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Em visita a Belfast, capital da Irlanda do Norte, eu e o camarada mineiro Ricardo Otoni perguntamos por um pub tradicional e um cidadão local nos indicou o Whites Tavern (foto acima), o mais antigo da cidade. Seguimos as instruções, viramos à esquerda, na Winecellar Entry, e nos deparamos com um bequinho bem estreito. Pronto, lá estava o bar, fundado em 1630 e onde, segundo a inscrição sobre a porta de entrada, os irlandeses se reuniram por séculos enfrentando pragas, cólera, fome, duas rebeliões, os ataques aéreos alemães e a guerra entre católicos e protestantes. Lugar mágico. O teto é feito com toras de madeiras ancestrais, há uma lareira e uma sala para fumantes. Pequeno, simples, rústico, aconchegante - tudo o que um veredadeiro pub deve ser. Tomamos umas das melhores Guinness das Irlandas. E é claro que o bar tem ligação com os jornalistas, esses bêbados atemporais: o jornal Mercury foi fundado dentro do Whites, na década de 1850.
Bom, saindo de lá, passamos pelo palácio do governo, a imitação em escala menor do Big Ben (que, como a Torre de Pisa, está torto) e lavamos as mãos na Calder, a fonte mais antiga de Belfast (à direita). Trata-se de um monumento, digamos, ''ecologicamente correto''. Está escrito lá: ''Erguida como memorial a Francis Anderson Calder, fundador da Sociedade de Prevenção da Crueldade com Animais''. A data: 1859. A fonte fica próxima a uma agência de um banco chamado First Trust, o que nos levou a pensar que pode até ser a ''primeira confiança'', mas, se o banco quebrar, pode ser a última...
Depois demos umas voltas pelos bairros católicos e protestantes. Esses grupos não se misturam e, apesar de terem parado de se matar já há um bom tempo, ainda cultivam muito ódio religioso, com inscrições e bandeiras. O clima é de enfrentamento. Nos muros, os católicos exaltam o IRA (Irish Republic Army) e líderes como Bobby Sands (veja muro local abaixo), que morreu em greve de fome há 28 anos. O bairro parece uma cidade à parte.
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Já no lado protestante, onde toda casa, prédio, loja ou bar ostenta solenemente uma ou várias bandeiras do Reino Unido e às vezes, como complemento, grafites e inscrições saudando a rainha Elizabeth, da Inglaterra (tem orgulho disso), o exército cultuado é o UVF (Ulster Volunteer Force), como na parede abaixo. Como estávamos em um ônibus com placa de Dublin, o ambiente, definitivamente, não nos parecia muito amistoso.
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Pra arrematar, passamos pelos estaleiros onde onde o Titanic foi construído, há quase um século (à esquerda). Numa lojinha local, vi uma camiseta na qual estava escrita uma das melhores provocações jamais vista, ''Titanic: construído por irlandeses, afundado por ingleses''. Sensacional, pois trata-se da mais pura verdade! Outra camiseta mostrava o navio deixando o porto de Belfast com destino a Liverpool, com a seguinte legenda: ''Estava tudo certo quando saiu daqui''. Até pensei em comprar uma e mandar para a Thalita usar em Londres, mas pensei bem e não quis comprometer sua integridade física.
Antes da volta, passamos num supermercado para conferir que, realmente, o goró (principalmente destilado) custa bem mais barato no Reino Unido. Comprei uma lata de Jack Daniel's misturado com Coca-Cola (à esquerda) e trouxemos a cerveja inglesa Black Sheep Ale (à direita).
Deliciosa - o que me estimula a apostar nesse tipo (ale) quando decidir, finalmente, produzir minha própria cerveja. Bom, essa foi uma pequena pitada de Belfast, com cerveja, uísque, história e política. Ficou faltando o futebol, mas o histórico irlandês não me animou a procurar alguma coisa por lá, não. Porém, se é por falta de link, não seja por isso: confiram o post que fiz sobre George Best, um dos maiores jogadores (e bebuns) de todos os tempos, legítimo filho da terra. Tanto que dá nome ao aeroporto de Belfast. É isso. See you!