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Há uma semana, no Bar do Vavá, tentei falar de meus receios sobre a final da Libertadores, mas meus companheiros me interromperam dizendo que “isso é coisa de são-paulino, dar desculpa de véspera pra derrota etc etc”. Talvez seja verdade, talvez o longo período de amareladas e pipocadas tenha produzido essa seqüela na torcida tricolor. Mas o meu caso é que sempre fui um “Dr.Jekyl”: tenho em mim a mesma proporção de torcedor apaixonado e confiante e de cético pra lá de desconfiado. Pode ser que minha ascendência mineira tenha a ver com isso.
O que eu tentei dizer lá no bar, e não consegui, foram minhas ressalvas sobre essa história de Inter e São Paulo serem times “equivalentes”. Sim, eles são hoje os dois melhores conjuntos do futebol nacional, tanto que conseguiram chegar à decisão da Libertadores sem cair dos primeiros postos do Brasileirão. Mas têm lá suas diferenças. Para mim, o colorado tem um ataque mais entrosado e perigoso, dois laterais/ alas mais eficientes (tanto na armação quanto na marcação) e uma defesa que falha menos. Acho que foram justamente essas “vantagens” que decidiram ontem.
Claro que a partida em si teve suas peculiaridades, como as duas (justas) expulsões e prejuízos para os dois lados – casos da contusão de Mineiro logo no início (jogou no sacrifício) e do desgaste excessivo de Leandro, pelo São Paulo; e do pênalti de Lugano que o juiz não viu e um impedimento inexistente de Fernandão, pelo Inter. A parte isso, o jogo foi igual. Mas digamos que “foi mais igual” para o Inter, não só pela vitória, mas pela técnica, frieza e competência apresentadas em campo. O Inter é realmente um baita time. Se confirmar o título na quarta, a América do Sul terá um digno campeão.
Jorge Wagner está se revelando uma ótima opção pelo lado esquerdo; Ceará jogou certinho. Fernandão puxou os marcadores e deixou o excelente Rafael Sóbis deitar e rolar. No meio, Alex, Edinho e principalmente Tinga foram decisivos. E a zaga do Inter, como disse, é mais segura que a do São Paulo. Confesso que ainda não tinha observado atuações do Bolívar e do Fabiano Eller. São discretos e seguros, sem apelar pra violência. Já há algum tempo, o Casagrande insiste em um comentário que considero procedente: com três zagueiros, o São Paulo deveria grudar dois deles em marcações individuais nos atacantes e deixar um na sobra. Só que marcam por zona. Contra um time como o Inter, foi fatal.
Mas não estou cabisbaixo. Mesmo perdendo, o São Paulo está jogando um bom futebol. Pena que não tenha conseguido manter peças-chaves no elenco (casos de Cicinho e Amoroso, por exemplo). Porém, repito: está bem assim, deixem o Muricy prosseguir com seu trabalho. O fato é que o adversário é forte e tem aquelas sutis “vantagens” que citei. Lógico que, como torcedor apaixonado, continuo “à espera de um milagre”. Mas não posso impedir que, a exemplo do confronto Inter x São Paulo, esse fanatismo cego dispute uma “partida” de igual para igual com meu lado cético e pragmático. É o que dá gostar de futebol e ser fiel a um clube...
Ps.: A nota cômica (ou trágica, para mim) é que a Liz, minha filha de 4 anos, pegou a mania de pular e cantar o refrão do hino do São Paulo cada vez que escuta um gol na televisão – seja do time que for. Pois ontem ela fez essa festa particular nos dois gols do Rafael Sóbis, sem compreender minha imobilidade e cara de tacho. Como os inocentes são felizes!