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O Futepoca tem história com "sete motivos". A lista de razões foi usada com mais bom humor em outras feitas, mas é o que cabe a este palmeirense em um momento em que Luiz Felipe Scolari anda tão contestado no cargo. Tem gente que concorda que ele tem de ficar e até se mobiliza para isso, mas é preciso mais.
Este ébrio autor alviverde continua com vergonha pela
derrota do Palmeiras frente ao Coritiba na quarta-feira, 4, pelas quartas-de-final da Copa do Brasil. Tomar de 6 a 0 não é normal, não é aceitável nem tem explicação. Está claro que parte do elenco e parte da diretoria e parte da torcida quer ver vaga a cadeira de técnico do time. É bastante gente convicta de que é hora de mandar Luiz Felipe Scolari embora, e os argumentos dessa turma são mais ou menos bem conhecidos e explorados. Passam pelo tal relação entre custo (salarião que eu pedi a Deus) e benefício (zero títulos até agora), por ele não ser o mesmo de 12 anos atrás (foto), e por ter acumulado dois tropeços desagradáveis em quatro dias concecutivos etc.
Mas este post é para listar motivos pelos quais Felipão deveria manter-se no posto onde está. Sem ilusões nem endeusamentos com base em feitos do passado, minha visão é de alguém que torce pelo Verdão (e até com mais força) numa hora dessas.
Aos meus sete motivos para o "Fica, Felipão".
1- Eventuais substitutos são piores (OU Pra que outro Caio Jr.?)Nos últimos cinco anos, dez treinadores
passaram pelo clube. Émerson Leão, Tite, Wanderley Luxemburgo e Muricy Ramalho são apenas os mais badalados e caros que não deram certo. Há técnico melhor do que Felipão para o posto? Não. Há alguém bom que pode fazer melhor? Difícil prever, mas está claro que os problemas não terminam no treinador e que houve incompetência na gestão de futebol e na disputa fraticida entre os grupos políticos que disputam (e, diferentemente do que ocorreu na década de 1990, se sucedem na presidência - ainda bem) que até sabota o comando do clube, incluindo as ações positivas e interessantes. Mesmo tendo pouca culpa pelo que aconteceu, Caio Júnior já foi uma experiência que mostrou limitações mais que evidentes em 2007; repetir a dose não vale a pena.
2- Diretoria-abacaxi e turma do amendoimOs torcedores que ficavam reclamando do bom time de 2000 das numeradas do estádio Palestra Itália foram chamados por Felipão "turma do amendoim", designação pejorativa o suficiente para nomear (e desqualificar as críticas) de um padrão de palmeirense que reclama sempre. Embora tenha declarado a
morte daquela turma, ele ainda consegue driblar razoavelmente bem as reiteradas queixas de cartolas e reclamantes. O técnico pede "ô, ô, ô, queremos jogador" quando falta material humano. Depois de
chiar horrores e quando já começa a
pegar mal tanta queixa, alguém vai lá e enquadra o treinador. Ele
ironiza a valer a chamada na chincha,
lamenta o "cala boca" imposto e, então, se cala. Ou se contém. Mas não esconde que a qualidade do time que tem
impõe limites. Se isso aborrece jogador, pelo menos permite uma relação de maior sinceridade com a torcida, o que leva ao próximo ponto.
3- Empatia com a torcidaNenhum outro treinador terá, de pronto, uma proximidade tão grande com o palmeirense médio (incluindo aquele que é abaixo e aquele acima da média, seja lá o que isso signifique). Isso tem a ver com a história no clube, mas tem a ver com alguém que se comporta de forma errática, mais ou menos como o torcedor. Num dia está
mais calmo do que deveria, no outro, mais
irritadiço e insatisfeito do que seria razoável esperar. É o comportamento de alguém que age movido por uma paixão, embriagado de tudo o que envolve o futebol. Ou sei lá que outra explicação
mais poética que alguém pode oferecer para esse fenômeno.
4- Felipão não fala "tatiquês"Nos idos da
hiperinflação dos anos 1980, o
"economês" foi um neologismo criado para reclamar dos economistas que enrolavam ao tentar "explicar" os motivos da instabilidade na alta de preços e na crise da dívida. Tal "idioma" também fez sucesso na apresentação do Plano Collor, em que os jornalistas atônitos tiveram dificuldades para traduzir o que se passava na mesa encabeçada por Zélia Cardoso de Mello (foto). Meu neologismo é uma alusão direta a treinadores que preferem falar de milagres táticos e supervalorizar seus feitos a reconhecer méritos de atletas e mesmo do acaso e da sorte. O técnico do Verdão fala mais simples do que outros que já pisaram na relva mais verde da capital paulista.
5- Ídolo merece respeitoFelipão tem uma história com o Palmeiras. São conquistas e quase conquistas (por que não?). Uma Libertadores (1999), uma Copa do Brasil (1998), três vices (Libertadores, em 2000, Mundial de Clubes, em 1999, e Brasileiro, em 1997) e muitos feitos memoráveis. Marcos, o Goleiro, tomou seis gols no último jogo, já levou outras goleadas, mas não deixa de ser o maior goleiro que habitou a meta palmeirense na opinião de
muita gente. Não merece sair mal na fita por causa disso. O mesmo tratamento vale para o homem que ocupa o banco de reservas. Isso não o torna indemitível, mas não funciona tratá-lo como para-raio após dois revéses.
6- Sonho de Libertadores ou pesadelo de rebaixamentoNo Brasileiro, Felipão significa sonho de vaga na Libertadores; sem ele, é fugir do rebaixamento. Pode soar catastrofista e, em alguma medida, é mesmo. É possível montar um time razoável com o elenco disponível. Mas contusões inevitáveis e eventuais transferências em agosto podem complicar tudo, como aconteceu em 2009 e em 2007, por exemplo. Só que o time atual mostra-se mais limitado do que os daqueles anos mencionados. Seja por motivar os jogadores, seja por armar o time de um jeito às vezes despretensioso que funciona, Luiz Felipe Scolari no cargo permite que o torcedor acredite que o Palmeiras pode beliscar uma vaga no torneio continental se o pessoal da frente bobear. É sonho, ambição. Bem melhor do que temer rebaixamento.
7- Corintianos e mustafásRivais e o ex-presidente do clube, Mustafá Contoursi, querem vê-lo fora - São dois balisadores de opinião, que ajudam a empurrar a opinião para o lado contrário. Foi uma dose de
troça compreensível e até justa. Mas a manifestações de torcedores rivais não escondem parcela de desejo de ver o Palmeiras sem Felipão no banco. Ele não representa mais o mesmo que antes, nem em termos de receio para os adversários, mas ainda guarda uma aura mais respeitável do que outros treinadores. Mais grave do que ser o desejo de quem quer ver seca a pimenteira da rua Turiassu por divergências clubísticas é a ação do cartola Mustafá Contoursi. O ex-presidente do Palmeiras – durante boa parte da década de 1990 e até o rebaixamento e ascenção à primeira divisão – apoiou e patrociou Arnaldo Tirone na disputa do cargo. Ele foi
elogiado por Felipão, mas consta que Mustafá e seu grupo querem tirar o técnico, seja lá com base nos custos, seja como forma de enfraquecer Roberto Frizzo, vice-presidente de futebol.
Tô errado?