminando a critativade e a busca por novas misturas e sabores. De qualquer forma, a Lei da Pureza da Cerveja é um dos tratados alimentares mais antigos da Europa. Por isso, com cervejas "puras" ou não, o aniversário do Reinheitsgebot é mais um motivo para beber e brindar. Saúde!

terça-feira, abril 09, 2013

"Adeus pintura, olá cerveja"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Cachaça não é água. Cerveja não é água. Nem é vinho, nem tinta spray, nem é cola branca, nem manteiga de amendoim...

E tem dias em que um gole parece seguir, goela abaixo, como água... Em outros, embrulha o estômago como cola.

As metáforas podem seguir por rumos variados.

O artista plástico Peter Cuba, que vive em Chicago, montou uma série de peças transformando cada um desses itens em... Budweiser... As imagens, exibidas no perfil do moço no Flickr, sob a alcunha de Two Horse Town, são divertidas, quase nonsense.


 
   

A obra foi publicada em 2010, dois anos depois da compra da americana Anheuser-Busch pela belgo-brasileira InBev. E muito tempo antes da referida marca voltar às prateleiras dos supermercados brasileiros, agora disputando espaço no segmento premium.

Com a explicação da proposta da instalação, tudo fica muito mais claro: "Minha nova arte é pôr rótulos de Budweiser em outras coisas. Adeus pintura, olá bebida". 

Como ironiza Randy Ludacer, do Box Vox, "diluir a marca, nunca a cerveja".

quarta-feira, março 13, 2013

Tipos de cerveja 70 - As Black & Tan

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Retomando nossa parceria para reproduzir conteúdos do excelente site português Cervejas do Mundo, trazemos o 70º tipo de cerveja descrito por eles: Black & Tan. O termo aplica-se a produtos em que a fábrica mistura, antes do engarrafamento, uma Ale escura com uma Ale mais clara ou mesmo com uma Lager. Por isso, não se trata de um estilo clássico ou convencional. "Foi, antes sim, o fruto da busca incessante das cervejeiras por criar produtos modernos e que estejam de acordo com as novas tendências, verificadas nos cafés e bares, onde é habitual as pessoas pedirem para misturar uma cerveja clara com uma cerveja mais escura", explica Bruno Aquino, do site Cervejas do Mundo. Ele recomenda, para experimentar, a Saranac Black & Tan, a Mississippi Mud Black & Tan ou a Berkshire Shabadoo Black and Tan (foto).

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Graças a Deus? O papel da Igreja na evolução da cerveja

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O anúncio da futura renúncia de Joseph Ratzinger, vulgo Bento XVI, ao comando da Igreja Católica abre alguma perspectiva otimista para aqueles que professam a fé de Pedro e acreditam em uma religião menos intolerante com a diferença. Claro que essa é uma esperança deveras otimista, já que certamente o quase ex-papa alemão plantou em seu colégio cardinalício, que escolherá seu sucessor, todas as sementes do conservadorismo que tanto lhe apraz.

Mas o fato traz a lembrança de um legado positivo da Igreja Católica para boa parte do mundo (“positivo” segundo entendimento de autores e leitores do Futepoca): a estreita ligação dos católicos da Idade Média com a evolução da cerveja. De acordo com a Larousse da Cerveja, as primeiras iniciativas de produção em maior escala do líquido dourado, algo até então feito de forma doméstica, aconteceram nos mosteiros, no século VI. Entre eles, a famosa Abadia de Bobbio, na Itália, que serviu de inspiração para Umberto Eco escrever O Nome da Rosa.

Pra quem leu o livro ou viu o filme ou simplesmente aprendeu em História, sabe-se que na sociedade iletrada da época boa parte do conhecimento e da pesquisa daquele período se desenvolvia nos mosteiros. Ali que surgiu a conservação da gloriosa bebida a frio, por exemplo, além de terem sido feitas receitas particulares  cuja fabricação e consumo não ficaram restritas aos retiros de monges, alcançando também casas episcopais e catedrais europeias.

Até a Renascença, que traria os fundamentos do capitalismo e da elaboração de métodos de produção mais eficientes, a Igreja tem papel crucial na história da cerveja. E, isto posto, vários de seus santos passam a guardar também relações íntimas com a loira ora gelada, ora não, ressaltando-se que não era em toda parte do continente europeu que se podia plantar uvas e se produzir o sagrado vinho. Daí, sobrava a cerveja...

Produção complicada
O padroeiro dos colhedores de lúpulo, ou padroeiro da própria cerveja na Bélgica, país símbolo desse tipo de bebida, é Santo Arnaldo, ou Arnold de Soissons. Nasceu em 1040 e foi monge na abadia de St. Médard, em Soissons, sendo fundador da abadia de Oudenburg. Um dos milagres atribuídos a ele é que teria mergulhado seu crucifixo em um barril de cerveja fazendo com que o povo bebesse algo mais interessante que água durante um período em que uma praga assolava a população local. Aqui, talvez o milagre possa ser facilmente explicado. Não era incomum que, em alguns lugares da Europa na Idade Média, se incentivasse o consumo de cerveja ao invés de água, dada a chance de contaminação do líquido que o passarinho bebe. Mas não deixa de ser um ponto positivo para a bebida... Além disso, Arnold teria conseguido cerveja para servir ao exército belga orando e apelando a Deus. Para os que acreditam, o dia de São Arnaldo é 15 de agosto, em Bruxelas, o dia é 8 de julho.

Esse Arnaldo por vezes é confundido com outro de nome semelhante, Arnoldo, Santo Arnulf de Mets, um austríaco que viveu entre 580 e 640. A ele é atribuído um milagre que teria ocorrido no transporte de seu corpo para a exumação. Aqueles que transportavam, pararam em uma taberna para descansar e e só havia cerveja para uma caneca. Tal recipiente nunca ficou vazio, matando a sede dos peregrinos. O dia de celebração em sua homenagem é 18 de julho.

Outros santos também têm sua ligação com a cerveja, como Santo Agostinho, considerado pela Igreja Católica o padroeiro dos cervejeiros (28 de agosto); São Wenceslau, padroeiro da região da Boêmia, e São Columbano, cuja importância está ligada ao fato de ter sido um grande divulgador e fundador de mosteiros (a casa da cerveja) na Europa. Mas é uma mulher que merece destaque...

Hildegard, inspirada pelo Espírito Santo
Santa Hildegard (ou Hildegarda, de acordo com o aportuguesamento) von Bingen é considerada a introdutora de um elemento essencial, que faz parte da receita de pureza alemã, o lúpulo. De acordo com esse post, que cita o livro Cerveja - Guia Ilustrado Zahar, "registros do século VIII mostram que o lúpulo era comumente cultivado nas abadias, mas não especificamente para uso em cerveja. A primeira menção inequívoca sobre esse uso está nos textos de santa Hildegarda (1098-1179), abadessa de Rupertsberg, abadia beneditina perto de Bingen, não muito longe da cidade alemã de Mainz". Ainda de acordo com a obra, a santa teria escrito: "Se alguém pretende fazer cerveja com aveia, ela é preparada com lúpulo", fazendo referência à forma como a cerveja era feita até então: os europeus tinham por hábito misturar à cerveja ingredientes como gengibre, especiarias, flores e frutas silvestres. A visão avançada de Hildegard (não só por conta do lúpulo na cerveja, obviamente) inspirou um filme, como lembra o Edu neste post.

Portanto, pode beber sem culpa que a Igreja ajudou a cerveja ser o que é. Pecado é só a gula...

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Novos tempos da comunicação - a cerveja para jornalistas desempregados

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Essa chegou via Vinicius Souza e eminência parda Carminha. A ideia é cheia de ironia, de duplo sentido e também um reflexo dos novos tempos da comunicação e do jornalismo no mundo. Joan Campbell, um jornalista estadunidense desempregado, resolveu criar uma cerveja para seus iguais. Assim, surgiu a artesanal Unemployed Reporter Porter (Repórter Desempregado) que, de acordo com a definição do autor, é “a primeira cerveja fabricada por jornalistas da mídia impressa, para jornalistas da mídia impressa" ”.

Jornalista: senta e chora...
O reflexivo rótulo do produto traz um jornalista choroso perante o seu obsoleto instrumento de trabalho, uma máquina de escrever. Trata-se de uma cerveja Porter, um tipo de cerveja escura popular entre os marinheiros do século XIX, de acordo com o autor. Mas, conforme texto deste mesmo Futepoca, “um documento do século XVIII já dizia que elas [as Porters] eram o resultado da mistura de três tipos de cerveja: uma Old Ale, uma New Ale e uma Weak One (Mild Ale). Desta combinação resultaria uma bebida a que os ingleses chamavam de 'Entire Butt' ou 'Three Threads', produto de gosto forte que tinha como objetivo agradar a um vasto público, priincipalmente a massa de operários surgida com a Revolução Industrial”.

O rótulo avisa ainda que a cerveja é “feita à mão, na mesma antiga tradição, em homenagem a uma profissão igualmente condenada ao declínio e à irrelevância”. Embora a divulgação já tenha alcançado limites além das fronteiras ianques, a bebida não tem ainda uma data definida pra ser lançada já que, por enquanto, a produção não passou de um galão de cinco litros guardado no armário, conforme o próprio fabricante.

Proletários das letras desempregados de todo o mundo, uni-vos!

Chifre dinamarquês e pau pernambucano

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Calma, não é nada do que vocês estão pensando! Refiro-me a dois presentes que ganhei ultimamente, a cerveja dinamarquesa Faxe Royal Export (à esquerda), que ostenta um viking barbudo e com o inevitável chapéu de chifre no rótulo, e a garrafada Pau do Índio, característica da cidade de Olinda durante o Carnaval (à direita). Pelo o que pesquisei, a Faxe é uma das mais tradicionais cervejarias da Dinamarca, e a Export foi lançada em 1985, como uma "versão de luxo". O Tarantino Multi Beer observa que "A levedura utilizada na Royal Export é especial, dando um aspecto suave e refinado". Provei e gostei. Apesar de amarga, tem um leve acento frutado. Pra quem vai beber só, aconselha-se um balde de gelo para manter a temperatura até o fim do latão de 1 litro. Já a garrafinha de Pau do Índio, trazida por um casal amigo que esteve em Pernambuco, é vendida no Alto da Sé, em Olinda. Dizem que é uma espécie de energético natural feito com cana de cabeça (cachaça a 45°) como base e que utiliza xarope de guaraná, ervas aromáticas, raízes, sementes e mel. Aconselham a beber bem gelada. Assim como a Tiquira, do Maranhão, não tive coragem de experimentar. Mas, se eu tiver (e sobreviver), trarei mais informações. Saúde!

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Cerveja-do-pará

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Quatro anos depois, uma nova visita a Belém-PA demanda uma atualização da cena etílico-fermentada da região. A terra da Cerpa, vencedora do primeiro teste-cego de cervejas do Futepoca – realizado em longíqua época em que o Corinthians não tinha levantado o caneco de campeão da  Libertadores e, portanto, quando o mundo era mais divertido – tem novidades que passaram despercebidas aos olhos e copos dos ébrios autores do Futepoca

Foto: Futepoca

Em 2009, às margens do Guajará, nas barraquinhas do Ver-o-peso e em botecos afins, foram registrados momentos altos e baixos do consumo do fermentado de malte (e de cereais não maltados) na capital paraense.


Foto: Futepoca

Além da Cerpa Export, também conhecida como "Cerpinha", a cervejeira ainda trabalhava com a Draft (à direita), variedade mais leve, que levava o rótulo de "lager", para acompanhar e competir com selos igualmente aguados das concorrentes. Brahma Fresh e Glacial (da Schin) que apostavam, desde então, na necessidade de um produto mais refrescante para o calor, adequado à elevada umidade do clima equatorial. Tudo muito parecido com opções como Antartica Sub-Zero e similares, lançadas em outras regiões.

Foto: Futepoca

Em passagem por lá agora, em janeiro de 2013, ficou claro que o cenário está preservado. Duas imagens registram ofertas de cerveja em palcos bastante distintos, do ponto de vista socioeconômico.

Em uma barraquinha (foto à esquerda) em que parei para comprar água de coco (que, segundo diz a literatura, ajuda a recuperar da ressaca), as opções levinhas misturam-se a refrescos à lá tubaína, como um guaraná da própria Cerpa, e energéticos de eficácia duvidosa.



Foto: Futepoca

A outra paisagem (foto à direita) já inclui marca ligeiramente fora desse perfil, mas segue dominada pela devastadora presença de cervejas levinhas. A foto a gora é de um restaurante em um shopping center em Umarizal, bairro de classe média alta da cidade. Além da Antártica Cristal, parece haver toda uma preocupação com a iluminação, para fazer com que o líquido dourado pareça mais claro, mais aguado...

Refresco
 
A certeza de que cervejas leves dominam ainda mais soberanas no mercado belenense ganhou força ao conhecer a Tijuca, lançamento premium da Cerpa de novembro de 2011 , que recorre ao imaginário da capital fluminense ("A paraense mais carioca do Brasil") para comover bebedores mais abastados da cidade. Trata-se de uma versão mais saborosa do que as insossas concorrentes de fabricação mais massiva, mas realmente leve e com muito pouco corpo.

Refrescos também se parecem duas outras opções desse segmento premium (ainda mais caras) da Amazon Beer, que também já foi tema por aqui. A marca é produzida pelo grupo que detém o restaurante Manjar das Garças – situado no parque Mangal das Garças e também em um restaurante da Estação das Docas (100% #TuristaFeelings), tem quatro variedades. Duas delas, bem menos convencionais, vão além da lei de pureza alemã de 1516 (ou de 1952?) e incluem, além de água, malte, lúpulo e levedura, bacuri ou taperebá (caja manga, em outras regiões do país).

Enquanto Bacuri Beer é suavemente adocicada, a de taperebá é a base de trigo, mais encorpada. Ambas, inexoravelmente frutadas, remetem a guaraná e suco ao paladar que esperava se aventurar por sabores etílico-amazônicos mais selvagens... Mas são muito agradáveis. Seria preciso repetir a experiência ao sul do paralelo 1º para saber se é alterada a experiência gustativa. Duas outras opções da marca, uma pielsen e outra lager, completam a carta de opções.







Haja copo.

Em tempo: Cerpa Export e Draft continuam valendo a visita ao estado de Giovanni e Paulo Henrique Ganso.

quinta-feira, janeiro 10, 2013

Aplicativos para beber até cair

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O vício em eletrônicos ou mesmo na internet (ou no Facebook) é um problema grave, já foi tema de muito verso e prosa, mas não é o assunto aqui. Aplicativos e softwares simulam e brincam com o exercício e até os efeitos da bebedeira ou do consumo de outros entorpecentes variados.

O tema alcoólico e as trapalhadas dos embriagados flagrados por policiais, câmeras indiscretas ou notícias de veracidade duvidosa populam em colunas de tabloides e no noticiário bizarro. Também já transbordaram por estas mal-traçadas linhas em profusão (bota profusão nisso...).

O Futepoca adverte: desde o começo, "apenas ampliou o alcance do balcão" no que toca à conversa de bar. Mas jamais propôs aceitar brindes entre copos virtuais e coisas do gênero. Pelo direito ao bar, sem dirigir depois e com moderação (seja lá o que isso signifique).

A brincadeira começa com o aplicativo iBeer, que simula, em iPhone e Android, um copo de cerveja pilsen dentro do smartphone. O telefone esperto usa os sensores de movimento para sacolejar as imagens do líquido dourado e brincar de entorná-lo virtualmente, como demonstra o vídeo. Não mata a sede, mas rende performances inspiradas em stand-up show aos montes no escritório...

 

 Há variações semelhantes aplicadas ao uso de cocaína e de cigarro de maconha. É claro que há diversas outras versões da mesma coisa.

Outro efeito comum do uso concentrado de etílicos é alcançar aquele estágio conhecido em certos fóruns como "estágio nove", ou "fronteira final". Trata-se, segundo a literatura - nunca estive lá, juro -, da apresentação de sintomas específicos, bem depois da etapa alegrinha, da fase de debates acalorados, da sedutora, da valentona e até da aquietada... O caso aqui é o da condição em que a afeição, o carinho e os mais profundos e ocultos sentimentos afloram. Em geral, afloram para cima de qualquer um, para o lado ao qual o nariz estiver virado. Pode-se ver a manifestação disso por declarações como: "Cê tá ligado que eu te considero pra c..." Ou: "Você é meu amigo, cara, eu te amo, cara! Te amo!" E por aí vai.

Há poucos registros de pessoas que voltaram para contar o que acontece depois de tanto uso de goró. O que importa para este caso é que até mesmo isso tenta ser simulado via web.

O The Nicest Place on the Inter.net é praticamente uma rede social em que pessoas dos quatro cantos da mesa de bar, ou melhor, do planeta, compartilham vídeos de um abraço no Youtube. Não é o abraço corporativo nem o "free hugs".

A pedida é de um carinho. Mas, depois de "encher a cara" de iBeer, virtualmente bêbado (sic), o manguaça do simulacro pode querer desabafar, manifestar o quanto ele preza os seus sentimentos. Pode tentar isso pelas mídias sociais mais comuns, mas vai chegar uma hora em que tudo o que esse hipotético e sóbrio bêbado vai poder querer é um ombro amigo.



E nem os efeitos a longo prazo escapam da sanha digital por simular o entorpecimento desregrado e inconsequente. O "Espelho da Bebida", aprimorado pelo governo escocês - em uma iniciativa anti-Manguaça Cidadão - promete mostrar o efeito de longo prazo da bebida sobre o rosto de mulheres. A exemplo do que se pode fazer filtros para simular a idade ou uma corriqueira transmutação em zumbis, o aplicativo "engorda" e "envelhece" a imagem. Em dois ou três cliques.

Embora pareça sexista, a ideia foi apelar para a vaidade feminina no intuito de alertar para os efeitos duradouros do consumo de álcool acima dos patamares recomendados pelas autoridades de saúde da Escócia. Assim como os homens, elas também usam saias e andam afogando as mágoas cada vez mais, sempre de acordo com a visão governamental.

Fotos: Divulgação

Antes e depois.
















Até a ressaca é tema de aplicativos, seja para "calcular" o humor, seja para indicar modos para remediar a situação.

Com bebedeira virtual será o fim da bebedeira-arte, da bebedeira-moleque, da bebedeira-magia?

quarta-feira, novembro 14, 2012

Um cachorro no Bar das Putas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


A história é verídica. No tradicional Sujinho, no centro da cidade, também conhecido como Bar das Putas, saboreio um belo filé mignon ao ponto com cebola assada, regado a Serra Malte, acompanhado de minha namorada. Por força do hábito, mesa na calçada, com vista para o trânsito da Consolação.

Na metade da segunda cerveja, chega um casal com um carrinho de bebê. Quer dizer, não exatamente. O olhar mais atento revela que o passageiro é um cachorrinho, desses peludos e pequenos. O veículo mesmo tem o tamanho adaptado para suas pequenas e barulhentas proporções.

O casal toma assento na mesa ao lado e pede uma salada, uns sucos e um contra-filé. O bichinho fica no carrinho, olhando para a dona. Quando chega a salada, começa a latir estridentemente. Os pedaços de verdura que a dona lhe dá na boca acalmam por pouco tempo. O silêncio só vem quando a dona, sorridente, pega o bichinho no colo. “No carrinho ele fica mais longe, por isso está agitado”, diz.

Chega a carne e o bicho volta a cobrar seu quinhão. O marido entra no jogo e dá um pedaço do bife para o cachorro, em vão. “Você deu carne, agora não pára”, diz a moça, ainda sorridente.

Por sorte, e é raro ouvir essa frase de minha pessoa, a cerveja acabou logo e fomos embora.

quinta-feira, outubro 04, 2012

Utilidade pública em tempos de calor

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Com temperaturas dignas de verão no inverno e dias quentes de primavera, geralmente a gente quer que aquela cerveja comprada no supermercado fique gelada mais rapidamente. Mas, sabe como é, às vezes acabamos deixando tempo demais no congelador (principalmente se você tirar uma sonequinha) e perde-se a gelada.

Contudo, se isso acontecer com você, nem tudo pode estar perdido. A dica veio pelo Twitter da Isis Rosa e faz parte da edição de setembro da Pesquisa Fapesp. Tentem em casa e depois digam o resultado.

Até quando?
Muita gente já passou pela frustração de tirar uma cerveja do congelador e vê-la solidificar-se diante dos olhos. Para evitar que isso aconteça, muitos pegam a garrafa pela ponta ou a põem debaixo de água corrente e, depois disso, dão uma chacoalhada. Para saber o que fazer, basta entender a física por trás do incidente. A cerveja no congelador esfriará aos poucos e, se a geladeira não vibrar, pode atingir uma temperatura mais baixa que a de congelamento, 
o sobrerresfriamento. Estáticas no congelador, as moléculas não têm orientação para passar ao estado sólido. “É como se fosse um batalhão, que para saber como se perfilar precisa estar de frente para o chefe”, compara o físico Luís Carlos de Menezes. 

O que indica o alinhamento para as moléculas é o movimento brusco de retirada do congelador, agravado pelo susto de ter esquecido a cerveja tempo demais. “O gesto, ou o calor da mão, dá essa direção”, explica. Com isso o líquido expande, já que o estado sólido ocupa mais espaço do que o líquido, e muitas vezes a garrafa (ou lata) explode. Para beber uma cerveja bem gelada 
e líquida, o melhor é retirá-la do congelador evitando qualquer sacudidela ou toque de mão aberta e deixá-la numa superfície estável até que chegue 
à temperatura acima da de congelamento.

PS: Para tratar desse problema em formato de garrafa, no saudoso Bar do Vavá uma tática usada, baseada no conhecimento empírico da Física, era segurar com uma mão na ponta da garrafa e circular dois dedos no fundo da dita cuja durante alguns segundos. Se a situação não fosse crítica, funcionava.

sábado, setembro 15, 2012

Lula toma água em comício e manda militância tomar cerveja no boteco

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No primeiro comício da campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva declarou não poder mais tomar cachaça para refrescar a garganta e sugeriu que a militância vá às ruas e tome cerveja nos botecos para angariar votos para o candidato do PT.

Faltando 22 dias para a eleição, Lula debutou em comícios, uma prática comum no século XX como forma de políticos populares demonstrarem apoio popular. Foi na Zona Sul da capital paulista, no Capão Redondo. Outro comício nos mesmos moldes seguiu-se nas horas subsequentes. Hoje em dia, quando essa prática é tema de enciclopédia e livros de história, Lula segue como o único político em ação no Brasil capaz de mobilizar pessoas para sair de casa para vê-lo falar.

Depois de Lula, Haddad fez seu discurso carregado de sotaque paulistano, ô, meu. Insistiu nas críticas a Serra e deixou o PRBista livre de ataques. Até que mandou bem para um novato que fala depois de um orador do nível de Lula. Mas a estrela foi o ex-presidente.

Com a voz ainda mais rouca de pós-tratamento, Lula repetiu os autoelogios ao Universidade para Todos (ProUni), às melhorias no Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e a outras frentes de educação do governo federal de 2003 a 2010.

Ainda voltado a malhar mais José Serra, candidato do PSDB à prefeitura, do que ao líder nas pesquisas, Celso Russomano, Lula sugeriu calma ao tucano. "Depois dos 60, a gente corre o risco de enfarte", tripudiou.

A certa altura, depois de 10 minutos de falatório, o ex-presidente sentiu sede, necessidade que acomete humanos de modo geral. Alegando se tratar dos efeitos do tratamento que o fez superar um câncer na laringe, Lula sacou uma garrafa de água e, sem perder o bom humor, avisou que sabe de sua condição. Insinuou que, no passado, pediria uma cachaça para irrigar a garganta, mas que, agora, ia de água mesmo.