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...................O demônio e o apito amigo
A data escolhida para o início desta série, 6/6/6, não é simpatia pelo demônio (isso é lá com Mick Jagger). Só se fosse, talvez, um demônio de pernas tortas. Porque vamos relembrar, aqui, um momento decisivo da Copa do Chile, quando Mané Garrincha garantiu praticamente sozinho o segundo título mundial para o Brasil.
Após a contusão de Pelé, na partida contra a Tchecoslováquia, o ponta-direita assumiu a responsabilidade pra si e só faltou fazer chover, marcando gol de falta, de cabeça, de fora da área, se deslocando por todo o campo, enfim, um verdadeiro show.
Mas nem só Garrincha foi fundamental para o triunfo canarinho. O árbitro chileno Sergio Bustamante também merece crédito. Sua importante contribuição ocorreu há exatos 44 anos, em 6 de junho de 1962, quando nossa seleção fazia sua terceira partida no mundial – a primeira sem Pelé, substituído por Amarildo. O adversário era a forte seleção espanhola, cujo técnico, Pablo Hernández Coronado, havia bravateado na véspera: “O Brasil, sem Pelé, acabou. Quem é Amarildo?”. Ah, se ele soubesse...
Comandada pelo gênio húngaro Puskas (naturalizado), a Espanha foi mais equipe durante todo o primeiro tempo. Quando Adelardo venceu o goleiro Gilmar, aos 35 minutos, parecia o início de uma vitória fácil. Sem a referência de Pelé, o Brasil parecia perdido em campo. Porém, antes de o primeiro tempo acabar, veio o lance crucial: Nílton Santos fez pênalti em Adelardo e deu um passo para frente. O árbitro caiu no engodo e marcou falta fora da área.
Mais tarde, Puskas ainda faria um golaço de bicicleta, injustamente anulado pelo “mui amigo” Bustamante. Depois disso, Garrincha tomou conta do jogo e Amarildo marcou dois gols (como cartão de visitas para o técnico espanhol), garantindo o Brasil nas quartas-de-final.
Presente ao programa Bem Amigos da SportTV, no início da semana passada, o ex-lateral Djalma Santos esquivou-se dos lances polêmicos: “-Se o juiz não viu, não temos nada com isso!”, exclamou, com as mãos para o alto, para gargalhada geral dos presentes.
Ficha técnica
BRASIL 2 X 1 ESPANHA
6 de junho de 1962
Brasil: Gilmar; Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Amarildo e Zagallo. Técnico: Aymoré Moreira.
Espanha: Araguistain; Rodri, Gracia e Verges; Echevarría e Pachin; Collar, Peiró, Puskas, Adelardo e Gento. Técnico: Pablo Hernández Coronado.
Árbitro: Sergio Bustamante (Chile)
Gols: Adelardo (35), Amarildo (72 e 86)
Local: estádio Sausalito, Viña del Mar