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"Um dia, um jogador vai quebrar a perna dele. Os jogadores começam a ficar com raiva, a não gostar dessas atitudes antifutebol e um deles quebra sua perna. Aí ele vai dizer que os atletas das outras equipes são desleais.". A pérola é do goleiro Danrlei, depois da semifinal do campeonato brasileiro de 2002, e a "ameaça" era dirigida a Robinho, que marcou um gol na vitória por 3 a 0 do Santos na primeira das duas partidas daquela eliminatória.
Naquela ocasião, foi 3 a 0, mas poderia ter sido seis, sete, oito, tal a superioridade da equipe santista. Na volta, o Grêmio precisava devolver os três de diferença, já que precisava somente igualar a vantagem. Venceu por 1 a 0, o Santos cozinhou a partida e Leão aconselhou Robinho a não fazer o que sabe, o que dá graça ao futebol: driblar. Sacou o garoto na segunda etapa. E guardou seu repertório para enfrentar o Corinthians na final e materializar outras jogadas memoráveis.
A "ética" de Danrlei é a ética de boa parte dos fãs do Grêmio. Driblar é "antijogo", mas "quebrar a perna" não é uma atitude típica da deslealdade se o atleta for "provocado". Dessa vez, o Grêmio não tinha um Danrlei pra tentar intimidar o jogador que praticava o "antijogo" frente ao adversário: Riquelme.
Às vezes, principalmente no primeiro tempo, Riquelme parecia aquele cara que joga no time dos solteiros da praia. Aproveita a idade e a falta de técnica dos já dormentes casados e prende a bola, caminha em campo, espera um dos dois finais inevitáveis do lance de quem sabe jogar. Ou completa a jogada ou sofre a falta. Na opção dois, o Tricolor gaúcho não decepcionou e fez o que sabe. Mas não foi o suficiente. E quando pôde, Riquelme, que resgata a mística da dez, decidiu
Embora o ex-árbitro que favoreceu groterscamente o Flamengo em uma Libertadores estar dando chiliques por conta de uma dita "condescendência" de Oscar Ruiz quanto à cera portenha, ele esqueceu de dizer que quem parava a partida era o Grêmio, com sua sucessão de faltas. A mesma cera que os gaúchos fizeram contra o Santos, desta vez provaram da sua fórmula.
Gerson Sicca, do blog parceiro Limpo no Lance, já tinha feito uma análise a respeito da forma dos gaúchos jogarem, principalmente usando a marcação-pressão no campo adversário. Mas o recém-promovido a gênio Mano Menezes só não contava que o Boca, ao contrário de outros times, não fosse recuar totalmente, sempre preservando dois a três jogadores no campo do Grêmio. Desta forma, o arqueiro Caranta (avacalhado por comentaristas tupiniquins, como se Saja fosse um baita goleirão) sempre buscava colocar a bola no espaço em que os tricolores ficavam no mano a mano com os portenhos.
Diante da tática boquense, os defensores gremistas, dois zagueiros que não sabem sair com a bola junto com dois laterais fracos tecnicamente (embora tenha comentaristas esportivos que ache o pra lá de medíocre Lúcio um ótimo atleta) erraram diversos passes diante da pressão gaúcha. Jogar com uma zaga desprotegida é diferente da postura que foi adotada em Buenos Aires, com o meio recuado, dando oportunidade dos homens de trás saírem pro jogo.
E Paulo Pelaipe, o dirigente gremista que disse que o Boca era um "Caxias com grife", teve que se calar, assim como o jornalista e torcedor Eduardo Bueno, que foi além dizendo que o clube argentino era um "Caxias piorado". Na prática, o que se viu é que o Grêmio é um "Caxias com história", no que diz respeito à qualidade de seus atletas. Não foi suficiente para um time que precisava marcar pelo menos três tentos e não conseguiu fazer sequer um.