Destaques

sábado, novembro 13, 2010

Com pênalti (de verdade) perdido, Santos fica no zero com o Grêmio

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Sem Neymar, suspenso por ter tomado o terceiro cartão amarelo recebido na partida contra o Atlético-MG, o Santos entrou mais uma vez com três volantes contra o Grêmio. É importante lembrar a ausência do jovem atacante porque, sem ele e com o meio de campo mais destruidor do que criativo (Arouca continua no departamento médico), era de se esperar um jogo sem grandes lances e com pouca técnica.

E foi o que aconteceu. O Grêmio entrou determinado a arriscar apenas nos contra-ataques, esperando mais o Alvinegro no próprio campo. Essa determinação defensiva ganhou força com a expulsão do artilheiro do Brasileirão, Jonas, que atingiu duas vezes com o braço esquerdo o incansável marcador Adriano. Se os gaúchos pouco faziam à frente, depois disso foi um ferrolho só.

Mas o Santos não conseguia chegar com perigo no primeiro tempo, mesmo dominando a partida. Na segunda etapa, com a entrada de Alan Patrick no lugar de Roberto Brum, o time peixeiro passou a ter ainda mais presença ofensiva, em geral, pelo lado esquerdo. Mas foi pelo lado direito que surgiu o lance mais agudo da partida. Pênalti (de verdade) em Zé Eduardo que, aliás, se joga muito mais que Neymar. E joga muito menos.

Marquinhos foi em direção à bola logo após a marcação, o que deu a impressão de que ele era o batedor oficial. Mas, como em qualquer pelada de praia, Zé Eduardo colocou a bola embaixo do braço no melhor estilo “eu sofri o pênalti, eu bato”. Bateu e Vítor defendeu. No primeiro turno, na vitória alvinegra no Olímpico, o arqueiro da seleção já havia defendido uma outra penalidade, cobrada por Neymar.


Claro que Marquinhos poderia ter cobrado e perdido também, mas todo time vai a campo com um batedor definido. O episódio na verdade evidencia a falta de comando de Martelotte e também uma certa irresponsabilidade de alguns jogadores santistas, que colocam a vaidade pessoal acima do coletivo. Se a partida não vale nada em termos de campeonato, vale para o torcedor que vai à Vila Belmiro e também para o que assiste de casa. De novo, cabe lamentar que o Santos tenha desistido tão cedo do Brasileirão. Por conta disso, a torcida já está desistindo de alguns jogadores também.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Cachaça para a China

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Até esta sexta-feira, 12, os chineses serão assediados por empresas de alimentação de todo o mundo. Do Brasil, a novidade é a investida da cachaça para os conterrâneos de Hu Jintao – tudo para o preparo de caipirinha. É que desde quarta-feira, 10, acontece a feira Comida e Hospitalidade na China (FHC, na sigla em inglês).

Não confunda Food and Hospitality com um ex-presidente da República brasileira. As siglas são mera coincidência.

A história está no Terra. Claro que entre os expositores há empresas como a Brasil Foods, de olho na exportação de frango e porco para o país asiático, Bauducco, querendo exportar bolacha e, quiçá, panetones, entre outras.

Mas aqui, o que interessa é que a Velho Barreiro está lá para representar a produção da aguardente de cana-de-açúcar. A melhor amiga do limão, pertencente à indústria Tatuzinho, honra a FHC com a cachaça. É a única do segmento.

Há ainda a preseça do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), que se não é cachaça, tampouco é "água não".

Nenhuma empresa do setor de açúcar tem posto marcado na feira. No máximo, está lá uma empresa de apicultura. Nada de limão taiti, tampouco, de modo que a confecção de caipirinha precisará de mais tempo para ser massificada por lá. Pelo menos se a estratégia foi respeitar a receita original.

Outros países também querem vender goró para os chineses. A Espanha leva uma lista de 12 bodegas de vinho, e outros países fazem o mesmo. São 25 empresas

Palmeiras vence reservas do Atlético-MG

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Depois de um empate na partida de ida, o Palmeiras venceu os reservas do Atlético-MG e está nas semifinais da copa Sul-Americana. A noite fria e de garoa no Pacaembu abrigou um gol olímpico de Marcos Assunção e outro de Luan, após um raro contra-ataque alviverde.

Os 2 a 0 mantém o Palmeiras em uma das duas competições que disputa no segundo semestre. O time vem jogando mal no Brasileirão, desencanado mesmo. Até porque, Luiz Felipe Scolari rende melhor em competições de estilo mata-mata.



O Atlético-MG jogou melhor do que o Palmeiras poderia ter permitido. Escrevendo de um jeito mais claro: o time mineiro teve boas chances de gol, com liberdade para avançar. Se o time não fosse o reserva ou se tivesse um meio-campo mais articulado, teria gerado problemas reais. Quando saiu o segundo gol, era o time de Dorival Jr. quem tinha melhores condições.

Valdívia entrou jogando, mas durou 16 minutos. Motivo para jornalistas perguntarem e para Felipão se irritar. O chileno está precisando tomar uns passes, uns banhos de cachaça ou qualquer coisa do gênero. Ô, fibrose chata.

Lincoln jogou bem, Kleber trombou bem... E Marcos Assunção bateu faltas e chutou a distância bem. Segue sendo a principal arma do ataque. E o meio de campo continua com mania de chutão, com dificuldades de sair em contra-ataques.

Depois de vencer o 16º colocado no campeonato brasileiro, o Verdão espera o vencedor entre Avaí e Goiás, respectivamente o 18º e 19º da classificação, ambos na zona de rebaixamento.

Mas o que importa é que o Palmeiras está nas semifinais, entre os quatro melhores da competição. Algo assim não acontecia desde o brasileirão de 2008. Que melhore. É com isso que contam palmeirenses como os 35 mil torcedores que se molharam no Pacaembu.

quarta-feira, novembro 10, 2010

O terno

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Depois de 15 anos sofrendo em cargos subalternos numa agência bancária de periferia, o manguaça foi promovido de repente a assessor especial da diretoria, e transferido para um prédio na região mais próspera da metrópole. Pêgo de surpresa, foi obrigado a renovar às pressas todo o guarda-roupa - e a comprar pelo menos um terno de grife capaz de frequentar os eventos sociais mais requintados da empresa. Com dor no coração, o manguaça espremeu o orçamento e parcelou em 18 meses um bonito e vistoso terno Armani. As parcelas mensais fizeram com que sua cachaça diminuísse pela metade, mas era por uma boa causa, pelo futuro profissional.

- Um espetáculo seu terno, Praxedes. Muito bom gosto.

- Obrigado, doutor Cardoso.

E assim, logo nas primeiras ocasiões em que vestiu a roupa, foi elogiado por todos, e especialmente pelos superiores. Mas sorria amarelo, pensando no desfalque mensal que o caríssimo e proibitivo terno havia lhe custado. Três meses depois, um colega de seção, todo cheio de dedos, o chamou para conversar.

- Praxedes, minha irmã vai casar com um alto figurão do governo, eu vou ser padrinho e não tenho roupa pra ir. Estou com muita vergonha de pedir dinheiro para o próprio noivo pra poder me vestir. Será que você não me empresta aquele seu terno?

- Ah, Medeiros, você vai me desculpar, mas não posso. Aquilo me custou uma fortuna, ainda tenho 15 meses pra quitar, morro de medo que aconteça alguma coisa.

- Por favor, eu prometo que nada acontecerá. Juro! Por favor, se precisar, eu ajoelho na tua frente!

Constrangido pelas súplicas do amigo, que já chamavam a atenção de outros funcionários, Praxedes, muito a contragosto, capitulou. Só impôs uma condição:

- Tudo bem, tudo bem. Mas faça uma coisa: use o terno apenas na igreja. Eu sei que na festa você vai encher os cornos e acabará me estragando a roupa, manchando de bebida e comida. Leve um terno seu no carro e troque depois da cerimônia.

- Pode deixar! Vou fazer isso. E depois mando seu terno na melhor lavanderia da cidade, vou te devolver melhor do que está. Muito obrigado! Você me salvou!

Naquele sábado à noite, enquanto rolava o casamento, o manguaça bebericava sua cerveja, encostado no balcão do português, com os piores pressentimentos possíveis. "Uma hora dessas meu terno já deve estar um trapo. E eu ainda tenho 15 parcelas pra quitar! Quem vai pagar? O próprio Medeiros admite que não tem um tostão furado no bolso! É o diabo, é o diabo!". Mas, na segunda-feira, o colega apareceu todo sorridente em sua mesa:

- Praxedes, você é mais que um amigo, é um irmão! Deu tudo certo. Usei seu terno somente na igreja, as fotos ficaram lindas. Depois me troquei no banheiro, guardei tudo direitinho e já enviei pra lavanderia. Na quarta-feira fica pronto e na quinta eu trago aqui no trabalho para você. Obrigado mesmo!

- Não há de quê - respondeu o manguaça, entre suspiros de alívio.

Na quinta-feira, porém, Medeiros não apareceu para trabalhar. "Justo no dia em que ia trazer a roupa de volta. Aí tem coisa! Eu bem que desconfiava", gemeu Praxedes, já temendo pelo pior. Mas calou sua preocupação, bateu o ponto, passou no português para beber a obrigatória e tomou o rumo de casa. No outro dia, ao chegar para mais um expediente, estranhou que, além de Medeiros, nenhum outro funcionário estivesse presente. Duas horas e meia depois, sem que ninguém tivesse aparecido, subiu dois andares e indagou os três ou quatro que ali se encontravam sobre o sumiço dos colegas.

- Ah, "seu" Praxedes, eles vieram mais cedo e tiveram que sair. Deixaram um bilhete para o senhor.

No papel, apenas um endereço. Nervoso e cada vez mais confuso com a situação kafkiana, o manguaça pegou o primeiro táxi que viu e se mandou para um subúrbio bem distante. O endereço era o de uma pequena capela. Ao entrar, viu de longe alguns de seus companheiros de repartição. E, antes que pudesse abrir a boca, notou, a alguma distância, um caixão circundado por quatro velas e muita gente chorando. Deitado, com algodões no nariz e as mãos entrelaçadas, Medeiros. Vestido impecavelmente com o seu bonito e caríssimo terno Armani. A família do defunto ficou muito emocionada ao presenciar o choro convulsivo e desesperado do manguaça. Nunca poderiam imaginar que um colega de trabalho demonstrasse uma amizade e uma dor tão fortes...

Tipos de cerveja 56 - As Foreign Stout

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A expressão Foreign Stout começou a ser utilizada com a Guinness Foreign Extra Stout (FES), uma versão mais forte e com mais lúpulo da clássica Guinness Extra Stout, para suportar as longas viagens às antigas colônias britânicas (algo semelhante à "fortificação" do vinho do porto). A FES ainda existe, produzida localmente em muitas das antigas províncias inglesas, como a Jamaica, o Sri Lanka e a Nigéria. De acordo com Bruno Aquino, nosso parceiro do blogue português Cervejas do Mundo, "são produtos de boa qualidade, similares à original, mas que apresentam já algumas características do local onde são produzidas. As Foreign Stouts encontram-se a meio caminho entre as Stouts normais e as Imperial Stouts. São mais doces que uma Stout mas menos robustas e complexas que uma Imperial". O volume de álcool pode variar entre 6% e 8% e elas também podem ser designadas por Export Stout. Para experimentar: Guinness Foreign Extra Stout, De Dolle Extra Export Stout e Lion Stout (foto).

terça-feira, novembro 09, 2010

Sócrates: 4 das 12 sedes terão estádios às moscas após Copa

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O ex-jogador e comentarista esportivo Sócrates vaticina: Manaus, Natal, Brasília e Cuiabá terão estádios às moscas a partir de agosto de 2014. Construídos ou reformados para o Mundial de futebol, os templos do ludopédio nessas quatro, das 12 cidades-sede, são inúteis para a prática do futebol cotidiano.

Faltam times para jogar nesses locais, na avaliação dele. Os torcedores do América de Natal e do ABC podem reclamar. Mas duvido que os do Gama e do Brasiliense o façam.

Pode ser ressentimento de um belenense como é o também médico Sócrates Brasileiro. Na capital do Pará, com toda a certeza, uma arena esportiva seria tomada a cada Paysandy x Remo (ou a cada Remo x Paysandu).

No mesmo artigo, publicado nesta semana na CartaCapital, ele sustenta que esse fenômeno da inutilização da estrutura da Copa aconteceu na França (1998) e na Itália (1990).

No caso da terra de Nicolas Sarkozy, Sócrates lembra que o PSG manda suas partidas no Parque dos Príncipes, e não no Estádio da França, na capital do país.

Faltou lembrar...

A cidade de São Paulo não se enquadra na lista de Sócrates. Ele faz lá críticas, embora o Itaquerão, estádio do Corinthians, tenha sido encapado pela prefeitura de São Paulo e pelo governo do estado. Tudo isso se deu na segunda-feira (8), dias depois do fechamento da revista semanal.

Mas além do Morumbi, preterido num misto de projeto insuficiente com muito lobby e interesse político em outras direções, o Palestra Itália está em reformas e deve ficar pronto mais ou menos na mesma época. Não para a Copa, mas com certeza para jogos de futebol.

Há ainda a futura ex-quase-casa do Corinthians, o Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. Há o Canindé, o mais bem localizado estádio da cidade do ponto de vista do transporte público e privado. E, na Grande São Paulo, a Arena Barueri, órfã de clube de futebol profissional até que o Grêmio Prudente debande do extremo oeste do estado.

Desses, o uso está garantido.

Mas a teoria dá o que pensar.

Adílson Batista e a possível volta do futebol pra frente

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A contratação de Adílson Batista como novo treinador do Santos é daquelas que deixa o torcedor algo ressabiado. Não que não seja um bom técnico, montou um Cruzeiro bastante interessante nos últimos dois anos, mas, por outro lado, não conseguiu impor seu estilo ao Corinthians. Como dito no post abaixo, sua escolha é fruto de uma má avaliação e de uma frustração: a diretoria santista empurrou o Brasileiro com a barriga, pois o julgou perdido cedo demais, e não conseguiu fechar com Abel Braga, nome tido como o melhor para a Libertadores 2011 (a velha ansiedade besta pelo torneio continental que tanto maltrata alguns clubes brasileiros).

Mas, na prática, Adílson tem um currículo pior do que o do demitido Dorival Júnior. O que pode ser um fator a mais para estimular o técnico. Assim como o atual treinador do Atlético-MG, ele tem a chance de conquistar títulos relevantes, que possam ser mais significativos do que alguns dos estaduais menos cotados que traz no currículo.

O técnico nunca caiu totalmente nas graças do torcedor do Cruzeiro e sua última passagem pelo Corinthians também não deixou saudades. Como lembra o Edu aqui, foram 7 vitórias, 4 empates e 6 derrotas. Mas, como diria Ortega y Gasset, eu sou eu e minhas circunstâncias. No Timão, sucedeu Mano Menezes, treinador vitorioso no clube, com um estilo defensivo – ora retomado por Tite - bem distinto daquele que Adílson gosta. Com as contusões de jogadores importantes em seu período como treinador (e talvez o Corinthians tenha um elenco em que a distância entre titulares e reservas seja bem mais significativa do que em outros clubes), sofreu mais do que esperava, mas conseguiu mudar um pouco o estilo de atuar, como mostram as estatísticas: a equipe passou a driblar mais, 14,5 contra 10,35 da era Mano e a média de passes aumentou, 399,64 contra 311,2. Contudo, a média de gols feitos aumentou pouco, 1,88 X 1,80 e a de gols sofridos aumentou bem: 1,41 contra 1,09.

O que ficou evidente na passagem de Adílson no Parque São Jorge é que os jogadores não assimilarem seu estilo mais ofensivo, tanto que Tite retomou em parte o estilo Mano. No Santos, os atuais atletas se deram bem justamente com uma forma de jogar mais ofensiva, alternando o toque de bola e a velocidade, e aí a balança pesa a favor do novo comandante. Ao mesmo tempo, o ponto que talvez seja o principal de qualquer trabalho de técnico é o relacionamento com atletas e aí o atual comandante santista se deu mal no Corinthians. Mas novamente é bom ressaltar as diferenças: o perfil dos atletas era bem diferente do que ele vai encontrar no Santos, principalmente no que diz respeito à idade.

Adílson é uma aposta, como foi Dorival e como são quase todos (ou todos?) os técnicos brasileiros hoje em dia. Pode-se ter a garantia de bons trabalhos, nunca de títulos. Mas a possibilidade de se resgatar o futebol ofensivo que faz parte da história santista pode compensar a sensação de tempo perdido por parte do torcedor. Como disse o próprio treinador em entrevista na semana passada: "O Santos (de 2010, com Dorival Júnior) provou ser possível jogar com três jogadores na frente, o Barcelona não deixa de vencer por causa disso, o Manchester (United) joga com dois abertos e dois na frente. Não vejo problema". Também não vejo problema, mas as contratações que o Santos fizer, sob os auspícios de Adílson, é que terão um peso decisivo para saber se a possível ofensividade irá se traduzir em títulos.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Visão de perto: pintou o campeão

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Há exatamente um ano, observando as últimas rodadas do Brasileirão de longe, lá de Dublin (Irlanda), fiz um post cravando o Flamengo como favorito para levantar a taça. Naquela data, os cariocas tinham vencido por 3 a 1 o Atlético-MG, que fazia ótima campanha, em pleno Mineirão lotado. Uma vitória daquelas, na minha opinião, dava muita moral - apesar de, na época, o Flamengo ter alcançado apenas a terceira posição na tabela, um ponto atrás do Palmeiras e dois do São Paulo, que era o líder. Faltavam só quatro rodadas mas, menos de um mês depois, no último jogo, o Flamengo confirmou meu palpite.

Pois agora, acompanhando a edição deste ano de perto, aqui no Brasil, eu volto a apostar em um favorito, e desta vez até com maior convicção: vai dar Corinthians. Como disse aqui no post da semana passada, caso os alvinegros vencessem o clássico contra o São Paulo, "na minha humilde opinião, ninguém conseguirá evitar que a taça vá para o Parque São Jorge". Não tô secando, não (antes fosse e tivesse alguma possibilidade de funcionar!). O Corinthians venceu por 2 a 0 e, mais que tudo, convenceu, jogando o fino da bola, contra um adversário que também atuou muito bem, num Morumbi lotado de sãopaulinos. É, inegavelmente, um resultado que dá muita moral - ao contrário das magras e suadas vitórias do Cruzeiro (contra o esforçado Vitória) e do Fluminense (contra o insosso Vasco), ambas por 1 a 0.

O Corinthians se recuperou e voltou a vencer na hora certa. Fatores decisivos foram a troca de técnico, que aliviou a pressão, e a volta de Ronaldo, cuja força de vontade e gana de vencer, disputando os 90 minutos de todos os últimos cinco jogos, uniu e motivou o elenco. Além disso, o time tem quatro jogadores fundamentais: Chicão na zaga, Alessandro na lateral direita e Elias e Bruno César no meio (fora o goleiro Júlio César, em fase excelente). O Corinthians pode prescindir de qualquer um dos outros titulares, menos dos quatro citados, que são a espinha dorsal do forte e convincente futebol apresentado em campo. Bruno César eu já elogiei. Elias (foto), para mim, é jogador de seleção. E eu admiro muito a raça e a eficiência de Alessandro e Chicão. Jucilei, Ralf e Roberto Carlos também merecem aplausos.

No mais, já que o exercício aqui é de palpitagem, vamos às últimas rodadas. Na próxima, nesta quarta-feira, o Corinthians deve pavimentar seu caminho ao título com vitória sobre o Cruzeiro, no Pacaembu abarrotado. Não acredito que o time de Minas, em franca decadência, consiga vencer diante de um rival tão embalado e da pressão da torcida adversária. Se acontecer, lembrará a final da Copa do Brasil de 1996, quando a Raposa bateu o Palmeiras dos 100 gols em pleno Parque Antartica. Repito: não creio em vitória cruzeirense, é muito improvável. No outro jogo, o Fluminense tem tudo pra vencer o Goiás em casa. Mas aí sim eu acho que pode dar zebra. Tratando-se do Goiás, nunca se sabe...

Já na 36ª rodada, o Vitória não será páreo para o Corinthians, mesmo jogando na Bahia. O Cruzeiro pode até vencer o Vasco em Minas, mas acho que esse jogo tá com cara de empate. Assim como o confronto entre São Paulo e Fluminense, no Morumbi. O tricolor carioca anda tão irregular que, se bobear, pode até perder. Daí vem a penúltima rodada: pra mim, o Corinthians vence o Vasco no Pacaembu, o Fluminense vence o Palmeiras em São Paulo (pois o alviverde estará mais focado na Sulamericana) e o Cruzeiro vence ou empata com o Flamengo em Minas. Na última rodada, o Fluminense vence o Guarani e o Cruzeiro vence o Palmeiras. E o Corinthians passeia contra o rebaixado Goiás.

O palpite, então, é mais ou menos o seguinte: Corinthians campeão (72 pontos), Fluminense vice (entre 69 e 71), Cruzeiro terceiro (entre 65 e 68).

Ou não (rsrs). Como diria Garrincha, "falta só combinar com os russos". Mas eu, se fosse corintiano, já estaria muito animado com o (bem provável) título do centenário. Façam suas apostas!

Atlético-MG e Santos, Dorival e a reflexão tardia

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O empate em 2 a 2 do Santos com o Atlético-MG traz algumas reflexões. Como a disputa pelo título já havia sido praticamente sepultada após o empate como Vitória no meio de semana, restava ao Peixe fazer uma apresentação digna diante do ameaçado Galo. Garra e determinação não sobraram ao Santos (nem ao Atlético), mas faltou algo que sobrava ao time no primeiro semestre: a volúpia de ir à frente.

Claro que a comparação pura e simples com aquele time pode ser cruel, pois hoje o Alvinegro não conta com Wesley, André, Robinho e o contundido Paulo Henrique Ganso. Mas, mesmo quando jogava com o time misto ou quase todo reserva, a vontade ofensiva se fazia presente no Santos de alguns meses atrás, muito por conta da forma de jogar proposta por Dorival Junior. Na partida em Sete Lagoas, Marcelo Martelotte tinha seis jogadores fora de combate, mas tinha Alan Patrick como opção para o meio. Preferiu atuar com três volantes, estreando Possebom junto às entradas de Rodriguinho e Adriano.

Diante da escalação santista, só restava ao Atlético-MG fazer o óbvio: pressionar a saída de bola peixeira. Conseguiu se manter boa parte do jogo no campo santista, mas sofreu o primeiro gol em jogada individual de Neymar. Mesmo sem criar grandes chances, ainda que dominando as ações, a equipe mineira chegou ao empate com Diego Tardelli.


O espaço entre o gol santista e o do empate foi simbólico. Um time pressionava e o outro se defendia, sem conseguir acionar os rápidos contra-ataques que caracterizaram a equipe há alguns meses. Isso em função não apenas da escalação defensiva do técnico, mas também da falta de mobilidade de Marquinhos, que, sem a companhia de Ganso para dividir a armação, não mostrou desde a contusão do parceiro condições de exercer essa função sozinho. Fez mais uma partida pífia e sua substituição por Alan Patrick na segunda etapa foi mais que tardia.

Na segunda etapa, a virada merecida fez com que finalmente o comandante santista alterasse o time. Além de Patrick, Marcel também entrou na equipe e o esquema com três volantes se desfez. O time chegou ao empate com Neymar novamente, em uma falha do goleiro, assim como no segundo gol do Galo. Uma chance ou outra de definir o jogo de cada lado, mas o empate permaneceu ao final. Justo pelas condições técnicas apresentadas por cada um, injusto pela maior vontade de vencer do Atlético-MG. Mas só vontade não ganha jogo.

*****

Foco de toda a mídia antes da partida começar, o abraço de Neymar e Dorival Junior é menos relevante do que o fato de todos os atletas santistas terem ido abraçar o ex-treinador. Fica a impressão de que não havia desgaste (além do natural) entre o comandante campeão paulista e da Copa do Brasil com o elenco. Sua demissão de fato se deu em função de um episódio que se desdobrou em vários. À quebra de hierarquia de Neymar, se sucedeu a quebra de hierarquia de Dorival, querendo punir o atelta mais do que o acertado com a diretoria. E a direção santista, assim como o ex-técnico, exagerou na punição.

Tal desprendimento dos diretores à época poderia ter mais de uma leitura, como a de que o Alvinegro tinha um técnico em vista e não queria seguir com Dorival em 2011. No entanto, a manutenção de Martelotte no cargo deixou evidente também que a diretoria do Santos tinha desistido do Brasileiro. Ou que fez a aposta de que um interino poderia dar novo gás à equipe, a exemplo do que aconteceu com o Flamengo em 2009. Contudo, a principal diferença é que aquele Flamengo era um time de cobras criadas, enquanto o Santos tem muitos garotos que não podem prescindir de um treinador com alguma tarimba.


O resultado é que, mesmo com as séries ruins de Fluminense e Corinthians, o interino santista conseguiu a medíocre marca de 39,4% de aproveitamento em 11 rodadas, índice semelhante ao do Flamengo. Dorival, mesmo assumindo um time arrasado pelo “gênio” Vanderlei Luxemburgo e pelas contratações da diretoria mineira, conseguiu até agora 50% dos pontos disputados (contra 29,8% do hoje treinador flamenguista), o que deu alento para uma equipe antes quase fadada ao rebaixamento.

Aliás, é a segunda vez seguida que Dorival tenta consertar a "obra” de Luxemburgo. No Santos do "gênio", Neymar era mais reserva do que titular, Ganso não tinha a confiança de Luxa, André mal sentava no banco de reservas e muitos na Vila não queriam a volta de Wesley, emprestado a pedido do ex-treinador. A equipe de Luxemburgo também era montada vez e outra com três volantes, assim como a que enfrentou o Atlético-MG. Por isso, a equipe que jogou contra o Galo lembra mais (em números e no jeito) o time do “profexô” do que o do primeiro semestre. Sem vontade ofensiva e igualmente sem padrão de jogo. Espera-se um técnico para 2011.