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O jogo estava 24 a 19 para o Brasil. A equipe tinha 4 match points para chegar a uma inédita decisão nas Olimpíadas. De repente, o apagão. A Rússia vence o quarto set e leva a semifinal para o tie-break. De novo, a seleção tem a vantagem. De novo, desperdiça. A Rússia disputa o ouro, enquanto uma perplexa e cabisbaixa equipe não encontra ânimo para obter o bronze.
As críticas chovem. A jovem Mari é taxada de “amarelona”, assim como outras atletas. O treinador José Roberto Guimarães é afrontado, tendo ainda contra si o contraste do novo pop star do vôlei, o performático e histriônico técnico Bernardinho. E logo os dois teriam um embate público.
Guimarães insinua que a levantadora Fernanda Venturini obedece às instruções de seu marido, e não as suas, repassando informações que seriam do âmbito da equipe feminina. Já o capo da seleção masculina dedica o título à esposa e afirma que ela teria “transformado a história do vôlei feminino no Brasil”.
A inimizade entre os dois estava selada. Pior para Guimarães, já que Bernardinho virou exemplo de sucesso. Bem pago para estrelar campanhas publicitárias de gosto duvidoso e palestras motivacionais para executivos, continuou tendo sucesso à frente da seleção masculina. A seleção feminina também colecionava trunfos, mas o peso de Atenas pairava sobre todo o time. Os homens se tornam campeões mundiais em 2006, e o treinador dedica novamente a conquista a Fernanda.
A derrota no Pan e o fantasma de Fernanda
Nos quatro anos que separaram a Grécia da China, os dois se enfrentaram em partidas válidas pela Superliga feminina, Bernardinho à frente do Rexona e Guimarães comandando o Osasco em 2005. A rivalidade chegava a níveis exorbitantes, tanto que, após uma derrota para o time paulista, o treinador da seleção masculina quebrou a porta de um vestiário do ginásio osasquense. No Mundial feminino, nova derrota para a Rússia.
Veio o Pan, a medalha de ouro para os homens e as mulheres, novamente, ficavam a ver navios com a derrota para Cuba na final. O selo de “amarelão” se consolidava. Como Felipão teve de agüentar o lobby em prol do veterano Romário em 2002, Zé Roberto em 2008 se via às voltas com o fantasma de Fernanda Venturini. Por obra e graça sabe-se lá de quem, vaza um e-mail pela imprensa onde a levantadora se oferece para voltar a jogar e ir a Pequim.
O técnico não assume um enfrentamento e, em um primeiro momento não descarta a convocação dela, mas no fim não a chama. A titular é Fofão, reserva de Fernanda por dez anos na seleção. Em abril de 2008, o Zé Roberto chama Mari, afastada desde o Pan para “amadurecer”, e traz também de volta a experiente Waleskinha, longe da seleção desde 2006.
Zé Roberto segue longe dos holofotes, e a imprensa chega até mesmo a dizer que a boa fase da seleção feminina deve-se também ao rival Bernardinho, que foi durante sete anos comandante da seleção. Esquecem, porém, o quanto o inverso é tão ou mais verdadeiro, já que Guimarães foi o primeiro técnico brasileiro a conquistar ouro olímpico em esportes coletivos, com a vitória da seleção em 1992. Foi o primeiro a exigir dos atletas versatilidade de funções, o ataque de todos os lados da quadra, diferenciais em relação às demais equipes. Rompeu justamente com o estigma do “quase”, sedimentando o caminho trilhado por gerações anteriores e pavimentando as futuras conquistas.
E em 23 de agosto de 2008 veio a consagração maior. De novo, o treinador fez história ao obter o primeiro ouro para o Brasil em esportes coletivos femininos, sagrando-se o único técnico a obter o ouro olímpico no vôlei masculino e feminino. E, junto dele, Fofão, a melhor levantadora do torneio, uma ex-reserva que mostrou o quanto soube agarrar a oportunidade que teve. Mari, maior pontuadora naquela semifinal contra a Rússia com incríveis 33 pontos e mesmo assim massacrada, soube dar a volta por cima. Paula Pequeno, que ficou de fora de Atenas por conta de uma ruptura de ligamentos no joelho e depois ficaria afastada em função de uma gravidez, também deu um exemplo de superação, assim como todas as outras que conseguiram afastar o estigma de “amarelão”. Uma seleção que honrou a tradição de ataque do vôlei, mas que tornou o bloqueio uma arma poderosíssima, tanto quanto a defesa. Obra do técnico que, segundo Carol Gattaz, cortada da seleção antes dos Jogos, “soube administrar egos e vaidades”, além de inovar novamente no aspecto tático. E obra de um grupo que soube suportar críticas e dar a volta por cima, com uma obstinação e frieza de vencedoras.
Que os homens vençam amanhã. Mas as mulheres já são as verdadeiras heroínas dos Jogos de Pequim. E Zé Roberto é o maior técnico da história do vôlei brasileiro.





Mas Luciano do Valle anda, já há algum tempo, merecendo uma homenagem semelhante àquelas normalmente dedicadas a
Na semi-final brasileira do vôlei de praia em que Márcio e Fábio Luiz venceram Ricardo e Emanuel, o locutor torcia descaradamente pela segunda dupla, a favorita e dona do ouro olímpico em Atenas. Por isso, não se conformava com o que via. E dá-lhe pérolas.









Saiu o vencedor da promoção 










Volta e meia uma dúvida toma meus miolos encharcados. E essa semana, graças ao descomunal Michael Phelps (à esqurda), ela voltou a me fustigar. Quem teria sido, independentemente da modalidade que pratica, o maior esportista de todos os tempos? É claro que essa é uma contenda sublinhada por critérios subjetivos e relativos. Pelo índice CS (Chico Silva), o eleito seria alguém que fez em seu esporte algo que nenhum outro esportista em nenhuma outra modalidade repetiu. Antes do golden boy de Baltimore, que além de água clorada aprecia outros líquidos (em certa ocasião chegou a ser preso por dirigir sob o efeito deles), eu tinha três outros nomes em mente.
O primeiro era Michael Schumacher (à direita). Nenhum piloto em tempo algum se aproximou dos recordes e números deste sisudo alemão que reescreveu a história da F-1 moderna. O segundo é o surfista Kelly Slater. Se Schumacher abocanhou sete títulos na F-1, o surfista americano conquistou oito no WCT, o circuito mundial de surf. Só que, enquanto Schumacher passa o tempo dando pitos na Ferrari e caneladas nas peladas, Slater ainda rema para o outside. Ele é o atual líder do circuito e dá vigorosas braçadas para o seu nono título mundial.
O ultimo nome da minha lista era Roger Federer (à esquerda). O suíço obteve os melhores resultados da história em um esporte que teve gênios como Rod Laver, Björn Borg, John McEnroe, Jimmy Connors, André Agassi e Pete Sampras, entre outros. Tudo bem que, ultimamente, anda tomando coça do touro espanhol Rafael Nadal. Mas ninguém conquista 12 Grand Slams e fica por quatro seguidos na liderança do ranking da ATP por acaso.








