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segunda-feira, junho 09, 2008

Corinthians e os combustíveis das revoluções

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Jesus Carlos, o fotógrafo, envia uma foto para deleite dos corintianos. Pelo menos aos revolucionários.



Diz ele:

Anselmo e moçada do Futepoca,
aí vai uma colaboração para este grande blogue.
- Estamos de volta! Nesta semana, daremos o grande grito de guerra da Nação Corinthiana em pleno coração da cidade de Recife. Porém, desculpe-me as outras torcidas e olhem bem para a foto acima. Vejam que ser Corinthians, é mais do que uma bola em campo. Adelante Corinthians!!!
Saludos indígenas,
Jesus
Será que os corintianos do Futepoca já estão de ressaca na comemoração antecipada do título? Será que o motivo da ressaca é o terceiro combustível

15 comentários:

Anônimo disse...

Não há ressaca porque o titulo se decide em dois jogos. E o segundo ainda não foi jogado. Quanto a essa belíssima camiseta, parabéns ao seu autor. O espírito da camiseta vem ao encontro de um time que nasceu pobre e lutador. De um time que teve o pintor modernista Rebolo no seu elenco. Rebolo, aliás, que deu o desenho final ao símbolo do Timão. De um time que tem a tropicalista Rita Lee entre seus torcedores. De um time que criou a Democracia Corintiana ainda no período da ditadura militar. De um time que tem uma torcida que levava faixa de "abaixo a ditadura" no estádio. De um time que teve entre seus grandes jogadores o lateral Vladimir, que vem trabalhando em secretarias de esporte de governos de esquerda. Sem falar no torcedor Lula, o metalúrgico, um dos fundadores do maior partido de esquerda da América Latina. E ainda tem gente que não entende por que o Corinthians é o time do povo. Oras...

Anônimo disse...

Independente do que ocorra daqui pra frente já acho que os últimos seis meses representam uma revolução, dentro das circunstâncias do clube e do futebol brasileiro.
É só ver o que ocorreu com Fluminense, Grêmio, Botafogo, São Paulo, Palmeiras, Portuguesa, Bahia, Atlético Mineiro, Coritiba, o próprio Sport e outros times ditos grandes quando caíram de divisão. Não foi a mesma coisa, e nem estou me referindo exatamente ao fato de chegar à final da Copa do Brasil no ano seguinte.
Falo da repercussão que envolveu a queda do time, de sua merecida “Via Crucis” na Série B deste ano, da relação time/torcida, destes e de outros fatores que, até aqui, podemos identificar sim como um verdadeiro renascimento. E com um elenco limitado como este (mesmo para os moldes do decadente futebol brasileiro), quem esteve no Morumbi nos 4x0 contra o Goiás entenderá o que quero dizer.
Sobre a suposta comemoração antecipada da torcida do “Time dos Operários”, também não tenho visto isso nos outros corinthianos até menos comedidos que eu. E é bom mesmo irmos devagar com o andor, pois teremos pela frente o bom time do Sport, enfrentando no mesmo cenário da Batalha dos Guararapes os aguerridos descendentes daqueles que venceram esta batalha, sem falar na torcida contrária de todo aquele que não for corinthiano, maloqueiro, revolucionário e sofredor. Até um contador amigo meu de PE, que se diz Santa Cruz roxo, vai torcer pelo Leão do NE.
“¡Hay que jugar la muerte!”, para fazer referencia aos anarquistas espanhóis que ajudaram a fundar o time no início do Século XX.

Anônimo disse...

Quinta-feira volto aqui e quero ver um Corinthiano escrevendo sobre a derrota do time na Copa do Brasil. Vai ser lindo demais ver a noite virar dia aqui em Recife, comemorando o título.

Anselmo disse...

Benedito, eu só falei de ressaca pra tentar explicar por que os corintianos do Futepoca não escreveram mais nada sobre o time desde a primeira partida da Copa do Brasil. Desculpe-me se lhe tomei o posto de "cobrador de posts" – cargo menos visado do que o de cobrador de pênaltis, e mais do que cobrador de impostos.

Delírios matutitos à parte, quem disse que o Corinthians já levou a Copa do Brasil foi a minha pessoa. A presunção da ressaca alheia é decorrência dessa opinião.

E queria saber mais sobre as diferenças da repercussão entre a queda do corinthians e de outros times.

queria saber mais também sobre a relação entre a fundação do corinthians e o movimento anarquista em São Paulo. Vizinhança no Bom Retiro e no Brás garante contorno ideológico? Então, dá-lhe influência judaica e árabe! Que avanço!

Deixando a troça de lado, a força do movimento anarquista entre os trabalhadores cresceu na década de 1910, mas não encontrei vínculos diretos entre anarquistas engajados e o corinthians.

Nicolau disse...

Sobre não ter escrito, me penitencio mais uma vez, alegando as mesmas limitações: falta de internet em casa e de tempo ontem no trampo.
Paulo Azevedo, eu escrevi até quando o Corinthians foi rebaixado, pode deixar que coloco algo se o Sport levar o título. E se levar será merecido, diga-se, pela bela campanha e por ter virado uma bela vantagem. Agora, se o Corinthians for campeão, e eu acho que será, quero ver seu comentário aqui.

Anônimo disse...

Pô, Anselmo, você disse noutro dia que o ombudsman era eu... e agora vem puxar o meu tapete??? rs rs rs

Anônimo disse...

A empolgação ao escrever sobre o Corinthians me fez até esquecer de digitar o nome.
Mas a afirmação sobre a relação da criação do time com o movimento anarquista não é só fruto de empolgação, antes que os “anti” usem isso como argumento.
Basta pesquisar rasamente para constatar a relação do anarquismo no Brasil de então com a mão-de-obra operária italiana e espanhola, duas etnias que têm muito a ver com a fundação do Corinthians.
Ou devo temer o fato deles terem sido, já naquela época, uma espécie de TFP? Vai ver tem algo neste sentido na “Desciclopédia”.
Quanto às (grandes) diferenças da repercussão entre a queda do Corinthians e de outros times, basta puxar na memória a reação da imprensa (marrom ou não) de antes e comparar com o que ocorre agora.
Será influência dos versos de Camões que clamavam cessar tudo que a muda antiga canta quando outro valor, mais alto, (literalmente) se levanta? Tomara que não, pois isso soaria arrogante, e arrogância não combina com um time de origem popular.
Agora, se não se reconheceu ainda tais (e grandes) diferenças midiáticas, devo temer também o fato de servir aqui aquele ditado que diz ser o pior cego o que não quer ver? Também espero que não.
Ademais, sobre as relações do time com o Bom Retiro “kafquianamente” árabe-judaico, se considerarmos que este que vos escreve decorre de uma mistura da Síria com o Ceará, acho que pode ser bem por aí, mesmo.

Anselmo disse...

Benedito, eu nunca puxei o tapete! Eu só tropeço no tapete. Aliás, dependendo do contexto, eu tropeço na sombra. mas isso é detalhe.

Agora, Mohammad Severino, alguém com um nome assim tem autoridade pra falar o que quiser. eu éque não respondo.

Glauco disse...

O preconceito e a discriminação não tem só uma clivagem. Ele pode ser tanto de origem socioeconômica como também de gênero, orientação sexual, etnia, localização geográfica etc. Este último caso, misturado ao penúltimo, justifica a raiva e o extremismo de alguns torcedores do Sport em relação ao paulista Corinthians.

Mas justamente por essa plêiade de formas de preconceitos, e puxando a sardinha pro meu lado, devo falar que o Santos é igualmente um time popular que conseguu agregar ensacadores, estivadores, anarquistas e comunistas (nas primeiras décadas do século XX, Santos era a "Barcelona Brasileira", berço do anarquismo e do comunismo que fervilhava com migrantes chegados do porto). O time da elite na cidade durante aquela época viria a ser o Jabaquara, por incrível que pareça.

O Santos, por dificuldades financeiras, mudou as cores do uniforme. Também foi obrigado a abandonar o campeonato paulista pelo mesmo motivo, em 1913, sendo que a única vitória obtida foi contra o Corinthians, 6 a 3.

Chamado constantemente pelos adversários (inclusive pelos fãs do "clube do povo") de "peixeiros", apelido duplamente discriminatório em função de origem e da condição social de seus adeptos, os torcedores adotaram o apelido depois de uma partida com o São Paulo, em que os rivais hostilizavam os alvinegros. O que era ofensa, virou símbolo.

Poderia me estender ainda mais a respeito, mas acho que tais méritos não são exclusividade do Alvinegro Praiano, ainda que um certamente seja: o Santos é o único time de bairro campeão mundial. Bairro de cidade pequena, não de capital. Isso é fato, não é mito, e por isso não me irrito quando chamam o Alvinegro de "time do interior" ou similares. É só uma prova a mais da sua grandeza, conquistada nos gramados e não no berço de uma cidade grande.

Anônimo disse...

Anselmo,
Essa sua resposta vou reputar desqualificatória (e conseqüentemente racista).
Glauco,
Time de origem espanhola, com as cores da Espanha, àquela altura do Campeonato (1914), de elite?
O "Jabuca" do Plínio Marcos?!
Essa é nova...

Anônimo disse...

E cidade portuária é bem menos província que qualquer "roça" chamada São Paulo em mil, novecentos e minha avó formosa.
Não forcem a amizade, por favor.

Anônimo disse...

Ainda nos anos 70, um amigo meu, daqueles caras observadores, me disse o seguinte: "Falam que o Corinthians é time de torcedor pobre. Pois acho que é de pobre, de rico, de classe média, de todo mundo. Mas observe uma coisa. Nos jogos do Santos, a parte do estádio que fica mais lotada é a geral (Isso, nos tempos em que havia geral no Morumbi). Já nos jogos do Corinthians, a parte que mais lota é a arquibancada". Pois não é que eu comecei a observar aquilo e o meu amigo tinha razão?? O Santos é, sim, um time que tem torcedores nas camadas mais baixas da população. Mas não pode ser considerado um time popular, como o Corinthians, porque não se compara a quantidade de torcedores entre os dois times. O curioso, por aquilo que o Glauco escreveu, é que tanto o Santos quanto o Corinthians tiveram que mudar as cores do uniforme por falta de grana. No caso do Timão, as cores eram preto e bege. Mas o bege, depois de lavado, desbotava. Então, foi mais econômico adotar o branco.

Anselmo disse...

Mohammad,

se soou racista, lamento terrivelmente. Se soou irônico, é porque me expressei muito mal.

Eu não tenho comentários adicionais sobre suas ponderações. Nem sobre a repercussão do rebaixamento na mídia nem sobre "as relações do time [corinthians] com o Bom Retiro, 'kafquianamente' árabe-judaico".

Não se trata de desqualificar (pelo menos não da minha parte). Mas uma forma de simplesmente sair do debate por falta de resposta.

Assim, o que eu quis dizer, sem ironias, é que alguém com um nome assim, tem muito mais autoridade para falar sobre misturas e influências culturais do que eu. Autoridade para discutir um tema é um atributo positivo, dado pelo Houaiss como sinônimo de "faculdade", "virtude". Só isso.

Reitero, se soou irônico e, por isso, racista, lamento terrivelmente. E peço desculpas.

Glauco disse...

Pois é, Mohammad, os espanhóis tinham e ainda têm grande poder econômico em Santos, não era todos anarquistas, comunistas e românticos. Muitos comerciantes prosperaram rápido no início do século na cidade, tanto que possuem a mais antiga importadora do Brasil, além de inúmeros outros negócios. Em 1913, eram cerca de 10% da população da cidade.

Enquanto os times da capital receberam terrenos do Poder Público para erguer seus estádios, o Jabaquara chegou a ter, com seus próprios recursos, um enorme terreno na Ponta da Praia. Sua decadência econômica veio após a Segunda Guerra Mundial.

Quanto a Santos ser menos "província" que a "roça" Sâo Paulo, não sei qual o conceito de "província" aplicado aí. Mas que a elite econômica do país é provinciana há tempos, não há dúvidas, e por isso mesmo o caminho do Santos Futebol Clube pra se tornar grande foi ainda mais espinhoso, já que não tinha sequer proximidade geográfica com tal elite, que já começava se concentrar mais em São Paulo.

Anônimo disse...

Caramba, esse Futepoca é uma verdadeira sala de aula... Vivo aprendendo por aqui... Mas acho que já tá na hora de entornar a primeira...