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quarta-feira, maio 21, 2014

Brasileiros que vestem a camisa. Dos outros

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Confira quem são os jogadores nascidos no Brasil que vêm ao Mundial de 2014 defendendo outras seleções e relembre outros brazucas que já disputaram Copas por outros países

Um dos efeitos da diáspora de jogadores brasileiros pelo mundo é a naturalização de alguns atletas que, sem chances de disputar uma vaga na seleção brasileira ou em função de gratidão (emocional e/ou financeira) aos países que os acolhem, vestem a camisa de outras nações. Logo na estreia da seleção brasileira, contra a Croácia, no dia 12 de junho, poderemos ter dois jogadores relacionados que exemplificam essa situação, já que a lista dos 30 pré-convocados da Croácia tem Eduardo da Silva, que atua no Shakhtar Donetsk, e o meia-atacante baiano Sammir, do espanhol Getafe.
Jogadores nascidos em um país e vestindo camisa de outro, aliás, não será algo incomum nesse Mundial. Com base nas pré-listas divulgadas até agora, 11,1% dos atletas chamados até agora são naturalizados, sendo os franceses os maiores fornecedores de “pés-de-obra”: 33 boleiros que atuarão em seleções como as da Argentina, Camarões, Portugal e, principalmente, Argélia, que conta com 21 conterrâneos de Ribéry. A Alemanha vem em seguida, com 15 jogadores e o Brasil tem 8. Somente a seleção brasileira, Colômbia, Rússia, Honduras e Coreia do Sul não possuem naturalizados em suas fileiras.
Thiago Motta, da Azzurra
O caso mais emblemático entre os brasileiros de outras seleções é, sem dúvida, o do sergipano Diego Costa, do Atlético de Madri. Convocado por Felipão para as partidas amistosas contra Itália e Rússia, em 2013, chegou a atuar 35 minutos em ambas as pelejas. Preterido nas convocações seguintes, acabou chegando a um acordo com a Fifa e obteve autorização para defender a Espanha, tendo possibilidades de ser titular na Copa. O atacante teria a companhia de Thiago Alcântara, filho do tetracampeão Mazinho que atua no Bayern de Munique, mas uma lesão o deixará de fora do torneio.
A seleção italiana tem uma dupla brasileira entre os seus. O volante da Internazionale Thiago Motta já é veterano em convocações, fazendo parte das listas da equipe de Cesare Prandelli desde 2011 e com um vice-campeonato da Eurocopa (2012) no currículo. Pode vir ao seu país de origem com outro volante, Rômulo, vice-campeão paulista pelo Santo André em 2010 e ex-atleta do Cruzeiro, que hoje atua no Verona e também faz parte do rol chamado pelo comandante italiano.
Além destes, há o zagueiro Pepe, que já defendeu a seleção de Portugal em 2010, à época, junto com outros brasileiros naturalizados, o meia Deco, hoje aposentado, e o atacante Liédson. Outro zagueiro, Marcos Gonzáles, ex-Flamengo e atual Unión Espanhola, veste a camisa do Chile.
O arrependimento de Mazzola
Já houve uma época em que jogadores de futebol, mesmo já tendo defendido uma seleção em Copa do Mundo, podiam se naturalizar e atuar por outro país. Foi o caso de José Altafini, o Mazzola, campeão pelo Brasil em 1958. Aos 19 anos, jogou duas partidas e marcou dois gols na campanha da seleção em solo sueco, quando a equipe canarinha se livrou do “complexo de vira-latas”, obtendo seu primeiro título.
Logo após o Mundial, o Palmeiras vendeu seu passe para o Milan e, por sua ascendência italiana, foi convidado a se naturalizar pelo país. Atuou em três das seis partidas da Azzurra na Copa de 1962 mas a Fifa determinou logo depois que um jogador não podia mais atuar por duas seleções diferentes. Como a norma retroagia, Mazzola, ou Altafini como era conhecido na Itália, encerrou sua carreira em seleções aos 24 anos, como conta o livro Futebol Exportação – a seleção expatriada (Senac Rio Editora), de Claudia Silva Jacobs e Fernando Duarte.
“Cometi um erro muito grande e me arrependo de ter aceitado o convite da Federação Italiana. Mas eu era muito novo, não entendia muito bem o que estava fazendo. Senti-me muito pressionado a dizer sim para os dirigentes. Fico achando que perdi a chance de ter sido tricampeão mundial com o Brasil. Tinha condições de ter chegado até 1970, de jogar ao lado de Pelé”, avalia o ex-atleta, que jogou até os 42 anos, no livro.
Ao lado de Mazzola, atuou também na Copa de 1962 o ex-santista Angelo Sormani, nascido em Jaú. E, bem antes dos dois, o ex-ponta-direita de Paulistano, Portuguesa e Corinthians Filó havia atuado pela seleção italiana em 1934, tornando-se o primeiro atleta nascido no Brasil a ser campeão mundial de futebol.
Mais recentemente, outros boleiros nascidos no Brasil vestiram a camisa de outras seleções como Alexandre Guimarães, que jogou pela Costa Rica em 1990; Zaguinho, que em 1994 e 1998 defendeu o México; Clayton, que atuou pela Tunísia em 1998 e 2002, e Francileudo Santos, atacante também da seleção tunisiana em 2006. No Japão, Wagner Lopes (1998), Alex (2002 e 2006) e Túlio Tanaka (2010) seguiram a trilha do meia Ruy Ramos, ídolo nipônico e pioneiro brasileiro no futebol local.
Outros dois brasileiros poderiam disputar o Mundial de 2014, mas acabaram de fora. O meia Edinho não foi convocado pelo treinador lusitano Carlos Queiroz para a seleção do Irã. O alemão Jurgen Klinsmann também não chamou o volante carioca Benny Feilhaber, que disputou a Copa de 2010 pelos EUA, para jogar na seleção dos EUA.
Confira outros posts sobre a Copa 2014 no Copa na Rede

terça-feira, maio 20, 2014

O porquê dos apelidos das 32 seleções da Copa

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Fennecs, Charrúas e guerreiros de diversos tipos disputarão a Copa no Brasil. Veja a lista de apelidos de cada seleção e não confunda na hora de torcer - ou secar

Apelido é uma forma carinhosa (ou jocosa) de tratamento. No caso de uma seleção nacional de futebol, a alcunha tem elementos históricos. Confira como a mídia ou os torcedores tratam cada uma das seleções.

Alemanha: Mannschaft ou Nationalmannschaft
O quê: literalmente "equipe" ou "equipe nacional"
Por quê: É que… é uma equipe nacional. Né?

Argentina: Albiceleste
O quê: branca e azul-celeste
Por quê: Pelas cores da bandeira e da camisa, estúpido!

1280px-TA_ZOO_orna_Pict0224.jpgArgélia: Fennec, ou Les Guerriers du Désert
O quê: Feneco, ou Raposas-do-Deserto ou Guerreiros do Deserto
Por quê: Consta que 80% do território argelino é coberto pelo deserto do Saara. O Feneco é uma espécie de raposa típica do deserto e um símbolo do norte da África. Já os guerreiros são símbolos autoexplicativos em se tratando de competições esportivas. O difícil é imaginar que um feneco fofo como o da foto possa um dia vir a ser um temível guerreiro. (Foto: Ladypine/Wikipedia-CC BY-SA 3.0)

Austrália: Socceroos
800px-Kaenguru_Hinterfuss-drawing.jpg O quê: trocadilho de "Soccer" com "Kangaroos", ou "futebol" e "cangurus", em inglês.
Por quê: O esporte mais popular do país é o críquete. O futebol corre por fora (Foto: Wikicommons).

Bélgica: Le Diable Rouge
O quê: Os Diabos Vermelhos
Por quê: Alcunha conferida ainda em 1906, quando o diabo era mais temido do que atualmente (#sqn), após uma vitória estrondosa sobre a seleção da Holanda em um jogo amistoso. Considere-se que Bélgica e Holanda, ambas nações dos países baixos, possuem alguma rivalidade correlata a um Brasil e Uruguai.

Bósnia e Herzegovina: Plavo-žuti ou žuto-plavi
O quê: Azul e amarelos ou Amarelo e azuis
Por quê: Porque assim a gente aprende pelo menos duas palavras em sérvio. Falta conhecer o restante do idioma dos Balcãs para poder fazer turismo. A remição às cores dispensa mais explicações.

Brasil: Canarinha, Verde-amarela
800px-Gelber_Kanarienvogel.JPG O quê: Referência à cor da camisa e da bandeira
Por quê: Até 1950, o time jogava de branco; depois disso, em um concurso cultura, foi escolhido amarelo-ouro para exorcizar o Maracanazzo. A cor foi associada pelo radialista Geraldo José de Almeida, da Rádio Globo, ao simpático passarinho que, muito antes de uma certa rede social, piava por aí. Se fosse hoje, a depender do topete da vez adotado como penteado pelo Neymar, alguém talvez associasse a calopsitas. Melhor não dar ideias (Foto: Wikicommons).

Camarões: Les Lions Indomptables
O quê: Os Leões Indomáveis
Por quê: Leões são parte da fauna nativa camaronesa. E, exceto pelos que integram elencos circenses, a maioria dessa espécie de felinos não está domada (Foto: Severin Meyer/Flickr).

Coreia do Sul: Os Tigres Asiáticos ou Guerreiros de Taegeuk
Flag_of_South_Korea.svg.png O quê: referência a um animal símbolo do continente asiático ou a defensores do símbolo que consta na bandeira sul-coreana.
Por quê: tigres são bravos. Asiáticos, o continente. Vale lembrar que a associação também se fazia no âmbito econômico para designar, nos anos 1980 e 1990, países do continente que cresciam à reboque da economia do Japão, até a crise de 1998. Já o Taegeuk pede explicações bem mais sofisticadas, tipo yin-yang, origem das coisas e um papo que não cabe em dois tweets (Foto: Wikicommons).

Costa do Marfim: Les Elephants
O quê: Os Elefantes
Por quê: O marfim é material nobre e nada ecológico, produzido a partir das presas dos elefantes. Na África, poucos países tiveram sua economia tão marcada pelo material -- e pela caça aos pobres paquidermes. No bullying infantil (infantilizado) elefante pode remeter a alguém muito pesado. Na fala do lugar comum, à memória. O símbolo do país, porém, tem relação com potência e força de grupo. Fato é que se recomenda evitar ficar na frente de uma manada de elefantes em movimento.

Chile: La Roja ou El Equipo de Todos
O quê: A vermelha ou a equipe de todos.
Por quê: Referência à camisa vermelha usada pelo país. O Chile comumente gosta de jogar ofensivamente. Isso fez da seleção ser benquista por torcedores de outros países em competições internacionais. Diferentemente de uruguaios e argentinos, o time do país de Michelle Bachelet joga pra frente. E se acha bem visto por isso.

Colômbia: Los Cafeteros, La Tricolor
O quê: Os "cafeicultores", em traduçaõ aproximada, ou a tricolor
Por quê: Referência a um dos principais produtos do país, o café. Pela centralidade até geográfica que o grão possui na economia e na vida nacionais, o termo “cafetero” é aplicado ao futebol em diferentes aspectos. Mas o “Craque-Café” é brasileiro. A tricolor, naturalmente, diz respeito à bandeira.

Costa Rica: Ticos ou La Sele
O quê: Os garotos ou “Selê”
Por quê: Os costa-riquenhos se chamam de ticos e de ticas. A extensão à seleção nacional é natural. Segundo uns, é porque todo diminutivo por lá termina em “tico”, em vez de “ito”. Mas, como isso também acontece no castelhano falado no restante da América Central, a origem remeteria a “hermanitico” (em vez de “hermanitos"), usado em episódios específicos da história. Resta saber se o tamanho da bola apresentada pelo país será “una pelotica” ou um bolão.

Croácia: Vatreni
O quê: Ardente
Por quê: Apesar de usar uma camisa que, por vezes remete a toalha de cantina italiana, a seleção nacional se entende raçuda. Uma pegada meio “Vai, Corinthians!”, mas com chamas.

Equador: La Tri
O quê: A tri(color)
Por quê: Curiosamente é a terceira copa com participação do país de Rafael Corrêa. Mas o apelido tem a ver com as três as cores da bandeira equatoriana, amarelo, vermelho e azul. "Tri", de "tricolor", vai no gênero feminino, diferentemente dos mexicanos, que usam o masculino.

Espanha: La Fúria
O quê: A fúria
Por quê: Há referências que associam os espanhóis a atributos furiosos desde o saque de Antuérpia, na Bélgica, um episódio de 1576 em que a Espanha promoveu a união territorial com os países baixos. Foi um pouco antes de existir futebol. No contexto do ludopédio, a primeira aplicação teve a ver com a Olimpíada de 1920, justamente na referida cidade belga, quando os ibéricos ficaram com a medalha de prata, mostrando força e agressividade.

Estados Unidos: The Star and Stripes
O quê: Time das Estrelas e Listras
Por quê: Na bandeira estadunidense há estrelas e listras. Como, em termos de popularidade, o beisebol e o futebol americano estão muito na frente do nosso soccer, sobraram para o futebol os marqueteiros mais fraquinhos pra dar apelido.

França: Le Bleu
O quê: Os Azuis
Por quê: É a cor da camisa. E se aplica a qualquer esporte que use uniforme. Como ensina a trilogia de Krzysztof Kieslowski, a bandeira francesa tem também as cores vermelha e branca. Mas a estas os conterrâneos de Asterix e Obelix não dão muita trela.

Gana: Nsoroma Tuntum
O quê: No idioma Akan, quer dizer Estrelas Negras
Por quê: No centro da bandeira nacional, há uma estrela negra. Que, na bandeira, representa os 98% de negros que compõem a nação. A aula de Akan é cortesia da casa.

Grécia: Piratiko
O quê: Navio Pirata
Por quê: Por causa do desempenho como azarão na Euro 2004, por uma piada de um comentarista grego de TV. Se ele tivesse alguma vivência futebolística no Brasil, teria falado em zebra. Mas a afinidade com os helenos ficaria bem pouco clara.

Holanda: Oranje ou Clockwork Orange
O quê: Laranjas (em holandês) ou Laranja Mecânica
Por quê: A cor da camisa é laranja. A "mecânica" é referência à seleção de 1974 e 1978, em que Cruyff e cia. encantaram o mundo com o "futebol total", aplicado apenas três anos depois do lançamento do filme homônimo, dirigido por Stanley Kubrick.

Honduras: La Bicolor ou Los Catrachos
O quê: a bicolor e os Catrachos
Por quê: Referência ao general Florencio Xatruch, aplicada também a qualquer hondurenho, enquanto seguidores do militar. O termo "catracho" é uma corruptela do nome do herói pátrio.

Inglaterra: Three lions
O quê: Os Três Leões
Por quê: No brasão da associação de futebol e no do exército real há três simpáticos leõezinhos.

Irã: فدراسیون فوتبال ایران, príncipes da pérsia, leões da pérsia
O quê: Seleção do povo ou da nação (Team melli, em uma transliteração do farsi para o inglês).
Por quê: Os caracteres árabes usados na escrita farsi correspondem ao termo para “seleção nacional”. Alusões aos persas apareceram da Copa da Ásia de 2011 em diante, em frases-lema adotadas para cada seleção. Vê-se que não inventaram a moda no Brasil.

Itália: Azzurra, Gli Azzurri
O quê: A Azul, Os Azuis
Por quê: A cor da camisa é azul, embora a bandeira seja verde, branca e vermelha, escolhida em homenagem aos Savoia, família real responsável pela unificação no século XIX.Curioso é que, no bicampeonato de 1938, usaram uniforme inteirinho em preto, por ordem de Benito Mussolini. Tudo ficou azul de novo, já em 1950.

Japão: サムライ・ブルー
O quê: Os Samurais Azuis
Por quê: Samurais eram os soldados aristocratas do Japão pré-industrial. Guerreiros são legais. E porque não haveriam de escolher "lutadores de sumô" como símbolo -- embora certos craques brasileiros pudessem merecer essa alcunha. Ah, e a camisa é azul.

México: El Tri, La Verde
O quê: O Tri, A Verde
Por quê: De "tricolor", por causa da bandeira. Diferentemente dos equatorianos,o apelido vai no gênero masculino. La Verde vincula-se à cor da camisa. E não à pimenta jalapeño.

Nigéria: Super Eagles
O quê: As Superáguias
Por quê: A águia está no brasão da associação de futebol nigeriana. O "super" é pela hipérbole.

Portugal: Seleção de Quinas, Os Navegadores
O quê: Símbolos nacionais
Por quê: O brasão da bandeira e da federação de futebol remete à união do cinco reinos promovida por Affonso I, nos idos de 1143, e inclui cinco escudos -- ou quinas. Assim como o da Portuguesa de Desportos, clube brasileiro tradicional de São Paulo.

Rússia: Сборная
O quê: Equipe, em russo
Por quê: Antes, na época da URSS, eram os soviéticos. Agora, só uma equipe. Melhor do que "Seguidores de Putin", vá?

Suíça: Schweizer Nati pelos germanófilos, La Nati pelos francófonos e Squadra nazionale ou Rossocrociati pelos italófilos
O quê: Seleção Nacional ou “da cruz vermelha”
Por quê: A cruz vermelha está na bandeira. E, poliglotas, os suíços chamam o time no idioma que mais falam. Pelo jeito, Alpes, bancos e chocolates não ficariam bem como apelidos.

Uruguai: La Celeste ou Los Charrúas
Charrúas, indígenas do Uruguai O quê:A Celeste ou Charrúas
Por quê: Cor da camisa é azul-celeste. E charrúas a etnia principal de indígenas que habitavam aquelas pradarias, do Rio Grande do Sul brasileiro ao Uruguai. Os nativos foram exterminados em 1831 no massacre de Salsipuedes (saia se puderes), por tropas de Bernabé Rivera, sobrinho do primeiro presiente uruguaio. Mesmo assim, a garra dos indígenas orgulha os conterrâneos de Pepe Mujica. (Foto: Wikicommons)

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