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Todo mundo já sabe,
mas decidi mesmo assim pitacar sobre a contratação de Alexandre, o
Pato, pelo Corinthians, sacramentada nesta quinta-feira. Trata-se,
segundo notícias, da maior soma já paga pelo Timão por um jogador,
R$ 40 milhões divididos em quatro anos. E vale? O grande conselheiro
Acácio avisa que só o futuro dirá. Obviamente, vai depender do
desempenho do jogador. Como aposta, na minha humilde opinião, vale
sim.
Como bem resgatou e constatou Luiz Felipe dos Santos, do sempre excelente Impedimento,
Pato não foi o que se imaginava que seria. Mas o que dele se
esperava não era pouco: que fosse o sucessor de Ronaldo Fenômeno
com a 9 da Seleção Brasileira, como este foi o de Romário. Estamos
muito bem acostumados com centroavantes geniais, o que aumenta muito
nossas exigências.
Mas Pato foi no Milan
um centroavante muito do bom, enquanto teve condições físicas para
tal. O Corinthians acredita que seu departamento médico poderá
colocar o garoto para jogar o que sabe, coisa que o Milan Lab não
conseguiu. É uma aposta semelhante à feita com Ronaldo, que deu
resultados muito bons, ainda que não por muito tempo. E parecida
também com a feita em Adriano, que não deu em nada. O novo desafio
tem, claro, suas diferenças: Pato não é genial como Ronaldo, mas
tem 23 anos e muito tempo de bola pela frente, mais do que tinha
Adriano, cuja recuperação não se deu muito por conta de seus
problemas e opções pessoais.
Aí entra o ponto
central: assumindo que o departamento médico do Corinthians tenha
mesmo condições de resolver os problemas físicos do atacantes, o
resto dependerá da vontade de Alexandre para correr atrás. Isso
vale tanto do ponto de vista físico quanto para entrar no ritmo e
esquema que Tite armar para ele jogar. Esquema esse que provavelmente
não sairá muito das principais características exibidas
recentemente: muita marcação, alternando pressão no campo do
adversário com o recuo das linhas, e entrega de todos. “Todos
jogam, mas todos marcam”, resumiu Tite numa bela entrevista a AndréRocha, da ESPN.
Nessa mesma entrevista,
Tite falou do caso de Douglas, que nunca marcou tanto na vida quanto
fez no Corinthians do segundo semestre, sem perder sua qualidade de
passe, retenção de bola e leitura do jogo. Segundo o treinador, o
próprio grupo internalizou de tal forma essa maneira de jogar que um
atleta que não se esforce para se encaixar é repelido. Essa questão
me parece tão ou mais preocupante do que as lesões do jogador, pois
possíveis privilégios para uma contratação tão cara podem
quebrar esse espírito coletivo que se estabeleceu no Timão e que é
o grande diferencial desse time histórico.
Um primeiro sinal positivo nesse sentido vem também do noticiário, que informa que Pato aceitou reduzir seu salário dos cerca de R$ 900 mil que recebia na Itália para R$ 400 mil, teto salarial do Corinthians, valor recebido por Paulinho e Sheik, por exemplo.
Se superar essas duas
armadilhas (condição física e inserção no coletivo) acredito que
Pato seja um reforço na medida para o que esse disciplinado
Corinthians precisa. Hoje um time forte na coletividade, mas sem
individualidades acima da média, o Timão encontrará nele e, de
outra forma, em Guerrero, referências importantes para esta que é a
atividade básica do futebol: botar a bola pra dentro.
Pergunto: se não fosse Pato, em quem valeria a pena apostar? Nilmar? Pagar a multa por Leandro Damião? Robinho? Vi quem citasse Drogba, descontente na China, e Carlos Tevez, que nunca falta quando o Corinthians procura um atacante. Quem lança estes nomes esquece um fator fundamental para que esse negócio desse certo: Pato quer vir para o Corinthians. Se é verdade que a conjunção da crise europeia com os novos valores arrecadados por alguns clubes brasileiros melhora nossa posição relativa, isso ainda naõ é o bastante para bater de frente com os grandes do velho continente. Isso vale para Neymar, por exemplo. Mesmo com a belíssima engenharia financeira feita pelo Santos, se o garoto decidisse sair e alguém decidisse pagar a multa, um abraço.
O final feliz da negociação aponta que Pato quer estar na mídia nacional, quer jornalistas pedindo seu nome para Felipão. Logo, imagina-se, quer jogar bola. Se assim é, está no lugar certo.
E os outros
contratados?
Sobre Renato Augusto,
aceito informações. Vi o rapaz apenas na Seleção, convocado por
Mano, e gostei. Não parecia bom o bastante para a proverbial
amarelinha, mas driblava bem e tinha bom passe. Deve ajudar.
Sobre Gil, era um bom
zagueiro, alto, o que ajuda. Melhor que Wallace deve ser, ainda que o
lance mais claro dele em minha memória seja o pênalti em Ronaldo no
fim do Brasileirão de 2011, numa carga bem tosca. Mas periga que
seja pior que Marquinhos, garoto revelado na base e enviado muito
cedo para o Roma, lar do também ex-alvinegro Leandro Castán que eu
xinguei muito antes de perceber a falta que fez. No caso de
Marquinhos, equívoco de uma diretoria pouco acostumada a valorizar a
base – ou um “acerto” que rendeu dinheiro a alguns picaretas e
lesou o clube.