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Comecemos pelo começo. O Sport é campeão da Copa do Brasil. E com todos os méritos. É um grande time e teve mais bola e nervos (principalmente nervos) nos dois jogos da decisão.
Ao Corinthians, faltou Corinthians. Faltou o time buscar o jogo, o ataque, o gol. Não teve bola para acalmar o jogo e pressionar. Entrou obstinado em defender e não rolou. Abdicou do ataque durante o primeiro tempo, atraindo o Leão e buscando um contragolpe. Não funcionou.
O Sport fustigou o primeiro tempo todo, mas só teve uma chance clara no gol de Carlinhos Bala, que joga pra caramba. O Corinthians sentiu o gol e se desorganizou. O segundo, de Luciano Henrique, em chute que pode ir do esquisito ao genial (não vi o bastante para ter certeza), sacramentou, senão a derrota, o fim dos nervos paulistas. O Timão pressionou no final, mas desorganizado.
Não acreditei na derrota, acreditei no segundo tempo, no intervalo, em uma ducha fria nos nervos dos jogadores. Era só fazer um golzinho...
O Corinthians voltou com Lulinha e Acosta no lugar de Diogo Rincón e Carlos Alberto. Aqui, um ponto que me parece fundamental. Rincón, o único meia do time, talvez por estar arrastando uma contusão, não jogava bem. O time se ressentiu de organização no meio e força no contra-ataque.
Nenhuma das alterações resolveria nada disso. Lulinha tem jogado como um falso ponta direita, Acosta é um atacante solto pelo meio. O chutão tornou-se a tônica do time, lembrando o Paulistão. Do lado do Sport, Carlinhos Bala e Luciano Henrique puxavam os contragolpes, sem efeito.
Lá pelos trinta minutos, deixei de acreditar. Mano Menezes tirou Dentinho, em noite pouco inspirada, assim como André Santos, e colocou Saci. O mitológico ser durou pouco, bateu em Carlinhos Bala e foi expulso. Um amigo disse “tá tudo certo: começa perdendo, tem jogador expulso, e é campeão, esse é o normal”.
E aí, eu tirei da raiva a vontade de torcer, de ser campeão de novo. Achei que o time faria o mesmo, mas talvez vontade não seja o que faltou. Herrera ainda perdeu um bom ataque, Acosta sofreu pênalti que o juiz não deu. Mas estava sacramentada a derrota do tima alvinegro.
Depois do apito final, saí da sala e fui para o terraço do apartamento para fugir da comemoração do Sport, dos comentários do pessoal de casa. Acendi um cigarro e tomei minha cerveja ouvindo os fogos de palmeirenses, santistas e são-paulinos. Fumei olhando o vazio e sentindo cada grama de tristeza, cada ponta de raiva, cada centímetro de derrota.
O cigarro acabou e joguei a bituca no telhado vizinho. Fiquei olhando e esperando a brasa se apagar, como a esperança da redenção corintiana.
Nisso, parei. Lembrei de 2007, da draga monumental, de jogos sem gosto, de um catado se fingindo de time do Corinthians. Lembrei do rebaixamento. Lembrei do Paulistão, do time se armando, dos 4 a 0 no Goiás, dos jogos épicos contra o Botafogo. “Até que enfim esse time dá uma alegria pra gente”, ouvi meu pai dizer.
Virei as costas para a brasa ainda ardendo e entrei. À merda os anticorintianos e seus fogos invejosos, ao diabo com o Sport e a Copa do Brasil, que se danem a derrota e a tristeza do momento. Aqui é nóis, aqui é Corinthians!
Caímos para a segundona e recuperamos nossa honra com uma final digna. Mais que isso, com um time digno. Não necessariamente bom, mas com pessoas dignas envergando a camisa alvinegra. Fomos mais longe do que qualquer um esperava no segundo torneio mais importante do país, e não perdemos para ninguém, mas para um time grande numa fase vitoriosa que se confirmou irresistível.
Claro que, uma vez na decisão, eu queria ganhar. E dava pra ganhar. Foi por pouco, faz parte. O Sport fez por merecer, fez mais que nós em campo, paciência.
Perder é triste, mas acontece. Não estou com paciência para ficar me lamuriando. Cabeça erguida e bola pra frente na Série B, que ano que vem a gente volta e dá o troco no Sport e na vizinhança. Corintiano, maloqueiro e sofredor, graças a Deus.
Curtas
- Fico em dúvida se o segundo gol foi falha do Felipe ou não. O chute do cara toma uma trajetória bizarra e ainda tem o Enilton tentando cabecear. Meu pai diz que nunca mais vai confiar no Felipe, que ele não está jogando com vontade, que está com a cabeça numa transferência para a Europa. É possível, mas sinceramente não sei se culpo o cara pelo gol.
- Cada um pode dizer o que quiser, mas eu vi pênalti no Acosta. O goleiro levanta o pé depois que é driblado e acerta o atacante. Mas repito que isso não tira o mérito do Sport, que fez mais que o Corinthians no agregado das duas partidas.
- Carlinhos Bala joga muito, e já acho isso faz um tempo. Luciano Henrique também é bom de bola. Peço desculpas aos torcedores do Sport, mas sofro de um mal que me impede de avaliar de verdade o desempenho de qualquer time contra o Corinthians. Só vejo o alvinegro jogar, não tem jeito...
- Se bem me lembro, só o Corinthians teve textos tão rápidos no Futepoca escritos por adversários não envolvidos no jogo em questão. Faz parte.
- Fica provado mais uma vez que esse lance de recuar e atrair o adversário não funciona, pelo menos não para o Corinthians. Mano Menezes que aprenda a lição.
- Parabéns ao Sport e aos pernambucanos, que vivem começo de ano muito bom. Minha parte analista está feliz com o crescimento de times de outros estados do Brasil. Só valoriza o futebol como um todo. Mas minha parte analista é bem pequenininha em comparação com minha porção conrintiana...