Destaques

sábado, julho 31, 2010

Humilhação de norte-coreanos foi noticiada por rádio de contrapropaganda dos EUA

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Toda a mídia brasileira e internacional deu certo destaque para a notícia de punição aos jogadores e ao técnico da seleção da Coreia do Norte de futebol. Passados 20 dias do fim da Copa do Mundo, quando o time ficou em último lugar, espalhou-se rapidamente a informação. A origem da notícia, porém, é uma emissora de rádio mantida pelo governo dos Estados Unidos para fazer contrapropaganda em regimes autoritários da Ásia. No conselho da agência que produz o conteúdo, está a própria secretária do Departamento de Estado da Casa Branda, Hillary Clinton.

Em tempo: ninguém aqui defende o regime da Coreia do Norte.

O caso

A notícia saiu na sexta-feira, 30, e se espalhou pelo planeta. No Brasil, Globoesporte, O Globo, UOL e todos os sites esportivos ou não deram alguma variação das seguintes manchetes:

Seleção norte-coreana é humilhada após Copa

Coreia do Norte pune técnico da seleção com trabalho forçado


O técnico Kim Jung-hun teria sido condenado a trabalhos forçados na construção civil, um destino "ainda pior" do que a humilhação pela qual os jogadores teriam passado. Os 23 jogadores teriam ido ao palácio do governo onde, segundo as matérias, passaram de quatro a seis horas de constrangimentos e repreensão pública. Além disso, seguem os textos, foram encorajados a criticar Jung-hun por ter traído a pátria.

Pelo mundo, os britânicos The Guardian e The Telegraph, os americanos Huffingtonpost e Newsweek e agências, como a AFP trouxeram a informação, devidamente traduzida para o idioma de Camões.

Diferentemente dos veículos brasileiros, as notícias produzidas em inglês citadas acima traziam uma informação crucial: a fonte.

"A Rádio Free Asia citou uma fonte que disse ter ouvido que Kim Jung-hun havia sido enviado para trabalhos forçados em uma construção e que havia temores por sua segurança", escreveu o The Guardian.

Toda a matéria era baseada nas informações da Radio Free Asia. No site da emissora, consta a matéria, de dois dias antes, 28 de julho. A sessão de humulhação por terem falhado na "batalha ideológica" é datada de 2 de julho, no retorno a Pyongyang, capital do país, os jogadores de origem japonesa Jung Tae Se e An Yong Hak teriam sido poupados. A fonte da rádio: um empresário chinês. Tudo certo, né?

Radio Free Asia
Criada em 1996, a Radio Free Asia é uma emissora mantida por uma fundação privada e sem fins lucrativos ligada ao governo dos Estados Unidos. O aporte de recursos e a devisão estratégica de criá-la ocorreu dois anos antes, na aprovação do Ato de Transmissão Internacional (tradução livre e da promoção para International Broadcasting Act).

Foto: Divulgação BBG
A emissora é administrada por uma diretoria chamada Broadcasting Board of Governors (BBG), a mesma que produz a Voz da América e outros programas de contrapropaganda internacionais (dados do Wikipedia, confirmados no site da emissora e da agência). No caso da RFA, o conteúdo é produzido para seis países em nove idiomas, incluindo o mandarim (na foto), para veicular notícias que, em função das restrições de liberdade de imprensa e de expressão, não seriam levadas aos meios de comunicação de massa. São países comunistas ou ex-comunistas, incluindo China, Vietnã, Coreia do Norte etc.

A Voz da América (Voice of America) e suas variantes foram iniciadas na Segunda Guerra Mundial, para mandar o recado do Tio Sam – de liberdade e antitotalitarismo – a lugares ocupados ou sob ameaças nazistas. Depois, foi usado em países comunistas durante a Guerra Fria, incluindo Cuba. Tudo dentro da estratégia de tentar influenciar o cenário interno, abalar o moral dos apoiadores de regimes autoritários.

Mas isso envolve, eventualmente, censurar informações e publicar notícias não tão verdadeiras. Por exemplo, a Voz da América pagou, segundo algumas das mesmas agências que divulgaram a informação sobre a Coreia do Norte, a jornalistas de Miami para produzir notícias contra Fidel Castro. Documentos oficiais divulgados pelo Miami Herald em 2006 davam conta da informação. A publicação fez o diretor de redação do veículo, Jesus Dias Jr. se demitisse do cargo.

Estratégias semelhantes são noticiadas em relação a países como o Irã e Afeganistão, contra os quais os Estados Unidos promovem investidas políticas ou militares.

Um indicador do grau de ingerência sobre as emissoras e o quanto elas são estratégicas é dado pela composição dos conselheiros da BBG, a agência que mantém o sistema de transmissão. Comandado pelo ex-embaixador da Polônia Victor H. Ashe, o conselho tem a própria secretária do Departamento de Estado dos EUA, Hillary Clinton.

Tornou-se uma agência independente em 1999, até quando era um órgão submetido à Agência de Informação dos Estados Unidos. Mesmo assim, oito membros do conselho são nomeados pelo presidente, enquanto o nono integrante é sempre o secretério de Estado.

Sem mocinhos
A contrapropaganda dos Estados Unidos busca enfraquecer regimes autoritários e que promovem censura. A Coreia do Norte é um deles. Muito antes de ser enquadrada no Eixo do Mal por George W. Bush, o regime comunista de Kim Jong Il é combatido. Entre as acusações, dependendo do período histórico, estão violações de direitos civis, direitos humanos e liberdades de expressão, de imprensa e de organização.

Tudo verdade.

Tanto que é verossímil que o líder político de uma nação assim seja capaz de promover uma humilhação aos jogadores e ao técnico. Mas nenhuma evidência e uma fonte citada off the record por uma emissora mantida pelo governo dos Estados Unidos – com objetivos estratégicos sabidamente voltados à desestabilização do governo – tornam-se fonte de reportagens e mais reportagens. A repetição vai ocultando a fonte, até que a fonte nem é mais citada, como ocorre na maioria das matérias publicadas no Brasil.

O fato de não haver como desmentir a informação não a torna confirmada. Quem pode fazê-lo é o próprio governo, que não mereceria qualquer credibilidade, ainda mais diante do temor de pressão internacional. Tampouco existem meios de se confirmar o dado. As fontes são frágeis e pouco confiáveis, mas todo mundo publicou.

Penúltima
Desde a Copa de 1966, uma história folclórica do universo do ludopédio era a suposta condenação a castigos e humilhações por parte dos jogadores norte-coreanos. Apenas em 2010, a SporTV transmitiu um documentário que entrevista integrantes da delegação (1966 - A Copa dos norte-coreanos, mas não achei link para o vídeo, só esta resenha). Todos os atletas relatam – e há fotos da época – grande orgulho nacional pelo desempenho, com direito a desfile em carro aberto.

Nada garante que a fórmula se repetiu. Mas é um indício de que informações historicamente correntes – e carregadas ideologicamente – nem sempre são confiáveis.

Hipótese
No ato que instalou a Radio Free Asia, consta previsão de investimentos na emissora. E, após 30 de setembro de 2010, dois meses depois da veiculação da notícia, a diretoria da rádio não pode fazer novos investimentos sem o aval do governo dos Estados Unidos. A informação consta no sistema da Universidade de Cornell. Com notícias como essas e repercussão da monta vista, o apelo por mais verba se fortalece.

sexta-feira, julho 30, 2010

Orgulho celeste

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Não tem desculpa a demora, apenas a viagem do autor. Mas vale como registro a volta da seleção uruguaia, a Celeste Olímpica a Montevidéu.


Numa terça-feira fria, cerca de 4 graus Celsius, a população saiu à rua.

Na TV não se comentava outra coisa, apenas o orgulho de um país tão pequeno, com cerca de 3 milhões de habitantes, ser o melhor das Américas na Copa do Mundo da África do Sul.

A volta teve direito a medalhas, desfile pelas ruas, recepção pelo presidente Mujica.

Imagine se fosse campeão.

O Palestra levou na testa!

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Corinthians e Palmeiras se enfrentam neste domingo. Como nenhum dos torcedores das equipes se manifesta, a contribuição de um são-paulino é mais do que bem aceita.

Vítor Nuzzi

Dizem os sites que os parmerenses desdenharam dos demais rivais e apontaram o Curíntia como seu grande rival. Enquanto o cartola-economista Luiz Gonzaga Belluzzo endossou o clássico-mor, Andrés Sanches, quem diria, pôs panos quentes, destacando que a dupla San-São também é grande.

Como tricolor, nada contra. Afinal, Corinthians (1910) e Palmeiras (1914) são os times grandes mais antigos da capital paulista. Então, nada mais justo que o Dérbi seja visto como o clássico mais tradicional. Sem rancores. Como co-irmão caçula (1935), cito até um dos mais famosos contos de Antônio de Alcântara Machado, escritor e membro da aristocracia paulista. Como ele morreu em 1935, não teve tempo de testemunhar os feitos do esquadrão tricolor.

CORINTHIANS (2) vs. PALESTRA (1)

Prrrrii!
- Aí, Heitor!
A bola foi parar na extrema esquerda. Melle desembestou com ela.
A arquibancada pôs-se em pé. Conteve a respiração. Suspirou:
- Aaaah!
Miquelina cravava as unhas no braço gordo da Iolanda. Em torno do trapézio verde a ânsia de vinte mi1 pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De vermelho.
Delírio futebolístico no Parque Antártica.
Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava.
- Neco! Neco!
Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.
- Gooool! Gooool!
Miquelina ficou abobada com o olhar parado. Arquejando. Achando aquilo um desaforo, um absurdo.
Aleguá-guá-guá! Aleguá-guá-guá! Hurra! Hurra! Corinthians!
Palhetas subiram no ar. Com os gritos. Entusiasmos rugiam. Pulavam. Dançavam. E as mãos batendo nas bocas:
- Go-o-o-o-o-o-ol!
Miquelina fechou os olhos de ódio.
- Corinthians! Corinthians!
Tapou os ouvidos.
- Já me estou deixando ficar com raiva!
A exaltação decresceu como um trovão.
- O Rocco é que está garantindo o Palestra. Aí, Rocco! Quebra eles sem dó!
A Iolanda achou graça. Deu risada.
- Você está ficando maluca, Miquelina. Puxa! Que bruta paixão!
Era mesmo. Gostava do Rocco, pronto. Deu o fora no Biagio (o jovem e esperançoso esportista Biagio Panaiocchi, diligente auxiliar da firma desta praça G. Gasparoni & Filhos e denodado meia-direita do S. C. Corinthians Paulista, campeão do Centenário) só por causa dele.
- Juiz ladrão, indecente! Larga o apito. gatuno!
Na Sociedade Beneficente e Recreativa do Bexiga toda a gente sabia de sua história com o Biagio. Só porque ele era freqüentador dos bailes dominicais da Sociedade não pôs mais os pés lá. E passou a torcer para O Palestra. E começou a namorar o Rocco.
- O Palestra não dá pro pulo!
- Fecha essa latrina, seu burro!
Miquelina ergueu-se na ponta dos pés. Ergueu os braços. Ergueu a voz:
- Centra, Matias! Centra, Matias!
Matias centrou. A assistência silenciou. Imparato emendou. A assistência berrou.
- Palestra! Palestra! Aleguá-guá! Palestra Aleguá! Aleguá!
O italianinho sem dentes com um soco furou a palheta Ramenzoni de contentamento. Miquelina nem podia falar. E o menino de ligas saiu de seu lugar. todo ofegante, todo vermelho, todo triunfante, e foi dizer para os primos corinthianos na última fileira da arquibancada:
- Conheceram, seus canjas?
O campo ficou vazio.
- Ó... lh'a gasosa!
Moças comiam amendoim torrado sentadas nas capotas dos automóveis. A sombra avançava
no gramado maltratado. Mulatas de vestidos azuis ganham beliscões. E riam. Torcedores discutiam com gestos.
- Ó... lh'a gasosa!
Um aeroplano passeou sobre o campo.
Miquelina mandou pelo irmão um recado ao Rocco.
- Diga pra ele quebrar o Biagio que é o perigo do Corinthians.
Filipino mergulhou na multidão.
Palmas saudaram os jogadores de cabelos molhados.
Prrrrii!
- O Rocco disse pra você ficar sossegada.
Amilcar deu uma cabeçada. A bola foi bater em Tedesco que saiu correndo com ela. E a linha
toda avançou.
- Costura, macacada
Mas o juiz marcou um impedimento.
- Vendido! Bandido! Assassino!
Turumbamba na arquibancada. O refle do sargento subiu a escada.
- Não pode! Põe pra fora! Não pode!
Turumbamba na geral. A cavalaria movimentou-se.
Miquelina teve medo. O sargento prendeu o palestrino. Miquelina protestou baixinho:
- Nem torcer a gente pode mais! Nunca vi!
- Quantos minutos ainda?
- Oito.
Biagio alcançou a bola. Aí, Biagio! Foi levando, foi levando. Assim, Biagio! Driblou um. Isso!
Fugiu de outro. Isso! Avançava para a vitória. Salame nele, Biagio! Arremeteu. Chute agora!
Parou. Disparou. Parou. Aí! Reparou. Hesitou. Biagio Biagio! Calculou. Agora! Preparou-se.
Olha o Rocco! É agora. Aí! Olha o Rocco! Caiu.
- CA-VA-LO!
Prrrrii!
- Pênalti!
Miquelina pôs a mão no coração. Depois fechou os olhos. Depois perguntou:
- Quem é que vai bater, Iolanda?
- O Biagio mesmo.
- Desgraçado.
O medo fez silêncio.
Prrrrii!
Pan!
- Go-o-o-o-ol! Corinthians!
- Quantos minutos ainda?
Pri-pri-pri!
- Acabou, Nossa Senhora!
Acabou.
As árvores da geral derrubaram gente.
- Abr'a porteira! Rá! Fech'a porteira! Prá!
O entusiasmo invadiu o campo e levantou o Biagio nos braços.
- Solt'o rojão! Fiu! Rebent'a bomba! Pum! CORINTHIANS!
O ruído dos automóveis festejava a vitória. O campo foi-se esvaziando como um tanque.
Miquelina murchou dentro de sua tristeza.
- Que é - que é? É jacaré? Não é!
Miquelina nem sentia os empurrões.
- Que é - que é? É tubarão? Não é!
Miquelina não sentia nada.
- Então que é? CORINTHIANS!
Miquelina não vivia.
Na Avenida Água Branca os bondes formando cordão esperavam campainhando o zé-pereira.
- Aqui, Miquelina.
Os três espremeram-se no banco onde já havia três. E gente no estribo. E gente na coberta. E gente nas plataformas. E gente do lado da entrevia.
A alegria dos vitoriosos demandou a cidade. Berrando, assobiando e cantando. O mulato com a mão no guindaste é quem puxava a ladainha:
- O Palestra levou na testa!
E o pessoal entoava:
- Ora pro nobis!
Ao lado de Miquelina o gordo de lenço no pescoço desabafou:
- Tudo culpa daquela besta do Rocco!
Ouviu, não é Miquelina? Você ouviu?
- Não liga pra esses trouxas, Miquelina.
Como não liga?
- O Palestra levou na testa!
Cretinos.
- Ora pro nobis!
Só a tiro.
- Diga uma cousa, Iolanda. Você vai hoje na Sociedade?
- Vou com o meu irmão.
- Então passa por casa que eu também vou.
- Não!
- Que bruta admiração! Por que não?
- E o Biagio?
- Não é de sua conta.
Os pingentes mexiam com as moças de braço dado nas calçadas.

* Vitor Nuzzi gosta de futebol em qualquer época. Pôs os pés num estádio pela primeira vez aos 10 anos (tem 45) e não pretende tirá-los tão cedo, façam o que fizerem com a pobre bola. A sua seleção do São Paulo que viu jogar é Rogério; Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereyra e Serginho; Chicão, Cafu, Raí e Pedro Rocha; Careca e Serginho Chulapa.

O que resta é a fé. Muita fé!

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Que o Inter ia ganhar, me parecia certeza. Mas podia ter sido por 2 a 1 ou 3 a 2, que fosse. Fazer gols na casa do adversário é crucial na Libertadores. Porém, o São Paulo jogou 90 minutos acuado no Beira Rio, quarta-feira, e tem que dar graças a Deus (e ao Rogério Ceni) por ter levado só um golzinho - em mais uma das milhares de bobeiras da defesa nesta temporada. Quem observa só o placar considera perfeitamente possível reverter a situação no Morumbi, semana que vem. Mas quem viu o jogo sabe que o Inter de Celso Roth, embalado por cinco vitóras consecutivas no período pós-Copa do Mundo, é franco favorito. Jogando no contra-ataque, ainda por cima, deve ser até mais eficiente.

Não tenho muito o que falar sobre meu time. Culpar Ricardo Gomes é chover no molhado. Não existe um time titular, mas ele não me parece o principal responsável pelo futebol horroroso. Os jogadores do São Paulo estão mais apáticos nesta reta final da Libertadores do que já estavam acostumados a ser no Paulistão e nas primeiras rodadas do Brasileiro. O time não tem jogadas pelas laterais, o meio de campo é confuso, não marca e nem municia o ataque. Rodrigo Souto está mal, Cleber Santana é pouco efetivo. A defesa bate cabeça toda hora. Dagoberto e Marlos são anulados com muita facilidade. E Fernandão simplesmente parou de jogar. Talvez o Ricardo Oliveira (foto: Rubens Chiri/SPFC) movimente alguma coisa, o futebol tem dessas surpresas. Mas o raio não costuma cair duas vezes - e já temos que agradecer muito pelos "milagres" de Fernandão contra o Cruzeiro. Pois é, tá difícil. Dizem que o São Paulo é o "clube da fé". Talvez seja. Vou ver se tomo alguma fé lá no bar da esquina...

quinta-feira, julho 29, 2010

Tá bom, mas nem tanto

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Aos 38 minutos do segundo tempo, Marquinhos cobrou com perfeição uma falta na meta defendida por Lee, do Vitória. O gol, mais do que deixar o Santos em belíssima vantagem na decisão da Copa do Brasil contra o rubro-negro baiano, mudou totalmente o astral que imperaria na Vila caso o duelo terminasse com vitória santista por 1x0.

Por dois motivos. O primeiro é que se trata de um confronto em ida e volta. E aí é aquela história que todos já sabemos - quanto melhor o desempenho no jogo inicial, maior a possibilidade de faturar a disputa. Então a torcida santista exigia mais e mais gols do time, e mesmo o 2x0 acabou não sendo um resultado digno de tanta festa.

E o segundo é que 10 minutos antes de Marquinhos fazer o gol, Neymar perdera um pênalti de maneira risível, bisonha. O garoto quis fazer uma cobrança com cavadinha, a la Zidane ou Loco Abreu, e acabou sendo parado por um Lee que permaneceu imóvel no gol e, fosse o jogo de ontem uma pelada entre amigos, certamente faria uma dancinha ou outro escárnio qualquer para sacanear o atacante.

Se Neymar tivesse perdido o pênalti de uma maneira regular, certamente poderíamos dizer que seria umas injustiça crucificá-lo por isso. Pênaltis se perdem ou se convertem, acontece com todo mundo. E Neymar vinha fazendo uma ótima partida ontem, até o momento derradeiro. Mas Neymar perdeu porque - e não há como não falar isso - quis fazer graça. Quis esbanjar talento onde não era a hora. Seu estilo tornou-se conhecido demais, e esperar que ele bata um pênalti de maneira diferente é algo bem lógico. Foi isso que Lee fez. Que Neymar arque com a consequência de sua escolha.



Cavadinhas à parte, o fato é que o Santos fez uma boa partida ontem. Sufocou o Vitória de maneira impressionante. Rafael, o arqueiro santista, foi nada mais do que um telespectador privilegiado. O time de Ricardo Silva não foi à frente e, não fosse a atuação de Lee e dos zagueiros rubro-negros, a vitória santista teria sido muito mais larga.

Sou tradicionalmente cauteloso e jamais diria que o Santos "está com a mão na taça", "já é campeão" ou coisa que o valha. Mas não dá para negar que o favoritismo santista, que já existia antes da bola rolar, se amplificou e muito com os 2x0. Parece inimaginável ver esse time do Vitória fazendo mais de dois gols no Santos. Mas que as euforias passem perto da Vila, e que essa semana seja de treinamento duro e que, lá em Salvador, o time jogue com o dobro da determinação que mostrou ontem.

quarta-feira, julho 28, 2010

La U sai na frente

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Ao que tudo indica, não será dessa vez que um clube brasileiro se classificará de maneira antecipada para o Mundial de Clubes, ainda que não conquiste a Libertadores da América. Ontem, Universidad do Chile e Chivas Guadalajara empataram por 1x1, no México, o que faz com que a equipe de Santiago precise apenas de uma vitória simples - ou de um 0x0 em seus domínios para chegar à finalíssima do principal torneio do continente.

E olha que a situação poderia ser ainda melhor para os chilenos. O gol do Chivas - uma testada que lembrou o tento de Puyol na semifinal da Copa do Mundo, contra a Alemanha - nasceu em um escanteio que apenas o bandeirinha viu, ele e mais ninguém.



O jogo de volta é na semana que vem, na terça-feira, em Santiago.

Ah, e só pra esclarecer, se porventura alguém não saiba como funciona o regulamento da Libertadores: os times mexicanos, apesar de disputarem normalmente o torneio, não podem ir ao Mundial de Clubes como campeões da Liberta. Portanto, se chegarem na decisão, a vaga ao Mundial vai automaticamente ao outro finalista, aconteça o que acontecer nas partidas derradeiras. São Paulo e Internacional, que começam a decidir uma vaga na final da Libertadores hoje, poderiam (e ainda podem, a disputa não acabou) sair ganhando em caso de triunfo do Chivas.

Maquiagem para moças que gostam de álcool

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O vídeo acima é da humorista Carol Zoccoli e é deveras didático para as moçoilas que gostam de tomar umas a mais de vem em quando (ou quase sempre). Exemplo de educação etílica...

(Sugestão de Vinicius Souza)

'Não, graças a Deus eu não tava dormindo'

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Ê, cachaça: no distrito de Rubião Júnior, região de Botucatu (SP), uma carroça invadiu a Rodovia Alcides Soares e foi conduzida por mais de um quilômetro, sem rumo definido, uma ameaça aos motoristas. Sobre ela, um manguaça desmaiado (foto acima). Um homem acordou o carroceiro, mas ele mal conseguia se equilibrar sobre o veículo e voltou a dormir. Duas pessoas que perceberam o risco de acidente pararam a carroça, até a chegada da Guarda Civil Municipal. O condutor, Reginaldo Rosa, confessou ter bebido. Mas garantiu:

- Não. Graças a Deus, não tava dormindo. Eu sei a caminhada que eu faço - afirmou o bebum, digo, carroceiro.

E voltou a dormir.

terça-feira, julho 27, 2010

Veja especula sobre o Morumbi

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Na coluna Radar on Line de hoje, no site da Veja, Lauro Jarim questiona: "O que Lula quer com Juvenal?". "Hoje, no final do evento em que sancionou a lei que modificou o Estatuto do Torcedor, Lula chamou o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, num canto e fez uma convocação ao pé do ouvido: - Juvenal, passa lá no meu gabinete para conversarmos ainda hoje", garante o colunista. E emenda: "Lula e Juvenal estão neste momento reunidos. O assunto é, naturalmente, o Morumbi e o imbróglio da abertura da Copa. Lula, como se sabe, apóia o Morumbi para sediar o jogo de abertura, algo que a FIFA e Ricardo Teixeira dizem que está fora de cogitação". Para encerrar, Jardim deixa as seguintes questões no ar: "Mas o que será que Lula quer dizer a Juvenal? Que vai peitar a FIFA e Teixeira? Ou teria ele uma solução para a encrenca?". Querem a minha opinião? Lula com Juvenal Juvêncio só pode ser encontro pra tomar pinga, com certeza! E o que a cachaça não remedia, remediado está.

Valorização do real faz Valdívia render R$ 4 mi ao Palmeiras

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O Palmeiras anunciou a contratação do meia chileno Valdívia. A volta ocorre dois anos depois da saída do atleta rumo ao Al-Ain, El Mago está de volta. A aquisição dos tais direitos federativos do jogador é, segundo a informação corrente na imprensa, custou R$ 18 milhões, ou € 8 milhões de euros. Em 2008, a venda ocorreu R$ 22 milhões à época, equivalente a € 8 milhões.

Como se Valdívia fosse sacas de açúcar – ou, daqui uns anos, litros de etanol – ele teria rendido R$ 4 milhões aos cofres do Palmeiras na operação financeira. Em euros, a transação saiu elas por elas, mas a variação cambial no período, de apreciação do real, fez a operação ser vantajosa.

Pensar jogadores de futebol como mercadoria é desagradável, por mais mercantilizado que seja o esporte atualmente. Como commodity, é até incorreto economicamente falando. Não é necessário ter um presidente economista, como é Luiz Gonzaga Belluzzo, para isso ocorrer. Todos os clubes fazem operações assim todos os anos para fechar o balanço anual com menos prejuízo. É apenas uma envolve uma transação de direitos federativos de jogador de futebol, mas nesta até eu pude fazer as contas.

Se os dados forem confirmados, o fato é pra lá de curioso. E positivo para os cofres do clube.

Som na caixa, manguaça! - Volume 56

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LEVE DESESPERO
(Fê Lemos, Flávio Lemos, Dinho, Loro Jones)

Capital Inicial

Eu não consigo mais me concentrar
Eu vou tentar alguma coisa para melhorar
É importante, todos me dizem
Mas nada me acontece como eu queria

Estou perdido, sei que estou
Cego para assuntos banais
Problemas do cotidiano
Eu já não sei como resolver

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

Então é outra noite num bar
Um copo atrás do outro
Procuro trocados no meu bolso
Dá pra me arrumar um cigarro?

Eu não consigo mais me concentrar
Eu vou tentar alguma coisa para melhorar
Já estou vendo TV como companhia

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

Talvez se você entendesse
O que está acontecendo
Poderia me explicar
Eu não saio do meu canto
As paredes me impedem
Eu só queria me divertir

As paredes me impedem
Eu já estou vendo TV como companhia

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

(Do CD "Acústico MTV", Abril Music, 2000)

segunda-feira, julho 26, 2010

Mano Menezes convoca Ganso e Neymar

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Mano Menezes foi apresentado oficialmente como técnico da seleção brasileiro. E ganhou o agasalho oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ao lado de Ricardo Teixeira, o plano B agradeceu a confiança e já anunciou a convocação para o amistoso contra os Estados Unidos, programado para 10 de agosto, em Nova Jersey.

Quem esperava uma lista só de jogadores que atuam no Brasil foi surpreendido com a inclusão de atletas que atuam em times europeus. Thiago Silva, Daniel Alves e Ramires, reservas de Dunga, estão entre os relacionados, assim como Robinho, o único titular do xará-de-anão a ser mantido. A lista tem gente nova, de fato, mesmo entre os que jogam fora do Brasil, como Rafael, Carlos Eduardo e Ederson.

O mais incrível foi a inclusão de Jucilei, reserva no Corinthians até domingo (25), mas convocado para a seleção. Para quem está falando em "renovação lenta", o jogador representa uma mudança bem abrupta. Mas no geral, são 11 jogadores chamados pela primeira vez – menos da metade. Sete dos atletas têm idade olímpica. No geral, o climão é de muita gente nova – e muitas buscas no Google para saber de quem mesmo se está falando.

A lista:

Goleiros
Vitor (Grêmio)
Jefferson (Botafogo)
Renan (Avaí)

Lateral-direito
Rafael (Manchester United)
Daniel Alves (Barcelona)

Lateral-esquerdo
Marcelo (Real Madrid)
André Santos (Fenerbahçe)

Zagueiro
Réver (Atlético-MG)
Thiago Silva (Milan)
David Luiz (Benfica)
Ederson (Lyon)
Henrique (Racing Santander)

Meio-campo
Jucilei (Corinthians)
Lucas (Liverpool)
Hernanes (São Paulo)
Ganso (Santos)
Ramires (Benfica)
Carlos Eduardo (Hoffenheim)
Sandro (Internacional)

Atacante
Alexandre Pato (Milan)
André (Santos)
Robinho (Santos)
Neymar (Santos)
Diego Tardelli (Atlético-MG)

domingo, julho 25, 2010

Santos 1 X 0 São Paulo - aquecimento para afastar o pé-frio

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Se o São Paulo entrou com um time quase todo reserva, o Santos também iniciou o jogo bem modificado em relação aos jogos do primeiro semestre por diversos motivos: contusão, opção tática, preservação de jogadores. Não atuaram Léo, Pará, Arouca, Wesley, Robinho e André no clássico disputado na Vila.

O Alvinegro começou melhor, marcando mais no meio de campo e conseguindo vez ou outra uma saída rápida para o ataque, algo que vem acontecendo pouco nas partidas pós-Copa. Com Ganso na armação, revezando na função com Marquinhos, Rodriguinho como volante e o ala direito Danilo improvisado como meia defensivo, o time ganhou consistência no desarme, mas as trocas de passes perderam aquele ímpeto ofensivo que tanto agrada quem gosta de futebol.

Ainda assim, a maior posse de bola santista – 55% a 45% no tempo inicial - permitiu que a equipe pressionasse mais e chegasse com certo perigo. Contudo, a pontaria estava ruim mais uma vez. Foram 6 finalizações, somente uma a gol, em falta cobrada por Paulo Henrique Ganso. O Tricolor finalizou 3 vezes, sendo duas finalizações de longe que foram no rumo certo, exigindo o goleiro Rafael.

O segundo tempo começou com o São Paulo apertando, mas sem sair da postura defensiva que era a proposta de Ricardo Gomes. Marcando o Peixe no seu próprio campo, o Alvinegro tinha dificuldades para sair jogando. Ainda assim, foi por meio de uma jogada rápida que Maranhão foi derrubado no lado direito do ataque. E, aos 15, por conta dessa falta saiu o gol peixeiro. Como a maré do ataque não é boa, o tento acabou sendo contra. O autor foi Renato Silva, justamente ele que quase saiu do jogo na primeira etapa por conta de um choque em que machucou a cabeça.

O São Paulo foi em busca do empate, Washington, Hernanes e Marlos entraram e o empate quase aconteceu aos 32, quando o Tricolor acertou o travessão com Washington. Mesmo com alguma pressão, graças a faltas tolas feitas próximas à área - principalmente por Rodriguinho, o mais faltoso do Alvinegro -, o Santos teve oportunidades de matar a partida, mas preferiu a “emoção”. Mesmo jogando pior do que na derrota do Fluminense, a vitória é ótima para animar o torcedor. Além de ser o quarto triunfo sobre o Tricolor em quatro pelejas no ano, vitória em clássico sempre vale e afasta de leve as nuvens cinzentas que pairavam sobre a Vila Belmiro. O céu agora se abriu mais um pouco.



Do jogo, é possível tirar algumas lições. Marquinhos, mesmo sem estar na plenitude física, dá outra cadência ao meio de campo santista, ocupa bem os espaços sem a bola e pode ser útil contra o Vitória. Danilo também foi razoavelmente bem improvisado como volante e pode ocupar o lugar que é seu de ofício, o do esforçado Maranhão, que desce bem ao ataque mas finaliza mal quando tem oportunidade. Alex Sandro ainda não convence na esquerda, embora tenha potencial.

Mas essa não é a equipe que vai jogar contra o Vitória na quarta. As características e o estilo também vão ser diferentes. O time que atuou no clássico fez muitos desarmes, 34 contra 23 dos rivais, mas driblou pouco, 6 certos contra 11 tricolores. Com a volta de Arouca, Wesley e Robinho, certamente esse índice de jogadas individuais vai aumentar, ainda mais levando-se em conta que os baianos devem jogar fechados na Vila Belmiro. Mas é preciso dosar o toque com o drible, que era o que o Alvinegro vinha fazendo no primeiro semestre. E resguardar as laterais para evitar surpresas. Que o azar tenha ido embora.

Palmeiras segura empate contra Ceará, mas poderia ter ganho

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No Castelão, o Ceará empatou sem gols com o Palmeiras. Como os visitantes, de camisas verde limão siciliano, terminaram com dez e como as melhores chances de gol foram da representação do estado de Cid Gomes, o resultado pode ser considerado razoável para o Verdão. Mas um pouco mais de qualidade no meio de campo, nos contra-ataques e nas finalizações, e Luiz Felipe Scolari conseguiria sua primeira vitória no comando da equipe desde a volta.

A partida oscilou entre momentos extremamente chatos, em que ninguém conseguia superar a intermediária adversária sem errar passes, com outros de ataques e contragolpes francos, com defesas fragilidades.

Deola, substituto de Marcos, o Goleiro, salvou os visitantes em pelo menos dois lances. O Palmeiras perdeu três chances incríveis nas poucas vezes em que o time conseguiu ser eficiente em descidas rápidas. Na maior parte do jogo, Lincoln não resolvia na função de meia.

Patric, que contra o Botafogo foi muito bem, teve atuação discreta. Recuado, não ajudou decisivamente a criação de jogadas. Tampouco foi um terceiro atacante. Só não foi mais discreto do que Ewerthon, o atacante que precisa de incentivos para chutar em gol.

Kléber novamente mostrou-se esforçado – e com cotovelos comportados. Perdeu duas chances na cara do goleiro, com direito a uma na trave.

No primeiro tempo, Armero era a figura mais lúcida do time na saída de bola. Isso dá dimensão da falta de qualidade na armação. Já na retaguarda, o time mostrou-se o rei do desarme incompleto, o que faz o jogo ficar chato de doer. Léo, expulso com justiça por uma falta desnecessária, só mostrou um exemplo dessa deficiência.

O Ceará sentiu falta de Washington no ataque. O jogador não pôde jogar por conta daquelas cláusulas no contrato que barram atletas emprestados a outros times de enfrentar seus clubes de origem. Optou por três volantes, ou seja, por não agredir tanto. Mesmo assim, começou o jogo bem melhor.

Depois dos 30 do primeiro tempo, o Palmeiras equilibrou. Não por criar mais oportunidades, mas por organizar a marcação para impedir a facilidade do time cearense. No segundo tempo, os visitantes melhoraram, imprimiram alguns contra-ataques... mas nada de gol.



Sem converter as melhores chances do jogo em gols, o Ceará mantém-se na terceira posição. A décima posição do Palmeiras indica que o time ainda precisa de uns dois meias ofensivos, laterais e um zagueiro.

Bora seguir com calma o trabalho de Felipão. Quem sabe com reforços, o torcedor ainda fomenta esperanças de uma vaga na Libertadores? Sem isso, a disputa é pela Sul-americana. E olhe lá.