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JÚNIOR BARRETO*
Clássico não é jogo para testes? O time santista deveria ter iniciado com o Madson e não com o Lúcio Flávio? Enfim, a escalação da equipe da baixada realmente surpreendeu a todos, até mesmo ao Mano Menezes, que havia afirmado na semana que duvidava encontrar o adversário jogando o clássico com três atacantes. Contudo, o fato é que o Corinthians teve mais pegada e marcou forte, deixando poucos espaços aos atacantes santistas, em especial ao garoto Neymar.
Para infelicidade dupla dos santistas, além da má escalação do time, alguns jogadores do Corinthians fizeram suas melhores partidas no ano. Foi o caso do volante Christian, que marcou muito o jogo todo, e de quebra ainda deixou a torcida feliz logo de cara quando chegou junto do Neymar, que estava irritando com aquelas chuteiras verdes. Outros destaques foram o Dentinho e o Elias. O primeiro, autor do gol, fez a melhor partida do ano desde que voltou da Seleção Brasileira sub-vinte. O segundo, eficiente como na maioria dos jogos, vibrou muito quando ganhava alguma bola disputada.
Confesso que o Neymar com aquela camisa sete me fez lembrar repentinamente do até então desconhecido Robinho da final de 2002. Mas, foi um temor que passou rápido, que se desfez com o decorrer do jogo e com a contribuição de outra lembrança, reavivada provavelmente para suprir esta. É claro que estou falando do jogo dos setes gols sacramentados contra o time da baixada neste mesmo Pacaembu. Depois deste jogo a relação dos torcedores corintianos com o time da Vila quando joga no Pacaembu nunca mais foi à mesma. Sempre ficamos na expectativa de um placar elástico.
O gol logo no início do Dentinho, com passe magistral de Douglas, ainda deixou acesa a esperança de uma goleada. Mas que parou logo por aí. O placar magro, com a cara de Corinthians, trouxe a realidade de um time que pode render muito mais do que apresentou, principalmente do que se espera de seu meia de ligação.
Há tempos que o Douglas vem errando muitos passes e perdendo gols feitos. Ontem, teve uma chance cara-a-cara com o Fábio Costa e conseguiu errar. Diga-se de passagem, ambos os goleiros tiveram boa atuação no clássico.
As boas atuações do meia em 2008 ainda convencem o técnico corintiano a apostar nele, mas que já passou da hora para perceber onde o Ronaldo deve receber as bolas, ah já. A mesma imagem de Ronaldo voltou a se repetir neste jogo: as duas mãos abertas apontando a direção correta para receber o passe e a bola teimou em não chegar. Em uma das más bolas enfiadas pelo meia, o atacante corintiano se deslocou e recebeu a bendita no calcanhar. Assim não dá.
E ainda tem que ouvir da torcida os gritos de “gordo”. Vai gordo, se mexe, chuta, marca. A verdade é que hoje o Ronaldo, como está, é melhor do que a maioria dos atacantes em atividade no país, e com um pouco menos de peso, certamente será o melhor. Bola, inteligência e faro de gol ele não perdeu, só precisa mesmo é de um pouco menos de peso.
No segundo tempo, algumas chances desperdiçadas de ambos os lados. Mas, nenhum dos dois times com o domínio da partida. A melhor jogada do lado santista foi com o jovem Neymar, que desperdiçou. A entrada do pequeno notável Madson ainda deu novo alento a equipe, e deixou claro que o time renderia muito mais com outra formação. Ao final, uma inusitada cobrança de lateral, que foi invertida, mesmo sem ter sido cobrada, e rapidamente desfeita pelo juiz. O lance resultou na expulsão do Mano por reclamação e em um quase gol corintiano no contra ataque.
Depois do encerramento da partida, ocorreu a lamentável briga da torcida santista com os policiais. No início do jogo a torcida ainda ensaiou um “olê lê, olá lá, o Neymar vem aí e o bicho vai pegar”. Bicho que na verdade “pegou” a eles próprios. Sobraram socos e pontapés no confronto com os policiais. Até mesmo o presidente santista, acusado pelos corintianos de jogar objetos na torcida que estava na área vip, foi até o local do confronto e logo foi cobrado para que seja enérgico e que tome medidas quando receber o rival na Vila.
*Júnior Barreto é jornalista, corintiano e acompanhou a vitória corintiana no Pacaembu.