Festas de fim de ano, jogadores curtindo férias e nada de futebol. Seria quase verdade se, além das entendiantes partidas festivas que envolvem veteranos, artistas e modelos/atores nas bandas de cá, não houvesse gente pelo mundo fazendo história no ludopédio profissional.
O campeonato inglês não tem folga. Como explica o Trivela, a tradição de realizar jogos nessa época remonta ao fim do século XIX e algumas equipes aproveitam o período para deslanchar, enquanto outras acabam por tombar, talvez por conta do banzo de seus atletas.
E deve ter sido a raiva de trabalhar nessa época que motivou o atacante David Pratt, do Chippenham Town, equipe da sétima divisão do futebol inglês, a tomar o cartão vermelho mais rápido da história do futebol profissional. Foram apenas três segundos de jogo até o atleta dar uma entrada violenta sobre um jogador do Bashley, que obrigou o árbitro a mandá-lo pro chuveiro mais cedo. Ele bateu o recorde do italiano Giuseppe Lorenzo, jogador do Bolonha que, em 1990, foi expulso com dez segundos de partida.
Já na Espanha, embora o campeonato pare, jogos entre seleções regionais ou autônomas tomam conta do país. E a seleção de Extremadura disputou uma peleja com a seleção peruana, e era derrotada por 2 a 1 até quase o finalzinho. Mas, no último minuto, o selecionado local conseguiu uma penalidade inacreditável a seu favor. Na verdade, como mostra o vídeo abaixo, quem faz a “falta” no avante do Extremadura é o próprio companheiro de time. Três atletas peruanos foram expulsos por reclamarem do pênalti, que acabou convertido, decretando o empate pró time da casa. Expulsões, confusões e rapinagens. Haja espírito natalino...
O exército israelense bombardeou uma prisão palestina durante os ataques à faixa de Gaza e os detentos aproveitaram o foguetório pra fugir. Um fotógrafo da Reuters registrou a cena e, surpresa, vejam a camisa que tava usando um dos fujões. Maloqueiro e sofredor é isso aí, mano!
*Diego Sartorato é jornalista, corintiano, comunista, pró-palestinos, apreciador de 'vodka' Zvonka e colaborador bissexto do Futepoca.
Uma coincidência boa colocou no DVD de casa o quase clássico Fitzcarraldo, de Werner Herzog, há um mês, mas só tomei vergonha na cara para escrever agora.
A obra apresenta o auge do ciclo da borracha na Amazônia Peruana. O alemão Brian Sweeney Fitzgerald, vivido por Klaus Kinski, adota a forma como os nativos conseguem pronunciar seu nome e tenta pôr em prática um segundo sonho megalomaníaco, o de levar o tenor italiano Enrico Caruso (uma espécie de "avô" do Luciano Pavarotti em termos de fama) para Iquinos em uma casa de espetáculos que ele construiria ali. O primeiro projeto mirabolante era o de construir uma ferroria para ligar a floresta à costa, cruzando os Andes.
A loucura do personagem mantém a pose mesmo obrigado a se contentar com uma não-proeza pode render um monte de discussões no fórum adequado. É o anti self-made man, por isso a brincadeira no título do post.
Vale notar que Caruso jamais foi a Manaus cantar La Gioconda, como sugere o filme. A recusa do convite em 1896 foi por medo de febres tropicais. O verdadeiro Fitzcarraldo teria partido em sua empreitada dois anos antes, com lanchas e 2 mil índios.
Liberdades poéticas à parte, no ano em que se relembra os vinte anos do assassinato de Chico Mendes, é interessante retomar as aulas de história sobre o ciclo da borracha. A coleta da seiva da seringueira para produzir borracha foi extremamente rentável para a elite da região amazônica no final do século XIX, e deu origem a um surto de prosperidade. Foi isso que o filme despertou em mim. E tem matérias para ler e documentários para assistir sobre o líder seringueiro.
O filme conta com a participação de José Lewgoy como o fazendeiro ganancioso e cínico e pontas de Milton Nascimento como guarda do teatro municipal de Manaus e de Grande Otelo como funcionário da Transandina (uma ferrovia de nome auto-explicativo, iniciada pelo protagonista e abandonada ao léu).
Foto: Divulgação Fazendeiro interpretado por José Lewgoy zomba até cansar do protagonista. Na cena, ele toma champagne (ou equivalente).
Ambição Para levar a ópera à selva, Fitzcarraldo decide entrar no ramo de exploração de borracha, consegue uma conscessão pública que precisaria ser explorada em até nove meses em uma região não desejada por nenhum dos outros donos do lugar. Ocorre que a área não era acessível pelo afluente do Amazonas que banhava a área, o Caspajali, porque seria necessário navegar rio acima e ultrapassar cascatas e cachoeiras. Ao conhecer um mapa, o alemão decide que poderia chegar ao local navegando por outro caminho, o rio Serjali. O único problema seria a necessidade de transpor uma montanha que separa dois rios. Ele leva um barco a vapor e se põe a arrastá-lo para o outro lado do morro.
As cenas são de uma devastação incrível da floresta e do próprio monte, para fazer a embarcação andar sobre a terra.
Como se não bastasse, ainda tem outros complicadores envolvendo indígenas arredios e guerreiros e uma tripulação que deserda, à exceção do cozinheiro, do capitão e do mecâmico-chefe, cada qual por seu motivo.
O bêbado Foto: Divulgação Klink e Bohorquez em cena, no barco a vapor.
A segunda parte da justificativa do post é a figura do cozinheiro Huerequeque, interpretado por Huerequeque Enrique Bohorquez. Ele se apresenta ao empreendedor como um bêbado capaz de cozinhar e atirar com precisão, mesmo sob efeitos do rum. O fato é que, além da coragem, a personagem protagoniza cenas bizarras, como a relação promíscua com duas ajudantes, as únicas mulheres a bordo, e ainda é o autor da idéia que permite dar esperanças a Fitzcarraldo, de pôr o motor a vapor para erguer o barco. Como um ébrio teve uma idéia dessas é uma pergunta que até os outros tripulantes se perguntam no filme.
Mas isso é um motivo definitivamente menor para assistir ao filme.
A inspiração é o modelito a favor de Barack Obama, o presidente eleito à prova de sapatadas. O detalhe é que há várias versões com palavras diferentes escritas sob a imagem em duas cores do democrata.
Aliás, pelas minhas contas, são 70 modelos de camisas pró-Obama na loja virtual oficial da campanha (ainda disponível para arrecadar). Vale lembrar que exemplares conforme a imagem acima não estão disponíveis para venda, então teve bem mais camisetas pró-Obama do que isso. Isso foi até motivo para um internauta criar um blogue pra destacar as mais legais na visão dele, claro.
O fato é que já tem gente falando em Mussum 2010. Uma proposta de slogan seria algo como "Calcidis! Cadê o mézis!"
(Foto de Marcelo Ferrelli/Gazeta Press) Da última vez que olhei, na sexta-feira de manhã, 3.705 pessoas haviam assinado uma petição on line pedindo a permanência do argentino Herrera no Corinthians (olhei hoje de novo e, segundo mensagem do site, o abaixo-assinado foi retirado do ar porque o autor não se identificou). No entanto, de acordo com declarações do vice-presidente de futebol Mario Gobbi, a mobilização que começou pelo Orkut tem poucas chances de prosperar.
A novela da contratação de Herrera já se arrasta há um bom tempo. Segundo noticiado na imprensa, a multa contratual do atacante estava estipulada inicialmente em US$ 2,8 milhões. Os detentores de seus direitos federativos – fatiados entre Gimnasia La Plata (50%), San Lorenzo (25%) e o procurador Raúl Delgado (25%) – aceitaram baixar o valor para US$ 2,4 milhões e parcelar a grana em vinte vezes. O problema ficou com os 15% a que o jogador teria direito, que ninguém queria pagar. Parece que pela lei argentina, seria obrigação do time “vendendor”, mas os argentinos não queriam saber disso.
A coisa ficou enroscada aí um bom tempo até que essa semana o Corinthians desistiu de contratar o jogador em definitivo. Em nota recente, já após o proverbial bovino ter se dirigido para o terreno pantanoso, Herrera disse que teria aberto mão dos 15%, cerca de R$ 800 mil, para garantir a negociação, e se dizia muito magoado com o Corinthians.
Mario Gobbi, no entanto, deu outra versão para o entrave da negociação. Segundo ele, o problema foi a cotação do dólar. Cito a Gazeta Esportiva: “O negócio estava praticamente acertado conosco quando o dólar estava a R$ 1,90, mas uma semana depois houve o estouro do mercado financeiro e a moeda norte-americana chegou a R$ 2,45 (o preço de Herrera subiria de R$ 4,56 milhões para R$ 5,88 milhões) - lembrou Gobbi. - Mas não é só isso: com impostos, taxas, tributos e honorários, chegaríamos a R$ 8,5 mi, o que é impossível para o Corinthians já que o Gimnasia não quer negociar a cotação do dólar – contou”. Gobbi, no entanto, acha que é provável que o jogador acabe ficando no Timão por empréstimo, pois considera difícil que alguém pague esse valor em dólar nesse momento. O empresário do jogador, Jorge Balbis, no entanto, afirmou nessa segunda que não o Gimmnasia não tem interesse em novo empréstimo.
Mas e aí?
O caso Herrera parece estar causando um impacto forte entre os torcedores, como mostra a petição. Em comunidades no Orkut e outros fóruns, vários corintianos têm pedido a permanência do cara e criticado a diretoria.
Acho interessante tanta mobilização por um cara como Herrera. Nada contra o argentino, até concordo com quem quer que ele fique, mas o futebol dele não é tanta coisa assim para justificar sozinho essa comoção. O cara já jogou em outros times por aí e nunca teve destaque. Acertou um bom momento no Corinthians, mas tenho minhas dúvidas se continuará a render da mesma forma jogando contra zagas melhores do que as encontradas na Série B.
Acredito que são de outras ordens as razões que levam uma parcela aparentemente (não há pesquisa alguma) grande da torcida a se mobilizar (uma coisa é reclamar no boteco, outra montar e divulgar uma petição) pelo argentino.
A explicação começa com o estilo de jogo de Herrera, aguerrido, que nunca desiste de uma jogada. Com isso, ele compensa em parte sua técnica e habilidade limitadas, o que é muito identificado com a mística corintiana: times limitados que se superam e vão na raça pra cima de equipes superiores. Isso mística da superação também se identifica com o torcedor, “maloqueiro e sofredor”, que faz de tudo pelo time, apesar de todos os problemas.
Não são novidade no Corinthians jogadores limitados que assumem esse papel e se tornam ídolos. Mas creio que esse momento da história do clube torna o caso de Herrera mais importante. Após a queda para a Série B, o sentimento da torcida era de que não havia ninguém sério no Corinthians, nem na diretoria nem em campo. O descalabro da administração também caiu na conta de jogadores como Betão, que nunca foi bom, mas merecia certamente tratamento melhor do que o que recebeu na saída.
Com a chegada de Mano Menezes, um cara muito sério, com jeito de profissional, o clima mudou. Parecia que tínhamos trabalho por lá e que isso ia virar alguma coisa. A virada sobre o Goiás na Copa do Brasil deu moral ao time e à torcida e as coisas foram melhorando. Herrera se tornou meio que um símbolo desse momento. O cara corre o tempo todo, não desiste de bola nenhuma, e foi melhorando junto com o time.
Eu não acho que o futebol dele valha R$ 6 milhões e concordo com a decisão de não contratá-lo. Mas algo mesmo sabendo disso, queria que ele ficasse, especialmente depois da chegada “fenomenal” de Ronaldo. Herrera ali daria a impressão de que a vinda do novo camisa nove não é apenas um golpe de marketing, que o trabalho vai continuar sendo feito de forma séria e comprometida, que vai haver sempre respeito pela torcida. Enfim, que o corintianismo da superação e da entrega, resgatado no purgatório da Série B, não será jogado fora de uma hora pra outra em nome de um deslumbramento por dólares russos, fundos gringos ou jogadores-empresa.
Do ponto de visto técnico e pragmático, entendo a diretoria. Se olharmos a necessidade do elenco, Herrera ficaria para ser reserve de Dentinho e Jorge Henrique e, segundo consta, ainda vão contratar outro centroavante para revezar com Ronaldo. Além da questão principal: grana, que o time não tem muito e precisa gastar bem. E como já disse, o futebol do argentino não é para tanto. Isso sem falar que simbolismo não põe mesa, como dirá, não sem razão, o pragmático: com ou sem Herrera, a bagunça pode se instalar.
Mas o simbolismo de sua possível permanência é forte para quem não tem como acompanhar de perto o dia a dia do clube, não tem como saber se o trabalho está sendo feito ou se virou bagunça. No final, queria que existissem condições práticas para que ele ficasse – o que basicamente quer dizer, de acordo com as declarações da diretoria, uma súbita queda do dólar ou das expectativas do clube argentino. Mas acredito (e torço...) que o Timão terá um bom ano de 2009 mesmo sem o ex-quase-gol. E que Herrera seja feliz onde for, sabendo que fez parte de um momento sofrido e importante da história do Corinthians.
Quem aí acordou cedo ontem para assistir à decisão do Mundial de Clubes entre Manchester United e LDU? Eu não levantei especificamente para ver a peleja, mas, já que havia acordado pouco depois de começar a partida, assisti a praticamente todo o confronto.
E afirmo que, se tivesse me programado para levantar unicamente para ver a partida, estaria reclamando até agora as horas de sono desperdiçadas. O jogo de ontem foi bem, bem fraco. De um lado, um time com inegável qualidade técnica mas que não soube abrir espaços no adversário; e do outro, atletas que pouco mais tinham a oferecer além de sua boa vontade.
Então o que se viu foi um Manchester que detinha a posse de bola, mas que não atormentou como deveria a meta do goleiro Cevallos. Cristiano Ronaldo mostrou sua habilidade em alguns lances, mas não teve a movimentação que se espera dele. Carlitos Tevez, cada vez mais parecido com o Blanka, foi figura praticamente nula. As glórias então ficaram com Wayne Rooney, autor do único gol do jogo.
Rooney também levou o tradicional carro dado ao melhor jogador da decisão, e foi também o melhor do campeonato. Cristiano Ronaldo ficou em segundo e o argentino Manso, da LDU, foi o terceiro.
Parabéns ao Manchester, que chegou assim ao seu segundo título Mundial - o primeiro é aquele de 1999, de triste lembrança aos palmeirenses.
Ao idealizar o sistema viário Rodoanel, o falecido ex-governador Mario Covas (foto) garantiu que não haveria pedágio. Mas aí vieram seus colegas de PSDB Geraldo Alckmin e José Serra e o dito ficou pelo não dito. Surdez oportuna. O Rodoanel, que deve ganhar 13 praças de pedágio nas rodovias Bandeirantes, Anhangüera, Castelo Branco, Raposo Tavares e Régis Bitencourt, atingem uma distância aproximada de 20 a 28 quilômetros do Marco Zero da cidade de São Paulo.
Provavelmente, o governador Mario Covas, na época, estava se referindo a uma Lei de 1953 que veta a cobrança de pedágios num raio de 35 quilômetros da Praça da Sé. Chegando no butiquim, um "gorosista permanente" comemorava a fala do deputado estadual Carlos Gianazzi, do PSol, que disse, na tribuna da Assembléia Legislativa: "-Vou protocolar junto ao Ministério Público a proibição da cobrança de pedágio no Trecho Oeste do Rodoanel, fundamentada em Lei de 55 anos atrás, que nunca foi revogada e está, portanto, em plena vigência". Gianazzi afirma que, com a cobrança, haverá um verdadeiro caos no trânsito da capital, pois os motoristas desviarão suas rotas para não arcarem com essa despesa.
Perplexo, o inocente amigo freqüentador lembrou: "-Antes tarde do que nunca. Será que os legisladores aprenderam a legislar?". Mas eu lembrei ao distraído: "-Por que os outros deputados não acompanharam o Gianazzi com apartes ou confirmações em defesa da causa pública? Foi uma ave isolada, em vôo solo. E o preço do silêncio será de R$ 1,20 por eixo".
*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.
Sim, vai e diz Diz assim Que eu chorei Que eu morri De arrependimento Que o meu desalento Já não tem mais fim Vai e diz Diz assim Como sou Infeliz No meu descaminho Diz que estou sozinho E sem saber de mim
Diz que eu estive por pouco Diz a ela que estou louco Pra perdoar Que seja lá como for Por amor Por favor É pra ela voltar
Sim, vai e diz Diz assim Que eu rodei Que eu bebi Que eu caí Que eu não sei Que eu só sei Que cansei, enfim Dos meus desencontros Corre e diz a ela Que eu entrego os pontos
Na coletiva de encerramento da Cúpula da América Latina e do Caribe (CALC), a tentativa de sapatada a George W. Bush virou piada. No domingo, 14, o mandatário estadunidense foi alvo de um ataque de sapato por parte do jornalista iraquiano Muntadar al Zaidi, e só quem se divertiu foram os latinos.
"Gente, por favor, ninguém tira o sapato", brincou o presidente Lula. Antes do início da entrevista, o mexicano Felipe Calderón tinha feito a mesmíssima troça. Mas o brasileiro completou: "Aqui, como é muito calor, quando alguém tirar o sapato a gente vai perceber por causa do chulé”. O evento aconteceu na Costa do Sauípe, ao norte de Salvador (BA).
Como os representantes dos países estavam com "muita hambre", sempre na definição de Lula, os repórteres receberam o pedido de fazer perguntas sucintas. Quando um jornalista ameaçava se alongar, o presidente ensaiou pegar o próprio sapato para atirar no inquiridor. Mais chacota.
Antes que alguém pergunte, a entrevista parece ter acontecido antes do almoço.
Sem graça Segundo a BBC, os dois sapatos atirados contra Bush não tiveram um fim tão engraçado assim para Al-Zaidi.
Mesmo que o alvo tenha feito brincadeira com o ocorrido e tentado levar na esportiva a simbólica situação – até porque se esquivou do sapato de destruição em massa –, o "agressor" teria sido espancado na prisão, com direito a mão e costelas quebradas, sangramento interno e ferimento no olho. A acusação foi do irmão do preso sob custódia do exército.
Também cabe dizer que o jornalista da TV Al-Bagdadia acusou Bush de ser "responsável pela morte de milhares de iraquianos" ao atirar um pé de sapato de cada vez. Numa matéria do Estadão, consta que "segundo os costumes iraquianos, mostrar a sola de um sapato é uma ofensa grave, que equivale a dizer que a pessoa é inferior à sujeira do calçado". E arrematam: "Arremessar os sapatos é ainda mais ultrajante".
Nikita Kruschev, o precursor
Nessas questões sapatísticas (ou chulézísticas), o careca Kruschev, secretário-geral do Partido Comunista da extinta União Soviética (PCUS) entre 1953 e 1964, foi uma espécie de precursor. Durante reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1960, ele tirou o pisante e bateu repetidas vezes no parlatório, para pedir atenção às suas reclamações contra as colaborações militares entre Estados Unidos e Espanha. Kruschev, porém, teve pudor de atirar o sapato em alguém. E não há registro oficial sobre emanação de mau cheiro. (Colaborou Marcão Palhares)
Um amigo meu viu isso esta semana no Bom Dia Brasil, da Globo, e me deixou curioso. Daí, pesquisei e achei: em Macapá, capital do Amapá, o pessoal inventou o fut-lama (futebol na lama). À margem direita do Rio Amazonas, a maré determina quando haverá jogo ou não. "É o rio que determina o horário. A gente tem que se guiar na tabela, na quadra das marés. A gente vai calculando duas, ou três horas antes da vazante da maré para não perder o ponto de jogo", explicou ao telejornal o organizador do fut-lama, Olivaldo Nunes, que comanda uma competição municipal com nada menos que 240 clubes masculinos e femininos. Quando o Rio Amazonas recua, em poucos minutos eles armam o campo de futebol. E quando o rio retorna, eles desarmam as traves e tudo mais, para não poluir a natureza.
Como bem lembra o Idelber Avelar, domingo tivemos a primeira partida da final do Torneio Clausura do Chile. O Colo Colo empatou em 1 a 1 com o Palestino, que terminou a partida com dois jogadores a menos e reclamou muito da arbitragem. Pode até ser que o campeonato chileno não desperte muita atenção por aqui, mas um dos times da final é exemplar no que diz respeito à junção entre futebol e política, temas caros a esse blogue. Afinal, o Club Deportivo Palestino é bem mais que um time.
Fundado em agosto de 1920, o o clube reuniu imigrantes radicados no Chile, principalmente vindos na primeira grande corrente migratória dos palestinos, em meio à Segunda Guerra Mundial. Na verdade, os primeiros sinais da presença palestina em território chileno datam de 1880, com pessoas vindas principalmente de Beit-Jala, Belén y Beit-Sahur, em função da ocupação turco-otomana.
Mais de três décadas após sua fundação, o Palestino passou a integrar o futebol profissional do país. Em 1951, foi aceito na segunda divisão e no ano seguinte sagrou-se campeão da Segundona, garantindo o acesso à elite. Em 1975 e 1977 conquistou o título da Copa Chile e foi campeão nacional em 1955 e 1978. Hoje, é tido como uma equipe média local, e tem a chance de conquistar mais um título.
O Palestino e o Brasil
O Palestino esteve na Copa Libertadores da América em três oportunidades: 1976, 1978 e 1979 e só na primeira participação não enfrentou times brasileiros. Em 1978, caiu na primeira fase no grupo com outros dois times tupiniquins: Atlético (MG) e São Paulo. O Galo venceu suas duas partidas contra os chilenos, 2 a 0 em casa e 5 a 4 fora. Já os paulistas venceram por 1 a 0 no Chile e fora derrotados em casa por 2 a 1, resultado que contribuiu para a queda do Tricolor na primeira fase da competição.
Em 1979, o Palestino fez sua melhor campanha, terminando a fase de grupos em primeiro lugar, com quatro vitórias e dois empates. Mas, na fase semifinal (eram dois grupos de três equipes cada), competiu com o Olímpia do Paraguai e o Guarani. Chilenos e brasileiros empataram duas vezes, 0 a 0 em Santiago e 2 a 2 em Campinas. O time paraguaio sagrou-se campeão daquela edição.
Além dos confrontos com os brasileiros, o Palestino também tem outra ligação com o Brasil, ainda que indireta. Um dos maiores craques do futebol do país, e que até hoje é ídolo do Internacional, Elias Figueroa, jogou no clube após sair do futebol gaúcho, entre 1977 e 1980.
Seleção palestina no campeonato chileno?
A relação entre os palestinos e o Chile é antiga, como já dito acima, o que não só reforça os laços entre uma e outra nação como também gera situações curiosas. A maior parte dos migrantes palestinos no país provém de um mesmo local, a cidade de Beit-Jalla, vizinha à Belém, na Cisjordânia. Estima-se que ali não vivam hoje mais do que 20 mil pessoas, enquanto no Chile a população originária do lugar e seus descendentes superam a marca de 150 mil.
Em 2003, veio outra prova de boas relações entre chilenos e palestinos. A seleção da Palestina foi convidada para participar da terceira divisão local, com o objetivo de dar mais experiência aos atletas. Integrada à Fifa somente em 1998, o selecionado tem autorização para recrutar jogadores com origem palestina mesmo que tenham nascido em outros países. Isso porque Israel não permite que os atletas que residem nos territórios ocupados possam viajar.
Assim, o time que disputou o campeonato nacional e a Copa Chile era formado por boleiros chilenos, estadunidenses e de outros lugares da América Latina. Em função da dificuldade em conciliar compromisso internacionais com uma competição por pontos corridos, deixaram a disputa nos anos seguintes. Ficou um cartel pouco invejável: 28 jogos, foram 23 derrotas.
O juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho, autor da risível justificativa de arquivamento da queixa-crime de Richarlyson contra o diretor administrativo do Palmeiras, José Cyrillo Jr., foi "punido".
O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que os termos da sentença foram impróprios (um trecho, para relembrar: se for homossexual, "melhor seria que abandonasse os gramados") e, por isso, o juiz não poderá ser promovido por merecimento pelo prazo de um ano a partir da punição, que começou a valer no último dia 10.
Eu já critiquei decisões jurídicas aqui no blog e ganhei umas aulas sobre direito. Mas ainda assim vou me arriscar de novo: isso lá é punição para um juiz que usa a homofobia como justificativa para o arquivamento de uma queixa? Afinal ele continua no tribunal, julgando com os mesmos argumentos. Com a palavra os entendidos em Direito.
Alertado pelo amigo Clóvis Messias, que escreve no Futepoca a coluna No butiquim da Política, confirmei que a tal cerveja que possivelmente serviu de inspiração para batizar a escola de samba paulistana Pérola Negra existiu, de fato. No site parceiro Cervejas do Mundo, descobri que a marca Pérola (foto acima) era produzida pela Leonardelli, uma cervejaria localizada em Caxias do Sul (RS). A Pérola era produzida nas versões Chopp, Malzbier, Malta, Extra e Preta (daí, possivelmente, a inspiração para Pérola Negra). Além disso, a Leonardelli produzia a simpática cerveja preta Nanica (foto do rótulo à direita). Infelizmente, essa cervejaria foi engolida pela Indústria de Bebidas Antarctica-Polar S/A. Alguns anos após essa aquisição, numa ótica perversa de "redução de custos", o grupo resolveu fechar a fábrica de Caxias do Sul. Foi o fim da Pérola. E da Nanica.
Duas décadas mais jovem do que seus três grandes rivais, o São Paulo completa hoje 73 anos de existência. Como já explicamos aqui, o clube teve duas fundações - e, por isso, o time que existiu entre 25 de janeiro de 1930 e 14 de maio de 1935 não é considerado o mesmo que o atual, apesar de ter nome e uniformes idênticos. Afundado em dívidas, aquele primeiro São Paulo (apelidado de "da Floresta", nome do campo onde jogava) se fundiu com o Clube de Regatas Tietê e extinguiu o futebol. Inconformados, alguns antigos sócios do Tricolor decidiram refundar o clube: em 4 de junho de 1935, surgia o - natimorto - Clube Atlético São Paulo. Esse foi o pontapé inicial para que, em 16 de dezembro de 1935, ressurgisse o São Paulo Futebol Clube. Uma brecha jurídica da época permitiu que o nome fosse idêntico ao do clube anterior. O primeiro campeonato foi disputado em 1936, o Paulistão, e o primeiro título estadual viria em 1943. O primeiro Brasileiro veio em 1977, a primeira Libertadores em 1992 e o primeiro Mundial, no mesmo ano.
Sete décadas depois, o São Paulo possui uma média de títulos melhor que Corinthians, Palmeiras e Santos - se considerarmos apenas o principal campeonato estadual (Paulistão), nacional (Brasileirão), continental (Copa Libertadores) e mundial (Interclubes/ Fifa). Isso porque não quero, aqui, considerar Super-Paulistão, Rio-São Paulo, Roberto Gomes Pedrosa, Taça Brasil, Copa do Brasil, Supercopa, Sul-Americana, Mercosul, Conmebol etc etc etc. Senão, vira bagunça, é muito aleatório. Por isso, em 73 anos, o São Paulo conquistou 32 títulos principais: 3 Mundiais, 3 Libertadores, 6 Brasileiros e 20 Paulistas. Média de 0,43 títulos por ano, bem superior à do Corinthians (que venceu, em 98 anos, 1 Mundial, 4 Brasileiros e 25 Paulistas, média de 0,29 títulos por ano), Palmeiras (1 Mundial, 1 Libertadores, 4 Brasileiros, 22 Paulistas em 94 anos, média idêntica de 0,29) e Santos (2 Mundiais, 2 Libertadores, 2 Brasileiros e 17 Paulistas em 96 anos, média de 0,23 títulos por temporada). Claro, isso aqui é só um exercício seletivo, perfeitamente contestável. Mas creio que, pela diferença de idade em relação aos três rivais, o São Paulo vai muito bem, obrigado. Parabéns, Tricolor!
Como você viu na barra aí do lado, está chegando às livrarias um novo livro sobre o Timão – e nós estamos ajudando a vender: trata-se de "A Saga Corintiana – A maior prova de amor da Fiel ao Timão" (Editora Publisher). Deixando isso claro, posso começar a falar bem do belo trabalho do nosso parceiro Luís Carlos Simon, o Menon.
Menon é repórter esportivo e foi setorista do Corinthians durante 2008, acompanhando de perto o dia a dia do time em sua passagem pela Série B do Brasileirão. Dizer que cada capítulo narra um jogo, com direito a análise tática, é simplificar a coisa. Na verdade, cada jogo serve de fio condutor para uma série de outras histórias, de jogadores atuais e antigos e torcedores. Os relatos dão uma noção da importância do Corinthians para cada um daquele “bando de loucos”, como se autoproclamou a Fiel no desgracento ano passado.
É essa dimensão humana que marca na leitura do livro. Como bem definiu o também jornalista Vitor Guedes, que assina o prefácio da obra: “Menon retrata nesta obra o ano do resgate do corinthianismo, da fidelidade, dos valores que fazem do time feito por oerários o campeão dos campeões no coração do povo sofrido e, orgulhosamente, maloqueiro e sofredor.”
Para os corintianos, o livro vale a pena. Para os que não tem essa sorte, Menon ajuda a explicar um pouco do sentimento que cada Fiel traz no peito. Explicação que já vem, digamos, com legendas: o autor, pasmem, é sãopaulino. Ou era, antes de escrever o livro, vai saber.
PS: O lançamento do livro será no Bar Boleiros e o convite está acima. Se você quiser conhecer, xingar ou elogiar alguém do Futepoca, boa parte dos seus integrantes vai estar lá. Compareça! Mas sem agressão física, por favor...
CLIENTE PREFERENCIAL O desembarque de Ronaldo em São Paulo está causando frisson. Ainda sonhando com a reabertura de sua boate Bahamas, fechada desde agosto de 2007, o empresário Oscar Maroni diz que vai "mandar um convite vitalício para ele".
Breve introdução aos que não conhecem a série: PQFMTMNETA é abreviação para "Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim". Nesse espaço, mostraremos eventos do futebol acontecidos há, no máximo, cinco anos, que causaram polêmica na sua época, e que depois caíram no esquecimento.
Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim 4 - Nilton Santos, consultor técnico do Botafogo (2005)
Há um clichê por aqui que diz que o "brasileiro não tem memória". O que é verdade em muitos casos, mas não é em outros. Um ícone para o qual certamente essa história não se aplica é Nilton Santos. O ex-atletas, maior lateral esquerdo e um dos maiores jogadores no geral da história do futebol brasileiro, sempre foi figurinha carimbada na mídia esportiva nacional - muito merecidamente, diga-se de passagem. É claro que o dia em que ele morrer (o que não deve demorar muito, infelizmente, já que Nilton sofre de um Alzheimer que evolui de maneira incontestável) vai chover gente dizendo que o Brasil não respeita os ídolos, que não valoriza o passado, que qualquer um que dê três chutes na bola hoje é ídolo e o que realmente merece elogios é o antigamente...
Pois bem: justamente por todo esse contexto, valorizar um ícone do passado é algo que ganha aprovação imediata de todos os setores, inclusive da às vezes irritante mídia esportiva. Nada melhor para "fazer o filme" de uma instituição do que relacioná-la com alguém dos antigamentes e que tenha reputação elevada. Foi exatamente isso o que o Botafogo fez com Nilton Santos em 2005.
O "Enciclopédia" foi convidado pelo técnico botafoguense à época, Paulo César Gusmão, para ser o "consultor técnico" do clube. O cargo era livre: Nilton iria a General Severiano quando pudesse, sem nenhum compromisso de horário ou de qualquer outra espécie.
A apresentação de Nilton no "cargo" foi uma festa. Como se fosse o mais fanático dos torcedores do clube, Paulo César Gusmão conduziu a chegada de Nilton Santos ao treinamento do clube, o apresentou aos jogadores, tomou a iniciativa de apresentá-lo à imprensa, foi um verdadeiro cicerone. Na ocasião, Nilton falou diretamente ao seu "colega de profissão", o lateral-esquerdo do Botafogo de então, Oziel: disse a ele que deveria evitar os carrinhos durante as partidas. Oziel recebeu o conselho com alegria e prometeu segui-lo. Sumiu completamente no mundo do futebol.
A atuação de Nilton Santos como consultor de Botafogo terminou inócua, exatamente da mesma maneira como começou. Sabem aquelas coisas que se esquece "intencionalmente", até que sumam de vez? Foi esse o caminho. Não durou muito tempo a passage de Nilton pelo cargo, assim como também foi breve a estada de Paulo César Gusmão como técnico do Botafogo.
De modo que o que ficou daquela história foi o exemplo de homenagem "para inglês ver" que o Botafogo fez. Não que Nilton Santos não seja digno de todas as honrarias; mas talvez seja o caso de pensá-las com mais qualidade, e não tratá-las como um carnaval para agradar a opinião pública.
Em entrevista à revista Caros Amigos de dezembro, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz revela que a investigação da máfia do apito, deflagrada em 2005, poderia ter descoberto fraudes relacionadas a jogadores e dirigentes.
Foto: José Cruz/ABr O trabalho foi "destruído", segundo ele, pela reportagem de capa da revista Veja, que revelou a investigação. "Quando é sexta já está na internet. Os bandidos fugiram. Não se pode fazer isso", lamentou.
A informação foi dada, curiosamente, em uma pergunta que questionava "por que, em geral, o furo é da Globo".
Ele revela ainda que o que "mais doeu" foi o fato de a repórter Thais Oyama não ter se sensibilizado por seu apelo e alerta sobre o estrago que a publicação acarretaria. "Sua investigação vai ser matéria de capa e vender 150 mil revistas", teria dito a jornalista. A queixa foi apresentada como modelo do que o delegado considera como furo que não é bom para a sociedade.
O fato é alguém da equipe de Protógenes – pelo que ele diz, não foi ele próprio a passar a informação – é que vazou a informação. E não há menção a quem poderiam ser os jogadores e dirigentes envolvidos no esquema de fraudes para beneficiar apostadores descoberta na Máfia do Apito que resultou na anulação de 11 partidas do campeonato brasileiro de 2005, beneficiando o Corinthians.
Daniel Dantas O delegado relata ainda que, na segunda prisão do banqueiro Daniel Dantas, na Operação Satiagraha, ele confessou que financiava jornalistas para produzir reportagens favoráveis a seus interesses ou contra seus rivais. Mas nada de nomes, além da referência indireta aos que estão no inquérito.
Além disso, revela um episódio de suposto enriquecimento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, já reproduzido em diversos blogues. Para quem for ler, substitua a citação à revista Época por IstoÉDinheiro, e a reportagem mencionada é esta. Mas os nomes citados pelo delegado não constam na reportagem. Apesar de o delegado ter comandado as investigações sobre a MSI, o assunto não coube nas seis horas de entrevista.
A Toyota foi a vencedora da licitação realizada pela Assembléia Legislativa para substituir sua frota. O veículo vencedor indicado pelo pregão eletrônico foi o Corolla automático. O Legislativo vai adquirir 164 carros para uso dos 94 deputados, lideranças partidárias e os sete membros da Mesa Diretora.
Cada automóvel custará menos de R$ 45 mil, quase o mesmo valor pago aos velhos Astras, adquiridos há três anos, na gestão do deputado Rodrigo Garcia (DEM). Ele é o pai do prédio anexo, que já consumiu R$ 26,6 milhões - e é apenas um esqueleto. A obra ficará parada por mais dois meses. A entrega dessa nova ala deveria ter sido feita há dois anos...
Foi publicado no Diário Oficial o valor a ser pago pelos 164 veículos: R$ 7.228.250,00 (sete milhões, duzentos e vite e oito mil e duzentos e cinqüenta reais). É dinheiro público saindo dos impostos pagos por nós. Saúde, educação, promoção social, habitação popular, tudo isso fica para outra oportunidade. Depois eles pensam nisso.
*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.
Com esse post damos início a uma nova série de tipos de cerveja, dessa vez, sobre as Lager, cujas origens remontam à Baviera do século XIX, local onde os mestres cervejeiros tinham por hábito guardar os seus produtos em locais muito frios, para dar uma certa maturação. Segundo o site Cervejas do Mundo, essas cervejas, chamadas de Lagerbier, eram o resultado de anos de desenvolvimento de técnicas de refrigeração e de utilização de um fermento especial. A principal diferença desse ingrediente para o que se utilizava no resto da Europa era que ficava depositado no fundo após a fermentação, ao contrário das Ale, cujo resíduo subia ao topo.
E, entre as Lager, há dois estilos muito próximos, caracterizados por uma cor escura proveniente da mistura de malte e, por vezes, de caramelo. Em princípio, as All-Malt apenas utilizam malte na sua concepção, enquanto as Dark Lager podem juntar outros cereais. "São cervejas leves e com bastante gás, algo doces, sabor a malte e a caramelo e, curiosamente, aproximam-se mais das lagers mais claras do que dos estilos de lagers escuras", resume Bruno Aquino, do site Cervejas do Mundo. E ele recomenda, para quem quiser experimentar, a Saranac Seasons Best Nut Brown Lager (foto), a Lowenbrau Dark e a Brooklyn Lager.
A notícia do mês no mundo das celebridades é a morte de Marcelo Silva, ex-marido de Suzana Vieira que ficou famoso por ter trocado a sexagenária atriz por uma moça que nem aos 30 anos chegou. Marcelo morreu, ao que tudo indica, por overdose de cocaína. Além da atração causada pelo inesperado, a morte de Marcelo chamou a atenção também por outros motivos, como a praga jogada sobre o sujeito pela Ana Maria Braga e o link 'manipulado' do Globo.com que enganou muita gente por aí (em ocasião similar, o Futepoca caiu nessa).
Na cabeça de um fanático por futebol como eu, o nome de Marcelo Silva não remete ao mundo das celebridades, e sim ao da bola. E me fez lembrar do volante Marcelo Silva, que jogou no Santos no começo da década e aparece aí na foto ao lado.
Marcelo Silva era o que poderia se chamar de volante-volante. Não era botinudo nem violento, mas passava longe de ser técnico. Cumpria seu papel de marcação com alguma eficácia e uma brutal discrição. Tanto para o bem quanto para o mal, aliás. Nunca era vaiado pela torcida mas também quase nunca tinha atuações memoráveis.
Seu momento de mais destaque no Santos foi negativo, mas involuntário. Explicando: na época das semifinais do Paulista de 2001, Marcelo Silva havia ido para a reserva do Peixe. Começou no banco o primeiro duelo contra o Corinthians. E de lá viu o Santos ter uma atuação magnífica, com um primeiro tempo em que sufocava a equipe do Parque São Jorge. Deivid fez 1x0 para o Santos com 21 minutos de jogo e, pelo andar da carruagem, poderia se esperar mais gols da equipe da Vila, tamanha a potência que o time demonstrava na partida.
Mas, ainda no primeiro tempo, por volta dos 30 minutos, o mesmo Deivid se machucou. Geninho (técnico santista) poderia mandar a campo outros nomes para o ataque, como Caio, por exemplo. Mas pensou em "garantir o resultado". Colocou o nosso herói Marcelo Silva. No fim das contas, o Corinthians empatou o jogo e, na segunda partida das semifinais, ganhou a disputa com aquele gol do Ricardinho aos 48 do segundo tempo.
Marcelo Silva ainda permaneceu um bom tempo no Santos - torcida e diretoria sabiam que ele não era culpado pela eliminação, apesar de ter consigo essa carga simbólica. Deixou o Santos ao final do primeiro semestre de 2002, pouco antes do Peixe iniciar a história do melhor time que montou após o fim da Era Pelé.
Depois disso, Marcelo pipocou entre uma série de clubes grandes e médios do nosso futebol, como Bahia, Atlético-MG, Atlético-PR e Náutico. No início desse ano foi contratado pelo Vitória, apresentou-se com pompa, mas pouco rendeu. Já em maio acabou dispensado e seu paradeiro desde então é desconhecido (eu pelo menos não achei na internet).
De qualquer modo, acredito eu, deve estar melhor do que seu xará celebridade...
O resultado é mais um episódio da implacável caça aos manguaças no mundo esportivo. O Rei da Cocada preta não deve ir a campo no domingo. Antes, ele havia ficado afastado por um sóbrio atraso depois de uma noitada. Já pensou ele no Flamengo?
O lateral Maicon também está no cerne da boataria, mas segundo consta ele estaria sem condições de treinar por problemas musculares.
Foto: Daniel Mitsuo/Flickr Enquanto uns são alvejados com ataques baixos, outros erguem o estandarte da balada. Ronaldo Gaúcho avisa: "Após o trabalho, gosto de me divertir". A declaração ao La Stampa foi seguida de desmentido de que o atleta seria um fanfarrão.
A notícia mais impressionante foi outra. Marques, do Atlético-MG, aos 35 anos, renovou contrato até 2010 com o clube mineiro. Ele encerra a carreira ao final do estadual e depois sai candidato a deputado estadual. Era um plano antigo que permanece. O que surpreende é o jogador acertar a renovação tão rapidamente. Vai, Marques!
Pode-se falar bem ou mal de Marcelo Teixeira (pessoalmente, acho que a segunda opção ganha de longe da primeira), mas um fato inquestionável é sua falta de imaginação em relação à escolha de treinadores para o Santos. Desde que passou a perna em Émerson Leão e passou a dirigir o time (e, praticamente, o clube) em 2004, Vanderlei Luxemburgo sempre é cogitado quando surge uma oportunidade. Mesmo tendo deixado o Alvinegro por duas vezes na gestão MT (no fim de 2004 foi para o Real Madri e no de 2007 rumou para o Palmeiras) continua sempre como primeira opção.
Como revela o blog Pedaladas, do Arnaldo Hase , Luxa esteve em Santos na quarta-feira e o fisiologista Nilton Petrone, o Filé, também andou por lá. Talvez esse seja o real motivo da demora para confirmar ou não Márcio Fernandes à frente da equipe em 2009. E as opções aos dois – que considero escolhas temerárias por diferentes motivos – estão escasseando.
Dorival Júnior foi enrolado e fechou com o Vasco. Caio Júnior, outro possível nome, foi para o Japão, enquanto Vagner Mancini renovou com o Vitória. E, o pior, é que à medida em que o Peixe demora, o mercado de jogadores também fica mais complicado já que o treinador, que teria prioridade em indicar nomes, ainda não existe de fato.
Na prática, não é exagero dizer que Luxemburgo nunca deixou o Santos. Ele mesmo declara que conversa freqüentemente por telefone com Marcelo Teixeira, fato não desmentido pelo presidente santista, que parece considerar muito as opiniões do técnico palmeirense. Desde 2004, Luxa indicou Osvaldo de Oliveira, seu ex-auxiliar, para substituí-lo na temporada de 2005. Os maus resultados derrubaram O.O., mas outro pupilo assumiu a batuta: Alexandre Gallo. Márcio Fernandes, o técnico por enquanto, também trabalhou com Luxemburgo e foi indicado por ele.
Nenhum dos indicados pelo atual técnico do Verdão deixaram saudades no torcedor santista, mas quando MT decidiu “sozinho”, também não foi feliz. Nelsinho teve uma das piores passagens de um treinador na Vila, assim como Cuca. Leão teve que enfrentar parte da diretoria que fecha com Luxemburgo, além de uma organizada que recebeu (ou recebe?) dinheiro de Luxemburgo. Não aguentou.
Se Teixeira, o Eterno , conseguir se desvencilhar da alta multa rescisória do treinador (estimada em R$ 6,5 milhões) e da má vontade do grupo Sondas com Luxemburgo (como lembra Alex Frutuoso ) poderá reafirmar sua parceria com o “gênio”, prova da mais absoluta dependência de alguém que cuide do futebol pelo presidente. Com uma relação custo-benefício pra lá de questionável, resta ao torcedor brigar pelo futuro do clube, já que o presente já se sabe como vai ser.
PS: não custa reforçar, para o santista, que o manifesto que pede democracia no Santos continua no ar. E já há mais movimentação por mudanças também com uma iniciativa mais recente, o Santos Total . Vale a pena conferir.
Mais uma da série carnavalesca: a escola de samba paulistana Vai-Vai teve sua origem ligada a um time de futebol chamado Cai-Cai, no tradicional bairro da Bela Vista (foto). Lá, um grupo de sambistas fazia batucada durante as partidas de futebol, na beira do campo. Como o time era muito ruim, as pessoas passaram a comparecer aos jogos única e exclusivamente por causa do samba, este sim, muito bom. Isso gerou um desentendimento com alguns diretores do time, agravado por uma briga durante uma festa. Nesse dia, esses diretores foram expulsos aos berros de "-Vai embora! Vai,vai pra longe! Vai,vai embora!". E os sambistas saíram pelas ruas gritando "Vai,vai,vai,vai!". Não demorou para uma multidão fazer côro gritando "Vai,vai,vai,vai!". Depois disso, ficou decidido que aquele grupo de sambistas seria a Turma do Vae-Vae. E, já que o Cai-Cai tinha as cores branco e preto, a Vae-Vae, só para provocar, teria as cores preto e branco. O que foi devidamente oficializado em 1º de janeiro de 1930, com o nome de Cordão Carnavalesco Esportivo Vae-Vae. E aí? Não gostou da história? Então vai, vai...
Os passos de qual repatriado recente Ronaldo vai seguir?
À lista:
Denílson no Palmeiras Dedicado a se recuperar de lesão no centro de treinamento do Palmeiras, o ex-são-paulino Denílson estreiou com a camisa alviverde em fevereiro, participou da conquista do campeonato paulista de 2008, resolveu um jogo ou outro. Chegou com um contrato de produtividade, dizendo que queria fazer do Verdão trampolim para a seleção. Mas nunca pode dizer que sequer era titular. Os críticos pegaram no pé, e ele já anunciou que não fica em 2009. Resumindo, recuperação física, sem vantagem muita para o clube.
Foto: Junior Faria/Flickr Adriano no São Paulo Apesar da confiança da torcida tricolor, não se pode dizer que a andorinha Imperador tenha feito verão. O São Paulo foi eliminado na Libertadores nas quartas de final. Apesar de Juvenal Juvêncio jurar que valeu a pena (e da mídia são-paulina comprar a história), na prática foi um semestre, nenhum título, mas houve a recuperação do excesso de baladas e dos problemas com o álcool. Ou quase. O Rei da Cocada preta não resolveu. Tanto assim, que a equipe tricolor só se acertou bem depois da saída do atacante. Por outro lado, voltou à seleção. Resumindo: bom para o atleta, ruim para o clube e nova expatriação.
Foto: Santos/Divulgação Zé Roberto no Santos Desacreditado por uns, foi o modelo de profissional para outros, porque arrebentou no primeiro semestre de 2007 com a camisa do Peixe. O melhor jogador da seleção brasileira de 2006 – pelo menos em disposição – comandou o Santos na conquista do Paulista, mas parou na semi-final da Libertadores, diante do Grêmio. Não resolveu tudo, mas com liberdade, fez mais gols que nunca, mas nunca mais voltou à seleção. Resumo, bom para o atleta e para o clube, nada de seleção e nova expatriação.
Foto: Ricardo Stuckert/Pr Romário no Flamengo, Vasco e Fluminense Contratado a peso de ouro para o supertime do centenário do clube da Gávea, Romário foi artilheiro do campeonato carioca em 1995 e 1996. No primeiro ano, fez menos do que Renato Gaúcho na final contra o Fluminense, mas ajudou no segundo a garantir o título. Depois ficou num vai e vem com o Sevilha, mas chegou em 1998 convocado para a seleção brasileira que disputaria a Copa do Mundo da França. Foi cortado pelo técnico Zagallo por contusão. Depois, Romário seria campeão e um dos artilheiros da Copa João Havelange, pelo Vasco. E protagonizaria a saga pelos mil gols, no Brasil. Resumindo: bom para ele e para o clube, nada de seleção e início de aposentadoria.
Junior Baiano no Flamengo Transferido do São Paulo para o Werder Bremer em 1995, o zagueiro foi trazido de volta em 1996 pelo Flamengo. Além de conquistar o mesmo campeonato carioca já citado com a camisa rubro-negra, conseguiu o que parecia impossível para o atleta. Foi titular da seleção canarinho de 1998, comandada por Zagallo, ao lado de Aldair. Parece troça, mas é a melhor opção para Ronaldo se inspirar na experiência de repatriado do atleta se o objetivo é ir para a Copa de 2010. Depois, Junior Baiano passaria pelo Palmeiras, onde foi campeão da Libertadores em 1999, pelo Vasco para ir à China representar o Shanghai Shenhua. Não confundir com a segunda volta do jogador nascido em Brasília, para o Inter. Resumindo: bom para o atleta, para o clube e titular da seleção na Copa.
Vote: Os passos de qual repatriado recente Ronaldo vai seguir?
Prestes a completar 73 anos (na próxima terça-feira, dia 16), só agora o São Paulo Futebol Clube conseguiu uma seqüência de três títulos consecutivos numa mesma competição (foto à esquerda). Antes disso, bateu na trave por nada menos que seis vezes. Foi bicampeão paulista cinco vezes - em 1945/ 1946; 1948/ 1949; 1970/ 1971; 1980/ 1981 e 1991/ 1992 - e uma vez da Libertadores, em 1992/ 1993. E o tri escapou das mãos todas as vezes. Seus rivais diretos não tiveram que esperar sete décadas por um tri: o Santos, que demorou mais, tinha acabado de completar 50 anos quando fechou a série dos Paulistas de 1960/ 1961/ 1962; o Palmeiras tinha 20 anos quando conquistou o tricampeonato paulista de 1932, 1933 e 1934; e o Corinthians tinha só 14 anos quando completou as conquistas estaduais de 1922/ 1923/ 1924.
Falando no Palmeiras, esse foi o maior verdugo do São Paulo nas frustrações de tricampeonatos, simplesmente quatro vezes (!), em 1947, 1950, 1972 e 1993. Os outros "culpados" foram o Corinthians, em 1982, e o Vélez Sarsfield, em 1994. Na primeira frustração tricolor, em 1947, o campeonato era por pontos corridos e o então clube do Canindé ficou em 4º lugar, o Palmeiras foi o campeão. Já em 1950, mesmo mantida a forma de disputa, o Campeonato Paulista foi decidido na última rodada entre...São Paulo e Palmeiras! A partida, eternizada como "Jogo da lama" (chovia muito e o Pacaembu estava imprestável), foi disputada no final de janeiro de 1951.
O Palmeiras precisava de um empate e o São Paulo partiu com tudo. Logo de cara, o ponta Teixeirinha abriu o placar mas, inexplicavelmente, o árbitro britânico Alwin Bradley anulou, alegando (dizem que inexistente) impedimento. Mas Teixeirinha fez outro e o primeiro tempo terminou 1 a 0, com o São Paulo com a mão na taça. Porém, o célebre Jair Rosa Pinto deu uma bronca aos berros no time do Palmeiras (foto à direita) durante o intervalo, e exigiu, pelo menos, o empate. E foi ele quem lançou Aquiles para empatar o jogo e destruir o sonho de tricampeonato para o São Paulo. Em 1972, os dois times terminaram invictos o Paulistão, mas o Palmeiras tinha vantagem e garantiu o título com um 0 x 0.
Já em 1993, o alviverde não teve culpa: só fez a decisão com o Corinthians, que havia eliminado o São Paulo na semifinal (com um gol impedido de Neto que foi validado e um legítimo de Palhinha que foi anulado). O mesmo Corinthians que, em 1982, com Sócrates e Casagrande, havia impedido o tri do "Tricolaço", como era chamado o São Paulo de Valdir Peres, Oscar, Dario Pereyra, Marinho Chagas, Mário Sérgio e Serginho Chulapa. A última decepção do clube do Morumbi, antes do tri no Brasileiro, foi bem marcante: a perda da Libertadores em casa, nos pênaltis, para o argentino Vélez Sarsfield, em agosto de 1994. Ainda bem que tudo isso ficou no passado...
Encher o estádio quando se briga por um título é fácil. Quando se quer escapar do rebaixamento também. Agora, encher o estádio quando os jogos não valem rigorosamente NADA é um feito absurdo. E, por isso, a torcida do Sport é a melhor do Brasil. Ou menos foi a melhor nesse 2008 que vai acabando.
Aos números. O Sport teve a quarta melhor média de público no Brasileirão atual, com 21.776 pagantes. Ficou atrás de Flamengo (40.694), Grêmio (31.075) e Cruzeiro (24.245) - três times que brigaram pelo título até as rodadas finais. Superou o campeão São Paulo (21.331), o também concorrente ao título Palmeiras (16.877) , o rebaixado Vasco (13.723) e o tradicionalmente enchedor de estádios Atlético-MG (18.638).
Se já seria surpreendente ver uma torcida numericamente inferior à da maioria dos clubes do campeonato, num estado com um nível de renda não dos melhores, apresentar números tão significativos, a coisa torna-se ainda mais impressionante pelo falado no início do post: a maioria dos jogos do Brasileirão não valeu rigorosamente nada para o Sport. Foram simples amistosos.
Como campeão da Copa do Brasil, o clube já estava garantido na Libertadores de 2009. Não precisaria, portanto, ficar entre os quatro primeiros do nacional para correr a América no ano que vem. Também não poderia ser agraciado com o prêmio de consolação que é a vaga na Sul-Americana. Restariam duas motivações então ao rubro-negro: brigar pelo título ou ter que escapar do rebaixamento. Acontece que essas duas foram afastadas logo de cara. O time mostrou-se bom o suficiente pra não ficar entre os piores e ruim o suficiente para não almejar a taça do certame.
E a quantidade foi acompanhada de qualidade. A torcida leonina já mostrara suas garras ao restante do país na Copa do Brasil: Inter, Palmeiras e Corinthians que o digam, tamanha a pressão que esses clubes sofreram na Ilha do Retiro. Meu amigo Carlos Padeiro, jornalista, esteve no Sport 4x1 Palmeiras e voltou impressionado com o estádio e com a torcida: "aquilo sim que é alçapão".
Agora vamos ver o que a torcida do Sport fará na Libertadores. A parada para o clube pernambucano não será fácil: enfrentará na fase de grupos a campeã LDU e muito possivelmente o Palmeiras, se o clube verde avançar na fase prévia do campeonato. Mas o show dos torcedores está garantido.
Hoje faz 13 anos que vi uma das partidas mais memoráveis da história recente do futebol brasileiro. E, para mim, a maior atuação de um jogador de futebol que testemunhei com a camisa 10 que foi de Pelé.
Era um domingo, 10 de dezembro de 1995. Já havia visto in loco na Vila Belmiro o Santos vencer o Corinthians por 3 a 0 e, no meio da semana; e superar o Palmeiras de Luxemburgo, no Pacaembu, por 1 a 0, com um golaço de Wagner. Esses resultados consolidariam a arrancada alvinegra rumo às semifinais do Brasileiro daquele ano. Eram 24 times divididos em dois grupos e todos jogavam contra todos, classificando-se os campeões de cada grupo no primeiro e segundo turno.
Mas, daquela vez, teria que me contentar em assistir à partida pela televisão. Era o segundo jogo da semifinal entre Santos e Fluminense. No primeiro, no Maracanã, o Peixe perdia por 2 a 1 até os 40 minutos quando, no final, levou dois gols do time carioca, terminando a partida com dois jogadores a menos (Robert e Jamelli foram expulsos). Precisaria devolver a diferença de três gols na volta para chegar à final.
A missão parecia impossível. Nenhuma equipe havia descontado uma vantagem como essa na história do Brasileirão e, nos confrontos entre os dois times até então na competição, jamais o Alvinegro havia vencido o Tricolor por mais de um gol de diferença. Além disso, o Fluminense tinha a melhor defesa do campeonato (17 gols em 23 partidas) e o campeão do Rio (com o gol de barriga de Renato Gaúcho) não perdia por tal diferença no campeonato há 28 jogos. Mas o Santos contava com Giovanni, o 10 chamado de Messias pela torcida, e que, naquele dia, de fato concretizou um milagre.
E quem deu início à histórica jornada foi o lépido atacante Camanducaia, que driblou pela esquerda do ataque e sofreu pênalti. Giovanni, sereno, cobrou e, ato contínuo, foi até o fundo da rede buscar a bola e levá-la até o meio de campo. Sabia que era preciso fazer mais. Ainda na primeira etapa, o dez recebe do meia Carlinhos, finta Alê e chuta, de bico. Novamente, vai até o fundo do gol e resgata a bola. Parecia mais que obstinado. Aparentava estar possesso.
No intervalo, o show continuava. O time não desceu para os vestiários, o técnico Cabralzinho preferiu que os atletas sentissem o calor da torcida que lotava o Pacaembu. E, aos 6 minutos, o time retribui a força dos torcedores. Giovanni toca para Macedo, que se livra da marcação e faz com a canhota. O Santos atingia seu objetivo, mas a alegria não durou um minuto. Na seqüência, Rogerinho empatou para o Fluminense e o time carioca voltava a ter uma vaga na final.
De novo, Giovanni teve que intervir. O zagueiro Alê não sabia se atrasava a bola ou saía jogando e o craque santista deu o bote, roubando a bola que, na dividida entre os dois e o goleiro Wellerson, sobrou para Camanducaia fazer o quarto. De novo, o Alvinegro estava na final. Mas o zagueiro Ronaldo Marconato acabou expulso e o time, com um a menos, se retraiu, dando calafrios na torcida.
Foi quando bola chegou no meio de campo para... bom, nem precisa dizer para quem chegou a bola. Havia dois jogadores do Fluminense marcando em cima e mais um à espreita. O Dez conseguiu, com um passe antológico de calcanhar, achar Marcelo Passos, que avançou até a entrada da grande área, limpou Vampeta e chutou no canto esquerdo de Wellerson. Segundo Odir Cunha em seu Time dos Céus, o lance, que ocorreu quase em frente ao técnico tricolor Joel Santana, fez com que o mesmo exclamasse: “Pqp... como joga esse cara!”.
5 a 1, o torcedor do Santos podia respirar mais aliviado. Ou melhor, nem tanto. Em seguida, Rogerinho de novo desconta para a equipe do Rio. Mas não dava mais tempo. Um espetáculo fabuloso, com belos lances e todo o requinte de drama. Isso sem contar a torcida que jogou junto o tempo todo, tanto que Renato Gaúcho, ao desembarcar no Rio, declarou, conforme relato de Cunha: “Nunca tinha sentido tanta pressão da torcida jogando no Brasil. Era como se estivesse na Bombonera enfrentando o Boca Juniors em uma decisão.”
Uma classificação heróica, um jogo que entrou para a História e um craque que não deixava dúvidas. E que me desculpem Pita - que vi atuar quando moleque -, Diego ou Zé Roberto, mas Giovanni foi o maior camisa 10 que testemunhei jogar no Santos.
Santos
Edinho; Marquinhos Capixaba, Ronaldo, Narciso e Marcos Adriano; Carlinhos, Gallo, Giovanni e Marcelo Passos (Pintado) (Marcos Paulo); Camanducaia (Batista) e Macedo
Técnico: Cabralzinho
Fluminense
Wellerson; Ronald, Lima, Alê (Gaúcho) e Cássio; Vampeta, Otacílio, Rogerinho e Aílton; Valdeir (Leonardo) e Renato Gaúcho
Técnico: Joel Santana
Passada uma semana da final da Copa Sul-Americana, o São Paulo já foi campeão, o “Fenômeno” virou coringão, etc. etc.
Mas não quero deixar de comentar algumas coisas que vivi no Beira Rio na semana passada no jogo Inter x Estudiantes. Fiquei com vários assuntos na cabeça que quero compartilhar com a galera do Futepoca.
Primeiro, a Confederação Sul-Americana (Conmebol), preparou uma grande festa para o Brasil na Copa. Fiquei impressionado com a magnitude do evento preparado por Nicolas Léoz e Cia. Havia pelo menos 16 caminhões de TV fora do estádio. Além de Globo e Bandeirantes, estavam Fox Esport, T&C Sport, ESPN e até um canal da Venezuela. O jogo foi para toda a América, Europa e Ásia. Nicolas, com um sorriso de orelha a orelha ao entregar a taça, provavelmente pensava nos dividendos da próxima edição, em 2009.
Sem dúvida o Internacional é um belo campeão, formou um time muito competitivo e apostou forte para conquistar a Sul-Americana. Fato altamente positivo para o clube, que vira vitrine, melhorando a vida dos atletas, contratos com TVs e obtém reconhecimento internacional. Fato idêntico vivido pelo Estudiantes, que desde a chegada da “Brujita” Verón voltou a disputar uma final de torneio continental depois de mais de 37 anos. Além de alcançar o título argentino depois de 23 anos.
Cheguei cedo ao estádio para montar meu computador numa área que o Inter preparou para que os repórteres fotográficos pudessem transmitir as fotos dentro do campo de jogo, com, inclusive, proteção contra a chuva. É uma bancada com tomadas, de mais ou menos 2 metros e meio com teto de policarbonato. O espaço ficou dividido com uma mesa de som gigante. Ficamos apertados, mas ninguém reclamou, o wireless funcionou, só não conseguíamos mais ir ao banheiro depois das 21h, tivemos que agüentar até a entrega da taça.
Fiquei pensando na estrutura necessária para um jogo do Mundial, e percebi que estamos a anos-luz do que a Fifa exige. Claro que a gente imagina uma situação ideal, com espaço confortável para todo mundo, torcedor e imprensa, com acessos fáceis ao estádio etc. Mas ao mesmo tempo pensei: será que toda essa espontaneidade dos nossos torcedores sobreviverá?
Chegaram quatro mil torcedores de La Plata por diferentes meios, ônibus, vans, e alguns carros antigos. Passearam pelo centro de Porto Alegre, com bandeiras e camisetas, despertando a curiosidade. Torcedores do Inter e do Grêmio se aproximavam para tirar fotos e trocar idéias com a torcida do Estudiantes. Os Gremistas eram "Pincharratas" desde pequenos e os colorados avisavam que venceriam de qualquer jeito, sempre na brincadeira.
Acabado o jogo, ainda com a preocupação de ter que transmitir fotos para dois jornais ao mesmo tempo e dor no corpo pela tensão e a emoção de ser torcedor e profissional ao mesmo tempo, parei para comer um lanche no boteco da esquina do hotel. Quando entramos no bar, tinha gente de Estudiantes e Inter bebendo cerveja Polar juntos, trocando camisetas e cantando as músicas da arquibancada.
Sentei no boteco com Pochola e Toti, que viajaram 18 horas para ver seu amado time, pedimos umas "papas fritas" e, entre cervejas, fiquei imaginando se depois do Mundial, dos belos estádios, das estruturas à européia para a imprensa, nosso futebol continuaria o mesmo. Será que o valor dos ingressos na Libertadores, Sul-Americana e Brasileirão permitirão que torcedores menos favorecidos consigam acompanhar seu clube? Todas essas emoções que senti antes, durante e depois desse encontro de amantes do futebol se preservariam? Ou vamos passar a ter um futebol de torcedores de elite, como acontece em algumas partes de Europa?
Prefiro continuar transmitindo fotos apertado, mas continuar tomando uma "breja" antes de entrar no estádio, acompanhada com um sanduíche de pernil. Encontrar com a galera do Pincha vindo de carro velho e sem ingressos para ver o jogo, essa galera que grita, dá cor e faz o verdadeiro espetáculo do futebol.
Ao torcedor.... Saúde!
Gerardo Lazzari é fotógrafo, torcedor do Estudiantes e argentino residente no Brasil. Apesar de tudo isso, é amigo do povo e colaborador do Futepoca.
Como boa parte do mundo já sabe, o Corinthians contratou o atacante Ronaldo para a próxima temporada. Os detalhes do acerto não foram divulgados ainda, mas parece que a coisa é pra valer (esperamos que o Corinthians não repita a furada de Vagner Love...).
Eu fiquei feliz com a notícia, mas principalmente porque gostei do baruhlo que fez. Agora, pensando mais friamente, será uma boa? Eu digo que sim, mas não garanto. Ronaldo é um excelente jogador, habilidoso e inteligente. Mas já tem 32 anos e duas cirurgias nos joelhos, o que certamente vai diminuir bastante sua capacidade.
No entanto, há que se pensar em quanto vale um Ronaldo jogando meia bomba. Na última vez que o acompanhei jogar com mais afinco, na Copa de 2006, ele estava mal, gordo e com jeito desinteressado. Mesmo assim, fez três gols nos cinco jogos que a seleção disputou.
No lado positivo da coluna também se assinala o fato de que Ronaldo não tem muito porque voltar a jogar bola se não estiver com vontade de fazê-lo. Não é falta de grana que está fazendo o cara voltar de sua quase aposentadoria (o que eu provavelmente não faria, devo dizer).
Em outro aspecto, o do impacto midiático, a contratação já se mostrou um tremendo acerto. Todos os programas esportivos e sites falaram disso o dia todo, Parreira, Zagallo, Antonio Lopes, Márcio Braga, Rincón, Marcelinho e Muricy Ramalho já foram perguntados sobre o fato. Segundo o Globo Esporte, a notícia repercutiu em veículos de Itália, Inglaterra e Espanha. O mesmo site diz também que apenas hoje foram vendidas 80 camisas 9 na loja do Corinthians, movimentando R$ 13,5 mil com a comercialização de produtos.
Resumindo, o nome do cara é um baita chamariz comercial. Resta saber se existe alguém no clube com cacife para explorar esse potencial, mesmo com ações para aumentar a inserção internacional. A Nike, patrocinadora de time e jogador, deve ter grande interesse em promover a volta triunfal de Ronaldo, mesmo que seja só para uma temporada de despedida.
Claro que tudo isso vai depender de como o cara estiver jogando. Eu torço para que o nível esteja mais perto de 2002 do que de 2006, mas estarei pronto a cornetar o rapaz se for necessário, após uma margem de erro para adaptação. E depois de um breve período de curtição em ter um dos maiores jogadores da história vestindo a camisa do meu time, claro.
PS.: Quem acompanha o blog já deve ter lido textos meus sempre me referindo ao centroavante como “Ronaldo, o Gordo”. Suspendi o tratamento momentaneamente, como prova de minha boa fé na vontade do cara de jogar bola no Corinthians. Mas percebam que não cheguei a chamá-lo de Fenômeno. Ficamos no empate até futuras avaliações.
Antes de alvinegro, alviverde: Casão na Caldense (agachado, no centro)
Opa! O título pode até ser capcioso, mas não é nada disso que estão pensando. No site da Caldense, descobri uma história curiosa: a primeira vez que Sócrates e Casagrange estiveram juntos em um campo de futebol. Em 1981, aos 18 anos e recém-profissionalizado pelo Corinthians, o futuro Casão (que hoje enfrenta problema de dependência química) foi emprestado para o clube de Poços de Caldas (MG). E justamente em março daquele ano a seleção brasileira, comandada pelo também mineiro Telê Santana, esteve no turístico município para um amistoso. Foi nesse dia, portanto, que Sócrates e Casagrande, os futuros jogadores-símbolo da chamada Democracia Corinthiana, se conheceram. Ali, o jovem camisa 9 nem sonhava que, cinco anos depois, estaria disputando a Copa do México ao lado do Magrão (foto à esquerda). Na imagem abaixo, vemos os jogadores do Brasil e da Caldense no dia do amistoso Casagrande, destacado, é o primeiro agachado à esquerda. E na linha de cima, em pé, vemos o Doutor Sócrates (o quarto, da esquerda para a direita). Não descobri o resultado do amistoso. Alguém consegue saber?
Da seleção de Telê, da esquerda para a direita, identificamos (em pé): Reinaldo, Sócrates, Oscar, Edinho, Valdir Peres e Batista; (agachados) Edivaldo, Paulo César, Zico, Zé Sérgio e Júnior. No destaque, Casão
Mais uma do Carnaval paulistano, dessa vez da escola Pérola Negra, da gloriosa Vila Madalena: "O nome surgiu da visão de seus fundadores, por ser a Pérola Negra uma jóia rara, usando a alusão de 'A Jóia Rara do Samba'. Mas outra versão diz que, naquele momento, o que seu fundador observava era uma garrafa da cerveja Pérola Negra". Alguém aí já ouviu falar dessa marca?
O buteco se agitou. Um de seus freqüentadores chegou animado, garantindo que haverá mudança no ministeriado do presidente Lula. Assim que terminou sua afirmativa, todos se voltaram ao "gole". Mas, como se sentisse desacreditado, o manguaça foi mais fundo: "-A disputa pelas eleições das mesas diretoras do Senado e da Câmara dos Deputados mudará as forças políticas do governo federal, precisando de um realinhamento". Arlindo Chinaglia (acima), presidente da Câmara dos Deputados, está ativíssimo, demonstrando habilidade e livre trânsito junto ao presidente Lula.
O realinhamento político, assim, é necessário. O parlamentar paulista, que deixará a presidência da Câmara, servirá como um ponto de equilíbrio com uma possível indicação a um ministério. O PT reivindica mais um posto para o partido e Chinaglia poderá ser seu ocupante. Os ministérios especulados são o da Articulação Política ou Saúde. Alguém até perguntou se o presidente Lula sabe disso. A resposta foi imediata: "-Sabe. E também sabe que o Chinaglia será candidato ao Senado com o Aloizio Mercadante, para compor a chapa. Assim, os dois pretentem levar as duas cadeiras para o partido".
Neste cenário, é possível perceber claramente que os petistas começam a se movimentar com a velocidade política que o momento exige. Ainda mais porque corre a notícia, nos setores moderados, da possível indicação do atual ministro da Educação, Fernando Haddad (ao lado), como candidato ao governo do Estado de São Paulo. Luiz Marinho, prefeito eleito de São Bernardo do Campo (SP), defensor da dinâmica partidária, também trabalha para a ampliação do leque de alianças. Diz ele: "-Se ficarmos debatendo prévias, fecharemos as portas para a vitória, como já aconteceu em eleições passadas".
Não sei se foi por falta ou por excesso da "loira gelada" que o fôlego acabou. Mas os freqüentadores do butiquim estão se recuperando para uma próxima rodada...
*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.