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Seleção brasileira toma virada em Port Elizabeth. Felipe Melo, de herói a vilão, vira personagem negativo do jogo. Sneijder, do outro lado, garantiu a merecida vitória da Laranja Mecânica
Do Copa na Rede – A Holanda venceu o Brasil nesta sexta-feira (2) pelas quartas de final por 2 a 1. O time de Dunga está fora da Copa do Mundo de 2010, cai na mesma fase que ficou em 2006. O primeiro semifinalista do Mundial é europeu e os sul-americanos começam mal esta etapa.
Robinho
disputa
bola com
Van Bommel
(Foto:
Caetano
Barreira /
Fotoarena/
Folhapress)
O time brasileiro, de azul, saiu na frente com Robinho, mas cedeu o empate e a virada em duas falhas da defesa. Sneijder foi o personagem do jogo do lado holandês, e Felipe Melo, do lado brasileiro. O camisa 5 passou de herói a vilão, primeiro por ter dado o passe para o tento canarinho; depois, por ter desviado para dentro do gol, no empate, e por ter sido expulso minutos antes da virada. Simbolizou a falta de seriedade na volta para o segundo tempo e a desestabilização que o time sentiu depois do empate.
Enquanto o 10 dos Países Baixos foi decisivo nos dois gols, o brasileiro Kaká não correspondeu. Nem Robinho, nem Luis Fabiano. Faltou individualidades e, no segundo tempo, faltou jogo coletivo, calma, frieza e outras características que marcaram os bons momentos da trajetória de Dunga no comando do time.
O Brasil jogou apenas metade do jogo. A Holanda, a outra parte, a final, decisiva. Venceu quem aproveitou melhor o momento da partida que lhe favorecia. E o time laranja ainda mostrou soberba ao desperdiçar seguidas oportunidades de contragolpe depois de ter virado o placar. Mas aí, já não tinha problemas, a vaga do país europeu estava garantida.
Quem sofreu por falta de seriedade foi o time brasileiro que não estava bem na etapa final. E, quando ficou atrás no marcador pela primeira vez no Mundial, não mostrou cabeça nem habilidade para sair da arapuca.
Acabou a Copa para o time de Dunga.
Será que alguém vai dizer, qual Fernando Vanucci em 2006, que o Brasil é logo ali?
Nervosismo em duas partes
O Brasil começou nervoso, com o time fazendo faltas no meio campo. No primeiro lance de perigo, Daniel Alves recebeu a bola em posição de impedimento, tocou para Robinho empurrar para o gol. O assistente sul-coreano demorou a erguer a bandeira e árbitro japonês hesitou a anular. O camisa 13 estava a frente da zaga.
Dois minutos depois, Felipe Melo fez um lindo lançamento para Robinho pelo miolo da zaga, que tinha um rombo. Ele avançou e tocou na saída de Stekelenburg: 1 a 0. Logo aos 10 minutos, tudo o que qualquer equipe poderia desejar. Mas o Brasil não soube aproveitar. O time holandês estava perdido, com o meio de campo falho e a defesa com buracos. Faltou agilidade e senso de oportunismo para ampliar.
A Holanda conseguiu suas melhores chances em faltas batidas por Sneijder, e em cruzamentos. Julio Cesar só trabalhou em bolas alçadas na área brasileira, sem grandes dificuldades. A jogada pela direita do atacante Robben estava muito bem marcada pela defesa brasileira. Os defensores fecham o espaço para o chute de pé esquerdo que caracteriza o camisa 11 holandês. Isso acontecia com Michel Bastos, com Juan e com Lúcio.
Mas tudo isso acabou na segunda etapa.
Na volta do intervalo, o Brasil não conseguiu impor seu ritmo nem sair no contra-ataque. A Holanda tentava trocar passes e se aproximar da área. Aos 9 minutos, Sneijder cruzou para a área. Felipe Melo e Julio Cesar trombaram. O camisa 5 ainda desviou a bola, que foi dormir no fundo das redes brasileiras. Empate logo no início foi sinal de desconcentração do time e melhoria dos holandeses.
Dois minutos antes, Robben sofrera falta de Michel Bastos, que tinha levado o amarelo na primeira etapa. Ele só não tomou o vermelho no lance porque o árbitro não quis. Mesmo que o 11 laranja tenha exagerado, foi uma entrada dura. Isso foi decisivo no jogo, porque Dunga precisaria tirá-lo, para a entrada de Gilberto, evitando uma expulsão.
Só que deu o efeito inverso. Se a ideia era não perder Michel Bastos, o time perdeu outro jogador. O lateral-esquerdo reserva não conseguia acompanhar o veloz Robben, e demandou ajuda dos volantes. Quem foi ajudar? Felipe Melo, que havia voltado na segunda etapa bastante desconcentrado, errando passes, displicente até. Em uma troca de passes pelo setor esquerdo brasileiro, Sneijder sofreu uma falta e um pisão do camisa 5. O árbitro japonês mostrou o vermelho sem pestanejar aos 12 minutos.
Mais 10 minutos se passaram. Outra uma vez, pelo lado esquerdo da defesa, Juan, ao cobrir o lateral esquerdo, colocou a bola para fora, em escanteio para a Holanda. Na cobrança, uma jogada bem ensaiada terminou com a bola no fundo das redes brasileiras. Gol de Sneijder, que apareceu em momentos decisivos do jogo.
Depois disso, atrás no marcador e com um a menos, o time dependia do talento de Robinho ou de Kaká para reagir. Kaká continuou esforçado. Só esforçado. Deu três chutes a gol no jogo todo, atuou mais como atacante, com o camisa 11 recuado, ajudando até na marcação. Aparentemente, tudo isso por medo de levar cartão amarelo e ficar suspenso para a semifinal. Mas agora, não tem outra partida na África do Sul.
Luis Fabiano ainda saiu para entrada de Nilmar aos 32. Com uma sequência de escanteio aos 35, o Brasil criou chances de perigo, mas não conseguiu finalizar.
A Holanda criava contragolpes, mas não aproveitou as chances. Não precisou. Os europeus se classificaram.
Assista aos gols da partida:
Ficha técnica
Holanda 2 x 1 Brasil
Holanda
Stekelenburg; Van der Wiel, Heitinga, Mathijsen e Van Bronckhorst; Van Bommel, De Jong, Sneijder e Kuyt; Van Persie e Robben.
Técnico: Bert Van Marwijk
Brasil
Julio Cesar; Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos (Gilberto); Gilberto Silva, Felipe Melo, Daniel Alves e Kaká; Robinho e Luis Fabiano.
Técnico: Dunga
Gols: Robinho (BRA), aos 10 do primeiro tempo, Felipe Melo (BRA, contra), aos 9 do segundo e Sneijder (HOL) aos 22.
Cartões amarelo: Heitinga, Van der Wiel, De Jong, Ooijer (HOL); Michel Bastos (BRA). Cartão vermelho: Felipe Melo (BRA).
Árbitro: Yuichi Nishimura (JAP).
Assistentes: Toru Sagara (JAP) e Jeong Hae-sang (KOR).
Estádio: Nelson Mandela Bay, Porto Elizabeth.