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quinta-feira, dezembro 10, 2015

Que desperdício (de vinho)!

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Pensei que a notícia de que um dirigente do São Paulo F.C. deu um soco na cara do outro fosse imbatível para faturar o prêmio "Vale-Tudo do Poder" de 2015, mas eis que abro a inFernet e leio a sensacional, inacreditável e maravilhosa manchete:


Pois é - ou melhor, pois ZÉ (Serra). Segundo Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, durante jantar na casa do Eunício Oliveira, seu colega de Senado José Serra "simplesmente chegou numa roda em que não tinha sido chamado, sem mais nem menos" e falou para a ministra da agricultura: "Kátia, dizem por aí que você é muito namoradeira". Kátia - que, aliás, é apelido para cachaça ("kátiaça") - descascou na hora: "Você é um homem deselegante, descortês, arrogante, prepotente. É por isso que você nunca chegará à Presidência da República. Nunca lhe dei esse direito nem essa ousadia. Por favor, saia dessa roda, saia daqui imediatamente". E tascou-lhe o vinho no meio da fuça (leia detalhes aqui).

Taça da discórdia: Kátia Abreu bota o desengraçadinho José Serra em seu devido lugar

O mais divertido é que, apesar de ser do mesmo partido do nefasto senador (ambos fincam trincheiras no nefasto PSDB), Kátia Abreu ainda fez questão de salgar a terra, gritando pra quem quisesse ouvir: "De mais a mais, nunca traí ninguém na minha vida". Pô, aí já é vandalismo! Geraldo Alckmin deve estar rindo sozinho até agora. E isso me lembrou uma célebre máxima do - falecido e também tucano - Mário Covas: "Em banco que José Serra se senta, todo mundo se levanta". Se levanta ou joga na cara dele o que tiver à mão! Afinal, José Serra é conhecido há décadas por ter um senso de "humor" nada invejável. Diante de tanta baixaria, só me resta lamentar o vinho derramado. Será que não tinha uma Skol pra jogar na cara dele? No mais, Deus me livre de festa que junta tucanos...




"Kátia, afasta de mim esse cálice..."


 

quarta-feira, dezembro 09, 2015

Muito simbólico também

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Ricardo Teixeira, Juvêncio e José Serra: Copa no Morumbi esfarelou-se
Outro dia observei aqui como foi simbólica a sova de 6 a 1 dada pelo Corinthians (ou melhor, os reservas do Corinthians) no São Paulo, fazendo um paralelo sobre a impressionante recuperação e reestruturação alvinegra, de 2008 pra cá, em contraposição à ainda mais impressionante e retumbante derrocada sãopaulina no mesmo período. Um saiu da Série B, ganhou o Brasil, o continente e o mundo, inaugurou um moderno estádio, que foi sede de abertura de Copa do Mundo, multiplicou suas fontes de renda (e sua torcida) e contempla uma sólida hegemonia estadual e nacional dentro de campo, nos próximos anos. O outro saiu do tricampeonato da Libertadores, do Mundial de Clubes e do Brasileiro, da perspectiva de sediar a abertura da Copa e de reformar seu estádio, da estabilidade de três anos de um técnico e das promessas das categorias de base para o jejum de títulos, a perda da Copa e do patrocinador master, o abandono do projeto para o Morumbi, a insolvência financeira, atraso de salários, lavação de roupa suja e porrada entre dirigentes em público e, mais do que tudo, para uma interminável série de surras e vexames dentro de campo.

Foi o 'soberano' Juvêncio quem elegeu presidente Carlos Miguel Aidar
Como já listei aqui, a maior responsabilidade por esse esfarelamento institucional sem precedentes, por esse verdadeiro caso de estudo que foi o que ocorreu com o São Paulo num curto prazo de sete anos, cabe ao ex-presidente Juvenal Juvêncio. Que morreu hoje, de câncer, na capital paulista. Como é, no mínimo, covardia ofender um falecido, que não pode mais se defender, não vou repetir e repisar a série inacreditável de decisões desastrosas que ele tomou quando dirigia o clube - e que, como disse, tiveram consequência direta na lamentável situação atual. Mas é muito simbólico, também, que, no momento em que o time termina mais uma temporada bem abaixo dos maiores rivais, sendo eliminado duas vezes pelo Santos (nas semifinais do Paulistão e da Copa do Brasil) e goleado impiedosamente pelo Palmeiras (3 x 0 no Paulista e 4 x 0 no Brasileiro) e pelo Corinthians (o já citado 6 x 1), que aquele São Paulo "soberano" bravateado (de forma muito infeliz) por Juvêncio esteja hoje inegavelmente morto. Como o dirigente. É o fim de uma fase, de uma mentalidade baseada na arrogância, na empáfia, no egocentrismo, na soberba, na "soberania".

Descanse em paz, Juvenal. Que, depois de você (e do Carlos Miguel Aidar, que você elegeu - lembrem-se disso!), precisará ser reconstruído totalmente. Das cinzas. Amém.


segunda-feira, março 16, 2015

Tomaram conta

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Bolinha voa sobre Serra: ódio
O triste "espetáculo" que tomou as ruas ontem, em todo o país, confirma que, ao contrário do que comemorava a campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores, a esperança NÃO venceu o ódio quando a presidente Dilma Rousseff foi reeleita. Muito pelo contrário. "Nunca antes", desde que Lula tomou posse, em 2003, este sentimento de ódio irracional e violento esteve tão forte, palpável e amedrontador. Em post escrito em novembro de 2010, comentei: "A campanha de esgoto que o tucano José Serra fez (...) nas eleições presidenciais conseguiu trazer para os holofotes os setores mais atrasados, conservadores e extremistas da sociedade brasileira e acentuou à tensão máxima o ódio, o preconceito e a divisão raivosa entre nós". Me enganei. Não havíamos, na época, chegado à tensão máxima. Aquele clima de "vamos fazer justiça com as próprias mãos, vamos matar e esquartejar esses petistas desgraçados" detonado por Serra - e a "grande" imprensa - com a lamentável e constrangedora farsa da bolinha de papel era apenas o início da escalada do ódio. E, depois de ontem, tenho medo só de imaginar quando a tensão máxima de fato for atingida...

"Deus" e "militares": como em 1964
Esse ódio, que sempre foi insuflado pela elite e a mídia golpistas contra o citado Partido dos Trabalhadores, seus integrantes e militantes, agora passou a um outro nível. Ao receber todos os palanques, holofotes e espaços possíveis, estes "setores mais atrasados, conservadores e extremistas da sociedade brasileira" ultrapassaram a fase de negação (dos "petistas", dos "sem-terra", dos "comunistas", "cubanos", "bolivarianos", "chaviztas" etc etc etc etc) e partiram para a afirmação pública, explícita e orgulhosa de todas as suas bandeiras (as piores possíveis). Depois de ontem, o impeachment ao governo Dilma Rousseff, o ódio ao PT, a Petrobras, a "corrupção generalizada", a "crise" econômica e outros quetais passaram a ser apenas o granulado do bolo. A verdadeira massa deste quitute é o fim da democracia partidária e das eleições diretas, a defesa do retorno à ditadura militar, a criminalização dos trabalhadores organizados, o combate a todo e qualquer movimento dos excluídos, dos negros, dos nordestinos, das mulheres, dos homossexuais.

Janine: ataque aos direitos humanos
Mesmo em minoria (pois perderam as últimas quatro eleições presidenciais), os conservadores e extremistas tomaram conta não apenas das ruas, mas do cenário político e midiático, da internet e de todos os locais onde alguém se atreve a falar sobre algo que eles odeiam. Dá discussão. Dá briga. A sem-cerimônia com que os "líderes" do tal movimento "Revoltados Online" faz propaganda do execrável Jair Bolsonaro (PP) como seu preferido na disputa presidencial de 2018 dá ideia de onde o ódio disseminado pela oposição e pela imprensa irresponsável nos levou. Como bem observou o filósofo Renato Janine Ribeiro, professor da cadeira de Ética e Filosofia Política da USP, em palestra recente, "A extrema-direita está se distinguindo do restante por um ódio cabal aos direitos humanos. (...) Atacam o homossexual, a igualdade de gênero, os direitos das mulheres. (...) O perigoso no Brasil, de certa forma, é a extrema-direita ir se aproximando da direita e contaminando, a ponto de seu apoio se tornar essencial. (...) Estamos tendo no Brasil uma tolerância, que é grande, com condutas antidemocráticas que deveriam ser tipificadas como criminosas… Pregar a volta dos militares deveria ser crime, deveria levar a pessoa para a cadeia". EXATAMENTE.

Cômico, se não fosse trágico: brincadeira na Internet reflete bem do que se trata o post



segunda-feira, outubro 13, 2014

Surto coletivo

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Ontem ouvi a melhor e mais precisa explicação sobre o sucesso de José Serra, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e outros tucanos nas urnas paulistas:

"Os eleitores de São Paulo sofrem de Síndrome de Estocolmo."


segunda-feira, outubro 06, 2014

Antipetismo crava dois terços do eleitorado em SP

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No início de junho, às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, o Datafolha soltou uma pesquisa que, talvez, tenha sido a mais "lúcida" (ou próxima da realidade) entre todas as que foram feitas na campanha eleitoral deste ano: dos três principais pré-candidatos à Presidência da República naquela ocasião (incluindo Eduardo Campos, que faleceria tragicamente em agosto), Dilma Rousseff era a que apresentava, disparada, a maior rejeição no estado de São Paulo: 61% dos eleitores paulistas entrevistados naquele período não votariam na petista “de jeito nenhum”.

Passados quatros meses, mesmo com a reviravolta que representou a saída de Campos e a entrada de Marina Silva na disputa, o resultado do 1º turno das eleições em terras paulistas registrou apenas 25,75% dos votos válidos para Dilma, o que significa, em outras palavras, que 74,25% não votaram nela. Ou, mais precisamente, que 69,38% dos eleitores locais preferiram votar nos dois principais concorrentes, se somarmos os votos válidos de Aécio Neves, do PSDB (44,47%), e de Marina, do PSB (24,91%). Assim, a rejeição à Dilma na casa dos 60% confirmou-se.

E esse percentual também foi espelhado, sintomaticamente, nas votações vitoriosas de dois caciques tucanos em São Paulo: José Serra, eleito senador com 58,49% dos votos válidos, e Geraldo Alckmin, reeleito governador com 57,31%. De forma simplória, portanto, podemos afirmar que o antipetismo, em território paulista, está cravado em quase dois terços do eleitorado. É significativo, pois, em 2010, Dilma teve 37% dos votos válidos no 1º turno, em São Paulo. E Aloizio Mercadante somou 35,2% como candidato a governador, contra os 18,2 de Alexandre Padilha, agora.

O que vai acontecer no 2º turno, na disputa presidencial, é difícil prever. Mas São Paulo, com 22,4% dos eleitores brasileiros, já se posta como principal trincheira do antipetismo. Muito mais, curiosamente, do que quando os paulistas Serra e Alckmin disputaram a presidência da República, em 2002, 2006 e 2010. Se Aécio perde para Dilma em seu estado, Minas Gerais, em São Paulo conta com uma adesão maciça, muito mais "explicável" pelo crescente e ostensivo antipetismo local do que pelo voto convicto num candidato tão pouco identificado com o estado.

Uma dúvida: se Alckmin tem a pretensão de se candidatar à presidência da República novamente, em 2018, será que ele está mesmo empenhado na vitória de Aécio Neves?


terça-feira, setembro 23, 2014

Para o PSDB, a culpa da falta de água é... do usuário (!)

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Estação Sé do metrô: símbolo da 'gestão' e da 'eficiência' tucanas
Segunda-feira, 18h30, e me preparo para enfrentar a (hiper-mega-ultra) abarrotada estação Sé do metrô paulistano. A aglomeração começa na escada rolante e, até conseguir me aproximar dos vagões, vejo seis ou sete trens chegarem (lotados) e partirem (mais lotados ainda), enquanto tento manter o equilíbrio espremido no meio da (conformada) multidão. Será possível que ninguém, neste momento, fica com raiva do governo estadual (do PSDB)? Ninguém?!? Não, nada. Todo mundo permanece em silêncio, arrastando os pés, digitando o celular, ouvindo qualquer coisa no fone de ouvido e acotovelando o(s) próximo(s). Outro dia, um amigo me deu uma explicação plausível: Geraldo Alckmin é médico anestesista. Faz sentido.

Buenas, piadas a parte, vamos à mais uma delas. Quando finalmente consigo entrar num - ou ser literalmente empurrado para dentro de um - vagão, noto que aquelas telinhas que reproduzem a tal "TV Minuto", mídia exclusiva contratada pelo governo estadual para o metrô, estão travadas, com a  a imagem congelada na última notícia transmitida: "A cidade de Los Angeles criou a 'polícia da água' para fiscalizar os esbanjadores" (veja foto abaixo). Não sei desde quando a imagem estava travada nesta notícia, mas permaneceu assim até a estação Paraíso, 15 minutos depois. E todo mundo calado, espremido e olhando aquele alerta acusador, que pode muito bem ser traduzido como: "Olha aí, vagabundo, sem essa de tomar banho quando chegar em casa! Tamo de olho em você, fica esperto!"

Mídia contratada pelo PSDB mostra 'polícia da água'. Como diz o Massad, 'não dá ideia!'
Notem que, no título da tal notícia, está presente a "delicadeza" habitual com que o governo tucano costuma tratar quem o contraria: "esbanjadores". Exatamente como grevistas, manifestantes de rua, sem-terra ou sem-teto são tratados como "baderneiros", "agitadores", "vândalos". Fico imaginando se o governo Alckmin criasse uma "polícia da água". Ia sobrar porrada e bala de borracha pra cima de todo "esbanjador"! E essa tentativa de jogar a culpa da falta de água sobre os usuários (!) nos remete a outras desculpinhas que o PSDB já usou para tirar o dele da reta: a culpa pelo aumento da criminalidade é da crise econômica mundial; a culpa pelas enchentes é da natureza; a culpa do surto de dengue é do clima; a culpa do péssimo ensino público é da migração nordestina etc etc etc etc etc.

Sistema Cantareira: outro símbolo da 'gestão' e 'eficiência' tucanas
Normal, se tivermos em conta, como lembrou o camarada Glauco, que o maior axioma do PSDB é: "a culpa da pobreza é do pobre". Mas, no caso da (inédita e absurda) falta de água, a imprensa já escancarou (leia aqui) que, "em dezembro de 2009, um estudo não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água. (...) O aviso veio do relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP. (...) Entre as recomendações feitas pelo relatório, estavam a instauração de processos de monitoramento de chuvas e vazões do reservatório e implementação de postos pluviométricos". Isso mesmo: 2009, há CINCO ANOS, quando o (des)governador era José Serra (PSDB), que devolveu o comando para Alckmin (PSDB).

A imprensa frisou que "o relatório apontava a necessidade de regras de operação do sistema 'que evitem o colapso de abastecimento das regiões envolvidas e minimizem a influência política nas decisões'". Como sabemos, NADA foi feito. O próprio Ministério Público está acusando o governo de Geraldo Alckmin de negligência. E agora a culpa é jogada sobre a população, obrigada a economizar água e a suportar tanto o racionamento não-declarado pelo governo estadual quanto as (inaceitáveis) multas para quem ultrapassasse determinado nível de consumo (canceladas quando o governador entrou em campanha para reeleição). E enquanto o Sistema Cantareira baixa para 8% do volume, o candidato Alckmin prossegue negando que haja crise de abastecimento de água. Ué, então pra quê economizá-la?!??

Alheias a tudo isso, milhares de pessoas se espremem nas (hiper-mega-ultra) abarrotadas estações do metrô, que dá pane quase todo dia. Caladas, arrastando os pés, acotovelando o próximo, ligando música alta no fone de ouvido, mexendo no celular. Anestesiadas. Muitas delas, senão a maioria, vão votar no Alckmin. No Serra. E, ao chegarem em casa, vão se lembrar da "polícia da água" na telinha do metrô. E vão cancelar o banho. Se houver água.

segunda-feira, setembro 08, 2014

Fófis

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quinta-feira, julho 17, 2014

Pra (não) variar, 'a culpa é da Dilma'...

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Mais uma da série "Oi? Acuma?" lá pelos lados do São Paulo Futebol Clube (notório por "dificultar a vida de seus fãs de esquerda"): depois que Ney Franco, como treinador do time, tentou desviar a atenção da mídia sobre a campanha vexatória que quase levou o clube à Série B do Campeonato Brasileiro citando o "mensalão", agora é a vez de Rogério Ceni diagnosticar a crise da CBF e do futebol brasileiro como culpa da... presidente da República, Dilma Rousseff (!).

- A CBF deveria pensar menos em si, em lucrar, e mais nos clubes, que estão em uma pindaíba desgraçada. Quem sabe agora, com campanha, a presidente não tenta se mexer um pouco. Em época de eleição, as pessoas acabam se mexendo. - disse o goleiro.

Mas... peraí. Num "intindí". A CBF não é uma entidade privada, mantida com recursos privados? E os clubes de futebol também não são, da mesma forma, entidades privadas mantidas com recursos idem? E o governo de Dilma Rousseff não foi (e ainda é) duramente criticado exatamente por gastar dinheiro com futebol, na organização da Copa do Mundo e liberação de verbas para a reforma e construção de estádios? E Rogério Ceni não cai em contradição ao exigir intervenção pública no futebol quando, nas últimas eleições presidenciais e municipais, apoiou publicamente José Serra, agressivo defensor do estado mínimo e do mercado privado como regulador da economia?

Pois é. Como disse o goleiro, "em época de eleição, as pessoas acabam se mexendo". Pessoas como ele próprio, notório eleitor do PSDB, que sempre aproveita microfones, câmeras e holofotes para misturar alhos com bugalhos, sem qualquer "bom senso", e favorecer (desinteressadamente?) interesses políticos de sua preferência. Públicos e privados.

terça-feira, abril 01, 2014

José Serra, sempre pé quente...

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segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Feito para você, reacionário

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A suposta agenda do banco Itaú: 'revolução' para designar o golpe militar de 64
Depois de ler que a agenda distribuída como brinde pelo banco Itaú traz, na página do dia 31 de março, o registro do "aniversário da revolução de 1964" (clique para ler aqui), vejo agora, também, que a referida publicação registra, no dia 25 de outubro, o "suicídio de Vladimir Herzog" (clique para ler aqui), jornalista que foi torturado e morto pelo regime militar. Não posso cravar que seja verdade, apesar de muita gente estar reproduzindo na internet a página sobre a "celebração" da "revolução" (foto acima). Procurei, mas não encontrei, a reprodução da página sobre o Herzog. Porém, se a tal agenda "sem noção" for mesmo verdadeira, podemos conjecturar que o Itaú, ao lançar o slogan "Feito para você", teria deliberadamente como alvo um público, no mínimo, "reacionário". Aliás, algumas notícias recentes - e outras nem tanto - sobre o banco dão ainda mais o que pensar sobre o assunto...

O Bope e o assédio moral
Senão, vejamos: em junho do ano passado, vazou uma acusação de que o Itaú teria contratado, no Rio de Janeiro, um oficial do temível Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) para uma palestra denominada "motivação". Segundo a denúncia, "o oficial do Bope enfatizou que os fracos não têm vez no mundo competitivo" (clique para ler aqui). Mais uma vez, concedamos ao banco o benefício da dúvida. Mas que há probabilidade de ter acontecido, ninguém duvida. Afinal, naquele mesmo mês de junho de 2013, a Justiça havia condenado o Itaú por "assédio moral organizacional" em São Bernardo do Campo (clique para ler aqui). Na sentença, o juiz disse que "o banco reclamado imputa carga de estresse aos seus empregados por conta, única e exclusiva, de adoção de política organizacional voltada, primordialmente, para o contingenciamento de custos".

Protesto contra o banco Itaú: campeão nacional de lucros e demissões em 2011
Lucro recorde e o 'amigo' Serra
Essa política de pressão extrema sobre os funcionários para conter gastos e superar metas teria levado o Itaú, em 2011, a ser o campeão de lucros e de demissões no país (clique para ler aqui). Só que o desempenho chamativo dos lucros da empresa não dependia só disso. Um exemplo de que as relações promíscuas entre público e privado rendem bons negócios foi que, em 2005, ao assumir a Prefeitura de São Paulo, José Serra (PSDB) obrigou 210 mil servidores público ativos e inativos a ter uma conta no Itaú, cancelando as que tinham no Banco do Brasil, Banespa/Santander e Caixa Econômica Federal. A Folha de S.Paulo salientou que foi "um dos negócios mais cobiçados do mercado financeiro", com movimentação anual, na época, de R$ 15 bilhões (clique para ler aqui). Se o valor manteve-se neste patamar, o "favor" movimentou R$ 120 bilhões de 2006 pra cá.

'Principal foco' era o PSDB
Digo favor porque, "curiosamente", como observou a própria Folha, "o Itaú foi um dos maiores doadores da campanha de Serra à prefeitura. O banco deu R$ 1 milhão dos R$ 14,8 milhões que o tucano declarou ao Tribunal Regional Eleitoral ter recebido em 2004". A "camaradagem" entre o banco e político, aliás, já era tradicional. Segundo o site UOL, em 2002, o Itaú "contribuiu com cerca de 5,4 milhões de reais" para campanhas eleitorais, mas o PSDB era o "principal foco": "Do volume das doações, um total de 2,2 milhões de reais foram dirigidos ao então candidato tucano à Presidência José Serra, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou 250 mil reais, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral" (clique para ler aqui). Em 2010, Serra voltaria a tentar a presidência da República e o Itaú-Unibanco seria novamente seu maior doador (clique para ler aqui), com R$ 4 milhões.

Roberto Setúbal, presidente do Itaú-Unibanco, e José Serra: 'camaradagens'
Da Redecard à Rede de Marina
Depois da derrocada política de Serra, que perdeu a presidência em 2010 e a prefeitura de São Paulo em 2012, o Itaú começou a ensaiar outra "aliança". Em fevereiro do ano passado, a herdeira do banco, Maria Alice 'Neca' Setúbal, "assinou o cheque para patrocinar a festa dada (...) no evento de lançamento do novo partido de Marina [Silva]" (clique para ler aqui), a Rede Sustentável - de oposição ao governo de Dilma Rousseff (PT). O tal partido terminaria tendo registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que obrigou Marina a aceitar ser vice na chapa de Eduardo Campos (PSB). Mas isso não impediu a família Setúbal de mudar o nome da empresa de cartões Redecard para Rede (clique para ler aqui). Sim, claro, é tudo "teoria petista da conspiração" etc etc. Assim como o fato de Luciano Huck, de notória ligação com Aécio Neves e Joaquim Barbosa (leia aqui e aqui), ser garoto-propaganda do Itaú...

Enfim, eu poderia até ter poupado tanto blablablá sobre a postura da empresa, na última década, se lembrasse que o partido político criado para dar sustentação à ditadura militar, a Aliança Renovadora Nacional (Arena), tinha como uma de suas figuras principais o banqueiro Olavo Setúbal (1923-2008), o dono do Itaú, que foi prefeito "biônico" de São Paulo de 1975 a 1979 - nomeado, sem eleições, pelo então governador Paulo Egídio. Nada mais coerente, portanto, que a agenda distribuída aos clientes na gestão do atual presidente do banco, Roberto Setúbal, seu filho (irmão da já citada 'Neca', amiguinha de Marina Silva), celebre o aniversário da "revolução" de 1964 - e na data mentirosa de 31 de março. Não é a primeira grande empresa nacional que agrada os generais. Tempos atrás, a família Frias amenizou o feroz regime militar como "ditabranda". Mas eu ainda conservo o direito de me espantar.

Se o Itaú foi "feito para você", tenho certeza absoluta que esse "você" não sou eu. E registro meus sinceros sentimentos à família do Vlado Herzog, que, depois de tanto sofrimento, é aviltada publicamente mais uma vez.

Até o macaco sentado no ombro do Huck sabe que ele é chapa do Aécio e do Barbosão

sexta-feira, novembro 08, 2013

Ilações perturbadoras

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Livro encaixa 'quebra-cabeça'
Se o livro "O Príncipe da Privataria", de Palmério Dória (Geração Editorial, 2013), não traz fatos inéditos, bombásticos ou provas documentais explícitas como "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr, lançado com estrondoso sucesso pela mesma editora no fim de 2011, pelo menos tem o mérito de fundamentar ilações muito perturbadoras para nós, brasileiros, sobre a personagem Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil. Para além de qualquer picuinha partidária contra ou a favor do PSDB, da corrupção incomparável e inegável das privatizações nos anos 1990, da dilapidação evidente do patrimônio nacional, das tramoias pessoais e políticas de FHC e parceiros, da compra de votos na aprovação da reeleição, do caixa 2 nas campanhas eleitorais e da impunidade geral de todos os envolvidos, há um pano de fundo nisso tudo que costura de forma lógica as causas e consequências e que, para mim, gera muito mais perplexidade.

FHC levou Serra para o Cebrap
Como disse, as afirmações podem não ser inéditas, mas faltava uma obra que encaixasse todas as peças do quebra-cabeça sobre a mesa, para uma visão panorâmica. Palmério Dória mostra, com clareza e embasamento, que a ascensão e execução das práticas neoliberais no cenário político brasileiro, causadoras de prejuízos financeiros, patrimoniais e sociais incalculáveis, foi um longo processo - planejado, construído e financiado desde os anos 1960. No capítulo 2, que resume a trajetória de Fernando Henrique Cardoso da infância até o início na política, o livro nos dá a chave para entender a origem do projeto colocado em prática no governo federal entre 1995 e 2002, como ele chegou ao poder e por quê fez o que fez: "No mesmo ano de sua expulsão da USP, [FHC] funda com outros professores universitários perseguidos o Cebrap, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. (...) A FF, Fundação Ford, entidade com sede em Nova Iorque, [é a] financiadora do Cebrap em seu nascedouro." 

FF isola oposições aos EUA
Isto posto, começam as (incômodas) ilações: "James Petras, sociólogo que lecionou na Universidade de Binghamton, estado de Nova Iorque, bem como outros intelectuais americanos, acusam a Fundação Ford de agir como testa-de-ferro da CIA. Petras documentou doações da FF para organizações criadas pela CIA a fim de intervir na política interna de outros países. Mostra ainda que Richard Bissell, ex-presidente da FF, era ligado a Allen Dulles, diretor da CIA (...). Outra acadêmica, Joan Roelofs, em Foundations and Public Policy: The Mask of Pluralism (Fundações e Política Pública: A Máscara do Pluralismo), de 2003, diz que entidades como a FF ajudam a isolar movimentos de oposição aos interesses americanos. Lembra que o presidente do Conselho da FF de 1958 a 1965, John J. McCloy, descreveu a entidade como 'uma quase-extensão do governo americano'." Essa é a Fundação Ford, que financia a criação do Cebrap de Fernando Henrique Cardoso...

Do Cebrap? Teria sido a CIA
"Uma das funções da FF era visitar o Conselho de Segurança em Washington para ver quais projetos deveria financiar no exterior. Patrocinou ainda programas para desestabilizar a resistência às ditaduras na Indonésia e outros países", prossegue o livro. Em seguida, cita outra obra, "Quem pagou a conta? - A CIA e a guerra fria da cultura", da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders, que prova com documentos que a FF canalizava secretamente dinheiro da agência americana para áreas culturais. Palmério Dória nos convida a seguir um silogismo: "1. CIA dava dinheiro à Fundação Ford; 2. Fundação Ford dava dinheiro ao Cebrap; logo, 3. Cebrap recebeu dinheiro da CIA." E para quê? Dória recupera duas afirmações interessantíssimas feitas pelo cineasta Glauber Rocha nos anos 1970: "No Brasil, o gancho do Pentágono é o Cebrap, que funciona em São Paulo" e "Fernando Henrique Cardoso é um neocapitalista, um kennedyano, um entreguista."

A obra agradou financiadores
Para reforçar o encontro da "fome com a vontade de comer", ou seja, do eterno objetivo de interferência dos EUA nos rumos do governo brasileiro e do desejo de FHC de ascender politicamente (e ganhar muito dinheiro), Palmério Dória ressalta que, no livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", de 1997, "a jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni pontua que os americanos não estavam investindo dinheiro à toa. Fernando Henrique já havia prestado 'serviço de qualidade': com o economista chileno Enzo Faletto, acabava de lançar Dependência e Desenvolvimento na América Latina, defendendo a tese de que países em desenvolvimento ou atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de países ricos - por exemplo os Estados Unidos." Bingo. A obra impulsionou FHC a criar uma entidade (Cebrap) credenciada a receber os gordos investimentos da Fundação Ford, "quase-extensão do governo americano".

O livro de Brigitte H. Leoni
Neste ponto, Dória usa o sarcasmo para nos fazer raciocinar: "Menos de dois meses depois do AI-5, o país vivendo o auge da fúria da ditadura, com centenas de novas cassações, cárceres lotados, tortura comendo solta, Fernando Henrique se prepara para tornar-se 'personagem internacional', a dar aulas e conferências em universidades americanas e europeias, com respaldo da Fundação Ford." Mas havia quem desconfiasse. O sociólogo Gilberto Vasconcellos observou que o Cebrap era visto "equivocadamente como resistência de esquerda". E esse objetivo de ganhar espaço na esquerda - e na política - brasileira acompanhava um projeto de enriquecimento (o grifo é meu): "[No] livro de Brigitte, lemos que FHC, administrador do Cebrap, certa vez disse: 'Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas." (Pausa para meu pasmo).

Hora do 'acerto': FHC no poder
De acordo com Palmério Dória, a primeira parcela entregue pelo tesoureiro da Fundação Ford, Peter Bell, ao administrador do Cebrap, FHC, em fevereiro de 1969, foi de US$ 145 mil. "Nunca se divulgou o total, mas na USP dizia-se que pode ter chegado a US$ 1 milhão". Depois de ler tudo isso, penso que teríamos que usar uma dose cavalar de ingenuidade ou otimismo para considerar que o dinheiro da Fundação Ford (ou da CIA) foi apenas uma doação, e não um investimento. E que a ascensão política de Fernando Henrique Cardoso não teria sido nem um pouco construída por esse investimento. E que o topo dessa mesma carreira política, a tomada do poder como presidente da República do Brasil, não teria que dar uma contrapartida ao decisivo investimento. E que a contrapartida não seria, obviamente, o alinhamento do nosso governo federal de forma "ampla, geral e irrestrita" (e incondicional) aos interesses econômicos e políticos dos Estados Unidos. Delírio? Paranoia? Mistificação? Teoria da conspiração? Só isso? Quantos brasileiros/eleitores sabem dessa história?

A Alca fazia parte do 'projeto'
Na campanha eleitoral de 2002, me lembro nitidamente de José Serra, escolhido pelo PSDB para suceder FHC na presidência (foi seu parceiro de exílio "dourado" no Chile, no Cebrap, no PMDB e na criação do PSDB), prometendo aliar o Brasil de imediato à Área de Livre Comércio das Américas, a finada Alca. Palmério Dória afirma que, "com a Alca (...), felizmente enterrada, estaríamos transformados em quintal verdadeiro dos Estados Unidos, não apenas metafórico. Não teríamos uma política externa independente, nem o equilíbrio comercial que constitui a China, 'nosso maior importador'. Antes nos limitávamos a Estados Unidos e Europa, 'e os dois foram para o buraco'. Agora, além da China, nos voltamos para toda a América Latina, ao passo que (...) Serra ataca Hugo Chávez, Cristina Kirchner, Evo Morales". Sim, escapamos disso. Mas milhões de brasileiros/eleitores defendem o PSDB, o governo de FHC e seu entreguismo (ou seria "Dependência e Desenvolvimento"?). E os Estados Unidos espionam um governo federal finalmente - e felizmente - não alinhado aos seus interesses (sabe-se lá com que interesses!). Enquanto isso, a Fundação Ford e o Cebrap vão muito bem, obrigado.

sexta-feira, agosto 02, 2013

Corrupção do PSDB, saia justa e ginástica dos jornais

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Capa que expôs o PSDB nas bancas do país
Como as acusações de corrupção e outras irregularidades contra os governos estaduais do PSDB em São Paulo estão repercutindo até lá na Alemanha, a "grande" imprensa brasileira bem que hesitou, mas não teve como esconder o megaescândalo de seus adorados tucanos. A revista IstoÉ foi a primeira a dar destaque como matéria de capa (leia aqui), resumindo que "em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos, a empresa [Siemens] revelou como ela e outras companhias se articularam na formação de cartéis para avançar sobre licitações públicas na área de transporte sobre trilhos" e que isso "lançou luz sobre um milionário propinoduto mantido há quase 20 anos por sucessivos governos do PSDB em São Paulo para desviar dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos".

Em resumo, segundo a publicação, "desde que foram feitas as primeiras investigações, tanto na Europa quanto no Brasil, as empresas envolvidas continuaram a vencer licitações e a assinar contratos com o governo do PSDB em São Paulo. O Ministério Público da Suíça identificou pagamentos a personagens relacionados ao PSDB realizados pela francesa Alstom – que compete com a Siemens na área de maquinários de transporte e energia – em contrapartida a contratos obtidos. Somente o Ministério Público de São Paulo abriu 15 inquéritos sobre o tema." Com base nos inquéritos, a revista observou ainda que "só em contratos com os governos comandados pelo PSDB em São Paulo, duas importantes integrantes do cartel apurado pelo Cade, Siemens e Alstom, faturaram juntas até 2008 R$ 12,6 bilhões."

Sem saída, os jornalões, tradicionalmente preocupados em poupar os peessedebistas (vide silêncio orquestrado e constrangedor no episódio Privataria Tucana), se viram na saia justa de também ter que noticiar o escândalo internacional. Mas, claro, fazendo ginásticas para amenizar ou evitar dar nome aos bois - ou ao partido envolvido. O Estadão deu uma primeira materinha (leia a versão online aqui) citando o PSDB somente na última frase do pé do texto. E, até hoje, a versão impressa do jornal dos Mesquita não deu manchete de capa sobre o assunto. Já a Folha, da família Frias, noticiou pela primeira vez de forma ainda mais generosa (leia aqui), sem citar uma única vez nem o PSDB nem Covas, Serra ou Alckmin. Hoje, dez dias após a publicação gritante da IstoÉ, cuja capa expôs o "tucanato paulista" nas bancas de todo o país, a Folha de S.Paulo se dignou a dar uma manchete sobre o caso.

'Mensalão mineiro': saída para 'do PSDB'
Porém, a notícia bombástica de que a "multinacional alemã Siemens apresentou às autoridades brasileiras documentos nos quais afirma que o governo de São Paulo soube e deu aval à formação de um cartel para licitações de obras do metrô no Estado" (acesse a versão online aqui) aparece na capa da Folha sob a manchete "Governo paulista deu aval a cartel do metrô, diz Siemens" (o grifo é nosso). Ou seja, o mesmo expediente de quando se veem obrigados a noticiar o Mensalão do PSDB, como já observou o Glauco aqui nesse post: escondem o nome do partido e usam "mensalão mineiro" nos títulos e manchetes - como exemplo, clique aqui para ver materinha sobre mais esse assunto espinhoso ao PSDB publicada pela mesma Folha de S.Paulo. Aliás, a artimanha "mensalão mineiro" já foi utilizada em uma capa da mesma revista IstoÉ que agora decidiu escancarar os termos explícitos "propinoduto do tucanato" e expor as caras de Covas, Serra e Alckmin nas bancas (certa música dos Titãs comentaria: "Alguma coisa aconteceu/ Inevitável, acidente...").

É óbvio que, se o partido fosse outro, a manchete diria que o aval para o cartel teria sido dado pelo "governo do PT", "governo petista", "governo Lula", "governo Dilma" etc. Como eu já disse aqui, é dessa forma que se constroem "bandidos" e "mocinhos" para o público consumidor de informações. Ou, como já dizia Malcom X, "se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas - e amar as pessoas que estão oprimindo." E é curioso como essa frase se aplica perfeitamente à notícia publicada ontem pelo Estadão: "Alckmin rebate críticas de Dilma e cobra investimentos federais em metrô"...

Só no 'Dia de São Nunca' essa manchete diria 'Governo DO PSDB deu aval a cartel...'

PÓS SCRITPTUM - Tava demorando: a mesma Folha de S.Paulo, agora, já cumpre o habitual papel de "assessoria de imprensa" tucana e, impossibilitada de rotular o caso de "trololó petista", denuncia que o megaescândalo envolvendo o PSDB (farto de provas no Brasil e no exterior) não passa, na verdade, de um "trololó Cadista"...

Os jornalões nunca dizem que tem alguém querendo 'prejudicar' quando o rolo é do PT

segunda-feira, março 04, 2013

'Crise de gestão'

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Pois é. Assim como no episódio da cratera do metrô, em 2007, o governo estadual de São Paulo também se isentou de responsabilidade pelo deslizamento de terra na Rodovia dos Imigrantes, em 22 de fevereiro, que matou uma mulher e atingiu 23 veículos e uma carreta. Para reforçar, o governador Geraldo Alckmin anunciou que vai investigar a concessionária Ecovias. Mas vejam que curioso: em dezembro, dois meses antes do acidente, o governo tucano renovou a concessão da Ecovias por mais um ano e meio, em troca de algumas obras. O prazo da concessão terminaria em 2023 e vai se prolongar até 2025. A empresa já controla a Rodovia dos Imigrantes desde 1998, nos tempos do governo de Mário Covas, passando pelos também tucanos Geraldo Alckmin e José Serra.

Em artigo publicado na coluna "Cidade S.A.", do site IG, Rubens de Almeida afirma que a Rodovia dos Imigrantes "enfrenta uma evidente crise de gestão,  acompanhamento e prevenção de acidentes nas encostas da Serra do Mar". Sim, crise de gestão por parte da Ecovias, aquela na qual o governo do Estado confia para administrar a estrada há 15 anos, e confia tanto que prolongou o fim do contrato para daqui a mais 12. Governo do PSDB, aquele partido que gosta de arrotar sua "gestão eficiente". Mas um detalhe que a imprensa se esmera em desprezar - e que, óbvio, ninguém ressaltou após o deslizamento de fevereiro - é que a Rodovia dos Imigrantes, com apenas 58,54 km de extensão (segundo a Ecovias), possui o pedágio mais caro do Estado: R$ 21,20.

Considerando que cerca de 35 mil veículos passam pela rodovia diariamente, isso daria R$ 742 mil por dia, R$ 22,2 milhões por mês ou R$ 267,1 milhões por ano. Sim, existem dias de menor movimento, mas os diversos feriados durante o ano acabam engordando ainda mais essa conta. No Natal e no Carnaval, 400 mil veículos (chutanto baixo) descem da capital rumo ao litoral, o que daria faturamento de R$ 8,4 milhões em um só dia. Ou seja: se um governo concede negócio tão apetitoso a uma determinada empresa, e por tanto tempo, seria justo que fiscalizasse e cobrasse com rigor e frequência seus serviços de gestão, manutenção e prevenção de acidentes. E não DEPOIS que um acidente fatal tenha ocorrido. Pela Teoria do Domínio do Fato, a família da vítima fatal pode incriminar Alckmin.

sábado, fevereiro 16, 2013

Maluf e o Minhocão

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Construção do Minhocão, em 1970 - e só neste ano
O ex-governador Paulo Maluf, o mito, publicou recente artigo na Folha de S. Paulo (aqui só para assinantes) indo contra as repetidas propostas de demolição do Minhocão, uma das mais emblemáticas e criticadas de suas obras na capital paulista. Segundo ele, o trambolho “é parte de um sistema viário que liga as regiões oeste e leste por cerca de 15 viadutos e passagens de nível” construídos em seu mandato como prefeito que tornam possível trafegar em São Paulo.

Discordo dos argumentos do ex-governador em favor de sua homenagem ao ditador Costa e Silva por princípio, já que prefiro uma cidade projetada mais pra pessoas e menos pra carros. E aquelas toneladas de concreto em cima de uma região rica em residências, comércios, bares e coisa e tal – ou seja, de vida – não ajuda em nada.

Mas o que chamou de verdade minha atenção foi um trecho em que Maluf se gaba da parte “mas faz” daquele que se tornou o lema não assumido de suas gestões. Segundo ele, o elevado foi construído em “prazo recorde”, com obras começando em outubro de 1969 e entregues em janeiro de 1971. “Que saudades do tempo em que obras dessa envergadura eram feitas em um ano e meio. Me dá tristeza ver, no Brasil, obras paralisadas há 10 anos”, lamenta, em referência que em meus ouvidos lembrou as obras intermináveis da Linha Amarela do Metrô e do Rodoanel. Discordo de quase tudo que o cara fala, mas tenho que reconhecer que ele é bom de retórica.

A comparação também me fez pensar nos estilos e visões de governo dos representantes da direita paulistana nas últimas décadas. A compulsão por concreto armado como instrumento de políticas urbanas parece um ponto em comum – deixando aqui de lado qualquer acusação de corrupção e ignorando propositalmente o papel de cada um no período ditatorial. Lembro da solução proposta por Serra para o trânsito, com a ampliação das pistas da Marginal Tietê. Gastou R$ 10 bilhões, impermeabilizou anda mais o solo da região e em menos de seis meses a lentidão do tráfego já tinha ultrapassado o nível pré-intervenção.

Uma obra que deixa as semelhanças ainda mais claras talvez sejam os monotrilhos em construção em várias partes da cidade. Como conta aqui a urbanista Raquel Rolnik, as populações de Mboi Mirim e Morumbi têm protestado contra a construção, usando como exemplo casos de degradação urbana ocorridos em decorrência de opções semelhantes em outras cidades do mundo.

Enfim, o tempo passa, o tempo voa, e certas ideias continuam não sendo muito boas. Abaixo, o ex-governador Paulo Maluf, ele mesmo, defende a construção do Elevado. Reparem como ele enche a boca para dizer que se trata da “maior obra em concreto armado da América Latina”:



PS.: Cabe destacar que mesmo reconhecendo os impactos negativos que teve na região, Rolnik não vê como demolir ou desativar o Minhocão sem uma alternativa viável de mobilidade urbana não baseada no carro. Além disso, vê nas proposta apresentadas na gestão Serra-Kassab o risco de expulsão de moradores tradicionais das regiões, que seriam transformadas em “novas Berrinis”.

sexta-feira, novembro 09, 2012

Eleições 2012: Luta por respeito a diversidade ganha espaço em SP

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Faz mais de dez dias que São Paulo elegeu Fernando Haddad (PT) prefeito e, para muitos, antecipou a aposentadoria política de José Serra, nome maior do PSDB. Fatos nada corriqueiros, que merecem visita mais demorada – ainda que atrasada – destes ébrios escribas. Este manguaça em particular teve uma pequena mas muito cansativa participação na campanha de Haddad, que ainda precisa de uma melhor elaboração. Assim, após algumas noites de sono, soltarei alguns textos sobre o processo eleitoral aqui e no país.


Russomanno e Serra no segundo turno

O primeiro turno permitiu a este esquerdinha que recém transferiu seu título para São Paulo vislumbrar a possibilidade de ter de escolher entre Russo e Serra: um embate entre Globo e Record, Edir Macedo e Silas Malafaia, o higienismo do Kassab e a proposta de triplicar o efetivo da GCM do candidato do PRB. De minha parte, a opção talvez fosse fugir para as colinas. Pequena tragédia, evitada nas urnas na última semana, com o derretimento de Russomanno.

Não foi o primeiro derretimento da campanha, que viu Serra sair de 30% para 18% nas pesquisas, enquanto Russo crescia e se consolidava na liderança, atingindo 35% e lá ficando mesmo com as sucessivas e cada vez mais violentas porradas vindas de todo lado. Enquanto isso, Haddad patinou primeiro em 3%, depois em 8%, até estacionar em 15%, onde ficou até a última pesquisa Ibope, que trouxe a surreal situação de um triplo empate na liderança, todos com 22%.

A queda de Russomanno na reta final se deve principalmente a dois fatores. No campo partidário, o PT aproveitou-se da clara inconsistência do projeto do adversário e foi pra cima da proposta elitista da tarifa de ônibus proporcional ao percurso percorrido, que escancarou o conceito de “justiça” do candidato, similar ao de Serra, figura absolutamente detestada na periferia paulistana.

O outro ponto é mais interessante, e passa pela luta religiosa que desde 2010 tem aparecido nos processos eleitorais. Dessa vez, no entanto, o obscurantismo encontrou uma reação nova na sociedade, que pode apontar dias melhores para quem prefere uma sociedade que respeite sua diversidade.

Obscurantismo

Russomanno e Serra protagonizaram durante toda a campanha uma disputa pelo apoio de igrejas evangélicas variadas. Valdemiro Santiago, bispa Sônia e outras lideranças religiosas foram tão ou mais disputados do que os partidos. Já de fábrica, Russomanno trazia o apoio da Universal de Edir Macedo, carnalmente ligada ao seu PRB - o candidato passou toda a campanha a minimizar tal ligação com a IURD, religião professada que reúne apenas 6% do partido, segundo ele, deixando de lado que estes controlam 80% dos cargos diretivos. Serra trouxe de 2010 a simpatia da parcela mais conservadora da Igreja Católica - ainda que dividida com o carola Gabriel Chalita.

O ataque froontal veio dos católicos. O cardeal-arcebispo dom Odilo Scherer divulgou texto acusando o coordenador da campanha do PRB e bispo da Universal, MarcosPereira, de "fomentar a discórdia" e ofender os católicos por conta de uma postagem no blog do político de 2011 em que ele afirma que os católicos tiveram ligação com o projeto Escola Sem Homofobia, mais especificamente com um conjunto de materiais que seria distribuído a professores e que passou a ser tratado pejorativamente como “kit-gay” pelos opositores. Desenvolvido pelo MEC na gestão Haddad, o kit que visava combater o bullying homofóbico nas escolas foi engavetado por Dilma após pressões da bancada evangélica – episódio que frustrou o movimento LGBT e levou parte de seus militantes para a oposição.

O tema esteve presente em toda a campanha como fonte de ataques contra Haddad nos bastidores, especialmente nas redes sociais. Mas este foi o primeiro momento em que alcançou o centro da discussão. O obscuratismo mostrava sua força.

O ataque foi sentido por Russomanno que teve mais um lance religioso envolvido em sua derrocado. Seu padrinho não assumido, Edir Macedo, resolveu explicitar sua posição com dois textos de apoio a Russomanno com críticas homofóbicas a Haddad. O apoio pode ter saído pela culatra, aumentando a rejeição candidato entre católicos e evangélicos de utras denominações. Mas a reação mais interessante veio do outro lado dessa disputa e ajudou a arejar o ambiente.


Grupos de ativistas virtuais e de luta pelos direitos humanos, dentre os quais destaca-se o coletivo Fora do Eixo, viram em Russomanno a imagem do preconceito, da homofobia, do machismo, da tomada do Estado por grupos religiosos. Foram vários dias de tuitaços #AmorSIMRussomannoNÃO, que culminaram com um festival de mesmo nome que reuniu milhares de pessoas na Praça Rossevelt, recém-reformada por Kassab.

Se a ofensiva do PT buscou principalmente os votos tradicionais do partido nas periferias, que estavam com Russomanno, a mobilização do “amor” elevou a rejeição ao candidato no centro expandido. Foi uma mobilização importante por afirmar o desejo de uma parcela expressiva da classe média por uma cidade mais humana, mais inclusiva, com mais respeito à diversidade.

Amor e Malafaia não combinam

No segundo turno, o mesmo grupo articulou um novo festival chamado “Exite Amor em SP”, com apresentações militantes e gratuitas de Criolo, Gaby Amaranthos, Karina Buhr e outros. Este não assumiu uma posição partidária – contra ou a favor – mas reafirmou a mobilização por uma cidade que vai contra as práticas higienistas das gestões Serra e Kassab – autores de algumas “pérolas do design fascista”, na bela definição de um amigo.

O alvo ficou mais claro quando Serra, como em 2010, buscou apoio no conservadorismo religioso. O símbolo desta vez foi a vinda a São Paulo do pastor carioca Silas Malafaia, um dos nomes mais destacados da homofobia nacional. A presença do tele-evangelista da Assembleia de Deus trouxe para o centro do debate o tal do "kit-gay".

A hipocrisia de Serra foi desmascarada por matéria de Mônica Bergamo, que revelou a existência de um programa semelhante aplicado pelo governo de São Paulo na gestão Serra, inclusive elaborado pela mesma ONG. Curiosidade: também foi Bergamo que deu destaque à ex-aluna de Monica Serra que denunciara o suposto aborto feito pela sempre-futura-primeira-dama no Chile. O reacionarismo e a hipocrisia custara a Serra o recorde de 52% de rejeição registrado pelo Datafolha, só superado por Paulo Maluf e Fernando Collor em toda a história registrada pelo instituto.

Não existe vácuo em política

Frente a tudo isso, Haddad manteve uma postura correta. Defendeu sempre o Estado laico, que respeite todas as religiões, e a valorização da diversidade de São Paulo, seu ativo mais importante. Em seu discurso na avenida Paulista, na festa da vitória, fez questão de citar negros, mulheres e população LGBT e defender novamente a igualdade e a diversidade. Também foi a uma missa ou outra ao lado de Gabriel Chalita, mas não recuou publicamente como fez Dilma em 2010 na questão do aborto. Naquela ocasião, a avaliação feita por estes manguaças (obviamente no fórum adequado) foi que, não importando quem levasse a eleição, a pauta da descriminalização do aborto retrocederia.

Em 2012, a esquerda não teve que fazer uma mesura tão grande aos reacionários, que tropeçaram nas próprias pernas. O abraço do decadente Serra ao caricato Malafaia resultou num tombo feio, ajudado pelo empurrão do “movimento do Amor”. Dessa vez, a eleição pode ter ajudado a abrir espaço para temas ligados a diversidade em São Paulo. Cabe aos movimentos ocupá-lo e pressionar por avanços. Porque se não o fizerem, alguém o fará.

quinta-feira, outubro 25, 2012

E agora, Serra? MTV, do grupo Abril, é da "rede petista"?

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segunda-feira, outubro 22, 2012

Combate à violência nas escolas: o Minority Report de José Serra

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Parece que a campanha do petista Fernando Haddad não precisa fazer muito esforço no segundo turno das eleições em São Paulo, dado o incrível esforço de auto-sabotagem empreendido pelo tucano José Serra quando abre a boca.

A última foi uma declaração à rádio CBN, em resposta à pergunta de um ouvinte sobre qual o projeto dos candidatos para combater a violência e o consumo de drogas nas escolas. Leia e ouça a resposta do candidato:

"Nós vamos combatê-la em parte com prevenção. Temos um programa feito conjuntamente com a Fundação Casa, antiga Febem, pra atuar nos (sic) jovens que estão dentro das escolas, que ainda não entraram pro mundo do crime mas que podem ter propensão pra isso. Nós vamos fazer com eles um trabalho preventivo que é identificar quem tem um potencial pra ir pro crime, pra ir pra droga, e poder fazer um trabalho de acompanhamento, de monitoramento e de ajuda a esses jovens. Não são apenas medidas de segurança, são medidas preventivas. Essa é a questão fundamental. No geral, vamos combater o crack de verdade".

"Identificar" jovens com propensão ao crime é algo que lembra realidades trágicas de regimes autoritários (do tipo fascista), também presente em filmes como Minority Report. Para fazer tal identificação, talvez o moderno Serra ressuscite Cesare Lombroso para facilitar seu trabalho. Aliás, o que é "combater o crack de verdade"? Será que Kassab e Alckmin, com a midiática operação realizada na Cracolândia, estão/estavam combatendo o crack "de mentira"?



Via Blog do Rovai

quarta-feira, outubro 17, 2012

Declaração de voto?

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sexta-feira, outubro 12, 2012

Outra do Serra: agora a vítima é repórter da TVT

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Depois de chamar um jornalista da Rede Brasil Atual é sem vergonha, agora foi a vez da TVT (TV dos Trabalhadores) ser vítima da intolerância do candidato. A pergunta nem de longe soava ofensiva, mas Serra, como já se sabe, não responde a questões de qualquer veículo que julgue ser antipático a ele (ah, se políticos que são alvo da mídia comercial seguissem essa regra ficariam quase mudos nas coletivas...).




No vídeo acima, vocês podem ver a repórter Michelle Gomes, do Seu Jornal, fazendo a seguinte pergunta: “Esse assunto do mensalão vai ser bastante explorado pelo senhor no segundo turno?”.

Serra olha para o microfone da jornalista e questiona: “O que é TVT?” Michelle repete a questão e explica ao candidato que significa TV dos Trabalhadores. “De onde?”, retruca o tucano. “Sindicato dos Metalúrgicos do ABC”, responde a repórter. E então o candidato dá as costas e vai embora, ignorando de forma pouco educada a jornalista.

A questão que fica é: se Serra trata assim quem pensa de forma diferente dele, é possível crer que possa promover qualquer diálogo sobre questões cruciais para a cidade sem recorrer ao autoritarismo que demonstra a cada entrevista coletiva?

quarta-feira, outubro 03, 2012

Na reta final, voto útil entra em cena em São Paulo

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Voto útil, tático ou estratégico. O nome pode mudar, mas o objetivo desse tipo de escolha é evitar que um candidato do qual o eleitor não gosta vença ou avance para o segundo turno. E essa figura que já determinou vitórias às vezes inesperadas já é, novamente, personagem central em alguns dos confrontos municipais, entre eles, o de São Paulo.

As últimas pesquisas do Ibope e Datafolha mostram Celso Russomanno em queda, mas ainda como um dos favoritos a ir para o segundo turno. Claro que o cenário pode mudar até sábado, mas, por enquanto, o voto útil vai ser assunto.

Haddad buscou, nos últimos dias reforçar a imagem de que seria o único capaz de derrotar um recém-demonizado Russomanno no segundo turno, dada a alta rejeição de José Serra nas pesquisas. O tucano não apelou diretamente para o argumento de tirar o PT do segundo turno para buscar votos, mas continuou com sua cantilena antipetista, posição quase histórica do tucano e reforçada agora.

Chalita pregou em seu último programa eleitoral justamente contra o voto útil. E bateu em Serra mais do que em Haddad e Russomanno, para evitar uma possível migração de votos na reta final, justamente quando sua candidatura ganhou musculatura ao retirar votos do líder das pesquisas. O peemedebista sabe que pode ser o fiel da balança na decisão e quer aumentar seu cacife. Russomanno, por sua vez, confiante de que estará no segundo turno, escolheu seu rival predileto: vem batendo em Haddad para evitar perder votos na periferia para o petista e tentar enfrentar Serra e sua rejeição, que varia entre 40% e 45% de acordo com o instituto de pesquisa, no turno final.

Clássicos do voto útil

Covas: voto útil lhe deu duas vitórias
As eleições definidas no primeiro turno tornavam os movimentos de eleitores na última hora muito mais frequentes. Em 1985, Fernando Henrique Cardoso, então no PMDB, apelou para a tese, tentando tirar votos do terceiro colocado, Eduardo Suplicy, para evitar a vitória de Jânio Quadros, hipótese que causava calafrios a uma já medrosa Regina Duarte. Não deu certo e a prefeitura acabou com o folclórico ex-presidente.

O campeão da rejeição que sempre sofreu com o expediente em São Paulo foi Paulo Maluf. Em 1988, parte dos votos que garantiram a vitória de Luiza Erundina certamente entram nessa conta, assim como sua derrotas no segundo turno em eleições para governador de São Paulo, em 1998, para Mario Covas.

A propósito, Covas foi beneficiado pelo voto útil não só nos segundos turnos de 1994 (conta Francisco Rossi) e em 1998, mas também no primeiro turno de 1998. Ali, dois dias antes da eleição, o Datafolha apontava Paulo Maluf com 31% das intenções de voto, Francisco Rossi com 18%, Covas com 17% e Marta Suplicy com 15%. Para evitar um segundo turno entre Maluf e Rossi, muitos eleitores de Marta votaram em Covas, que terminou menos de 0,5% à frente da petista. Ambos ficaram mais de 5% além da votação de Francisco Rossi, um cenário bem distinto daquele indicado pelas pesquisas.