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Ontem, na partida entre
Mogi Mirim e Oeste, válida pelo Torneio do Interior, Hernane marcou
dois gols e se isolou na artilharia do Paulista. Pensei: será que
isso vai mexer com os brios de Neymar? Depois de receber
pedras, laranja e banana em La Paz, o garoto ainda tinha a
partida contra o Tricolor na
primeira fase como fator de motivação. E não se fez de rogado.
A um minuto, pênalti
para o Santos, sofrido por Alan Kardec, que entrou como titular no
lugar de Borges. Neymar bateu sem dar sopa para o azar e para o
arqueiro Dênis, fazendo seu centésimo com o manto santista. Tendo
que correr atrás do placar, o Tricolor, que jogava em casa e com a
torcida, foi pra cima e deu espaço para que Neymar, em um
contra-ataque, passasse com facilidade por Paulo Miranda e marcasse
seu 101º gol com a camisa alvinegra, empatando com Juary
na lista dos maiores artilheiros peixeiros da Era Pós-Pelé. Como
homenagem, imitou o menino da Vila de 1978 correndo em volta da
bandeira de escanteio. Mostrou que conhece a história santista, já
que muitos torcedores hoje nem sabem quem foi Juary.
Neymar: precisa de legenda? |
Mas não seriam só os
dois gols de Neymar que marcariam a memória do torcedor. Piris, o
paraguaio que veio do Cerro Porteño para o São Paulo,
autointitulado o “maior marcador das Américas” justamente por
conta de uma atuação contra o Joia santista na Libertadores
(curiosamente, o Santos venceu três das quatro partidas contra o
adversário na competição), sofreu. Foi chamado para dançar cinco
vezes por Neymar em uma sequência de lances, que terminou com o
santista sendo suspendido pelo rival. Piris recebeu o amarelo, mas
não seria absurdo ter sido expulso.
Na segunda etapa, o São
Paulo continuou em cima, mas, mesmo tendo mais posse de bola, um
certo dado mostra que não foi uma pressão daquelas... Foram nove
finalizações certas (ou seja, ao gol), contra sete do Santos. E o
gol tricolor só saiu em um lance irregular, com Willian José em
impedimento. Lance não tão difícil de marcar, mas que a arbitragem
não anotou.
O Santos sentiu um
pouco o gol, e bastante o cansaço, mas soube se defender. Arouca
ficou mais em cima de Lucas no segundo tempo, marcação que
funcionou quase todo o tempo. Fernandinho forçou em cima de
Maranhão, um dos três reservas que atuaram na defesa peixeira
durante os 35 minutos finais, mas não foi efetivo. E, bom, havia
Neymar. E Dênis.
O garoto recebeu de
Léo, chutou forte, e o goleiro tricolor falhou. O moleque ainda
sofreria falta que resultaria na expulsão de Cícero. Protagonista,
como na maioria das pelejas que disputa, ele está a dois gols de
João
Paulo e Serginho
Chulapa para chegar ao primeiro posto de maior
artilheiro pós-Era Pelé.
Tabu
A
vitória do Santos contra o São Paulo foi a terceira semifinal de
Paulista que o clube derrotou o adversário. E o quinto confronto
eliminatório em que o Alvinegro passou pelo Tricolor no século XXI.
Em todos os cruzamentos
decisivos de 2001 até hoje, os santistas levaram a melhor. A
lista dos encontros está aqui.
Agora,
existe outra escrita recente para manter. Desde 2008, todo clube que
supera o São Paulo na semifinal do Paulista se torna campeão.
Palmeiras, em 2008; Corinthians, em 2009, e Santos em 2010 e 2011.
Agora, o adversário é o Guarani, que bateu a Ponte Preta por 3 a 1.
Os campineiros, que já enfrentaram o Palmeiras em uma final de
Brasileiro em 1978, sagrando-se campeões; pegaram o São Paulo em
1986 e foram derrotados pelo Corinthians na final do campeonato
paulista de 1988, enfrentam pela primeira vez em uma final o Peixe.
E
é bom que Muricy lembre a seus atletas como foi difícil a
final de 2010 contra um time não considerado “grande”, o
Santo André. Que esse alerta ajude o Alvinegro a trazer o
tricampeonato paulista, que nenhum time consegue desde 1969, quando o
próprio time da Vila conseguiu três títulos seguidos.