Compartilhe no Facebook
Li no UOL Esporte que o São Caetano, para comemorar seus 20 anos, anunciou mudanças em seu distintivo e mascote. Sai o simpático Azulão e entra um pássaro metido a briguento. Até aí tudo bem. A principal alteração está no distintivo: agora, acima do já tradicional escudo do clube do ABC, estarão três estrelas prateadas. Uma, a maior, simbolizará o título paulista de 2004, enquanto as menores servirão para a conquista do Paulista da A2 de 2000 e para os títulos da A3 de 1991 e 1998 (uma para as duas taças).
Só eu ou a vocês também causa uma baita estranheza ver um time que passou muito, muito perto de vencer a Libertadores e o Brasileirão ficar colocando estrelinha de divisão inferior na camisa? Me parece um belo tiro no pé, um desmerecimento das próprias possibilidades do clube. Um time que se orgulha de ganhar uma terceira divisão estadual não parece estar tão digno de bater de frente com outros que jamais colocaram os pés nessa competição.
Eu reconheço que os títulos devem ter suas histórias. Lembro de ter acompanhado a trajetória caetanense de 2000, quando o matador do clube era ninguém menos que Túlio Maravilha (ele mesmo). Mas o que acredito é que o São Caetano, se fosse para homenagear aquelas conquistas, deveria tê-lo feito quando ainda era um time pequeno (não que hoje seja "grande", mas é no mínimo médio).
O curioso é ver que o expediente não é único. Há dois outros exemplos de times brasileiros que têm façanhas maiores nos seus currículos mas 'poluem' seus uniformes com estrelas de títulos inferiores.
Um deles é o Atlético-PR. Em 2001, o Furacão foi campeão brasileiro, sendo o segundo clube do seu estado a levantar a taça nacional. Os atleticanos sonhavam com a conquista, entre outras coisas, para poder rivalizar com a estrelinha dourada que os coxa-brancas ostentavam desde 1985.
Levantada a taça, o que a diretoria atleticana decide? Que, além de uma estrelinha dourada, o Atlético traria outra em seu uniforme: uma prateada, simbolizando o título da Série B de 1995. Ou seja: quando o time dá o maior passo de sua história, se insere definitivamente nacional, prepara-se para vôos internacionais, opta por materializar um tempo em que disputava com alguma frequência a Segundona.
E o outro exemplo também é do sul do país. Trata-se do Criciúma. Quem vê o uniforme do clube hoje nota três estrelinhas sobre o distintivo, as três desenhadas da mesma maneira, sem que haja hierarquia sobre elas. Três títulos iguais? Não, de maneira alguma. Uma estrela é para a Copa do Brasil de 1991, outra para o Brasileiro da Série B de 2002 e a terceira para a Série C de 2006.
Pela camisa, sugere-se que o clube dá o mesmo peso de um título nacional, que poucos clubes detêm (vale lembrar que gigantes como Santos, São Paulo, Atlético-MG e Botafogo jamais conquistaram a Copa do Brasil) a uma taça de Série B e, pior, a outra de terceira divisão (!).
Repito que o mais gritante das três histórias é o fato das estrelinhas "menores" terem aparecido nos uniformes após a conquista dos títulos mais importantes. Um clube pequeno, que ostenta uma estrelinha de um título inferior em sua camisa, e que depois ganha um título mais importante, mas opta por homenagear seu passado mantendo a estrelinha inicial, é algo compreensível; agora, um que desmerece seu uniforme adicionando estrelas após ter alcançado vôos maiores, é algo que não consigo entender.