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James Watson foi um dos responsáveis pela descoberta da estrutura do DNA. Esse feito rendeu a ele um Prêmio Nobel de Medicina, em 1962 e provavelmente um espaço no panteão dos maiores da ciência mundial - o DNA é tão importante que até substituiu a radiação como motivo de mutação de pessoas em obras de ficção.
Ele podia, aos 79 anos, aposentar-se tranqüilo, certo?
Que nada.
Resolveu acender uma teoria que - graças aos céus - há muito tempo estava esquecida nos porões da ciência: a de que os negros são intelectualmente inferiores às outras raças.
Em entrevista ao jornal britânico The Sunday Times, Watson afirmou que estava "pessimista sobre as possibilidades da África" porque "todas as nossas políticas são baseadas no fato de que a inteligência deles é a mesma que a nossa, quando todos os testes dizem que na verdade não é".
Como? Que testes?
Um dos indícios que ele usa para justificar o pensamento é repulsivo: disse que esperava que as pessoas fossem iguais, mas "aqueles que têm empregados negros não acham que isso seja verdade".
Afirmou também que não há indícios que provem que o desenvolvimento da capacidade intelectual de pessoas separadas geograficamente durante a evolução tenham sido idênticas.
No passado, ele também afirmou que a mãe que pudesse saber que seu filho, ainda no útero, fosse homossexual, deveria ter o direito de abortar.
Claro que os impropérios provocaram reações. O Museu de Ciências de Londres cancelou uma palestra do cientista, porque seus pontos de vista "vão além do aceitável". Um discurso do presidente da comissão para assuntos internos da Câmara dos Comuns da Inglaterra também desancou o cara.
Mas é espantoso constatar que as teorias de supremacia racial do século XIX estejam ainda na cabeça de alguns cientistas, mesmo dos melhores deles.