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Os torcedores rivais pulavam de alegria. Não continham sua felicidade em ver tal cena. Um atleta que tinha total identidade com o clube, odiado pelos fãs de outros times, acabava de enterrar o sonho do título da Libertadores, frustrando uma imensa nação.
O ano era 2000 e Marcelinho Carioca perdia o pênalti que decretava a eliminação do seu time diante do Palmeiras. Marcos – sem se adiantar- fez uma defesa monumental em um chute no canto direito. Naquele momento, são-paulinos e santistas em geral se tornaram um pouco palmeirenses e vibraram com a derrota corintiana.
Ontem, fenômeno semelhante. Em um cruzamento, o que seria uma defesa fácil cede lugar a uma falha grotesca. Rogério Ceni, que representa para os torcedores de outros clubes o mesmo que Marcelinho simbolizava, entrega o gol em um momento do jogo em que predominava o equilíbrio. A partir daí, mesmo com um jogador a mais durante a maior parte do segundo tempo, o São Paulo não conseguiu furar o bloqueio gaúcho. Um lance fatal. Um motivo a mais para os rivais comemorarem.
Arrogância
Já foi discutido nesse post a respeito de uma suposta prepotência do São Paulo. O fato é que, quando a torcida de um time se torna muito numerosa, torna-se inevitável que eles comecem a reproduzir um padrão de comportamento que mais tarde irá estigmatizar a todos os fãs do clube.
No caso do São Paulo, é só perguntar, até mesmo para aqueles que não gostam de futebol, a respeito de seus torcedores. “Metidos” é uma das primeiras palavras que vem à cabeça. Mas o fato é que não apenas o comportamento da torcida, mas também de jogadores e diretoria, ajudam a reforçar um estigma que pode ser cruel e injusto com muitos.
O lateral Júnior, por exemplo, em um devaneio à época do duelo com o Palmeiras pela Libertadores deste ano, declarou impávido: “Quando todo mundo entra em campo bem concentrado, para ganhar, é muito difícil o São Paulo ser batido. Hoje, no mundo, só tenho medo do Barcelona. Pelo jeito que o São Paulo se comporta em decisões e pelo que conheço do elenco, apenas a equipe da Espanha pode nos vencer.”
Metido? O que dizer do apelido dado ao esforçado - mas limitado - Danilo, corroborado pela imprensa esportiva, de “Zidanilo”? Questionado a respeito, o meia comentou: “Realmente, temos algumas qualidades semelhantes, a de prender a bola e aparecer muito no ataque. Mas no salário, não tem comparação. Estou correndo para chegar perto dele. Por enquanto, estou bem longe.” Ou seja, a grande diferença é o salário... Mas nunca vi o Zidane tentar um chute a gol e mandar a bola pra lateral, como fez o atleta no primeiro jogo contra o Inter.
Injustiça
Alguns jogadores do São Paulo disseram ontem que o resultado havia sido injusto. Para o zagueiro Lugano, o resultado “não foi justo, em dois jogos o Inter não demonstrou ser melhor que o São Paulo, mas foi decidido nos detalhes. Eles acabaram tendo competência e sorte de serem campeões – declarou”. Provavelmente o mesmo padece do “Mal de Carminha”, doença ainda em estudo por especialistas de todo o mundo que afeta a memória das pessoas. O defensor acha que, pelo fato de ter um jogador a mais e, com isso, ter dado uma bela pressão no Inter, o Tricolor merecia melhor sorte. Mas se esquece da final com o Liverpool, onde o São Paulo foi pressionado o tempo todo e também de outras partidas da Libertadores, como as contra o Estudiantes, em que o desempenho da equipe não foi dos melhores. Memória pra lá de seletiva...