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"A lição que eu
tirei daquele jogo é que não podemos dar bola para o extracampo.
Temos que pensar sempre dentro do campo, sem agredir adversário, sem
jogar contra a torcida deles."
Desta forma, o meia
são-paulino Paulo Henrique Ganso “aconselhava” o elenco de São
Paulo sobre como deveriam lidar com o Bolívar, adversário do
Tricolor na Libertadores, antes do confronto na competição.
Curiosamente, o meia parece ter esquecido do próprio conselho e
“entrou na pilha” no seu retorno à Vila Belmiro.
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Ganso: pra que tanto ódio? |
No intervalo, já pedia
punição ao seu ex-clube por moedas jogadas no campo. Não pediu
punição ao Bolívar em 2012, mesmo com seu “irmão” Neymar
tendo sido atingido de fato por um objeto quando se preparava para
cobrar um escanteio. Mas não titubeou em fazer isso contra o Santos.
Freud explica.
Compreensível Ganso se
sentir maltratado pelo Alvinegro. Como também é a torcida achar que
o meia fez mal ao clube. Mesmo depois da complexa negociação que o
levou ao São Paulo, um dos dois clubes que se interessou por ele à
época, junto com o Grêmio (nenhuma agremiação do exterior se
arriscou a cogitar pagar a multa), ele não poupou a língua, ou o
bico. Insinuou que o São Paulo era diferente do Santos por um
“pensamento
de grandeza”. Na semana passada, depois de marcar seu primeiro
tento pelo São Paulo em pouco mais de quatro meses de contrato,
disse:
“Vou
chegar lá (Vila Belmiro) para fazer gol pelo São Paulo”.
Em um ambiente já
conturbado como o futebol, no qual qualquer faísca se transforma em
fogo, Ganso mostra atitudes duvidosas fora de campo, que certamente o
tem prejudicado na carreira. Um veículo de imprensa, para melhorar,
fez com um colunista
fake fizesse uma convocação para que a
torcida
santista jogasse moedas no ex-ídolo. Todos, jogador e imprensa,
muito responsáveis na hora de atiçar, e deveras moralistas (falsos,
via de regra) na hora de pedir punição.
Em campo, Ganso foi
apagado como tem sido há tempos. Toques de calcanhar de lado, passes
também laterais, e um desempenho na segunda etapa que contribuiu
para os visitantes perderem o meio de campo, setor no qual foram
melhores nos primeiros 45 minutos. Conforme o lado, era marcado pelo
excelente Renê Júnior ou por Arouca. Ney Franco errou ao demorar
tanto para sacar o meia, o que pôs a nu o fracasso da sua estratégia
de “motivar” o jogador ao colocá-lo como titular no clássico.
Aliás, atleta que precisa de motivação com o salário e toda a
estrutura que ele mesmo louva, é complicado. Ganso é realmente
diferente. Para o bem e para o mal.
Mas vários atletas
começaram mal e demoraram para engrenar no São Paulo. Foi o caso de
Daryo Pereira, Careca, Raí. Essa é a esperança do torcedor
são-paulino com o meia, que vai ficando cada vez mais distante de
atuar na Copa de 2014.
Neymar, o jogo e
duas interpretações
Muricy cansou de dar
chances a André. Entrou Miralles, que se movimenta mais, volta para
marcar e vez ou outra consegue roubar uma bola atrás. E, claro, o
mais importante, tem feito gols. Não é aquela coisa em termos
técnicos mas participa muito mais que o ex-titular. Dois gols em um
clássico e seu concorrente está na berlinda.
Os laterais santistas
mostraram hoje o seu valor na defesa. Bruno Peres foi soberano diante
do mais que perigoso Osvaldo, e Guilherme Santos chegou a sofrer um
pouco quando Cañete passou a cair por ali, mas a correção na
marcação matou o lance forte do Tricolor. O defensor Neto, na
esquerda ou na direta, foi muito bem e não tremeu no seu primeiro
clássico. Já Montillo rendeu muito menos do que deveria, mas esse
sim chegou outro dia e hoje completou seu sexto jogo pela equipe.
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Miralles: intimidade com gol, e nenhuma com a dança |
Neymar foi decisivo.
Deu uma assistência maravilhosa no primeiro gol, um passe-matada. No
segundo, tomou a penalidade e marcou. No terceiro, fez a assistência
para Miralles. Nada de novo em relação ao moleque maravilhoso.
Dois lances polêmicos
da arbitragem e vou dar meus pitacos abrindo espaço para ser xingado
por torcedores adversários. No lance em que Luis Fabiano fez um gol
e o mesmo foi anulado, o comentarista de arbitragem Leonardo Gaciba
disse que o gol foi legal, criticando a decisão da assistente
Tatiane Camargo. É um ponto de vista, mas a regra é clara, embora
existam algumas interpretações divergentes.
Para citar uma delas,
recorro a um ex-árbitro e comentarista da área... O próprio
Gaciba.
Neste
post, intitulado “Interpretação Moderna”, ele elogia
justamente a forma com que a assistente Nadine Bastos interpretou um
lance na partida entre Avaí e Atlético Ibirama, na qual validou um
gol, mesmo com dois atletas avaianos em condição de impedimento.
Contudo, ressalto esse trecho:
“A GRANDE ALTERAÇÃO
[na regra do impedimento, n.r.] deu-se quando a FIFA modificou a
palavra 'influência' por 'participação efetiva' na jogada, ou
seja, aquele atleta na parte inferior do vídeo que chega a dar dois
passos em direção a bola anteriormente deveria ser punido pela sua
ação, hoje, não mais.
O raciocínio é o seguinte: O assistente deve
perguntar se aquela corrida (dois passos) interferiu na ação de
algum defensor que poderia chegar na bola e não o fez pelo movimento
daquele atacante. Observem que este não é o caso já que o goleiro
sai na bola com naturalidade e os defensores que erguem o braço o
fazem mais como torcida do que como reclamação efetiva.”
Reparou no trecho em negrito? O zagueiro Neto
marca e acompanha a movimentação do zagueiro tricolor que está em
posição de impedimento e poderia sim chegar em Luís Fabiano, já
que estava perto do rival, caso não estivesse marcando um atleta
impedido. A anulação do lance, portanto, é plausível, de acordo
com essa interpretação. Claro que amanhã a bandeira pode ser
punida (futebol é um meio sexista no qual não é exatamente a
justiça que é feita, né?), mas deveriam ponderar um pouco mais a
respeito.
Quanto à penalidade sofrida por Neymar, engraçado
que o comentarista Neto, na Rede Bandeirantes, diz que o atacante
santista não foi atingido por Paulo Miranda e que ele, Neymar,
“tocou” no joelho do marcador e caiu. Claro, o santista, que tem
olhos nas costas, conseguiu tocar com a panturrilha de forma
proposital em seu adversário. A propósito, como tem comentarista
com história corintiana que pende de forma apaixonada para o São
Paulo em diversas ocasiões, vide o xodó da Fiel, fã de Rogério
Ceni.
Mas você pode não ter visto nenhum toque no
lance (eu e muita gente vimos). Neymar pulou, escapou da falta e
caiu. Portanto, não pode ser marcado pênalti, certo? Errado. Diz a
regra 12 do dileto esporte:
“As faltas e incorreções serão sancionadas da
seguinte maneira:
Tiro livre direto
Será concedido um tiro livre direto para a equipe
adversária se um jogador cometer uma das seguintes sete infrações,
de maneira que o árbitro considere imprudente, temerária ou com uso
de uma força excessiva:
• dar ou tentar dar um pontapé (chute)
em um adversário
• passar ou tentar passar uma rasteira em
um adversário (...)
• dar uma entrada contra um adversário
Viu aí os negritos novamente? Nenhum atleta
precisa esperar ser atingido pelo adversário para sofrer a falta. O
são-paulino tenta ou atinge, conforme a visão, Neymar, mas
certamente nem passou perto da bola. Lance semelhante aconteceu,
aliás, em um jogo entre Santos e São Paulo no
campeonato
paulista do ano passado (ver aqui, a partir do 0:46), no qual foi
marcado pênalti de Rafael em Luís Fabiano.
Xingamentos à vontade, mas agradecemos os
argumentos.