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domingo, agosto 21, 2011

Lupicínio pelo avesso

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Começa o show com o Arrigo Barnabé sentado ao piano, a voz maturada na cerveja se vingando na afinação, dá para pensar que vem pela frente uma soirée sofrível. Mas logo as coisas começam a fazer sentido. Ele se levanta e vai ao microfone, Paulo Braga se dirige ao piano, Sergio Espíndola pega do violão. A gravata rota como a voz, o cabelo amassado como a camisa vermelha, um paletó que ele deve ter usado na formatura do primeiro amigo, o conjunto formava o estranho cenário de um espetáculo iconoclasta (o que é estranho para um concerto homenagem).

A canção que abre, “Cadeira vazia”, é uma das mais conhecidas de Lupicínio. Descreve a volta da mulher à casa do amante abandonado, que a recebe pedindo que fique à vontade – é evidente que sua presença permaneceu no lugar, a cadeira dela ainda está vazia. Mas os versos que sintetizam o show que acaba de começar são: 

Voltaste, estás bem, fico contente
Mas me encontraste muito diferente


Com a voz e a cara de louco do Arrigo, nota-se que a “diferença” aqui é diferente do que as costumeiras interpretações da canção normalmente exploram: o cara não se prostrou deprimido, pegou uma tangente e surtou; não está imobilizado por ter desistido da vida, ao contrário, mandou ao inferno o bom senso e agora parece capaz de qualquer coisa. Essa é a tônica do sensacional show Caixa de Ódio – o universo de Lupicínio Rodrigues, a que assisti no sábado passado no “pequeño teatro” Casa de Francisca.




Um outro Lupicínio Rodrigues

Como se sabe, a fronteira entre o trágico e o cômico é tão precisa quanto escorregadia. Um fio além da medida e o mais terrificante dos destinos pode provocar gargalhadas; e, no entanto, a tragédia sempre nos seduz a ir mais longe.

Fato é que ninguém é trágico sozinho; quem está só sem qualquer outro que se identifique com sua tragédia pode esperar pelos risos certos. A velha fórmula não falha: tragédia é se acontece comigo; comédia é se acontece com os outros. Quem não souber fazer dos outros seus iguais, todos vivendo a mesma tristeza, há de despencar num irrisório ridículo.

Mas o herói trágico do Arrigo é um pouco distinto. No momento mesmo em que se sente no fundo do cinzeiro, resolve se descolar de si mesmo e observar-se à distância, desprendido de seu próprio destino, sem levar-se a sério (mas também sem eliminar as circunstâncias terríveis que sofre). Assim, o rei da fossa e seu irônico alterego convivem na mesma voz. É esse ponto de fritura – singular e bizarro – que Arrigo Barnabé descobriu em seu show.

O homenageado Lupicínio é pego pelo seu avesso numa manobra não exatamente simples. Pois ridicularizar sua dor-de-cotovelo seria inócuo, poeticamente improdutivo – neste caso, melhor seria ignorá-lo. Arrigo conseguiu descobrir o Lupicínio sarcástico que talvez nem o próprio compositor conhecesse em si mesmo; ao erigir sua láurea, acaba por subverter e bifurcar o homenageado, tornando-o mais múltiplo do que era antes.

Um bom exemplo é “Namorados” – breve canção em que os dois pombinhos se tornam gaviões depois de casados. Interpretada em dueto com Sérgio Espíndola, é digna de inspirar a criação de um Dia do Orgulho Hétero. Noutro caso, a excepcional “Vingança”, a peça é liberada de todo pudor:

Eu gostei tanto,
Tanto quando me contaram
Que lhe encontraram
Bebendo e chorando
Na mesa de um bar,
E que quando os amigos do peito
Por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz,
Não lhe deixou falar.
Eu gostei tanto,
Tanto, quando me contaram
Que tive mesmo de fazer esforço
Pra ninguém notar.


“Dizem que essa canção é triste? Ah, que é isso...”, riu-se o Barnabé. Fizeram em versão ieieiê, dando voz e presença ao personagem cuja alegria não lhe cabe na pele por finalmente comer fria a tão ansiada vingança. É, na realidade, o apogeu do contraste dos dois polos da manguaça. De um lado, temos ele, feliz a brindar com os comparsas a saborosa e redentora conclusão de uma mal-fadada história de amor; de outro, está ela, deprimida afogando-se na cana. Antes de Arrigo, prevalecia na interpretação o ponto de vista dela, triste, embora o locutor da história seja ele, para quem é uma canção festiva!

A canção-título do concerto traz um outro viés:




“Tem coisas que às vezes julgamos / que até nos achamos capaz de fazer / Até num coqueiro às vezes trepamos / depois não sabemos por onde descer” (?). A metáfora é bem interessante, mas a imagem de trepar no coqueiro e não conseguir descer permanece bizarra. Como muito bem apontou o Arrigo, há muitos indícios de que essa história de bom gosto era totalmente sem importância pro Lupicínio. “O outro lado da moeda”, definiu. Efetivamente, a riqueza de suas canções não deve nada a nenhum dos mestres da música brasileira, qual Noel ou Cartola; mas não se pode negar que em certos aspectos ele não respeita muito os limites do razoável.

Por essas e muitas outras, não se deve perder a oportunidade de ver esse show. Vez por outra ele ressurge em algum lugar (muitas vezes na Casa de Francisca).

Causo do Vavá


Numa dessas noitadas, o Marcão contou que viu um documentário em que aparecia o senhor Barnabé, lhe perguntavam sobre um lugar de São Paulo que achasse significativo, e ele de bate-pronto indicava o bar do Vavá. Depois do show, sentados todos à mesma mesa, puxei o tema e Arrigo logo reavivou recordações do saudoso Gardenburger, sob o olhar curioso de nossos colegas de mesa. Quem não viveu o bar do Vavá pode ter certa dificuldade em visualizar um chapeiro com dois bonés um sobre o outro, fazendo seu churrasco com queijo recheado de azeitonas pretas, em meio a uma profusão de pôsteres do Elvis, uma TV mumificada em durex e a imagem de João Paulo II abençoando, da porta de uma geladeira de cerveja, o caminho do banheiro. 

Arrigo não sabia da morte do Vavá (clique aqui para ler a entrevista do Futepoca com o Vavá), ficou bastante triste, e me perguntou sobre seu irmão João (o chapeiro), mas eu não tenho informações recentes. Ele então se lembrou de quando teve um problema de pele e um amigo lhe passou o telefone de um tal Washington, que vendia um unguento verde, natural, muito bom. Ao ligar, notou alguma familiaridade na voz, mas finalmente marcou de ir ao escritório do Washington na Teodoro Sampaio pegar o pote do remédio. Quando chegou e a porta se abriu, o susto: “Vavá!?”. Parece que o preparado do ex-árbitro e anfitrião de botequim, feito à base de pata-de-vaca, era excelente.

sábado, junho 27, 2009

Convite

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Domingo, às 18 horas, haverá uma homenagem ao Vavá, um culto na Igreja Metodista de Pinheiros, em São Paulo (na rua Lacerda Franco - não sei o número, mas fica em frente à Cultura Inglesa). A dona Lurdes, esposa dele, pediu para que a gente avisasse os amigos e frequentadores do bar, pois está muito emocionada e não teve como ligar pra todo mundo. De antemão, ela agradece a quem puder comparecer e/ou repassar esse convite a todos os amigos que conviveram com o nosso querido e inesquecível Vavá.

segunda-feira, junho 22, 2009

Homenagem

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Ainda custo a acreditar no email que recebi do camarada Glauco informando sobre a morte do nosso querido Vavá (foto), amigo de tantos anos e tantas conversas regadas a cerveja no seu extinto bar (saiba mais em nosso Post 1000). A tristeza bateu forte e ainda estou muito deprimido, apesar de saber que seu estado de saúde vinha se agravando nos últimos meses. Vítima de câncer de prostata, Vavá foi internado às pressas em marco de 2008 e passou por uma cirurgia muito delicada, ficando no hospital por meses a fio. Nesse período, o bar fechou e a família ficou sem sua única fonte de renda. Vavá nunca mais pode andar, passando os últimos 15 meses de vida, infelizmente, preso a uma cama. No dia 7 de agosto, ele completaria 63 anos. Que tenha encontrado, finalmente, sua merecida paz. O Futepoca agradece cada minuto de sua atenção, hospitalidade e amizade. Até um dia!

domingo, junho 29, 2008

A Taça do Mundo é nossa!

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Brasil e Suécia tinham como primeiro uniforme a camisa amarela. No sorteio, os suecos ganham e têm a preferência de jogar com sua vestimenta tradicional. Em vista disso, o chefe da delegação brasileira, Paulo Machado de Carvalho, anuncia aos atletas a “escolha” pelo uniforme azul, alegando que dará sorte, porque é a cor do manto de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do país.

Essa é apenas uma das muitas histórias a respeito daquela final de 29 de junho de 1958, válida pelo sexto Mundial de futebol. A seleção tinha a chance de superar o trauma da copa de 1950 e mostrar ao planeta o valor que tinha no esporte mais popular da Terra.

Djalma Santos entrava no lugar de De Sordi, contundido. Seria a única partida na Copa do grande lateral-direito, mas o suficiente para ser escolhido o melhor em sua posição no torneio. "Antes da final o médico já tinha vetado o De Sordi. Eu ainda fui conversar com ele, que me desejou sorte. Nós tínhamos uma amizade e lealdade muito grande no grupo", contou ao Uol Esporte.

Mas a Suécia não estava disposta a deixar a seleção brasileira fazer a festa em sua própria casa. E fez o gol inaugural daquela final aos 4 minutos, em jogada de Liedholm. O pesadelo da derrota para o Uruguai voltava à cabeça dos brasileiros. Mas entre os nossos estava Didi, que pegou a bola no fundo da rede e andou com ela calmamente, como que a mostrando aos companheiros. Chegou ao centro do gramado e jogou a bola no círculo, vaticinando: “Não foi nada pessoal. Vamos encher estes gringos.”

Apenas quatro minutos após, o Brasil empata, com jogada de Garrincha pela direita e gol de Vavá. E o centroavante vascaíno, em jogada muito parecida com a do primeiro tento, fez 2 a 1, placar do final do primeiro tempo. Aos 10 minutos da segunda etapa, Garrincha cruza para Pelé fazer um dos gols antológicos da história da Copa do Mundo. Com um chapéu e um arremate forte, fez 3 a 1. Aos 23, o golpe de misericórdia vem com Zagallo, que marca após lance de Didi. Gol merecido, já que o ponta esquerda havia feito um gol legítimo não anotado na semifinal contra a França.

A Suécia ainda faria o segundo gol, mas no último minuto Pelé sacramentou a goleada verde-e-amarela, tornando-se artilheiro da equipe na competição: seis gols em quatro partidas. Just Fontaine foi o goleador máximo, 13 gols, recorde até hoje não igualado por ninguém em uma edição da Copa do Mundo. Sua seleção, a França, foi a terceira colocada, superando a Alemanha por 6 a 3. O Mundial terminou com 126 gols marcados em 35 partidas, uma ótima média de 3,6 gols por peleja. 

O capitão do escrete, Hideraldo Luís Bellini, criava o gesto que seria imortalizado e repetido durante as décadas seguintes. Recebe a taça e a ergue em direção ao céu. "Não pensei em erguer a taça, na verdade não sabia o que fazer com ela quando a recebi do Rei Gustavo, da Suécia. Na cerimônia de entrega da Jules Rimet, a confusão era grande, havia muitos fotógrafos procurando uma melhor posição. Foi então que alguns deles, os mais baixinhos, começaram a gritar: 'Bellini, levanta a taça, levanta Bellini!', já que não estavam conseguindo fotografar. Foi quando eu a ergui", contou o zagueiro à Gazeta Esportiva, Bellini, rindo.

Hoje, para quem nasceu depois da conquista que completa 50 anos, aquele título pode parecer apenas um fato histórico distante, que perdeu o significado pelos títulos obtidos posteriormente. Mas é inconcebível imaginar como seria hoje o futebol brasileiro se houvesse um novo fracasso no Mundial. Foi o ponto de ruptura em que os brasileiros se livraram do que Nelson Rodrigues chamava de “complexo de vira-latas”. Ali se firmou o respeito à camisa verde-amarela e também nascia o maior jogador de todos os tempos, que o mesmo Nelson chamou de “rei”, antes de ele ser celebrizado como tal na Suécia. Considerada por muitos a maior seleção de todos os tempos, todo brasileiro deve reverenciar e agradecer o legado deixado por cada um daqueles ídolos que estarão para sempre no panteão dos grandes do futebol mundial.


Just Fontaine, artilheiro da competição, afirmou, como muitos acreditam, que aquela seleção do Brasil foi a melhor equipe brasileira da história. “Foi o mais equilibrado, melhor do que o de 1962 e do que o de 1970”, declarou ao Globo Esporte. Na mesma conversa, ele afirmou; “Pelé foi o melhor de todos os tempos, depois dele vem Di Stéfano e, bem abaixo, os outros como Maradona e Cruiyff.” Palavra de quem conhece.  

domingo, junho 15, 2008

Brasil, Garrincha e as partidas de desempate

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15 de junho de 1958. A terceira rodada da Copa do Mundo definiria os oito países classificados para as oitavas-de-final do torneio. O Brasil enfrentava a União Soviética e, em caso de vitória, asseguraria o primeiro lugar no grupo. O técnico Vicente Feola fazia, em relação à partida anterior contra a Inglaterra, três alterações: Vavá, que já havia entrado no jogo contra os ingleses no lugar o meia esquerda Dida, foi deslocado para o ataque, sua posição normal. Para a posição de Dida, Feola colocou o garoto Pelé. O ponta Joel também foi sacado para a entrada de Garrincha, enquanto Dino dava lugar a Zito.

A União Soviética, segundo a Gazeta Esportiva Ilustrada, tinha um esquema de jogo que se assemelhava mais ao sul-americano. O centro-médio soviético, ao contrário dos ingleses e da maioria dos europeus, apoiava o ataque, dando um caráter mais ofensivo ao time. Muito em função disso, o sistema vermelho “encaixou” com o jogo brasileiro, fazendo a seleção “levar de roldão” o adversário.

Os vinte primeiros minutos e os vinte finais foram de um domínio absoluto da seleção brasileira. Durante o resto do tempo, a União Soviética recuava a bola para Yashin (era permitido ao goleiro segurá-la com as mãos), tentando esfriar o ritmo da partida. As estocadas e dribles desconcertantes de Garrincha, que recebia passes longos e precisos de Didi, desnortearam a defesa soviética, como já dito aqui. Pelé e Vavá também protagonizaram lances vistosos, com tabelas curtas e rápidas como a que resultou no segundo gol brasileiro.

O final de 2 a 0, gols de Vavá, foi considerado injusto, dada a superioridade verde-e-amarela. Garrincha passou a ser chamado pelos suecos de “rei do dribbling” após a partida contra a União Soviética e o Gotemborg Handels estampou na capa: “Esse diabinho foi a alma danada dos russos”, referindo-se ao ponta. O primeiro lugar do grupo estava assegurado e o Brasil confirmava o favoritismo que muitos europeus atribuíam à seleção antes do início da Copa.

Partidas desempate

Na outra partida do grupo do Brasil, Áustria e Inglaterra empataram em 2 a 2. A regra dizia que, caso dois times empatassem em número de pontos, seria realizada uma partida desempate para ver quem avançaria à próxima fase. Foi o que aconteceu com Inglaterra (3 empates, 3 pontos) e União Soviética (1 vitória, que valia 2 pontos, um empate e uma derrota). Vitória dos soviéticos, 1 a 0 na peleja extra de 17 de junho.

No grupo I, a Alemanha Ocidental esteve duas vezes em desvantagem no placar, mas conseguiu empatar com a Irlanda do Norte, 2 a 2. Na outra partida, uma goleada daquelas da Tchecoslováquia sobre os hermanos argentinos: 6 a 1, a maior derrota portenha em Mundiais. Mesmo assim, os tchecos e os irlandeses terminaram empatados e tiveram que fazer mais um jogo: 1 a 1 no tempo normal e um solitário gol na prorrogação garantiu a surpreendente classificação da Irlanda do Norte como segunda colocada.

A Suécia, já classificada, jogou com cinco reservas para cumprir tabela contra o País de Gales no grupo II. O empate em 0 a 0 levou os galeses a disputarem o segundo lugar do grupo contra a Hungria, que vencera o México por 4 a 0. Na partida desempate, vitória de virada do time galês , 2 a 1. Pelo grupo III, a França derrotou a retrancada Escócia por 2 a 1, enquanto o Paraguai, em arbitragem tolerante com a violência da Iugoslávia, não passou de um empate em 3 a 3 com os europeus. A França terminou em primeiro e os iugoslavos em segundo.

terça-feira, novembro 06, 2007

Vavá rompe fronteiras

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Pelo que podemos constatar, a marca Vavá já rompe fronteiras. É impossível saber há quanto tempo. E não sei exatamente quantas fronteiras, mas a reportagem mostra que, pelo menos na Bahia, a grife já se impõe.


Esta foto foi feita do lado de lá da Baía de Todos os Santos, em relação a Salvador. Depois de mais de uma hora de barco, chega-se à Ilha dos Frades, onde moram entre 70 e cem pessoas, segundo dizem tanto os soteropolitanos como os moradores da ilha. E ali está localizada esta barraca do Vavá.

Nesta filial não tomamos nenhuma.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Leviandade

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Pra variar, é sobre a mídia.

A colunista do Valor Econômico Rosangela Bittar explica, em seu texto de hoje, o motivo da saída de Paulo Lacerda, o delegado que mudou a Polícia Federal. Segundo ela, o problema foi a operação Xeque-Mate, que atingiu Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho de Lula, além de um compadre do presidente, Dario Morelli Filho. Lula teria ficado contrariado e decidiu, sem consultar Tarso Genro, ministro da Justiça, substituir Lacerda.

Bittar vê nas declarações de Genro e do novo diretor da PF Luiz Fernando Corrêa, de que a polícia vai pautar sua atuação pela discrição e busca de provas, não pela publicidade (as palavras são minhas, as deles foram mais suaves) como uma prova da motivação.

Claro que a ligação de Corrêa com setores sindicais da PF, com quem Tarso tem ligação, nadatem a ver com a mudança. Ela mesma afirma que Tarso sempre esteve desconfortável com Lacerda, que não se sentia responsável pelas ações da PF, mas isso também não tem nada a ver.

Como é leviano esse Lula!

domingo, março 04, 2007

Em um bar da zona oeste de São Paulo...

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Fim de tarde em um bar da zona oeste de São Paulo. Calor de 35 º, típico clima que não só convida, mas exige um momento de, digamos, reflexão sobre o cotidiano regado a uma gelada.

Ao chegar, um acidente acabara de acontecer. Um carro tinha batido na traseira de outro, os motoristas aguardando a polícia. Um caso até banal para uma cidade como São Paulo, não fosse o automotivo que causou a colisão um veículo do serviço funerário.

A mulher que dirigia o carro atingido começa a discutir com o fúnebre condutor. Ânimos acirrados, um homem, talvez motivado pelos instintos primários de Roberto Jefferson, de espectador passa a tomar as dores da moça, exigindo "respeito" do outro contendor. Chega a polícia, os gritos ficam mais altos ainda, já que sempre a coragem aumenta quanto mais a briga se torna improvável.

A essa altura, o bar já não era um bar, era uma arquibancada. Gente chegava e sentava para assistir de camarote, todos com a cadeira de costas para a mesa, voltadas para a discussão. "Tira esse carro daqui que tá atrapalhando", exige para ninguém um dos manguaças que tinha a visão obstruída. "A polícia deveria multar esse cara, ainda por cima está em local proibido", brada outro.

Discussão rolando e chega um cidadão com um copo plástico na mão. Estende para um dos clientes - ou espectadores - e pede: "Vê um gole de cerveja que minha garganta está seca". O rapaz tem uma camiseta com logos de times de futebol em latas de cerveja, uma bonita combinação entre cachaça, esporte e democracia. "Pede água aí", retruca um. "Água não, amigo. Cerveja é melhor...", ri e recebe seu gole.

Copo ganho, agora já empolgado começa a repetir para todos da "arquibancada": "Tenho 45 anos e sabe o que eu consegui na vida? Nada". O mantra era dito a cada cliente até que ele chega no dono do estabelecimento, o Vavá. "Tenho 45 anos e sabe o que eu consegui na vida? Nada", disse. "Bom, já que você não conseguiu nada na vida, não é aqui que você vai conseguir. Agora pode ir embora", disse calmamente e com toda sensibilidade nosso querido anfitrião.

Chega o segundo carro de polícia. Nenhum consenso à vista. Um outro transeunte, conhecido na região por não ter uma sanidade mental exemplar, observa de perto a discussão e chega animado para o dono do bar com o que considerava uma grande "notícia". "Vavá, sabe o que tem naquele carro?", questiona, apontando para o carro funerário. "Cinco mortos! Cinco mortos!", falava, exaltado. "É, e pelo jeito deixaram a porta aberta e um escapou", respondeu Vavá, se referindo a uma senhora transitando por ali que também não é reconhecida pelo seu equilíbrio.

O terceiro carro de polícia chega e a discussão e a pequena multidão se dispersa. Os clientes voltam suas cadeiras para as mesas e o dia-a-dia do bar e do local volta ao normal. Seja lá o que signifique "normal".