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Por Moriti Neto (visão de outro sampaulino)
Teve quase de tudo na noite desta quinta-feira, no Morumbi. A partida entre São Paulo e Linense, que mostrou a primeira apresentação de Rivaldo com a camisa Tricolor, não foi um desfile de exuberância técnica no todo, mas certos ingredientes garantiram a estreia marcante.
Pra começar, o novo camisa 10 são-paulino, aos 38 anos, mostrou disposição de garoto. Desde a etapa inicial, chamou o jogo e tomou conta do time. Armou, finalizou e ficou responsável pelas bolas paradas. Só no primeiro tempo – que não teve lá grandes emoções, além da presença de Rivaldo – bateu, a maioria com veneno, todos os dez escanteios que a equipe conquistou.
Virada
Mas, o melhor estava por vir. Início do segundo tempo. Não demora e o Linense faz 1 x 0, com Eric. O São Paulo marcava mal, continuando com o problema dos volantes pesados, sem mobilidade e pegada, como Rodrigo Souto. Porém, tinha Rivaldo. E, cinco minutos depois de sair perdendo, o meia fez mais do que este escriba esperava, ao menos pra ontem. Dagoberto fez bom lançamento e o pernambucano, com uma matada na coxa, tirou o marcador do lance e tocou na saída de Paulo Mussi. Golaço e 1 x 1 no placar.
Daí pra frente, o São Paulo foi todo ataque e, novamente em jogada iniciada por Dagoberto, Marlos, pela esquerda, invadiu a área em velocidade e chutou no ângulo, anotando outro belo tento.
Bate-boca
O Tricolor ganhava, Rivaldo ia bem, mas Dagoberto, apesar de atuação interessante, não parecia estar no clima de festa. Rebateu orientações de Carpegiani sobre posicionamento e arrumou uma discussão desnecessária. Isso não é novidade na carreira do atacante, que já se desentendeu com Muricy Ramalho e Ricardo Gomes. O problema do atleta é simples: inteligência limitada, que não o permite perceber, inclusive, ser bem menos jogador do que ele próprio imagina.
Uma passagem curiosa. Durante a desinteligência, o técnico são-paulino chamou Dagoberto de “bobalhão”. Já ouvi muitas coisas em jogos de futebol, algumas quase impublicáveis, mas “bobalhão” é a primeira vez.
Espectador privilegiado
Passado o chilique, Dagoberto participou da trama que originou o terceiro gol. Ele fez passe a Jean, que sofreu falta na entrada da área. Rivaldo se aproximou da bola, mas foi somente espectador privilegiado da cobrança magistral de Rogério Ceni. Paulo Mussi nem saiu do lugar e o goleiro artilheiro marcou o terceiro do São Paulo e o incrível de número 97 na carreira. Ainda haveria tempo de Alessandro Cambalhota (que tomou chapéu de Rivaldo durante a peleja) diminuir, após bate-rebate na área Tricolor, fechando o placar da noite em 3 x 2.
Deu gosto e esperança
Em tempos de escassez de talentos, de muito marketing e mecanização no futebol, foi legal demais ver Rivaldo de volta aos campos. Claro que não dá pra usar o jogo de ontem como parâmetro, o adversário era frágil e é importante conferir qual vai ser o comportamento do atleta ao longo de uma sequencia de atuações. Contudo, é bom levar em consideração que o cara ficou em campo e correu os 90 minutos, tempo em que fez gol, deu chapéu, caneta, toque de letra e ainda contribuiu na marcação, principalmente depois da entrada de Fernandão em lugar de Zé Vítor, quando passou a jogar de segundo volante.
Com Rivaldo trazendo, finalmente, a qualidade de um grande camisa 10 ao time, mais as voltas dos garotos da seleção sub-20 e algumas contratações que estão chegando, pelo menos é possível sonhar com bons jogos do São Paulo este ano.