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O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) Paulo Nogueira Batista Jr. é o indicado como representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI). O colunista de O Globo, Ancelomo Gois, diz que ele irá "dormir com o inimigo".
Ele é o indicado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, como substituto de Eduardo Loyo, indicado pelo ex-ministro Antonio Palocci após uma passagem pela diretoria de Estudos Especiais do Banco Central. Loyo, da turma ultra-liberal do ex-ministro cassado e hoje deputado federal pelo PT, alegou motivos pessoais para ir para casa.
Nogueira Batista foi assessor da Fazenda, na gestão de Dilson Funaro, no governo José Sarney, em 1987. Foi o período em que o país decretou a moratória da dívida.
Em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo e Agência Carta Maior, o economista criticava comumente os acordos do governo brasileiro com o FMI, a ponto de entitular, em março de 2005, seu artigo com "Bye, bye FMI", em referência à música Hello, goodbye, da dupla Lennon e MacCartney. Criticava com muito mais vigor a política mais realista do que o rei promovida pelo Banco Central.
No "Bye, Bye FMI", além de celebrar o fim dos empréstimos do Fundo – que vêm sempre acompanhados de uma porção de reformas para um Estado magérrimo – elogiou o presidente da vizinha Argentina, Néstor Kirchner, que realizou uma reestruturação da dívida, com sucesso depois da moratória de dezembro de 2001. Criticou ainda o excessivo tempo que o Brasil permaneceu sob as asas do FMI, quase seis anos e meio.
Com a ironia que caracteriza suas intervenções, terminou discutindo os riscos de que, sem a tutela do Fundo, o Banco Central adotasse uma política ainda mais ortodoxa, antecipando-se ao mercado. Se isso ocorresse, escreveu ele, "só nos restaria berrar: 'Help! Tragam o FMI de volta!'", em alusão a outra música dos Beatles.
O chamado foi ele.
Resta saber como serão ocupados os cargos do Banco Central. O presidente da instituição, Henrique Meirelles, fica, os demais diretores, que participam das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) para decidir os rumos da política de juros – via Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). O problema é que não teremos mais as análises mordazes do Nogueira Batista para rir à custa da economia e dos economistas.