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sexta-feira, maio 25, 2012

Libertadores 2012: semifinal, teu nome é Léo

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A partida valia pelas oitavas de final da Libertadores de 2003. O Santos havia saído na frente na Vila Belmiro, contra o Nacional de Montevidéu, mas sofrera o empate aos 38 do primeiro tempo. Três minutos depois, uma falta pelo lado direito do ataque uruguaio, daquelas que pedem um chuveirinho na área. Mas O'Neill chuta direto e Fábio Costa falha. Silêncio na torcida. O arqueiro peixeiro, minutos depois do lance, ainda sente e permanece estático, semi-ajoelhado no gramado. Quando a bola pára, o lateral esquerdo Léo vê a cena, atravessa o campo, estende as mãos para o goleiro (que, diga-se, não costumava ter atitude similar com companheiros de time) e o ergue, incentivando o atleta a voltar à partida. A torcida vai junto com Léo, carrega o goleiro no colo e, na decisão por penalidades, Fábio Costa, que nunca foi pegador de pênaltis, defende três e o Peixe se classifica para as quartas.

A História vai dizer que Léo foi coadjuvante nessa peleja, mas a cena dele apoiando seu companheiro nunca me saiu da cabeça. Não é só o atleta, é o tal do caráter, aquela coisa de você olhar a atitude do cara e pensar que poderia ter alguém assim do lado quando pisou na bola naquela vez... E justamente ele, que penou pra chegar lá, foi dispensado por Felipão no Palmeiras em 1999. O técnico não aprovaria um atleta de 1,66 m de altura e Léo, por destino, fez carreira no Alvinegro a partir do ano 2000.

Tornou-se campeão brasileiro pelo Santos em 2002, fez o gol de empate do time contra o São Paulo, na segunda partida das quartas de final, e marcou o tento da vitória contra o Corinthians, na peleja derradeira da finalíssima. E de pé direito. Foi para a seleção brasileira, venceu a Copa das Confederações de 2005 e partiu para o Benfica. Voltou em 2009. Guerreiro, para a torcida. Deus, para o amigo Olavo. Quem diria que seria o personagem decisivo da vitória peixeira contra o Vélez Sarsfield, na partida desta quinta, siando da reserva.

Os três e os do fundo eram um só (Foto Santosfc)

Quando Muricy substituiu Juan por Léo, já havia colocado em campo o semi-atacante Rentería, o único disponível na suplência, já que a outra opção, Borges, se contundiu antes do jogo. Precisando furar a retranca dos argentinos, que se protegiam com as famosas duas linhas de quatro (ainda mais postadas no fundo depois da expulsão de seu goleiro no fim do primeiro tempo), o treinador resolver investir nos lados do campo. A retranca era das mais eficientes, mas o ataque portenho pouco produzia. Rafael só viu a bola ser finalizada ao seu gol nas cobranças de pênaltis.

Ganso fazia um pouco mais do que fez no jogo de ida, mas ainda assim era muito pouco. Neymar se mexia de lá pra cá, buscava a bola, chamava a responsabilidade. Conseguiu expulsar o arqueiro rival no fim da primeira etapa. Na segunda, em um lance, atravessou o campo de lado a lado e conseguiu criar uma oportunidade para o time. Mas o gol não saía. E voltamos à entrada de Léo, que, como mostraram as imagens, logo em sua entrada motivou os companheiros a buscar o resultado.

O lateral entrou para fazer a diagonal, para se aproximar da área, algo que Juan não estava conseguindo fazer. E foi em um desses lances que ele tocou para Ganso, que devolveu – um dos únicos passes certos do meia que não foram de lado ou pra trás. E Léo, mesmo caindo, conseguiu assistir Alan Kardec, que finalizou de primeira para o gol. Indefensável. O atacante, que quase entrou pra súmula da partida como o Diego Souza da vez ao perder um gol quase feito minutos antes, se redimiu. Segundo ele, o “profeta” Neymar o avisou que marcaria o gol, depois que perdeu a outra oportunidade. Acertou.

Com 1 a 0, decisão por pênaltis. O Santos já havia passado por outras duas em Libertadores. Aquela, contra o Nacional, em 2003; e contra a LDU, em 2004. Venceu as duas, sem desperdiçar nenhum pênalti. E ontem, não foi diferente.

Coube a Léo, como por destino, fazer o gol da classificação alvinegra, após Canteros – que entrou só para as penalidades – finalizar pra fora, e Rafael defender outro pênalti. Classificação sofrida, mas que a ela pode-se atribuir um nome. Às vezes, o futebol faz justiça.

Adendo

E para o tonto do assessor do Vélez que quis fazer galhofa com a morte do mestre Chico Formiga:



quinta-feira, maio 24, 2012

Quando alguns segundos valem mais que o jogo inteiro

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A expressão “jogo de xadrez” costuma ser muita usada para definir uma partida disputada, pegada, na qual fica difícil fazer algum prognóstico com a bola rolando. Mas poucas partidas de xadrez de alto nível são decididas em um lapso, em um lance impetuoso ou com voluntarismo e pitadas de sorte. Ontem, nas duas partidas da Libertadores, com cenários totalmente distintos, foram necessários poucos segundos para que fossem definidos os dois primeiros semifinalistas do torneio.



Na que abriu a noite, entre Fluminense e Boca Juniors, os argentinos foram subjugados na maior parte dos 90 minutos da peleja. A marcação do Fluminense, em especial de Edinho, sobre Riquelme, fez com que o craque portenho sumisse durante quase todo o jogo. Quase. Uma folguinha dada ao craque adversário, daquelas que acontecem no fim do jogo, como a que permitiu que Maradona fizesse seu único lance contra a seleção brasileira, na Copa de 1990, foi suficiente. Riquelme respirou e pôde tocar para Rivero, que finalizou, resultando no gol de Santiago Silva, o grosso artilheiro que faz as vezes que Palermo já fez um dia.

O Boca precisou jogar um pouco mais que o Fluminense por alguns minutos, na parte derradeira da partida, para eliminar os cariocas. Se jogando mal eles ganham, imagine jogando bem?, refletem os argentinos. E os brasileiros deitam no divã.

Na peleja seguinte, Diego Souza, que leva consigo a fama de desaparecer em decisões, apareceu. Sozinho como nunca havia acontecido com o Corinthians de Tite, do meio de campo até a área. Mas tremeu diante de Cássio, arqueiro que parecia pedir pra tomar gol, performance coroada com o passeio para a caça de borboletas no último lance vascaíno da partida. Goleiro tem que ter sorte também, diria o filósofo. E não se perdoa quem perde um gol desses. A bola pune, como diria outro pensador.



Puniu justamente naquele tipo de lance de fim de jogo, quando os marcadores já não aguentam mais marcar. Porque foram quase 180 minutos em que a marcação foi a tônica, de lado a lado. O cerco vacilou, Paulinho fez. Diego Souza, não. E essa foi quase toda a diferença.

terça-feira, maio 22, 2012

Rússia proíbe álcool para atletas nas Olimpíadas de Londres

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Nas Olimpíadas de Inverno, realizadas em Vancouver, em 2010, os russos pretendiam ganhar entre 30 e 50 medalhas, mas levaram pra casa apenas 15. Para não repetir o feito nos Jogos de Londres, o Comitê Olímpico russo já elegeu seu bode expiatório: a bebida alcoólica. De acordo com o jornal Kommersant, de ontem, a delegação do país está proibida de chegar perto de qualquer canjibrina na Inglaterra. Mesmo os brindes comemorativos após as vitórias estão proibidos.

O porta-voz do vice-primeiro-ministro do país, Dmitri Kozal, declarou a outro jornal local, o Olia Djous, que "os valores olímpicos não são compatíveis com o álcool". O Kommersant lembra que, na competição disputada no Canadá, alguns atletas teriam passado um pouco do tolerável em relação ao álcool. "Os resultados foram péssimos, mas as festas foram as mais barulhentas", relata o periódico, citando uma noitada na qual foram usadas duas imitações de bombas de gasolina que não forneciam o combustível fóssil. Uma servia vodca e, a outra, uísque.

Precedentes históricos

Pela sua íntima relação com o álcool, em especial com a vodca, os russos têm mesmo motivo para se preocupar. Como consta nesse texto de Felipe Van Deursen, o destilado também foi considerado culpado pela derrota do país na Guerra Russo-Japonesa, em 1905, sendo que generais japoneses, em lapso de modéstia, atribuíram algumas das suas vitórias ao excesso etílico dos soldados rivais.

Carregamento etílico na Rússia czarista
Já na Primeira Guerra Mundial, em 1914, o czar Nicolau II decretou a primeira lei seca da história, e os militares russos conseguiram se aprontar para o combate na metade do tempo esperado. Mas, como a vodca era um dos principais pilares econômicos do país, o governo passou a arrecadar um terço a menos em impostos, veio a hiperinflação, o contrabando de bebida ilegal que era mais prejudicial à saúde, além de as pessoas terem ficado desprotegidas diante do frio que assola boa parte da Rússia no inverno. O czarismo caiu, não só por causa da vodca, obviamente, mas ela parece ter ajudado...

O alcoolismo preocupa as autoridades do país, que tem como meta diminuir o consumo médio anual de álcool por pessoa – hoje em 15 litros – em 72% até o ano 2020. Mesmo sendo uma preocupação do poder público, a relação dúbia do governo em relação à bebida continua, tanto que o Kremlin lançou há pouco mais de dois meses sua própria marca de vodca, para ser servida em eventos oficiais. Haja garganta.

segunda-feira, maio 21, 2012

O jogo que resume a temporada são-paulina

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POR MORITI NETO

Tempos injustificáveis sem escrever. Sem saber como voltar, o domingo e a derrota doída me deram a deixa. “Não podemos continuar jogando desse jeito. É melhor fazer só um gol e não tomar nenhum”, a frase é de Luis Fabiano após o jogo de ontem entre São Paulo e Botafogo e ilustra bem o momento, ou melhor, o ano do Tricolor Paulista. Não que o atacante tenha descoberto a América, mas o Tricolor precisa arrumar a casa rápido se quiser algo de bom em 2012.

Ataque desordenado, defesa confusa (Rubens Chiri /saopaulofc.net)
No Engenhão, a partida foi dessas que sintetizam o desempenho de uma equipe ao longo da temporada. A derrota por 4 x 2, de virada, não poderia ser considerada tão normal – ainda que o futebol seja o esporte que permita a Bayern e Chelsea chegarem até uma decisão de Liga dos Campões da Europa com os atuais Barcelona e Real Madrid na parada.

Contudo, não é surpreendente a derrota são-paulina e nem mesmo a forma como ela se deu. O Tricolor é uma equipe (?) desestruturada em todos os setores, o que se reflete nas vitórias somente contra times fracos e muitas dificuldades à frente de agremiações de mais peso, ainda que seja um Botafogo cabisbaixo, eliminado da Copa do Brasil pelo Vitória da Bahia e derrotado inapelavelmente pelo Fluminense nas finais do Campeonato Carioca.

Tudo muito mal

A defesa são-paulina é inconsistente. Com um solitário Rodolpho e os fraquíssimos Paulo Miranda e Edson Silva como opções de dupla. Denis é um goleiro inseguro, rebate muito e espalma a qualquer lado.

O meio não tem pegada e o motivo nem é não dispor de um volante daqueles que dá o bote. A questão é que o time joga distante, não há aproximação. Com isso, os laterais Douglas e Cortez, bons para atacar, quando passam rumo à linha de fundo, não encontram com quem fazer o jogo.

Na frente, existe qualidade técnica, mas a ausência de clareza do que fazer em campo é evidente. Lucas, Luis Fabiano e Jadson são peças que não se encaixam, embora as características apontem para um bom casamento. Um carrega demais a bola, o outro sai da área mais do que devia e o terceiro, de quem se espera mais controle do ritmo, recebe pouco a redonda, já que ela passa por cima do meio campo diversas vezes, no chutão.

O esquema – e não dá para isentar Leão – é o de “todos ao ataque”, mas sem organização. O time é um bando quando tem a bola, correndo em direção ao campo do adversário como se apenas lampejos individuais resolvessem as disputas. Quando o esférico está com o adversário, o São Paulo não sabe jogar. Aí, é a festa dos rivais pelos lados, pelo meio, e tome bola na área em cima da zaga fragilizada e do goleiro assustado.

Além disso, a estrutura descompensada também está fora de campo. Juvenal Juvêncio e asseclas seguem aprontando. O culminante da temporada foi afastar o fraco Paulo Miranda depois da semifinal do Paulista. Agora, o moço, sob a batuta de Leão, volta como titular, fraquejando. Nessa situação bizarra, se o zagueiro é bom ou ruim não é o problema. A pergunta, basicamente, é: quem avalizou a contratação?

Luis Fabiano já disse. O São Paulo precisa mudar. Porém, a questão está longe de se resumir ao projeto de jogo. É bem mais do que isso. É urgente trabalhar por uma nova proposta de clube.

domingo, maio 20, 2012

Borges vacila, e Santos B não sai do zero com o Bahia

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O Santos entrou em campo (debaixo de muita chuva) com o time reserva, sendo que cinco jogadores fizeram sua estreia com a camisa alvinegra. No caso, com o terceiro uniforme, a camisa azul. Gerson Magrão e Bernardo já estão na Vila há tempos, mas só agora puderam jogar. Galhardo e David Braz, que vieram do Flamengo na negociação com Ibson, e Ewerton Páscoa, que no fim de semana passado enfrentava o Peixe jogando pelo Guarani, foram os outros debutantes.
Mesmo com a esperada falta de entrosamento, o Santos fez rodar a bola e trocou muitos passes, mantendo a redonda sob seu domínio a maior parte do tempo. Felipe Anderson exerceu uma nova função, revezando na ala direita com Galhardo, um expediente que Muricy Ramalho usou bastante no São Paulo em outros tempos. Tanto um quanto o outro levaram perigo no apoio na primeira etapa, mas também sofreram com as investidas de Lulinha por aquele setor.
Bernardo levou perigo nas cobranças de escanteio. Em duas delas, quase saiu o tento santista. Borges chamou a atenção pela disposição. Correu, marcou, desarmou, deu opção ao ataque saindo pelos lados... Mas quando a bola esteve na zona onde tem o atacante tem conforto, na área, ele não conseguiu conferir por duas vezes na etapa inicial.
Já na segunda etapa, o Bahia voltou com mais disposição, pegando mais no meio de campo e explorando também o lado esquerdo da intermediária peixeira. E começaram as baixas do visitante. David Braz já havia saído no primeiro tempo com lesão, e Galhardo também pediu para sair antes da metade do segundo tempo. Os donos da casa fizeram uma blitz durante quase dez minutos, logo depois dos 22, mas não furaram a defesa alvinegra. Na frente, Borges, e principalmente Renteria, não seguravam a bola na frente e eram presa fácil dos zagueiros da Boa Terra.
As oportunidades peixeiras, enfim, surgiram quando a partida também começou a pesar para os tricolores. E aí apareceu Borges. Por duas vezes ele teve a chance de dar a vitória ao time B, ambas na cara do goleiro, mas desperdiçou as duas. Em que pese todo seu esforço na peleja, mostrou o porquê de estar na reserva.

Léo, mesmo cansado, aguentou o ritmo da jogo até o fim (Santos FC)
É preciso destacar também a atuação de Gerson Magrão, que jogou na meia e foi bem na cobertura pelo lado esquerdo, além de mostrar lucidez e aparecendo bem dando apoio ao ataque. Levando-se em consideração que não jogava desde agosto, por problemas contratuais com seu ex-clube, o Dinamo de Kiev, mostrou que pode ser útil no restante da temporada. Bernardo se esforçou, mas não conseguiu ser efetivo, a não ser em uma outra bola parada.
Ao fim, o zero a zero marcou um rodada de estreia em que os paulistas não venceram. Dadas as circunstâncias, para os visitantes o resultado não foi tão ruim. Mas se Borges tivesse caprichado um pouco mais...


Pra não dizer que não falei de Vélez e Santos


Com algum atraso, um breve comentário sobre a peleja em que a equipe argentina bateu o Santos em Buenos Aires, por 1 a 0. O Alvinegro jogou mal, foi dominado pela marcação portenha e não teve criatividade para criar no ataque. Embora a imprensa hermana tenha exaltado a partida feita por Peruzzi, ele foi só um dos marcadores de Neymar. Como explicou Ricardo Gareca, o garoto recebeu marcação dupla, com rodízio de atletas, e, ainda que não tenha brilhado como de costume, conseguiu cavar algumas faltas, tentou resolver sozinho mas não teve companhia de ninguém ao seu lado, exceção feita a Juan que vez ou outra o apoiava, e de Ganso, em um lance isolado e desperdiçado.
Aliás, o camisa dez peixeiro fez uma das suas piores atuações com o manto. Vez ou outra um craque não estar inspirado faz parte, mas o meia falhou na disposição tática também, e isso compromete o resto do time. Se Neymar é bem marcado, algum espaço sobra para um meia que chega, mas ele não chegou. Para os alvinegros superaram a marcação feita em seu próprio campo, o dez também teria que buscar mais a bola para aliviar a defesa, mas não o fez. Quando Ganso participa da marcação, aliás, também possibilita o avanço com bola de Arouca, que pouco pôde fazer à frente.
O distanciamento da defesa e do meio de campo santista foram fatais, mas o prejuízo não foi maior pela ineficiência ofensiva do Vélez, que marca bem, mas não é um time dos mais imaginativos na frente. O Santos deve penar na Vila Belmiro para superar os argentinos, mas, descansados, os peixeiros devem fazer um papel bem melhor do que o desempenhado na Argentina. Vai ser preciso mais aproximação e marcação mais forte o meio de campo – evitando principalmente as chegadas do volante Cerro – com velocidade de saída para o ataque. Neymar, obviamente, pode decidir, mas Ganso vai ser fundamental.