Destaques

sexta-feira, agosto 15, 2014

Vida buena

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Enquanto o time do São Paulo segue acumulando vexames imperdoáveis, como o 3 x 1 que tomou do Bragantino (que está na zona de rebaixamento do Brasileiro da Série B) em pleno Morumbi, sendo eliminado precocemente da Copa do Brasil, as falácias sobre "melhor elenco do Brasil", "time de galáticos", "favorito ao título nacional" e "exemplo de gestão e de administração" ficam ainda mais constrangedoras quando atentamos para algumas notícias recentes sobre o clube. Sinais de que as coisas nem de longe são tão maravilhosas como tentam nos fazer acreditar: o patrocinador master desistiu; logo, a diretoria já começou a atrasar salários; logo, a matemática financeira implora pela (surpreendente e inacreditável) venda do lateral-direito Douglas para o Barcelona para respirar um pouco no fechamento das contas - mas a transação corre o risco de não acontecer.

Pra complicar ainda mais, a grave lesão do volante Rodrigo Caio, que operou o joelho e só volta em 2015, implodiu uma transferência quase certa para o futebol europeu, que também era dada como certa para ajudar no pagamento dos salários proibitivos de Alexandre Pato, Alan Kardec, Kaká & cia. Curiosamente, prestes a perder um lateral-direito e sem muitas opções para substituí-lo (Luís Ricardo foi um dos piores em campo na eliminação contra o Bragantino e o jovem Auro ainda não inspira confiança), o São Paulo contratou um... lateral-esquerdo (!). O canhoto Michel Bastos chegou para disputar vaga onde Álvaro Pereira já é titular absoluto e Reinaldo, o reserva, teve contrato renovado por 4 anos. Qual torcedor sãopaulino consegue entender essas vendas, compras e renovações? Mas o mais incrível é que existe um quarto lateral-esquerdo no clube: Clemente Rodríguez.

Materinha do site Gazeta Esportiva revela a "vida buena" do argentino, que foi comprado do Boca Juniors em junho do ano passado e fez apenas três partidas como titular, sendo expulso logo na estreia. Afastado do elenco principal desde abril deste ano, Clemente ganha R$ 150 mil mensais para não fazer absolutamente nada além de cumprir um burocrático expediente de exercícios com a garotada das categorias de base, no Centro de Treinamentos de Cotia. A notícia compilou alguns momentos do lateral postados por ele e pela namorada no Instagram, "curtindo a vida adoidado", enquanto o São Paulo passa vexame em cima de vexame - eliminações para a Ponte Preta na Sul-Americana, para o Penapolense no Paulistão e para o Bragantino na Copa do Brasil - e a diretoria se vê em apuros para honrar seus pesados compromissos financeiros ou reforçar a defesa.

Clemente trocando lâmpada, curtindo onda de D-Jay, tomando sol na praia, tirando foto com a garotada, experimentando roupas caras e tomando champagne fino e dando voltas de jet ski nos EUA: vida buena



Essa é mais uma prova de que, no São Paulo, tudo está muito "certo como 2 e 2 são 5"...

quinta-feira, agosto 14, 2014

Mídia já incensa 'Madre Marina de Calcutá'

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Dando sequência à precisa análise do camarada Di Massad, em outro post feito hoje (clique e leia aqui), sobre os possíveis cenários políticos após a trágica e inimaginável morte do candidato à presidente Eduardo Campos, registro aqui algumas pistas do que pode acontecer - ou já está acontecendo - no pós-susto. Parece nítido que, apesar da hesitação e dos (justos) receios (e interesses) do PSB, a mídia passou a fazer campanha aberta pela oficialização de Marina Silva como candidata. A Folha de S.Paulo crava, como complemento de sua manchete sobre a fatalidade, que "rivais preveem Marina como candidata", e o Estadão, mais contido (mas não menos "militante"), insinua na linha fina que "Marina Silva é apontada como sucessora natural de Campos".

Pois é. Parece que o mau desempenho de Aécio Neves no Jornal Nacional, que sofreu uma saraivada de críticas nas redes sociais até do próprio povo pró-PSDB e/ou antipetista, em contraposição à boa participação de Eduardo Campos no mesmo programa, na noite imediatamente anterior à tragédia, já indicava que muitos setores midiáticos poderiam pular do barco tucano para o lado PSB da força na campanha contra Dilma Rousseff. Porém, não houve tempo para constatarmos essa tendência. Mas a "torcida" implícita por Marina, nos veículos de imprensa, demonstra que o moral de Aécio está mesmo caindo pelas tabelas. Porque Marina, de uma hora pra outra, transformou-se em "mártir sofredora" e herdeira quase que "religiosa" do legado do "santo" Eduardo.

Exagero? Como bem comentou Massad, "o corpo fechado da acreana, que chegou a ser convidada por Campos para ir a Santos mas não foi, pode grudar como um estigma metafísico" (o grifo é meu). Sem disfarçar, o Estadão estampa hoje, na página H-5 de seu caderno especial sobre a morte de Campos, uma notícia - sobre o fato de Marina ter desistido de viajar no fatídico avião - que tem como parte da linha fina a informação de que ela "diz que aprendeu a confiar nos ideais do aliado". Olha aí, já botou a mão no "andor" do legado político(-religioso?) do finado! E o mais impressionante, que, por experiência profissional em redações e fechamentos de edições jornalísticas, me recuso a crer que tenha sido "por acaso", é a foto gigantesca de Marina que ilustra a notícia:


É ou não é a mais perfeita e acabada representação da nova "Madre Marina de Calcutá"? Como disse, uma figura de mártir - e com uma estratégica imagem "bíblica" de dor e sofrimento ao fundo, com um homem consolando uma mulher. E o que mais importa: de alguém que agora tem que superar essa dor para o "sacrifício" de uma "missão": a de "redimir" o Brasil e a política (empunhando o sacro-estandarte de Eduardo Campos). Delírio? Paranoia? Mistificação? Pois ontem mesmo, dia da tragédia, a faxineira de uma colega minha compareceu a uma reunião de pais numa escola pública da periferia (pobre) da capital paulista. Entre dezenas de opiniões (unânimes), ela ouviu mais ou menos o seguinte: "Coitado, esse homem era sério. Era o único que prestava"; "Agora a Marina fica no lugar dele. A gente já tem em quem votar"; "Ela não tem partido, não faz essa sujeira da política que o PT e o PSDB fazem. Ninguém aguenta mais, tá na hora de mudar". Pois é...

PEÇAS QUE SE ENCAIXAM (?) - E já que esse meu post parte para a mais deslavada e rasteira teoria da conspiração mística-metafísica-midiática-eleitoral, não posso deixar de juntar mais peças no meu (delirante) quebra-cabeças. No início deste ano, um colega conversou com um figurão do agronegócio paulista, que revelou, em off, que a campanha deles neste ano é para tirar tanto o Geraldo Alckmin do governo de São Paulo quanto a Dilma da presidência da República. O motivo? Em terras paulistas o agronegócio teve 30% de prejuízo com o racionamento de água, "obra" do governo tucano. E em nível nacional a proposta é ter um governante que invista fortemente no velho pró-álcool, para alegria dos usineiros e produtores de cana-de-açúcar do interior de São Paulo. Pois bem. Sem entrar no mérito de quem eles estariam apoiando em São Paulo, contra o PSDB, a tragédia de ontem trouxe a tona uma informação bem interessante nos jornais de hoje:

Jato acidentado pertencia a um grupo de usineiros

A aeronave que transportava Eduardo Campos e sua equipe, da Cessna Aircraft, havia sido arrendada do fabricante pela AF Andrade Empreendimentos e Participações Ltda., empresa do grupo Andrade, de Ribeirão Preto.
(Trecho de notícia assinado por Renato Alves na página H-4 do Estadão de hoje)

Repito: delírio, paranoia, mistificação? Tudo junto? Nada disso? Então. Pois é.


Três cenários após a morte de Eduardo Campos

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A trágica morte do candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB), na quarta-feira (13), em um acidente de avião, traz incertezas e um filão para os palpites. É a série "Futurologia numa hora dessas?" Menos preocupados com o luto e sem oferecer tempo sequer para que se dissipe o choque na percepção das pessoas, já é possível listar pelo menos três possibilidades.

Foto: Arquivo PSB
Campos aos pés da estátua da Padre Cícero, em Juazeiro do Norte (CE)

Direto ao ponto:

1) Marina Silva assume cabeça de chapa

Aparentemente a mais provável, é a hipótese favorita de nove em cada dez analistas políticos da velha mídia. É o cenário que mais aproximaria o cenário deste ano ao de 2010, quando houve segundo turno entre a atual presidenta, Dilma Rousseff, e o nome do PSDB (José Serra, há quatro anos, Aécio Neves atualmente).
Não é tão simples.
Campos era o articulador da chapa. Era a cola que juntava Marina e sua Rede Sustentabilidade com seu socialismo pragmático, a esquerda "amigável ao capitalismo", para usar termos da mídia internacional ao comentar o passamento do presidenciável. Isso dificulta a identificação de um nome para se unir à ex-PT e ex-PV.
Ao mesmo tempo, o PSB não tem um líder natural e nacional -- Ciro Gomes foi formar o PROS; Roberto Amaral não tem tanta projeção; Márcio França é uma figura paulista. Isso significa que é difícil achar esse nome que agregue o próprio PSB debaixo de Marina.
Ainda: se superado o desafio de fazer a mistura dar liga, Marina se torna uma ameaça significativa para Aécio Neves. O corpo fechado da acreana, que chegou a ser convidada por Campos para ir a Santos mas não foi, pode grudar como um estigma metafísico. Ao mesmo tempo, a movimentação anti-Dilma de 2010 teve características conservadoras do ponto de vista moral: esse eleitorado hoje não está com a petista, mas com Aécio.

2) Outra figura do PSB assume a cabeça de chapa

De fato, como mencionado anteriormente, o PSB não tem um líder natural e nacional. Isso dificulta o apontamento de uma figura para encabeçar a chapa, ainda mais para se sobrepor a alguém que teve 20 milhões de votos no pleito anterior.
Mas o PSB tem pouca ou nenhuma afinidade com Marina, há dez meses nas hostes da legenda. Por restrições de confiança e afinidade entre o corpo pessebista com a vice de Campos, pode haver espaço para pensar em alguma outra figura do partido para substituir o ex-governador de Pernambuco.
Em termos práticos, a medida seria equivalente a retirar-se da disputa, já que a campanha começou muito, muito antes de 6 junho (tecnicamente como pré-campanha). Um cenário assim tenderia a facilitar a resolução do pleito em primeiro turno.

3) Marina e o PSB recuam e retiram candidatura

Pouco provável, a medida cogita um cenário em que a base do governo conseguisse reabsorver Marina e PSB, pensando em 2018. Ou que o PSDB fosse capaz dessa aglutinação.
A oposição se reuniu em torno de Aécio Neves, mas representa setores mais conservadores e pró-mercado. Por mais que o PSB esteja com o PSDB em estados como São Paulo e Minas Gerais, nacionalmente esse tipo de articulação é mais difícil. Em especial na região Nordeste.
A outra alternativa, a adesão à situação, tem outros bloqueios. Sem um sucessor petista visível para Dilma -- na hipótese de reeleição e sem contar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -- houve quem reclamasse que Campos deveria ter esperado sua chance em 2018, quiçá com apoio do partido da presidenta. Dificilmente, porém, o PT abriria mão da cabeça de chapa. Se isso já era pouco provável com o neto de Miguel Arraes, é ainda menos tangível com uma figura como Marina, que foi dissidente do governo Lula.
Que política tem fila, é fato. Que a fila não é "respeitada", também. Fatalidades e fatos ainda não escritos mudam (ou podem mudar) tudo.


segunda-feira, agosto 11, 2014

O mé que move o mundo

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