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sábado, março 23, 2013

Alguns jogos memoráveis entre Santos e Palmeiras, o "clássico da saudade"

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Santos e Palmeiras disputam amanhã o chamado “clássico da saudade”, referência ao confronto que era um dos maiores do país na Era de Ouro do futebol nacional, a década de 60. E, pelos desfalques de cada um e pelo que os times vêm jogando, deve sobrar saudades mesmo. O Santos não vai poder contar com Neymar e Montillo, em suas respectivas seleções, além de Emerson Palmieri, Patito Rodríguez, Marcos Assunção e Felipe Anderson. Do outro lado, o técnico Gilson Kleina do Verdão não vai contar com Henrique, Vilson, Leandro Amaro, Souza, Valdivia, Maikon Leite e Kleber.

Mas o clássico tem história, e é nela que se pode confiar para que um bom jogo aconteça amanhã. A primeira partida entre os dois data de 3 de outubro de 1915 e foi realizada no Velódromo de São Paulo. Goleada alvinegra sobre o então Palestra Itália por 7 a 0, com três gols de Ary Patusca, dois de Anacleto Ferramenta, um de Aranha e outro de Arnaldo Silveira, autor do primeiro gol oficial da história do Santos. O Verdão devolveria a humilhante goleada em 1932, com um 8 a 0 em uma peleja na qual o Peixe terminou com nove jogadores, com dois gols de Romeu Pelliciari, dois de Imparato III, além de anotações de Lara, Sandro, Avelino e Golliardo.

Desde aqueles idos tempos, foram diversos jogos entre os dois, alguns eliminatórios e muitos que decidiram títulos mas que não eram finais propriamente ditas, com exceção das partidas extras que definiram o chamado supercampeonato paulista de 1959, com vitória do Palmeiras (ver abaixo).
Abaixo, algumas das partidas memoráveis desses dois gigantes do futebol:

  • Santos 7 X 6 Palmeiras (Rio-São Paulo de 1958)

Talvez a partida mais emocionante entre os dois clubes e uma das maiores da história. Dizem que cinco infartos ocorreram por conta daquela peleja, com três reviravoltas no placar. No Pacaembu, 43.068 viram Urias marcar o primeiro tento do jogo aos 18 minutos. A reação peixeira não tardou e o menino Pelé, 17 anos, empatou para Pagão virar, aos 25. Nardo empatou somente um minuto depois e o que se viu a partir daí foi um atropelo santista até o final do primeiro tempo.

O time palmeirense era inferior tecnicamente a uma equipe que tinha uma linha ofensiva espetacular: Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe, responsáveis pela histórica marca de gols no campeonato paulista de 1958. Foram 143 tentos em 30 partidas, 58 só do adolescente Pelé. Após o empate, Dorval, Pepe e Pagão fizeram 5 a 2 ainda nos primeiros 45 minutos.

Nesta matéria do Esporte Espetacular, Zito conta que desceu para o vestiário dizendo que eles tinham que marcar o maior escore da história, e Pepe conta que o bicho, pago à época com o dinheiro da renda da partida, já estava sendo separado para os atletas santistas. Mazzola recorda que o goleiro Edgar chegou chorando ao vestiário, se recusando a voltar para a etapa final. Oswaldo Brandão colocou Vitor e o Palmeiras voltou outro depois do intervalo.

E em 18 minutos, um motivado Verdão virou a partida pra cima do Peixe com Paulinho, de pênalti, aos 16; Mazzola, aos 20 e aos 28, e Urias, aos 34. Um 6 a 5 que parecia sacramentar uma reação impossível, mas o impossível não queria descansar naquela peleja. Pepe voltou a empatar aos 38, de cabeça, e, aos 43, consolidou a última virada da partida.

  • Palmeiras 2 X 1 Santos (Campeonato Paulista de 1959)

O campeão Américo delira com o peixe (Palestrinos)
Como as duas equipes haviam empatado na liderança ao fim do campeonato, foi necessário decidir o título em uma melhor de quatro pontos. A série foi iniciada em janeiro de 1960 e, depois de dois empates no Pacaembu nos quais o time da Vila não contou com Jair e Pagão, no terceiro confronto no mesmo estádio o Verdão faturou a taça. O jogo teria o recorde de renda da história do Paulista até ali, com mais de três milhões de cruzeiros arrecadados.

O 2 a 1 alviverde teve gols de Pelé, Julinho e Romeiro e o Verdão saía de uma fila de quase nove anos sem conquistar títulos, algo que incomodava a torcida à época. O destaque do jogo foi o meia Chinesinho, que havia chegado ao Palestra em 1958, vindo do Internacional, em uma das transações mais caras do futebol de então. Mais tarde, foi vendido ao Modena, da Itália.

  • Santos 2 X 2 Palmeiras (Copa do Brasil 1998)

O Santos não conquistava títulos importantes desde 1984, mas vinha batendo na trave após recuperar a sua autoestima no Brasileiro de 1995. Aquele ano confirmaria o retorno santista às disputas de título, com o time do técnico Emerson Leão terminando em terceiro lugar em três competições: Brasileiro, Rio-São Paulo e Paulista, além de ter vencido a Copa Conmebol.

A conquista que geraria outra
Já o Palmeiras de Felipão era um time moldado à sua feição, com a dupla Paulo Nunes e Oséas à frente e Alex e Zinho no meio, guardados por Galeano e Rogério “Pedalada”. Após um empate em 1 a 1 no Parque Antárctica, o Verdão passou à final contra o Cruzeiro com um 2 a 2 na Vila Belmiro, se classificando pelo critério de gols marcados fora de casa. Marcaram para o Santos, que saiu da competição invicto, Viola e Argel; para o Palmeiras, Oséas e o ex-santista Darci. O título daquele torneio assegurou aos palmeirenses a vaga na Libertadores do ano seguinte, quando se sagraram campeões pela primeira vez.




  • Palmeiras 2 X 3 Santos (Campeonato Paulista de 2000)

Gol não tão bonito, mas precioso
Sem chegar a uma final de Paulista havia 16 anos, o Santos disputava a segunda partida da semifinal no Pacaembu contra o forte Palmeiras. Na primeira peleja, no Morumbi, o Verdão chegou mais perto da vitória, mas um então jovem Fábio Costa evitou que a partida saísse do zero a zero.

A segunda partida também foi no estádio da Zona Sul e o Alviverde, que tinha a vantagem do empate, conseguiu se impor ao marcar com Argel, aos 32 do primeiro tempo, e Euller, aos 8 da etapa final. Aquela partida disputada pela manhã, contudo, se tornaria histórica para os santistas.

Com uma bela finalização, Eduardo Marques diminuiu para o Peixe aos 23 e Anderson Luiz empatou aos 32. O Palmeiras recuou buscando manter o empate que lhe bastava e o Santos partiu para cima, sem muita tática ou técnica. E, após um cruzamento de Robert, Claudiomiro dividiu com Marcos e cabeceou para o gol, com a bola ficando limpa para Dodô, caído, marcar o gol da virada. O Peixe do técnico Giba chegava à final, a qual perderia para o São Paulo.

  • Santos 2 X 1 Palmeiras (Campeonato Paulista de 2009)
Fez a diferença o baixinho (Nilton Fukuda/AE)
O Palmeiras era favorito nas semifinais do Paulista, havia feito a melhor campanha na primeira fase, e o Santos era uma equipe em formação. Vágner Mancini já aproveitava Paulo Henrique Ganso como titular e tinha promovido naquela competição a estreia de Neymar como profissional.

A equipe de Vanderlei Luxemburgo havia perdido a primeira na Vila por 2 a 1 e saiu perdendo também no Parque Antarctica logo aos 17, com Madson, um dos destaques daquela noite, marcando para os santistas. No segundo tempo, Mauricio Ramos fez pênalti em Neymar, sendo expulso, algo não muito incomum para o atleta. Kléber Pereira converteu e a vantagem peixeira se ampliou.

O Verdão ainda respiraria com um gol de Pierre, uma falha monumental de Fábio Costa. A peleja teria ainda a inusitada confusão entre Diego Souza e Domingos, resultando na expulsão dos dois. O Santos foi à final, mas perdeu a decisão para o Corinthians.


  • Santos 3 X 4 Palmeiras (Campeonato Paulista de 2010)

O coreógrafo Pablo Armero
Esse jogo já foi tema de post aqui e aqui. O Santos vinha embalado com o belo futebol jogado pelo time de Dorival Junior. Antes desdenhados pelo antigo técnico Vanderlei Luxemburgo, Neymar e Ganso começavam a se destacar, ladeados por Robinho e tendo como coadjuvantes André, Marquinhos e Wesley.
Pará fez o primeiro aos 10 e Neymar fez aos 30. Dava pinta de que poderia ser uma goleada alvinegra e o Peixe desperdiçava chances até que o aguerrido Palmeiras empatou ainda na etapa inicial com dois gols de Robert, feitos em dois minutos, aos 41 e 42.

No retorno, o Alviverde conseguiu a virada com um gol de Diego Souza. Madson empatou aos 35 mas, em seguida, o time da casa ficou com um jogador a menos, Neymar foi expulso depois de falta dura em Léo.

A (re) virada fantástica palmeirense veio mais uma vez com Robert, que aproveitou falha no meio de campo de Arouca e definiu a vitória. Mas o destaque da peleja foi o lateral Pablo Armero dançando o que ficaria conhecido mais tarde como “Armeration”, uma resposta aos santistas que comemoravam seus gols com dancinhas à época.


Na última partida entre os dois, pelo Brasileiro de 2012, o Santos levou a melhor: 3 a 1, em noite de homenagem a Joelmir Beting. 

Se você é santista e quiser ver só vitórias do Peixe, clique aqui.

sexta-feira, março 22, 2013

Estudo acaciano, mas nem por isso desnecessário

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A entidade beneficente inglesa Mind, dedicada a questões ligadas à saúde mental, ouviu 2 mil pessoas e concluiu em um estudo que a tensão provocada pelo trabalho pode levar ao abuso no consumo de álcool e de outras drogas. Sim, claro, não há qualquer novidade nisso. Mas sempre é bom reforçar uma obviedade dessas com a chancela de um estudo sério, para que os patrões não condenem, maltratem ou demitam aqueles supostos "vagabundos", "bêbados" e "irresponsáveis" que não conseguem suportar o "pau alado" sóbrios - afinal, já avisava Chico Buarque, na letra de "Meu caro amigo": "Porque senão, sem a cachaça/ Ninguém segura esse rojão".

E, apesar dos diversos males causados pelo álcool, a manguacice, muitas vezes, serve como válvula de escape para coisa pior. O estudo alerta, por exemplo, que o ambiente de trabalho seria responsável por 7% dos pensamentos ligados ao suicídio, subindo para 10% nas pessoas com idades entre 18 e 24 anos. Mais de um terço dos adultos ouvidos apontam o trabalho como o aspecto mais estressante, mais do que preocupações com o dinheiro e saúde. Por isso, 57% desses pesquisados não dispensam um ou mais drinques após o expediente e 14% afirmaram beber mesmo durante a jornada de trabalho ("Opa! Traz mais meia dúzia!").

Cigarro e remédios para dormir também são consumidos como maneiras de lidar com o problema, segundo o estudo - embora nós, futepoquenses, continuemos priorizando o buteco (onde fumar geralmente é proibido). Tanta pressão e vício levam muitos a desistir: 9% dos pesquisados já pediram demissão de algum trabalho alegando estresse e 25% admitiram ter vontade de fazer o mesmo. "Um entre seis trabalhadores vive quadro de depressão, estresse e ansiedade. A maioria dos administradores não se sentem capacitados para dar apoio", diz Paul Farmer, diretor da Mind.

Novato Giva salva a noite e Santos vira sobre o Mirassol

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Comemora, garoto! (Ricardo Saibun/Divulgação Santos FC)
Sem Neymar e Monitllo, que estão em suas respectivas seleções, e sem Cícero e Emerson Palmieri, Muricy mudou mais uma peça no time do Santos: Miralles voltou a atuar entre os titulares no lugar de André. Mas foi o novato e artilheiro da Copa São Paulo de Juniores, Giva, o astro da companhia que propiciou uma pobre apresentação à torcida. Ele fez os dois gols da virada do Peixe sobre o Mirassol, na Vila Belmiro.

Apesar de ter tomado uma bola na trave no começo, o time se portou bem, dominando as ações, e Miralles conseguiu perder dois gols praticamente no mesmo lance. Mas em um escanteio, o Mirassol marcou com André Luis, aos 20. Tudo bem que quando o nosso time toma gol temos o hábito de tirar o mérito do rival e ver a falha de nosso defensores, só que esse tento não deixou dúvida alguma sobre o vacilo alvinegro, uma falha grotesca de marcação que permitiu ao atacante rival finalizar sem ninguém para incomodar.

Após o gol tomado, o Santos seguiu na toada de tocar a bola, muitas vezes sem objetividade, e, na hora de um lance agudo como um passe mais longo ou um cruzamento, entregava o ouro para o Mirassol. O empate veio no fim da etapa inicial, em cobrança de escanteio na qual Giva fez seu primeiro gol como profissional.


O segundo tempo seguiu na mesma pasmaceira dos primeiros 45 minutos. O segundo gol de Giva veio em um lance irregular, considerando-se que Patito Rodríguez participou da jogada em condição de impedimento, aos 29. Felipe Anderson, que foi uma nulidade durante quase todo o tempo, coroou sua atuação com uma expulsão ridícula, depois ter retardado a cobrança de uma falta já tendo o cartão amarelo. Pato também foi expulso após entrada violenta e o time da casa teve que aguentar o ensaio de pressão dos visitantes durante quase oito minutos com dois a menos.

Mesmo sem quase meio time titular, o Alvinegro manteve a regularidade: futebol fraco, pouco objetivo e com somente alguns lampejos de um ou outro atleta. Difícil de assistir e também de escrever a respeito. O Peixe é vice-líder com 27 pontos e o Mirassol segue em seu namoro com a zona do rebaixamento.

quinta-feira, março 21, 2013

Seleção de pérolas

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Felipão insiste em convocar e manter o Hulk em campo, mas quem joga é o Bruce Banner.

Kaká, com o atual futebol, perdeu até o acento. A partir de hoje, Caca mesmo.

Alguém se lembra de uma grande partida de Daniel Alves pela seleção? Uma boa partida? Um jogo, pelo menos, mais ou menos?

Dante, David Luiz, Daniel Alves, Filipi Luis, Marcelo, Neymar chamam mais atenção pelos cabelos que pelo futebol. Dão verdadeiro chapéu no torcedor.

O que o Julio Cesar estava fazendo no meio da área no gol do Balotelli?

Para que zagueiros que jogam na Europa se toda bola cruzada na área é um suplício?





'Queimados' do mundo, uni-vos!

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Tudo bem: a militância é primordial, a mobilização via internet imprescindível e Queimados, um município do estado do Rio de Janeiro. Mas ficou engraçado.



Corinthians: Empate sem graça com gol de Sheik

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Gol na conta e cheio de marra (Ari Ferreira/Lance!Press)

Um Corinthians quase titular empatou jogo amarrado contra o XV de Piracicaba, no interior, na noite dessa quarta. Não foi um OXO, mas merecia. Acabou sendo um IXI - e com dois belos gols em chutes de fora da área, um de Emerson Sheik e outro de Diguinho.

Sheik entrou no segundo tempo no lugar de Guerrero, que pediu dispensa de um amistoso da seleção peruana para participar dessa e da próxima partidas - decisão que ele agora pode estar questionando intimamente. Emerson novamente entrou bem e criou jogadas perigosas, o que faltou no primeiro tempo. O gol ajuda a consolidar a mudança de fase. Deve ter ganhado pontos à frente de Romarinho como primeira opção para o ataque, até pela fraca jornada do garoto.

Outro que manteve bom nível foi Renato Augusto, por quem passaram as tramas mais lúcidas do ataque paulistano. Do outro lado, Danilo foi muito, mas muito discreto. No ano passado, ele já era dos jogadores com mais problemas para alcançar bom rendimento físico, o que só tende a se agravar. É preciso pensar em alternativas.

Os reservas em campo foram três: Danilo Fernandes no gol, Chicão na zaga e Romarinho no ataque. Os três por lesões dos titulares Cássio, Paulo André e Pato, ou seja, a intenção do Tite era botar força máxima e ganhar a peleja. No entanto, considerando o que se viu em campo, fiquei em dúvida se foi a melhor opção. Será que o grupo qualificado de reservas que tem o Corinthians não teria mostrado mais fome de bola, como foi contra a Barbarense no fim de semana? A letargia de Danilo e os maus desempenhos de Alessandro e Fábio Santos ajudam a fortalecer a tese.

O fato é que o Timão está agora na sétima posição desta interminável primeira fase do Paulistão, com 22 pontos - curiosamente, a apenas do terceiro colocado, o Santos. Tem tudo para se classificar nas seis rodadas restantes, mas precisa ganhar uns joguinhos. Desperdiçar essa folga da Libertadores pode criar um pepino.

As aparências enganam: há os que odeiam e há os que amam

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Minha livre adaptação ao verso inicial da bela composição de Sérgio Natureza e Tunai, gravada por Elis Regina, tem como propósito exemplificar dois comportamentos observados, ontem, na vitória por 2 a 1 do São Paulo sobre o São Bernardo: Luís Fabiano comemorando discretamente o primeiro gol (depois de não ter comemorado ao marcar contra o Oeste, no domingo) e a alegria extravasante de Rodrigo Caio ao fazer o gol da vitória. Não sei se o "Fabuloso" está odiando as críticas da imprensa e da torcida, o técnico Ney Franco, a não convocação para os amistosos da nova "família Scolari", o monte de gols perdidos por ele em todos os jogos ou nunseiquelá nunseiquelá. Só sei que, para quem voltou fazendo juras de amor ao clube, não há justificativa plausível para não comemorar gols - principalmente quando a equipe enfrenta turbulências e os torcedores exigem vibração e raça. Exatamente o que demonstra o garoto Rodrigo Caio, que vai consolidando - com toda justiça - sua vaga no time titular.

Essa é a diferença. Não basta criticar o instável e despótico presidente Juvenal Juvêncio, as possíveis inseguranças e escolhas erradas de Ney Franco ou a postura injustificável de jogadores que afrontaram o treinador. O que está faltando, no São Paulo, é o time chamar a responsabilidade pra si, bater no peito e - mais do que tudo - vibrar! Um exemplo: o elenco de 2005, que nem era mais forte do que o atual e que, antes de vencer o Paulistão (e engatar a conquista da Libertadores e do Mundial), sofria pressão da diretoria, da torcida e da imprensa. Mas o torcedor se lembra dos gritos de incentivo ao time e da raça de Lugano. Do Cicinho comemorando um corte para a lateral como se fosse gol. Do Amoroso berrando "Vai, São Paulo!" ao estufar a rede do adversário. Aquele time conseguia ser aplaudido pelo torcedor mesmo em algumas derrotas. O contrário do elenco de hoje, que é vaiado até quando vence e lidera com sobras um campeonato.

Cadê a vibração no elenco autal? Está na molecada - e Rodrigo Caio é um bom exemplo. Ney Franco deveria se cercar desses jogadores que querem mostrar serviço como "soro antiofídico" contra as cobras criadas do elenco. Lúcio já passou seus primeiros 90 minutos no banco. Luís Fabiano está pedindo o mesmo.

O jogo - A partida em São Bernardo do Campo teve como ponto alto o primeiro tempo, quando as duas equipes se postaram de forma idêntica, com três atacantes, e partiram para o jogo aberto. Se eu fosse diretor do São Paulo, procuraria saber mais sobre Gil, ótimo ponta do Tigre, que tirou Tolói para bailar várias vezes. O Tricolor perdeu algumas chances claras até encaixar bela jogada de ataque: a partir de um corta-luz de Ganso, Jadson (jogando muito, como sempre) passou a Wallyson, que serviu na medida para Luís Fabiano pegar de esquerda, de primeira, e abrir o placar. Porém, num escanteio despretensioso, o volante Denílson (em péssima fase) foi tentar cortar e fez o gol contra que igualou tudo no estádio 1º de Maio. Na segunda etapa, os dois times voltaram com o freio de mão puxado e o jogo só melhorou quando Carleto fez o ótimo passe que culminou no gol de cabeça - e da vitória - de Rodrigo Caio. O São Bernardo foi pra cima e quase empatou, não fosse a boa atuação de Rogério Ceni. Agora, o time tem até 4 de abril para adquirir um padrão e voltar a jogar bem. Antes, porém, terá uma verdadeira prova de fogo contra o Corinthians. A ver.


terça-feira, março 19, 2013

Enquanto isso, no país da piada pronta...

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71 anos, terra arrasada e possível ressurgimento

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Numa inversão de dois algarismos, o glorioso Clube Atlético Taquaritinga (CAT), de minha cidade natal, completou 71 anos no dia 17 março. E, a duras penas, tenta juntar os cacos de seu declínio no futebol paulista, após dois rebaixamentos seguidos, caindo da Série A-2 (a Segunda Divisão de fato), em 2010, e da Série A-3, no ano seguinte, além de ficar em último lugar na última divisão estadual, a chamada Série B (que, na prática, foi uma junção da quarta com a quinta divisões). Um jornal da terrinha informa que o time vai disputar novamente a Série B este ano, e que, pra isso, contratou o técnico Wilson Carrasco - ex-meia esquerda que fez sucesso na Portuguesa de Desportos, no fim dos anos 1970 e início dos 1980. Mas, além de montar uma equipe praticamente do zero, o treinador terá outros desafios, como a recuperação do estádio Taquarão (aquele que dizem ter sido construído em tempo recorde, e com 3 mil litros de pinga...). Na foto abaixo, Wilson Carrasco, o preparador físico e um dos atacantes contratados pelo CAT para a temporada deste ano vistoriam a "terra arrasada" que é, hoje, o gramado local.

Taquarão: aguardando ajuda da Prefeitura para disputa da Série B
Mas as notícias não são todas preocupantes. Alguns amigos meus - Angelo Marcelo Okada, Alexandre Varrone e Marcio Sala - resolveram arregaçar as mangas e estão participando diretamente da nova diretoria do CAT. Segundo eles, o ex-jogador Edmílson, taquaritinguense tetracampeão mundial com a seleção de Felipão em 2002 (tendo, inclusive, marcado um golaço), poderá assumir as categorias de base do clube. Ele possui uma Fundação em Taquaritinga, voltada às crianças carentes, parecida com a que é mantida pelo Cafu e a outra, do Raí e do Leonardo. No último domingo, aniversário do CAT, o prefeito de Taquaritinga, Fúlvio Zupani (PT), se encontrou na cidade do Guarujá com Julio Eduardo dos Santos, Secretário Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, e o presenteou com uma camisa do clube (foto abaixo) - que possui uma das combinações mais originais do futebol, pois, ao escolher originalmente as cores da bandeira da Itália, teve que trocar o branco pelo preto para evitar problemas durante a 2ª Guerra, quando o país europeu se tornou inimigo do Brasil (como lembrou Celso Unzelte nessa homenagem aqui). Aliás, Unzelte cantou o Hino do CAT, gravado em ritmo de forró e já lembrado pelo Glauco em um post.

Fúlvio Zupani (ao centro) e secretário Julio Santos (à direita)
Enfim, vamos torcer para que o CAT, pelo menos, possa ressurgir das cinzas. O clube viveu seu momento de glória entre 1982 e 1984, quando foi campeão da antiga Segunda Divisão do Paulistão e disputou a elite por dois anos. Tinha jogadores como o zagueiro Estevam Soares e o ponta-esquerda Edivaldo (já falecido, ex-Atlético-MG, São Paulo e seleção brasileira). Eu era garoto e, naqueles dois anos, entrava em campo com o time, em jogos contra Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Cruzeiro. Meu pai, Chico Palhares, foi quem idealizou e projetou o estádio Taquarão, em uma cratera onde a Prefeitura retirava terra para obras. Há exatos 30 anos, portanto, o CAT completava 41 anos em plena Primeira Divisão do Campeonato Paulista, fazendo bonito. Outro dia descobri, folheando o Almanaque do São Paulo que Alexandre da Costa publicou pela Abril em 2005, que o primeiro jogo do atacante Muller pelo Tricolor do Morumbi, como profissional, ocorreu justamente no Taquarão, pelo Paulistão de 1984. Que momentos como esse voltem a acontecer por lá, um dia! Vai, CAT!

segunda-feira, março 18, 2013

Pinceladas cariocas - Bola é problema e gol é chato

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por Enrico Castro

"Ó aqui, ó: dois títulos! Dois!"
Conforme antecipado aqui no Futepoca na semana passada, o Flamengo, que mais parece trabalhador em regime de escala (joga uma rodada e folga duas), está de técnico novo. Apesar de tudo indicar que o novo comandante seria o ex-técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, a realidade nua e crua é que o clube da Gávea não tem os 2 tostões furados necessários para contratar o 2º pior técnico que a seleção brasileira já teve (o pior foi o Leão). E, por isso, optou por um técnico cujos dois títulos que possui na carreira foram conquistados no forte futebol japonês, quando aqui já era madrugada e ninguém conseguiu ver. Agora é esperar para ver como Jorginho se sairá comandando um clube de massa - e pipoca.
Bola que será usada em treino do Vasco
O Vasco teve mais uma atuação tenebrosa no domingo e conseguiu a façanha de perder, em casa, para o inexistente Volta Redonda, por 1 x 0. Entretanto, tolos foram os torcedores que, mesmo após as declarações de dois de seus principais jogadores, dadas antes de domingo, não previram a derrota do bacalhau. Na quinta-feira passada, em entrevista coletiva, Wendel disse que “o ponto fraco do Vasco hoje é bola”! Gozado! E eu pensava que, para a prática do futebol, era necessário utilizar a tal bola... Se a FERJ autorizar o uso de bola oval no Campeonato Carioca, quem sabe o Vasco sai da lama? 
Pescaria é muito menos chato que gol!
Se não bastasse a declaração de Wendel, o Febeavice (Festival de Besteiras que Assola o Vice Eterno) foi incrementado no dia seguinte, quando o atacante Eder Luis disse que “esse negócio de fazer gol é muito chato”! Pai do céu! Qual é mesmo o objetivo do futebol?!?!?? Pra quê serve mesmo um atacante??!?? Parece que, com a evolução da sociedade e do esporte, muitas coisas mudaram no mundo. Valores foram invertidos, tabus foram quebrados, regras foram alteradas. Mas uma coisa não mudou: o objetivo do futebol ainda consiste em deslocar um objeto esférico, mais conhecido como bola, através de um campo retangular, e colocá-lo dentro da baliza do time adversário. Ato conhecido como gol, principal atribuição de um atacante. E em São Januário um diz que o problema é a bola e o outro que o gol "é chato". Pobre Vasco... 
Já o Botafogo antecipou a Páscoa e teve seu Sábado de Aleluia! O atacante Rafael Marques, depois de apenas 21 partidas , enfim marcou seu 1º gol pelo Glorioso. Aleluia! Foi o último da vitória por 4 x 0 sobre sobre o poderosíssimo Quissamã. Realmente, aquela tornou-se uma tarde/noite bastante atípica para o torcedor botafoguense. O time goleou, Seedorf jogou mal e perdeu gol feito, e Rafael Marques (o craque!), além de deixar o seu, deu assistência para outros dois gols. 
E o Fluminense, que ainda não teve o seu Sábado de Aleluia, reza para que o ano passe rápido e o Natal chegue logo. Os dirigentes e Abelão já estão com as cartinhas prontas com o mesmo pedido para Papai Noel: um golzinho de Rhayner. Pode ser de pênalti, impedimento, mão, gol contra, enfim, de qualquer tipo está valendo. Um atacante que não marca um gol há 26 meses e ostenta a incrível marca de 3 gols na carreira deveria estar jogando no Clube Atlético Taquaritinga!
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele mesmo do Goiás, Botafogo e etc) brilharia na Champions League. Não é preciso dizer mais nada.

domingo, março 17, 2013

Depois de perder para o Arsenal da Argentina, São Paulo toma sufoco do Oeste e Ney Franco ouve côro de "burro"

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Agora é fato: do jeito que a coisa vai, Ney Franco não deve durar muito no comando do São Paulo. A vitória suada - e mesmo injusta - por 3 a 2 contra o Oeste de Itápolis hoje, no Morumbi, inaugurou a guerra declarada da torcida contra o técnico Ney Franco. Desde o primeiro tempo, o tradicional côro de "burro" ecoou forte no Morumbi, mostrando que, além de enfrentar oposição explícita de alguns atletas e ironias da diretoria, o treinador também terá que encarar guerra aberta da torcida. Quando chega nesse ponto, ou o time vira um Barcelona e começa a dar show, de um dia para o outro, ou a cabeça do técnico não demora muito pra rolar. Como a primeira hipótese é mais do que improvável...

Eu, de minha parte, não tenho nada contra Ney Franco. Não acho que ele seja pior do que os antecessores de 2010 pra cá - muito pelo contrário. Porém, na Ditadura Juvêncio, os técnicos já chegam ao clube sem poder. É nítido que Ney Franco nunca teria escalado Ganso como titular, em hipótese alguma, e que só o fez por pressão da diretoria. Lúcio é outro que chegou com status de titular, independente da opinião do técnico. Cobras criadas como Rogério Ceni (que afrontou o técnico num jogo no fim do ano passado quando contestou uma substituição), Luís Fabiano e o próprio Lúcio, como bem observou o Glauco no comentário de outro post, tornam o ambiente um campo minado para o treinador.

É fato, também, que o time não tem laterais que prestem. Isso é um absurdo num time do porte do São Paulo. E complica a vida de qualquer treinador. Em 2011, os técnicos tiveram que se virar com o horrendo Píris e o nulo Jean. De 2012 pra cá, Douglas é uma das maiores dores de cabeça que o São Paulo já teve: não marca, não ataca e deixa avenida para os adversários. Cortez, coitado, é esforçado. Só isso. E os volantes Wellington e Denílson não estão jogando NADA. Como um técnico, seja ele quem for, vai conseguir fazer omelete com ovos tão raquíticos? Mas, como sempre no futebol, fica mai fácil demitir um técnico do que o time todo. E o São Paulo terá que começar tudo do zero. De novo...



Timão fura retranca da Barbarense e Sheik "rala o bumbum o chão"

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Fazia tempo que Sheik não jogava bem (Foto: Eduardo Viana/Lance!Press)

O Corinthians bateu, bateu, e bateu até que furou a violenta retranca da União Barbarense, vencendo por 3 a 0 a partida deste sábado, no Pacaembu. Os reservas Douglas e Jorge Henrique marcaram o primeiro e o segundo e Renato Augusto fechou a trinca com um belo toque por cima do arqueiro, anotando seu primeiro e merecido tento pelo Timão.

Tá certo que a Barbarense é forte candidata ao rebaixamento no já tecnicamente rebaixado Paulistão. Mas o time que foi a campo, com apenas 3 titulares, mostra um elenco pra lá de forte: Douglas, Romarinho, Sheik, Edenilson, Guilherme, Chicão e meu desafeto JH disputariam vagas em muito time titular do Brasil. Mais que isso: o pessoal entrou jogando forte, apertando e buscando a vitória, sem a preguiça que caracterizou o time “alternativo” em boa parte do segundo semestre do ano passado. Se mantiverem a pegada, seremos mais competitivos mesmo disputando campeonatos paralelos.

O destaque do jogo foi Emerson, por dois motivos. Primeiro, jogou muito bem e participou dos dois primeiros gols. Se mexeu o tempo todo, criou boas jogadas com suas arrancadas e dribles e foi mais solidário. Segundo, pela declaração depois da partida. Feliz pelo bom desempenho, ele disse não estar em má fase e que s gols virão em breve. Mas o importante foi isso aqui: “Temos um treinador que prega igualdade, que dá oportunidade para quem trabalha. Quem está no Corinthians e conhece o Tite sabe muito bem que ninguém joga com nome. Para conquistar uma vaga, ele fala uma frase que às vezes não pega bem: 'Tem de ralar o bumbum no chão'. Se este é o caminho, é ele que vou seguir”

Pelo temperamento explosivo e perda de espaço recente, Sheik parecia ser um dos principais candidatos a criar uma crise de comando no vestiário. Se ele topar na boa a reserva e correr quando for exigido, fica mais difícil para outros caras criarem problema. Grande mérito de Tite essa condução do elenco.

A partida inaugurou uma sequência de cinco jogos com foco no Paulistão, culminando com o clássico contra o São Paulo. Curiosidade: logo depois do clássico volta a Libertadores. Ou seja, boa chance dos times usarem reservas ou tirarem o pé no jogo mais relevante do período. O pessoal do calendário da FPF mais uma vez está de parabéns.