Destaques

sexta-feira, dezembro 18, 2009

A despedida de Elias

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Por Mouzar Benedito

 

Quando Elias completou 31 anos como lateral esquerdo da Esportiva Nova Resende, resolveram fazer para ele uma festa de despedida do futebol, sem que ele soubesse. Um detalhe: os 31 anos não eram de idade (que devia estar por volta dos 50), mas só o tempo dele como titular do time. Se deixassem, ele continuaria ainda. A festa foi um jeito sutil de tirá-lo pelo menos da equipe principal.

A despedida seria contra o time da Ventania, que topou o acerto: a primeira bola que fosse na sua área, um zagueiro deveria pôr a mão intencionalmente. O Elias seria encarregado de bater o pênalti e o goleiro tinha a obrigação de não defendê-lo. Aí seria feita uma grande badalação, com discursos e tudo o mais. Depois recomeçaria o jogo, já com outro titular na lateral esquerda da Esportiva. E alguém daria também um pênalti intencional a favor do time da Ventania. Só daí pra frente o jogo seria pra valer.

Desde meia hora antes do início do jogo, todos os seresteiros da cidade se revezaram num microfone improvisado em cima de um caminhão, cantando "Ave Maria do Morro", a música preferida do Elias.

Com todo mundo em campo, fez-se um minuto de silêncio em homenagem a um ex-craque da Esportiva, que tinha morrido dias antes. Em seguida, o juiz deu o início à partida e tudo correu conforme o combinado.

Aos cinco minutos de jogo, veio o pênalti. Elias bateu e marcou o gol, foi carregado pelos jogadores até o caminhão que servia de palanque. O presidente do time discursou rememorando os grandes momentos do jogador que se despedia, o prefeito falou em seguida sobre o grande cidadão que honrava a cidade e, pra completar, foi designado para falar, representando os jogadores, o meia-direita Luizinho do Lica. O que ele fez não foi bem um discurso, falou apenas isso:

— Olha, gente, só de minuto de silêncio, o Elias tem um ano e meio!



Mouzar Benedito é amigo dos integrantes do Futepoca e, tal como eles, é apreciador de cachaça boa e já foi jurado do festival da cachaça de Sabará. Saciólogo, geólogo e jornalista, é autor dos livros João Rio, 45; 1968, por aí, entre outros.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Deus salve o Américo!

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Um belo dia dessa semana que custa a passar para os trabalhadores brasileiros, Carminha, eminência parda deste blogue, chegou à editora cantando "Américo bebeu/bebeu, bebeu, bebeu/chegou de madrugada/a mulher se aborreceu". Diante dos olhares de estupefação de seus companheiros de trabalho, tentou justificar que tal canção existia, mas, dada a sua prodigiosa memória, não conseguiu lembrar de onde era.

Após exaustivas pesquisas no Google, foi achada a origem da música. Composta por Pedro Caetano e Alcydes Pires Vermelho, a marchinha de carnaval foi um grande sucesso do ano de 1946. O primeiro intérprete foi o grupo Quatro Ases e um Coringa (foto abaixo), cuja formação original, carioca da gema, tinha Evenor Pontes de Medeiros, José Pontes de Medeiros, Permínio Pontes de Medeiros, André Batista Vieira (o Curinga), e Esdras Falcão Guimarães (o Pijuca). De acordo com o Wikipedia, no mesmo ano que entoaram as peripécias americanas, gravaram Baião, sucesso de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.



Salve o Américo (Pedro Caetano/Alcydes Pires Vermelho)

O Américo bebeu
bebeu, bebeu, bebeu
Chegou de madrugada
A mulher se aborreceu
O dia raiando
Cadeira voando
Vassoura cantando
Ficou bombardeado, coitado
Deus Salve o Américo
Ficou como as Ilhas do Japão
A bomba estourou na sua mão
Deus Salve o Américo
Que o bombardeio não é sopa, não!!!

A gravação original do grupo está aqui. Já a regravação de Cristina Buarque (sim, a irmã do Chico) e Banda Glória está aqui.

E como diria um companheiro da redação, quem não foi Américo um dia...

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Mundial de Clubes para (parte) dos delegados da Confecom

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Enquanto os delegados da primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) se digladiavam para definir as propostas enquadradas do 4-4-2 e as que seriam aprovadas por mais de 80% dos delegados de cada um dos 15 grupos de trabalho, um valor maior se alevantou. A partida entre Barcelona e Atlante, do México, pela semifinal do Mundial de Clubes da Fifa mobilizou uma dúzia de participantes.

A Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra) mantém dois televisores de tela plana e full HD sintonizados o tempo todo na Bandeirantes. Pobre Rede TV!, que divide as contas da associação que é uma dissidência antiga da Associação Brasileira de Rádio e TV (Abert), que sequer participa da Confecom.

As imagens não falam por si, nem mostram grande comoção, além de serem mal tiradas. Mas pelo menos justificam o post.


Alguns nem repararam na transmissão


Enquanto os dirigentes dos empresários avaliavam o estrago
(e o sucesso) feito nos grupos de trabalho, tinha gente com
coisa mais importante pra fazer


Antes, durante o programa Jogo Aberto, um ou outro delegado parava por lá para assistir, sem som, aos comentários de Renata Fan, Neto, Renata Fan, Osmar de Oliveira e, principalmente, Renata Fan. Tinha gente tanto da sociedade civil quanto dos empresários. Isso porque o programa foi campeão de denúncias de conteúdo inadequado para a classificação indicativa do Ranking da Baixaria na TV.

O democrata cristão é candidato

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Um anúncio feito no final de novembro transformou o jogo político para 2010. Além de Dilma Rousseff, Aécio Neves, José Serra, Marina Silva e companhia, havia um novo candidato para as eleições presidenciais: José Maria Eymael, ele mesmo, o democrata cristão.

Realizei há duas semanas uma entrevista com o candidato para o meu blog, o Blog Olavo Soares. Confiram lá.

Chamam a atenção duas afirmações do pré-candidato: a primeira é a sua convicção em uma vitória no ano que vem, motivada pelas modificações da lei eleitoral brasileira. E a segunda é algo que Eymael identifica como sendo um clamor popular por uma candidatura de centro - todas as outras já anunciadas, segundo o democrata cristão, estariam na esquerda ou centro-esquerda, no espectro político. Eymael concorda com Lula, portanto.

Vocês acham que Eymael tem razão em suas assertivas?

terça-feira, dezembro 15, 2009

Estudiantes x Manchester 1968

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Hoje o Estudiantes de La Plata venceu por 2 a 1 a Pohang Steelers, da Coreia do Sul, e está na final do Mundial de Clubes em Abu Dahabi. 

A propósito da ocasião, achei esta "pérola" da final da Copa Intercontinental entre Estudiantes e Manchester em 1968, final vencida pelos Pincharratas com gol da Bruja Veron (pai do atual volante da equipe argentina) em Old Trafford. Vale a pena:





Esquema 4-4-2 resolve impasse na Confecom

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Por Anselmo Massad, de Brasília

Na cobertura do Futepoca da primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), o discurso de abertura feita pelo presidente Lula prejudicou os planos. Ocorre que o mandatário da nação, que costuma produzir metáforas em profusão sobre futebol e cachaça, não fez nenhuma menção ao ludopédio. Menos ainda à aguardente da cana-de-açúcar.

Em um trecho, até acho que constava no discurso lido no teleprompter de cristal líquido a expressão "bola pra frente". Mas o fato é que o presidente, ao ler o trecho, disse: "bora pra frente".

Fiquei sem post até a tarde desta terça-feira, 15.

Um impasse travava a Confecom. Na segunda à tarde, a Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra) entrou com um recurso junto à comissão nacional organizadora para garantir um recurso conhecido como "questão sensível" nos grupos de trabalho. A fórmula foi estabelecida em maio para a comissão organizadora, depois estendida à plenária final e, por fim, até com ameaça de abandono da conferência, a cada um dos 15 grupos de trabalho.

Em caso de temas intocáveis para um setor, pode-se alegar que o tema é questão sensível, o que demanda um quórum qualificado para aprovação. Escrevendo de outro jeito: em vez de maioria simples, se um setor resolvesse que não topava uma proposta de jeito nenhum, seria necessário 60% de apoio, incluindo pelo menos um voto de cada setor. Nenhuma outra das mais de 50 conferências nacionais promovidas pelo governo Lula, nem as anteriores, tiveram nada parecido.

Há quem diga que os movimentos sociais agiram por interferência do Palácio do Planalto. Outros asseguram que não foi o caso, que trata-se de uma opção de garantir uma conferência pra lá de contestada pela mídia.

O fato é que na hora de votar o regimento na plenária, as críticas dos movimentos sociais eram pesadas. Então, um grupo de delegados se mobilizou para formular a proposta salva-lavoura: o 4-4-2.

Ninguém fez comparação com o futebol diante dos microfones, mas nem precisava.

Para acabar com o voto sensível, cada setor teria um número de propostas sagradas por grupo de trabalho proporcionais a sua representação. Empresários e movimentos sociais teriam quatro propostas cada e o governo, duas. As outras, seriam votadas sob os padrões normais.

Também não discutiram quem ficaria com qual posição. Se as propostas do governo estariam no ataque do esquema tático dos grupos de trabalho, faltou só discutir quem joga na defesa e quem vai para o meio de campo. Provavelmente os empresários ficariam na zaga, favoráveis a uma retranca para manter quase tudo como está. Talvez os movimentos sociais precisassem ter mais poder ofensivo... Mas isso já são divagações para a mesa do bar.

Também faltou escolher que pega no gol.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Corrida da Cerveja anima a Panetolândia

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Foto: Brunna Rosa

Mais uma modalidade que poderia entrar nas Olimpíadas de 2016! O evento sócio-esportivo-etílico, que aconteceu em Brasília neste domingo, além de promover a atividade física, reforçou ainda mais o que o Futepoca há tempos vem articulando: o Manguaça Cidadão, a política pública que promoverá uma revolução social no país. Agora, vemos que o etilismo (não confundir com elitismo...) saudável e o esporte são absolutamente condizentes.









Atletas da manguaça... até nós temos cãimbras.
Fotos: Brunna Rosa


A ideia original da corrida é do parceiro Papo de Homem e foi adaptada para as terras planas por um grupo de amigos que lançou um site com as regras da participação e as informações gerais. Foram cerca de quatro mil participantes, que antes das 10h da manhã, debaixo de muito sol, já se encontravam presentes no Eixão, fazendo os devidos aquecimentos – etílicos e físicos - para os 3 km da corrida, regada a (muita) cerveja e brindes pela criatividade das equipes. É verdade que muitas das equipes não conseguiram completar o percurso, afinal, profissional que é profissional vai equipado. A reportagem do Futepoca pode constatar no decorrer da corrida carrinhos móveis de churrasquinho, banquinhos, cadeiras, batuques e verdadeiros mini-butecos, com direito a petiscos e jogos de toda espécie.



Carrinho móvel com os churra's. Paradinha para descansar e dominó com destaque para a bandeja de kibe frito. Uma versão do "ocupe o espaço público - faça seu próprio buteco". Fotos: Brunna Rosa

A criatividade não ficou apenas para os apetrechos, os manguaças tiveram que colocar a cachola para funcionar também para descobrirem como deixar os engradados da bebida fermentada geladinha. Cada equipe de 4 pessoas deveria levar um engradado de 24 cervejas de 600ml (ou 44 latas de 350ml ou 32 latões de 473ml), e cada equipe de 2 pessoas devia levar um engradado com 12 garrafas de 600ml (ou 22 latas de 350ml ou 16 latões de 473ml). O resultado foi uma diversidade de ideias mirabolantes, como as fotos amadoras de celular da pessoa que vos escreve tenta retratar. Aliás, vale constar que a equipe Futepoca da Corrida da Cerveja sofreu baixas e apenas eu consegui acordar e marcar a devida presença no recinto, apesar que, devido ao excesso de eventos sócio-esportivo-etílicos, o relato do evento acontece apenas hoje...


















Homens "fraldados" ou fantasiados faziam parte dos planos para manter as cervejas gelaaaadaaa. Fotos: Brunna Rosa


Fora Arruda... que Arruda?

Foto: Brunna Rosa
Mesmo com os gritos e manifestações pelo “Fora Arruda”, sem falar na quantidade de gente fantasiada de panetone, a equipe organizadora do evento tirou o corpo fora e disse que a corrida não teve caráter político e nega qualquer posicionamento sobre os escândalos que assolam a política brasiliense. Uma pena!

A CUT e movimentos que puxam o “Fora Arruda” não estiveram presentes ou, se estiveram, marcavam presença minuscula. Ponto negativo, afinal era uma ótima oportunidade para distribuir aqueles adesivos do “Fora Arruda e P.O”.

E, só para não falar que não falei de futebol.... Outro grito presente em todas as etapas da corrida era “Meeeengoooo” e “O campeão voltou, o campeão voltou”. Ô, cidade para ter tanto flamenguista...

Confecom, futebol e cachaça

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Começa nesta segunda-feira, 14, em Brasília (DF), a primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). O Futepoca não tem delegado, mas como estou aqui, posso fazer a única cobertura de futebol e cachaça do evento.

Ao chegar no aeroporto, um delegado da conferência recém-chegado de um voo de 25 minutos de Goiânia até a capital federal – segundo seus próprios relatos – estava impressionado com a quantidade de policiais militares. "Por causa da Confecom não é, porque tanto policial assim, deve ser bandido chegando", disse. Um PM respondeu sem cerimônia: "É o Flamengo que vai desembarcar".

A piada fácil e de gosto duvidoso não era piada. O blog do Planalto confirma: Agenda: Confecom, Flamengo e confraternização com oficiais-generais. Para ser mais claro, se Lula abre a conferência logo mais às 19h, antes, às 15h30, ele recebeu a delegação do campeão brasileiro de futebol.

No ônibus do aeroporto ao setor hoteleiro Sul, onde estão hospedados os delegados e observadores – e felizmente este autor, que está aqui como jornalista – a mesma ala goiana conspirava. Falavam de alguém que tinha vindo com uma mala tão pesada que até quebrou a alça. Ao parar, cercaram o meliante e exigiram: tinha de mostrar o conteúdo do baú.

"Ele não trouxe roupa", exagerou um. "Era só cachaça!", comemorou outro.

A Confecom dessa turma promete. 

Saad credenciado

Credenciamento iniciado, eu aqui, de crachá branco de jornalista, puxo conversa com um, lamento a cidade não ter esquinas – nem bares nas esquinas – quando chega o presidente do grupo Bandeirantes, Johnny Saad, em meio a cinco outros homens, todos com mais de 1,80 metro de altura. O grupo inteiro está de terno e gravata, menos um. De camisa listada em branco, amarelo e verde, Saad é só sorrisos para os olhares de ninguém.