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O empate entre Avaí e Santos mostrou, como no segundo jogo
da final do Paulista contra o Palmeiras, o Santos caindo de produção e
de intensidade no segundo tempo. Com a vantagem, conseguida na etapa
inicial pelo gol de Robinho, o Alvinegro mais uma vez mostrou uma certa
acomodação e aceitou a mudança de postura do adversário sem reagir,
mesmo tomando o empate.
Na partida decisiva do estadual, Oswaldo de Oliveira colocou Cleiton
Xavier em campo após perder Dudu expulso, passando a explorar as
laterais do campo. O Peixe, que teve Geuvânio punido com o cartão
vermelho, não conseguiu acertar sua marcação pelos lados, lembrando que o
onze santista era responsável por barrar o avanço do lateral adversário
pelo lado direito. Resultado da inação santista: Ricardo Oliveira
estava na marcação do lateral Lucas no tento do adversário, mostrando
que a equipe demorou a responder à mudança do rival.
Mais uma vez a lateral foi o calcanhar de Aquiles peixeiro na
etapa final. Desta vez, no segundo tempo Gilson Kleina colocou Roberto,
que atuou no lado esquerdo da defesa santista, forçando a jogada
individual e fazendo com que os donos da casa por vezes tivessem
superioridade numérica no setor. A pressão era evidente e, mais uma vez,
o Santos pouco fez para responder à alteração tática do Avaí.
É pelos lados o mapa da mina. Do Santos e do adversário
Marcelo Fernandes precisa treinar para que o Peixe possa sair dessa
situação de jogo. Treinadores adversários já perceberam que o potencial
ofensivo santista depende da subida de seus laterais/alas, que apoiam o
ataque dando opções para os meias e os homens de frente. Quando o
técnico adversário ocupa esse setor, prega na defesa Victor Ferraz e
Chiquinho. Com uma deficiência quase crônica dos dois volantes de
fazerem a cobertura pelos lados – defeito em especial de Valencia – a
pressão se intensifica e o gol passa a ser questão de tempo.
Para voar mais alto no Brasileirão, Peixe precisa ter ousadia |
Pedaladas de jogar perto do centroavante.
Sobre Ricardo Oliveira, aliás, outro pecado do técnico. Ele jogou mal o tempo todo, mesmo assim atuou até o final da partida. Perdeu lances preciosos, chegou a travar contra-ataques matando errado a bola. Estava em um dia ruim, até aí, todos nós temos os nossos. Mas não foi sacado. Fernandes preferiu abrir mão de Geuvânio, que também não tinha boa atuação, e colocar Gabriel fora de seu habitat natural, a área. A alteração foi inócua, ainda mais por ter sido feita aos 34, como tem sido o costume do técnico. Sempre um pouco tarde demais.
Quanto Claudinei Oliveira assumiu o Santos depois da saída de Muricy Ramalho em 2013, dirigia um time que sentia a falta de Neymar. Conseguiu arrumar o sistema defensivo alvinegro, a equipe jogou bem algumas partidas e chegou quase perto de brigar pelo G4. Mas, quando teve oportunidades de ganhar partidas que poderiam mudar a situação do clube na tabela, preferiu não ousar e se satisfazer muitas vezes com um empate, não tentando vencer. Achou que assim, com um desempenho mediano, conseguiria manter o cargo. Não percebeu que um técnico novato precisa na verdade mostrar mais do que os “medalhões”, sendo diferente. E, por que não, ousado.
Marcelo Fernandes não pode repetir o erro de Claudinei. Como já dito aqui, tem um elenco acima dos que o Peixe possuía nos últimos dois anos e, com o relativo enfraquecimento de alguns adversários no Brasileiro, sonhar com o G4 não é nenhum absurdo ainda mais se vierem alguns reforços. Mas precisa saber que deve ter coragem em determinados momentos e situações de jogo. Arroz com feijão não seguram um treinador em início de carreira no banco.
No final das contas, foi o Avaí, que perdeu dois gols inacreditáveis na etapa final, quem deixou de vencer. Não pode ser assim contra um candidato ao rebaixamento.
Gustavo Henrique e Vladimir
Desnecessário dizer que Gustavo Henrique, que entrou no lugar de Werley, dono da imagem do jogo, teve uma atuação ruim. Fez a falta desnecessária que gerou o gol de Marquinhos, ex-Santos, e, ao cometer outra falta similar, tomou o segundo amarelo e foi expulso. Mas é preciso destacar também que, nas duas ocasiões, estava bem longe da área, e só teve essa atitude por conta da inação santista com a blitz que o Avaí promoveu no lado canhoto da intermediária do time. Entrou em uma fria e não foi bem. Mas a culpa não é só dele.
Já Vladimir tomou um gol em uma cobrança de falta bem feita por Marquinhos. Não, não era uma bola indefensável. Além disso, repôs mal a bola em mais de uma ocasião, colocando em risco a defesa ao despachar a redonda no próprio campo. Na partida contra o Palmeiras, ensaiou o erro que cometeu contra o Maringá, ao tentar encaixar a bola e soltá-la em duas ocasiões. É um goleiro que tem um reflexo apurado, fazendo defesas à queima-roupa, mas não adianta ter essa virtude se falha em outros fundamentos.