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quinta-feira, dezembro 03, 2015

Um pra cada e um sem nada

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Time do Palmeiras levanta a primeira taça em sua nova e moderna arena

Como eu desconfiava (leia aqui), o lado alviverde da força venceu a Copa do Brasil. Ao contrário de 2014, quando o futebol paulista não ganhou nada (leia aqui), encerramos este ano com um título para o Santos (Campeonato Paulista), um para o Corinthians (Brasileiro) e um para o Palmeiras (Copa do Brasil), enquanto o São Paulo (de novo) termina uma temporada sem nada. A recuperação palmeirense, que, do quase rebaixamento para a Série B do Brasileiro há exatamente um ano, reergueu-se com um novo estádio, várias contratações, duas decisões disputadas este ano e um título conquistado, demonstra que a partir de agora haverá um novo "Trio de Ferro" no Estado, depois de seis anos de predomínio corintiano e santista.

Corinthians venceu o Brasileiro, oitavo título conquistado de 2008 pra cá

De 2008, quando o São Paulo ganhou seu último título importante, o Campeonato Brasileiro, pra cá, o Corinthians levantou oito taças (Mundial, Libertadores, Recopa Sul-Americana, dois Brasileiros da Série A e um da Série B e dois Paulistas), o Santos sete (Libertadores, Recopa Sul-Americana, Copa do Brasil e quatro Paulistas) e o Palmeiras, três (duas Copas do Brasil e um Paulista). No período, além do Brasileiro, o Tricolor venceu uma minguada Copa Sul-Americana. Detalhe: o São Paulo é único que nunca venceu uma Copa do Brasil, assim como foi o último a conquistar um título do extinto Torneio Rio-São Paulo, já nos anos 2000, quando na década de 1950 os três arquirrivais - e até a Portuguesa! - já tinham esse troféu. E se autointitula "soberano"...

Santos ergue o troféu do Paulistão: sempre revelando garotos bons de bola

O prognóstico realista, para os próximos anos, é ainda mais sombrio para os sãopaulinos. Imerso em crise administrativa e financeira, que reflete dentro de campo, o clube vê Corinthians e Palmeiras inflarem seus cofres com patrocínios forte e suas novas, modernas, acessíveis e multifuncionais arenas, que geram grandes contratações e, lógico, títulos, e o Santos mantendo sua rotina de revelar moleques bons de bola, que são vendidos a peso de ouro, e sempre beliscando um troféu aqui ou acolá. Neste fim de temporada, o Tricolor, milagrosamente, ainda tem chance de conseguir uma vaguinha da Libertadores. Mas, como já questionei aqui, pra quê disputar a Libertadores? Caindo no grupo de Palmeiras ou Corinthians, vai passar vexame (de novo)...

Fim de feira: Tricolor vê rivais campeões e é massacrado dentro de campo

E se o Goiás vencer o São Paulo no domingo, o Feliz Natal dos rivais será completo...



segunda-feira, novembro 23, 2015

Mais simbólico, impossível

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O Corinthians levantar o troféu de seu 6º título brasileiro no dia em que aplica 6 gols no São Paulo já é "conta de mentiroso", de tão perfeito, mas penso que o dia de ontem representará - "eternamente, dentro dos nossos corações" - um marco ainda mais indelével. No futuro, se alguém se arriscar a escrever um livro sobre a "revolução corintiana" ocorrida a partir de 2008, como bem definiu Ronaldo "Cada-Vez-Mais" Gordo, em contraposição à (surpreendente) derrocada sãopaulina com início naquele mesmo ano, poderá terminar esse "estudo de casos", como epílogo (ou epitáfio...), narrando a acachapante, histórica e inapelável goleada/surra/sova/massacre/humilhação de 22 de novembro de 2015 no Itaquerão, vulgo Arena Corinthians, para deleite do "bando de loucos".

Mais simbólico, impossível: o time que alcançava em 2008 o mesmo posto de hexacampeão brasileiro, logo depois de sagrar-se tricampeão da Libertadores e do Mundial de Clubes, com elenco invejável, administração elogiada, melhor estádio particular dos três grandes clubes da capital naquela época, e com perspectivas das mais otimistas dentro e fora de campo, é o mesmo que agora, apenas sete anos depois, é feito em pedaços pelo rival - e exatamente o mesmo que, naquele 2008, disputava a Série B do Brasileiro, depois de dois anos sofríveis na Série A, que culminaram no rebaixamento em 2007. Ali, naquele momento, nem o mais arguto ou profeta dos especialistas em futebol arriscaria prever a fantástica e fulminante inversão de papéis entre os dois clubes.

Para se ter uma ideia, entre 2003 e 2007, o São Paulo passou 14 "Majestosos" sem perder para o Corinthians, com 9 vitórias (incluindo uma partida anulada e uma goleada de 5 a 1 em 2005) e cinco empates. Daí, a partir de 2009, tudo mudou. E como! Enquanto Juvenal Juvêncio, na presidência sãopaulina, começava a destruir tudo, absolutamente tudo, o que havia sido conquistado e consolidado entre 2005 e 2008, com uma profusão inesgotável de insanidades absurdas, condenando o clube ao jejum de títulos, à insolvência financeira e aos vexames sequenciais dentro de campo, Andrés Sanchez, o presidente alvinegro de então, botava em prática uma gestão que faria o Corinthians não só renascer das cinzas como ser alçado a outro nível no futebol mundial.

Foi simbólica, como primeiro capítulo dessa (inacreditável e imprevisível) troca de posições, a disputa das semifinais do Campeonato Paulista de 2009, quando os corintianos calaram o - até então "soberano" - adversário com duas vitórias maiúsculas, fixadas para sempre na memória futebolística pelo gol de virada na primeira partida e gesto de "f*-se" para a torcida sãopaulina feito por Cristian (o mesmo que fez o 6º gol ontem, repetindo o gesto) e pelo golaço de Ronaldo Gordo em pleno Morumbi, após arrancada sobre o zagueiro Rodrigo, no segundo jogo. Pouco depois, o tricampeão brasileiro Muricy Ramalho seria demitido do comando do São Paulo, que não mais ganharia um só título "de respeito", apenas a Sul-Americana de 2012, na qual enfrentou uma série de adversários sofríveis.

E o Corinthians, pelo contrário, iria enfileirar troféus importantes: dois Paulistas, dois Brasileiros, uma Copa do Brasil, uma Libertadores, uma Recopa Sul-Americana e um Mundial de Clubes. Entre 2007 e 2011, passou 11 jogos sem perder para o São Paulo, com 7 vitórias e 4 empates. Após o fim desse tabu, prosseguiria aplicando vitórias seguras e decisivas no rival, como na decisão da Recopa em 2013 ou na fase eliminatória do Paulistão do ano seguinte, com direito a um 5 a 0 em 2011 e ao 6 x 1 de ontem. No período, o São Paulo perdeu jogo de Copa no Morumbi, perdeu patrocínio master, perdeu o equilíbrio financeiro e, mais do que tudo, perdeu o respeito em campo. Antes, até 2009, quando era derrotado pelos rivais, provocava reações vingativas e furiosas. Hoje, provoca risos. E dó.

Senão, vejamos: neste ano de 2015, em 14 clássicos disputados contra os três arquirrivais paulistas, perdeu 9, empatou 3 e venceu apenas 2. Sofreu 31 gols (mais de dois por clássico), sendo 13 marcados pelo Santos, 10 pelo Corinthians e 8 pelo Palmeiras. Os rivais gargalharam com mais duas eliminações sofridas para os santistas, na semifinal do Paulista (pela quarta vez em cinco anos) e da Copa do Brasil (com duas derrotas por 3 x 1 que impressionaram pela facilidade encontrada pelo adversário), mais um 3 x 0 tranquilo no Brasileirão; duas goleadas vexaminosas para os palmeirenses (3 x 0 no Paulista e 4 x 0 no nacional); e três derrotas para os corintianos (incluindo um 2 a 0 categórico na Libertadores e a sacolada histórica de seis gols). Hoje, ninguém teme o São Paulo.

O Timão, na contramão, é mais "todo-poderoso" do que nunca. Construiu uma moderna arena e tirou a Copa (e os mandos de seus jogos, sempre lucrativos) do Morumbi, multiplicou suas fontes de renda e sua imensa torcida, saneou as finanças, acertou nas contratações e, acima de tudo, na aposta em Tite, o melhor técnico do Brasil, sem dúvida - e que foi bancado, corajosamente, por Andrés Sanchez na crise gerada pela eliminação por um time fraco na pré-Libertadores de 2011, que adiantou, inclusive, a aposentadoria do já citado Ronaldo Gordo, outra aposta certeira de Sanchez e personagem central e decisivo da tal revolução posta em movimento de 2008 pra cá. Por outro lado, o São Paulo expõe-se, mais do que nunca, fraco, abatido, perdido e inofensivo. E sem horizontes.

A partir de 2009 ou 2010, quando passou a fazer a alegria dos arquirrivais nos clássicos disputados, principalmente os decisivos ou eliminatórios, o time sãopaulino, fosse qual fosse sua escalação ou o técnico no banco (e foram dez, sem contar o cada vez mais requisitado auxiliar Milton Cruz), o São Paulo já entra em campo nessas ocasiões com semblante e espírito de derrotado. Até consegue um triunfo aqui ou acolá, em jogos que não valem nada. Mas o time treme quando tem que enfrentar Corinthians, Palmeiras ou Santos, é visível. Ontem, contra oito reservas do alvinegro paulistano, os titulares do Tricolor aparentavam nervosismo, confusão, pânico e descontrole. Se o segundo tempo tivesse acréscimos (o que seria justo, com dois pênaltis marcados e três substituições pra cada lado), poderiam ter levado 7 ou 8 gols. Mas o juiz apitou o fim 5 segundos antes dos 45. Será que ficou com dó?

Hoje, corintianos e santistas dominam o futebol paulista e nacional e palmeirenses caminham para uma recuperação consistente. Não por acaso, o primeiro é campeão do Brasileiro dando show e os outros dois disputam a decisão da Copa do Brasil (e, se a vitória for alviverde, o ano fechará com um título para cada um dos três, enquanto o São Paulo - mais uma vez - só observa, chupando o dedo). Se Corinthians e Palmeiras têm estádios modernos e lucrativos e sedimentam caminhos estáveis para suas equipes, e o Santos revela dezenas de jovens talentos e prossegue na conquista regular de títulos, o São Paulo desce cada vez mais o nível e é gerido como time pequeno. O resultado: vexames e mais vexames. Pra quê disputar a Libertadores? Pra passar (mais) vergonha(s) em nível continental?

Pra fechar o post, voltando ao seu mote (o estudo de caso sobre a revolução corintiana versus destruição sãopaulina entre 2008 e 2015), registro dois comentários muito precisos: um, do Mauro Beting, que há dois anos já observava que um dos maiores erros do Tricolor nesse período foi se autointitular "soberano" (mais uma "obra" obrada por Juvenal Juvêncio); e outro do ex-zagueiro William, hoje trabalhando na SporTV, que reforçou o time vitorioso do Corinthians na Série B e lembrou na quinta-feira, quando o alvinegro confirmou o título deste ano após empatar com o Vasco, que Andrés Sanchez remontou o elenco em 2008 brigando por reforços com os times da Série A (ele, por exemplo, foi tirado do Grêmio). Isso explica muita coisa sobre a bifurcação de destinos dos dois clubes há sete anos e sobre a discrepância de hoje. Ao querido São Paulo, minhas (sentidas) condolências.




segunda-feira, setembro 14, 2015

'Zizinho era um jogador completo'

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A frase que dá título ao post foi dita por um tal de Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido como Pelé. Ele refere-se à Tomás Soares da Silva, que hoje estaria completando 94 anos (morreu em 8 de fevereiro de 2002, aos 80 anos). Voltemos ao que disse Pelé: "Quando eu era garoto, procurava imitar dois jogadores: o Dondinho, meu pai, e o Zizinho. Quando comecei a minha carreira no Santos, o Zizinho estava encerrando a dele no São Paulo. E encerrando em grande estilo. Ele foi campeão e considerado o melhor jogador do Campeonato Paulista de 1957. Zizinho era um jogador completo. Atuava na meia, no ataque, marcava bem, era um ótimo cabeceador, driblava como poucos, sabia armar. Além de tudo, não tinha medo de cara feia. Jogava duro quando preciso."

Pelé, 17 anos, e Zizinho, 36, no primeiro Paulistão disputado pelos dois, o de 1957

De fato, se o menino Edson já era fã de Zizinho desde a Copa de 1950, quando o meia carioca foi considerado um "Leonardo Da Vinci" da bola pela imprensa estrangeira, apesar da derrota do Brasil para o Uruguai na decisão, o jogador Pelé, em sua estreia profissional no Campeonato Paulista, em 1957, pôde admirar toda a técnica do ídolo frente a frente, numa tarde histórica. Depois de terminar a primeira fase do campeonato em 5º lugar, o São Paulo decidiu buscar um reforço para o meio-campo. Quando anunciou o veterano Zizinho, os adversários debocharam: com 37 anos, estava encostado no modesto Bangu fazia cinco anos, desde que fora dispensado pelo Flamengo. Porém, com ele, o time do técnico húngraro Bélla Gutman se encaixou e disparou na fase decisiva, com 7 vitórias seguidas.

Ataque 'infernal': Maurinho, Amaury, Gino, Zizinho (o 'dono da bola') e Canhoteiro

Entre essas sete vitórias, um 4 x 2 sobre o forte Palmeiras, logo na estreia de Zizinho, e uma goleada inesquecível sobre o Santos, em plena Vila Belmiro, no dia 17 de novembro de 1957. O alvinegro praiano, que seria o vice-campeão daquele ano, campeão de 1958 e que dominaria o Brasil, a América e o planeta pelos dez anos seguintes, jogou com Veludo; Getúlio e Dalmo; Fioti, Ramiro e Zito; Tite, Alvaro, Pagão, Pelé e Pepe. Já o São Paulo entrou em campo com Poy; De Sordi e Mauro; Dino Sani,  Vitor e Riberto; Maurinho, Amaury, Gino, Zizinho e Canhoteiro. Logo no primeiro tempo, 2 x 0 para o Tricolor, gols de Maurinho e Canhoteiro. Na etapa final, Canhoteiro fez mais dois e Zizinho e Amaury fecharam a goleada (o Santos descontou com Vitor, contra, e Tite): 6 x 2!

Time do São Paulo que entrou em campo para decidir o Paulistão com o Corinthians

O curioso é que esse mesmo Santos teria papel decisivo para a conquista do paulistão pelo São Paulo, no mês seguinte. Depois de liderar a competição com 35 jogos invictos, o Corinthians tropeçou na penúltima rodada, ao perder por 1 x 0 justamente para o time de Pelé. Isso embolou completamente o campeonato: o São Paulo empatou com o Corinthians na liderança, com 28 pontos, e o Santos  vinha logo atrás, com 27. Como a tabela previa para a última rodada o confronto direto entre os dois líderes, um empate nesse jogo, somado a uma vitória santista contra o Palmeiras, deixaria três times empatados com 29 pontos (vitória valia 2 pontos). E forçaria a decisão num triangular (um "supercampeonato"). Daí, o Santos goleou o alviverde por 4 x 1 e ficou na torcida pelo empate na outra partida.

Maurinho dribla o goleiro corintiano Gilmar e marca o gol do título paulista de 1957

E a esperança dos santistas cresceu quando o primeiro tempo do clássico entre Corinthians e São Paulo terminou sem gols. Mas a etapa final foi eletrizante: Amaury abriu o placar para o Tricolor aos 17 minutos e, cinco minutos depois, Canhoteiro ampliou. Só que os 2 x 0 fizeram com que o alvinegro de Parque São Jorge partisse para o tudo ou nada e sufocasse o São Paulo, que tentava se segurar em seu campo. Aos 21 minutos, Rafael diminuiu para 2 x 1 e a pressão chegou ao limite: tudo indicava que o Corinthians ia empatar em minutos e, depois, virar o jogo e sacramentar o título. Foi então que, para aliviar, Zizinho (sempre ele!) interceptou mais um ataque alvinegro, aos 34 minutos, e deu um chutão para o campo adversário; Gino escorou e a bola sobrou para Maurinho, que marcou: 3 x 1.

Ataque da seleção no Sul-Americano de 1957: Joel, Zizinho, Evaristo, Didi e Pepe

Os corintianos partiram para cima da arbitragem, alegando impedimento, e o pau quebrou na torcida (a decisão ficou conhecida como "Tarde das Garrafadas"). Mas o título ficou mesmo com o São Paulo, o último antes de uma longa fila de 13 anos. Zizinho ainda jogou parte da temporada de 1958 no Tricolor, seguindo depois para o Audax, do Chile, e encerrando a carreira no mineiro Uberaba. Depois de disputar o Sul-Americano de 1957 pela seleção brasileira, muitos davam como certa sua convocação para a Copa da Suécia, o que não ocorreu - e abriu vaga exatamente para Pelé, que se consagrou. No início da década de 1960, Zizinho deu sua última grande contribuição para o futebol brasileiro: como amigo do pai de Gérson, foi o grande incentivador do "Canhotinha" em seu início de carreira.


sexta-feira, setembro 04, 2015

Apito BFF (Best Friend Forever)

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Na 22ª rodada do Brasileirão, o Corinthians, líder da competição, abriu 7 pontos de vantagem para o segundo colocado, o Atlético-MG. Mas, não fosse o péssimo nível da arbitragem, a tabela do campeonato poderia ser bem diferente. Senão, vejamos:

11ª rodada: Goiás 0 x 0 Corinthians
Pênalti cometido por Gil, não marcado.

13ª rodada: Flamengo 0 x 3 Corinthians
Gol de Jonas, do Flamengo, mal anulado.

17ª rodada: São Paulo 1 x 1 Corinthians
Pênalti cometido por Uendel, não marcado.

18ª rodada: Corinthians 4 x 3 Sport
Pênalti marcado de Rithely, inexistente.

19ª rodada: Avaí 1 x 2 Corinthians
Gol de Jeci, do Avaí, mal anulado.

22ª rodada: Corinthians 2 x 0 Fluminense
Gol de Cícero, do Fluminense, mal anulado.

E na mesma 22ª rodada o Atlético-MG, concorrente direto do Corinthians pela liderança do campeonato, perdeu do Atlético-PR com pênalti duvidoso.


sexta-feira, março 13, 2015

O futebol encaretou

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Será que a Itaipava levou Sheik a parar de beber?
No programa Globo Esporte de hoje, da famigerada "Vênus Platinada", o atacante corintiano Emerson Sheik fez questão de declarar (o grifo é meu): "Festa nunca mais! Eu tomava minha cerveja, mas já estou há dois meses sem beber" (leia aqui). Uma frase na medida para ficar "de boa" com a torcida - a mesma que, há cerca de um ano e meio, reagiu furiosamente depois da postagem de uma foto em que o jogador dava uma "bitoca" num amigo, episódio que colaborou decisivamente para que fosse emprestado ao Botafogo-RJ no ano passado. De volta ao Corinthians, Sheik recuperou a confiança do técnico Tite, apesar de causar alguma dor de cabeça à diretoria, como quando chega atrasado aos treinos. Porém, mesmo assim, vem apresentando um bom futebol neste início de temporada. E esse é o cerne da questão: o que importa se o jogador bebe ou não a sua cervejinha nas horas de folga? Sou daquela opinião de que, se o cabra corresponder em campo, ninguém tem nada com sua vida pessoal. Mas hoje, com as torcidas organizadas patrulhando "baladas" noturnas (e a imprensa esportiva dando cada vez mais espaço pra esse tipo de pauta "revista Contigo"), os jogadores procuram passar a imagem de "bons moços". Dando declarações como a de Emerson Sheik ao Globo Esporte, por exemplo.

Sócrates, nos tempos de jogador, brindando cerveja
Coisas como essa me levam a pensar no quanto o futebol encaretou de uns 20 ou 30 anos pra cá. Quando eu era moleque, nenhum dos grandes craques escondia que tomava sua cervejinha - e, quando apareciam na TV fazendo churrasco ou roda de samba, todos ostentavam um copinho na mão. Como o Júnior, do Flamengo, o palmeirense César Maluco, o sãopaulino/santista Serginho Chulapa, o Careca (que conta que bebeu com os torcedores logo após a conquista do Brasileirão de 86), sem falar no Renato Gaúcho, Romário & cia. ilimitada. Mas o ícone máximo, neste "quesito", era mesmo o Doutor Sócrates, "guru informal" e sintético do Futepoca. Tá certo que o Magrão, a exemplo de outros casos tristes como os do Canhoteiro e do Garrincha, sucumbiu ao alcoolismo e morreu disso, depois de parar de jogar. Mas, nos seus tempos de Corinthians e de seleção brasileira, nunca deixou de corresponder em campo, mesmo mantendo o hábito de beber e fumar - e publicamente, à vontade, em qualquer situação. Por isso mesmo, ao contrário dos jogadores de hoje, tinha a coragem de peitar todo tipo de patrulha, da torcida e da imprensa. "Não querem que eu beba, fume ou pense? Pois eu bebo, fumo e penso. Fui para a avenida brincar, bebi direitinho. Não fico me escondendo para fazer as coisas", afirmou, à revista Placar, logo após o Carnaval de 1986. Prestem atenção: "bebo e penso". Ah, bons tempos! Velhos tempos, saudosos tempos...


quinta-feira, fevereiro 19, 2015

A vingança é um prato que se come... após 1 ano

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Em janeiro de 2014, Muricy Ramalho botou o meia Jadson na geladeira no São Paulo, expondo o jogador publicamente ao dizer que ele havia começado aquela temporada "mal preparado". E disparou, de forma grosseira: “Se não estiver satisfeito, vá embora. Aqui, ninguém está fazendo favor ao São Paulo. Todo o mundo é pago para trabalhar". Jadson não pensou meia vez: arrumou suas trouxas e fechou contrato com o rival Corinthians pouco depois, no início de fevereiro, numa negociação que teve como contrapartida o empréstimo do atacante Pato para o clube do Morumbi.

Após um bom início no time corintiano, com gols e assistências, Jadson caiu de produção no segundo semestre do ano passado, mesma época em que Pato vivia boa fase no rival - fato que levou muitos precipitados a afirmar que o São Paulo tinha levado a melhor na polêmica transação. Com a saída de Mano Menezes e a volta de Tite neste início de 2015, o roteiro de Jadson parecia repetir o da temporada anterior. Preterido no time titular por Lodeiro, o ex-sãopaulino chegou a ser sondado pelo Flamengo. Porém, como o meia uruguaio acabou se transferindo para o Boca Juniors, Jadson ficou.

Ficou, virou titular absoluto e começou o Paulistão e a pré-Libertadores "voando baixo", como diz o jargão futebolístico. Mas nada se compara à atuação que teve ontem, no Itaquerão, na estreia da fase de grupos da competição continental. Com um passe magistral e decisivo para Elias abrir o placar, e uma finalização perfeita no segundo gol (ainda que tenha havido falta de Sheik no início da jogada), Jadson destruiu o São Paulo e humilhou o mesmo Muricy que o havia "enxotado" do Morumbi há um ano. A vingança é um prato que se come frio. Ainda assim, para o meia corintiano, foi saborosíssimo.


'O CARA' - Ainda que Jadson, Elias e Ralf tenham feito uma partida perfeita, na técnica, na tática e na raça, e que Felipe, Danilo e Sheik também mereçam (muitos) aplausos pelas suas atuações, "o cara" do Corinthians é, sem sombra de dúvida, o técnico Tite. A equipe compacta, com forte marcação, toques rápidos e múltiplas opções de saída de bola e de contra-ataque, como era a da Libertadores de 2012, voltou. E voltou mais forte, na minha opinião. Se Guerrero tivesse jogado, creio que o prejuízo sãopaulino teria sido maior. Uma injustiça Tite não ter assumido a seleção.

SEM NOÇÃO - Entrar com uma formação nunca testada, com três volantes, num clássico dessa importância, foi uma pisada na bola incontestável de Muricy Ramalho. Michel Bastos na lateral também foi algo "sem noção", bem como as substituições feitas. O resultado foi que o São Paulo praticamente não deu um chute a gol, sequer, e Cássio saiu com o uniforme limpo. Mas quero, aqui, concordar com a observação do colunista Marcio Porto, do jornal Lance!: o time teria perdido o jogo com qualquer formação titular, pois não sabe o que fazer quando pega a bola. E o Corinthians sabe. Muito bem.

TRÊS ZAGUEIROS - O São Paulo não sabe o que fazer porque não tem saída de bola. Quando Rogério Ceni não dá chutão lá pra frente, ele toca para a zaga ou para os volantes, que não têm opção alguma a partir daí. O motivo é que o time não tem laterais de ofício, mas "alas", que ficam lá na frente, isolados, esperando a bola. Quando os adversários anulam Souza e Ganso (palmas para Ralf e Elias!), a equipe de Muricy "desaparece". Foi o que aconteceu. Por isso, o São Paulo deve voltar a jogar com três zagueiros, para ter opções de saída de bola e de ligação com os "alas", além de compactar mais a defesa com o meio e o ataque. Foi assim que o time ganhou quase tudo entre 2005 e 2008. E, de lá pra cá, os títulos sumiram. Com três zagueiros, o São Paulo finalizou 19 vezes contra o Bragantino. Ficou nítido que, com dois na zaga e dois "alas", Muricy não irá a lugar algum.


quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Corinthians vai bem na pré. Agora, começa a Libertadores

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Elias, dois gols na quase-Liberta,só na infiltração (Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)
Pronto, o Corinthians passou pelo Once Caldas. Deixada para trás a zica, começa a Libertadores 2015, num grupo pra lá de difícil – e com clássico logo de cara. O começo da temporada é interessante, tanto pelos resultados quanto pelo futebol jogado até aqui. Para comecinho de temporada, a coisa está bacana e com umas novidades em relação ao passado de Tite.

Comecemos pelo mais óbvio: a defesa continua muito boa. E quando digo “defesa”, não falo só da zaga, mas do esquema armado pelo treinador quando o time não tem a bola. O time vem num 4-1-4-1, com Ralph de limpa-trilho na frente da zaga e uma linha de quatro meias fechando a marcação. A movimentação defensiva é muito bacana, coordenada, compacta, bem difícil de furar. E quando passa, Cássio e/ou Walter estão lá pra garantir a lavoura.

Com a bola no pé, o time tem novidades. Está tocando mais a bola, buscando tabelas curtas pelo meio e aproveitando muito bem a movimentação de Elias, que depois de um segundo semestre mais ou menos em 2014, parece estar já adaptado. As tabelas e o grande número de gols marcados até aqui são as novidades que Tite pode ter trazido até aqui de seu “ano sabático pesquisando o futebol”. Ou é só fruto da fragilidade dos adversários – calma, palmeirenses, o seu time entra nessa definição só por estar ainda desentrosado e sem muitos titulares certos para a temporada.

Um exemplo de indício dessa mudança de Tite: quando Lodeiro foi embora, ele tinha Petros, mas escolheu Jadson como substituto. O atual titular é um belo meia, com passe e visão de jogo acima da média, mas (1) marca mal e (2) volta e meia entra numas de preguiçoso que é difícil aguentar. Em outros tempos, Tite fez Douglas correr loucamente na marcação, vamos ver se repete a façanha.


A coisa está muito no começo, mas até aqui parece promissor. Vamos ver esse clássico contra o São Paulo, o primeiro da história da Libertadores. O Tricolor tem um ataque estrelado, talvez o melhor do país hoje no papel. Vamos ver como se saem as compactas linhas alvinegras.

segunda-feira, janeiro 12, 2015

Clubes 'bananas' - e 'humilhados'

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"No Brasil, o neoliberalismo chegou ao futebol através da chamada Lei Pelé. (...) Supostamente para libertar os jogadores do domínio dos clubes, jogou-os nas mãos dos empresários privados. (...) Os jogadores foram transformados em simples mercadorias, nas mãos dos empresários, que reinam soberanos, assim como o mercado e as grandes empresas fazem no conjunto da sociedade. (...) Interessa aos empresários privados que os clubes sejam fracos, estejam falidos, serão mais frágeis ainda diante do poder do seu dinheiro." - Emir Sader, em artigo republicado pelo portal Carta Maior em 12/07/2014.
Sader: Lei Pelé interessa aos empresários
Sem a pretensão de estender a discussão sobre a polêmica Lei Pelé, pincei estes trechos do texto do Emir Sader porque os considero muito apropriados para ilustrar, como um comentário de perplexidade, a bizarra situação (para dizer o mínimo) exposta publicamente pela contratação do atacante Dudu, ex-Dínamo de Kiev, pelo Palmeiras. O negócio surpreendeu porque, até então, o atleta vinha sendo disputado ferozmente por dois grandes rivais, Corinthians e São Paulo - e ninguém colocava o alviverde como concorrente. Mas o que mais chamou a atenção foi o comunicado assinado e divulgado pelos empresários de Dudu, Bruno Paiva, Fernando Paiva, Marcelo Goldfarb e Marcelo Robalinho, ironizando e atacando Corinthians e São Paulo:

"A negativa ao São Paulo Futebol Clube não é fruto de qualquer questão pessoal com dirigentes da agremiação. Porém, no futebol há uma ordem natural para que os negócios fluam e tenham um desfecho satisfatório, de modo que qualquer caminho contrário a essa ordem estabelecida determina o fracasso das tratativas. Além disso, pesou a vontade de nosso cliente, que mesmo após declarar publicamente que não via no São Paulo sua melhor escolha, continuou sendo procurado insistentemente pelos dirigentes do clube."
"Por fim, sobre o Sport Club Corinthians Paulista, que também negociou conosco para contar com Dudu, não há muito o que ser dito. Apenas desejamos ao clube, em nome de sua grandeza e tradição, que o dia 07 de fevereiro chegue depressa ante ao processo latente de apequenamento que se dá dia após dia."
Neste verdadeiro "passa-moleque" veiculado pela OTB Sportes, empresa dos agentes de Dudu, a referência à "ordem natural para que os negócios fluam" diz respeito ao fato de o São Paulo ter procurado negociar diretamente com o Dínamo de Kiev, enquanto os empresários tratavam com o Corinthians. A diretoria do tricolor paulistano, por meio do vice-presidente de marketing, Douglas Schwartzman, respondeu: "É preciso deixar claro que o São Paulo nunca foi e nunca será refém de empresário. Fizemos o que é correto, que era procurar o detentor dos direitos. Empresário por intermediar, mas não tem o direito de determinar o jogador deve fazer".

Dudu queria Corinthians; foi pro Palmeiras
Só que o mais espantoso foi a ressalva de que a decisão de jogar pelo Palmeiras ocorreu após Dudu "declarar publicamente que não via no São Paulo sua melhor escolha". Na verdade, não foi bem isso o que o jogador afirmou. Ao portal Globoesporte, em notícia publicada há apenas uma semana, o atacante frisou, com todas as letras: "Quero jogar no Corinthians. Essa é a minha vontade". Ora, bolas! Como é, portanto, que os empresários de Dudu usam, num comunicado destinado a espinafrar o São Paulo, que "pesou a vontade do nosso cliente"?!? Pesou pinóia nenhuma! Pesou a GRANA oferecida pelo Palmeiras, quase o dobro do que os rivais ofereciam.

Porém, que fique claro que, quanto a esse "leilão" feito pelo atleta, não há nada de "errado" (ou tem, mas isso é outra história). Trata-se apenas da chamada "lei do mercado", que regula as coisas no neoliberalismo, como bem observou Emir Sader. Tanto o Corinthians como o São Paulo  - e todos os clubes profissionais - também já atravessaram e continuarão atravessando contratações alheias. O que causa espécie é a afronta dos empresários de Dudu ao "processo latente de apequenamento" do alvinegro paulistano. Quem são eles para falarem assim de uma agremiação como o Corinthians, um clube com o qual, até outro dia, estavam negociando? Quanta "sem-cerimônia"!

Ao provocar rival, Aidar se apequenou
"Por conta da negativa de um negócio em que ele era interessado, ele não pode dizer que o clube está apequenado. Discordo completamente das palavras. No mais, ele deve se preocupar com o jogador dele, com os negócios dele, não com o Corinthians", rebateu, "sutilmente", o diretor de futebol do alvinegro, Ronaldo Ximenes. Cabe registrar, por oportuno, que os agentes de Dudu usaram o mesmo termo soberbo e arrogante utilizado pelo presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, quando tirou o atacante Alan Kardec do Palmeiras. "A Sociedade Esportiva Palmeiras, (...) ano após ano, se apequena", disse o dirigente sãopaulino, naquela ocasião, enquanto comia bananas (foto ao lado), num espetáculo deplorável do mesmo (baixo) nível do ex-presidente Juvenal Juvêncio. Só que agora, ao perder Dudu para o Palmeiras, quem ficou com cara de banana foi Aidar...

E "bananas", cada vez mais, ficam os clubes nas mãos dos "agentes" de jogadores. "Interessa aos empresários privados que os clubes sejam fracos", já apontava o artigo de Emir Sader citado no início do post. O próprio São Paulo, em 2013, tinha em seu elenco dez (DEZ!) jogadores de um mesmo empresário, Eduardo Uram - e, não por acaso, passou bem perto de cair para a Série B do Brasileiro. E agora os clubes ainda têm de engolir desaforos em forma de comunicados oficiais, quando perdem eventuais quedas-de-braço nas contratações. E durma-se com um barulho desses!

quinta-feira, dezembro 04, 2014

Três anos sem Sócrates: o médico era sãopaulino...

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Hoje faz três anos que perdemos Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. O Doutor. O Magrão. Cada vez que ouvimos, hoje, algum jogador de futebol sendo entrevistado, mais falta sentimos da inteligência, conteúdo, posicionamento e consciência do velho e bom Sócrates. Paciência, vida segue. No vídeo abaixo, gravado para o programa "Fantástico", da Rede Globo, temos uma de suas últimas entrevistas, logo após sair do hospital, no fim de agosto de 2011. As complicações no fígado, decorrentes do alcoolismo, fragilizaram definitivamente sua saúde, provocando sua morte cerca de três meses depois. Mas posto esse vídeo porque, nele, a esposa de Sócrates, Kátia Bagnarelli, faz uma revelação: o médico que havia salvado sua vida, naquele momento, era torcedor do São Paulo (!). Justo o rival que o Magrão (também médico) derrotou por duas vezes, nas decisões do Campeonato Paulista de 1982 e 1983, e que teria, mais tarde, seu irmão Raí como um dos maiores ídolos. "Um sãopaulino teve que salvar a vida de um corintiano", observou Kátia à reportagem, enquanto Sócrates ria. Confiram (a partir de 1:38):




quinta-feira, novembro 27, 2014

INÉDITO: Todos os quatro grandes clubes paulistas terminam uma temporada pela 1ª vez sem título

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Ituano despachou Palmeiras e Santos e venceu o Paulistão; Cruzeiro eliminou Santos na Copa do Brasil e não deu chance ao São Paulo no Brasileiro; Atlético foi algoz de Palmeiras e Corinthians (e campeão) na Copa do Brasil

Com o fracasso do São Paulo na Copa Sul-Americana, a temporada de 2014 entra para a História como a primeira, em 84 anos, em que todos os quatro grandes clubes paulistas terminam sem um título sequer. Entre 1930 (quando o São Paulo foi fundado e disputou sua primeira competição) e 2013, pelo menos um título, a cada ano, ficou nas mãos ou do Tricolor ou do Corinthians ou do Palmeiras ou do Santos. Porque, neste período, o Campeonato Paulista só não foi conquistado por algum deles em apenas quatro oportunidades - mas, na maioria destas ocasiões, sempre um dos quatro ganhou outra taça no mesmo ano. Em 1986, quando a Internacional de Limeira derrotou o Palmeiras na decisão e se tornou o primeiro time do Interior a vencer o Paulistão, o São Paulo foi o campeão brasileiro; em 1990, quando o Bragantino venceu a primeira decisão estadual "caipira", contra o Novorizontino, o Corinthians ganhou seu primeiro Brasileirão; e em 2002, quando o Ituano ganhou um Campeonato Paulista que não contou com a presença dos quatro grandes, o Corinthians foi campeão do Torneio Rio-São Paulo e da Copa do Brasil e o Santos renasceu rejuvenescido com a conquista do Campeonato Brasileiro.

Kardec escorrega: S.Paulo eliminado nos pênaltis
Em 2014, desta vez enfrentando todos os grandes, a equipe de Itu derrotou o São Paulo (em pleno Morumbi) no turno, eliminou o Palmeiras na semifinal e conquistou o Paulistão contra o Santos. Terceiro colocado em seu grupo, no turno, o Corinthians nem sequer se classificou para as semifinais. Só que, naquele encerramento do estadual, ninguém poderia imaginar que os quatro grandes paulistas também terminariam o segundo semestre sem qualquer outro título. O Cruzeiro não deu chance pra ninguém e garantiu o bicampeonato no Brasileirão (ou tetracampeonato, somando tudo) já na antepenúltima rodada, matando as - mínimas - esperanças do São Paulo, atual segundo colocado. Foi também a Raposa que eliminou o Santos na Copa do Brasil - competição na qual o Atlético-MG, que sagrou-se campeão ontem, exatamente contra o maior rival Cruzeiro, despachou em sua campanha Palmeiras e Corinthians (o São Paulo foi eliminado vexatoriamente pelo Bragantino). Na Copa Sul-Americana, o único representante paulista foi o Tricolor. Resultado: eliminado pelo Atlético Nacional, da Colômbia, nos pênaltis - a terceira decisão em penalidades seguida perdida dentro do Morumbi.

Um fato já evidenciava que 2014 seria uma temporada nada agradável para os quatro grandes clubes de São Paulo: nenhum deles estava entre os seis (sim, SEIS!) times brasileiros que disputaram a edição deste ano da Copa Libertadores - fato que não ocorria desde 2002, quando o São Caetano representou o Estado no torneio, disputando a decisão e perdendo para o Olimpia, do Paraguai. Outro fato que também apontou para o fracasso dos paulistas neste ano foi o índice que a Pluri Consultoria criou para medir a eficiência dos clubes brasileiros na gestão do futebol, com base no quanto gastam e quanto conquistam em cada temporada. O resultado de 2013 - clique para ver aqui - mostrou que, entre 28 times, o melhor paulista, Corinthians, ficou apenas em 14º lugar, seguido por Palmeiras, o 16º; Santos, o 19º; e São Paulo, o 20º. O desempenho do clube do Morumbi foi o mais vergonhoso, considerando que, no ano passado, dividiu o posto com o Corinthians como clubes com maior orçamento para o futebol no Brasil: R$ 248 milhões. Pior foi que, enquanto o rival ganhou o Paulistão e a Recopa Sul-Americana em 2013 (eliminando o São Paulo nas duas ocasiões), o Tricolor não venceu nada - e quase foi rebaixado no Brasileirão.

Damião puxa a própria camisa: reserva de R$ 42 mi
Na atual temporada, o Corinthians revelou dificuldades financeiras para pagar sua recém-inaugurada Arena. Ainda assim, gastou R$ 112,9 milhões somente no primeiro semestre (segundo esta notícia aqui). Apostou na volta do técnico Mano Menezes e no repatriamento de Elias. E colecionou insucessos. O Palmeiras também enfrenta graves problemas com a inauguração de seu estádio, mas, após o Paulistão, decidiu investir alto no ano de seu centenário. A diretoria ousou e contratou o treinador argentino Ricardo Gareca, que trouxe a reboque vários atletas de seu país, ao custo de R$ 25 milhões (leia aqui). Fracasso total: o técnico foi demitido, a maioria dos jogadores argentinos virou reserva e, a duas rodadas do fim do Brasileirão, o time luta contra o (3º) rebaixamento. O Santos, que agora pretende arrecadar R$ 47 milhões com a venda de jogadores, para equilibrar o orçamento, também enfiou a mão no bolso em 2014. Repatriou o ídolo Robinho por empréstimo pagando salário de R$ 600 mil mensais e, mais do que tudo, comprou Leandro Damião por R$ 42 milhões, atacante que termina o ano no banco de reservas. E o São Paulo, que comprou Alan Kardec por R$ 14 milhões e trouxe por empréstimo Pato e Kaká, pagando R$ 400 mil mensais para ambos, foi outro que só enfileirou fiascos. O clube deve fechar o ano com déficit de R$ 30 milhões.

Como se vê, o desempenho dos quatro grandes clubes paulistas dentro de campo reflete diretamente as decisões das diretorias fora dele. Mas que os quatro times também não jogaram nada que justificasse algum título, não há dúvida. Basta comparar com o futebol rápido, compacto e agressivo dos mineiros Atlético e Cruzeiro para notar a distância deles para os sofríveis Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo. Aguardemos que, em 2015, algum destes quatro conquiste, ao menos, o Campeonato Paulista. É o mínimo.


terça-feira, novembro 25, 2014

Nos últimos 50 confrontos contra rivais, São Paulo perde para Corinthians e Santos e só supera Palmeiras

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Terminado o último clássico paulista do ano, entre Santos e São Paulo, decidi fazer um levantamento sobre os 50 últimos jogos do Tricolor contra seus três maiores rivais. Com base nos dados do site ogol.com.br, segue aqui o levantamento:

São Paulo x Corinthians - Últimos 50 jogos
15 Vitórias / 17 Empates / 18 Derrotas

Duas coisas me faziam pensar que a diferença de vitórias favorável ao Corinthians fosse muito maior: o fato de nas últimas 26 partidas o São Paulo só ter vencido 4 vezes (!) e a série interminável de eliminações para o rival em competições "mata-mata". No período analisado, de junho de 2000 para cá, o Alvinegro despachou o Tricolor nada menos que cinco vezes: na semifinal da Copa do Brasil de 2002, na decisão do Torneio Rio-São Paulo de 2002, na decisão do Paulistão de 2003, na semifinal do Paulistão de 2009 e na decisão da Recopa Sul-Americana de 2013. Por outro lado, o primeiro jogo desta série de 50 foi justamente o da volta na semifinal do Paulistão de 2000, quando o São Paulo eliminou o rival pela última vez num "mata-mata". Mas o que diminuiu a vantagem do Corinthians nesta série recente foi o período de quase quatro anos sem vencer o Tricolor, entre 2003 e 2007. Depois disso houve um "massacre" corintiano, fechando a conta com os 3 x 2 no primeiro "Majestoso" disputado no Itaquerão.

São Paulo x Palmeiras - Últimos 50 jogos
23 Vitórias / 16 Empates / 11 Derrotas

A série dos últimos 50 confrontos contra o Palmeiras começa em maio de 1999, época em que a parceria do rival com a Parmalat atingiu a glória máxima com a conquista da Libertadores. Porém, quando a multinacional abandonou o Alviverde, no ano seguinte, o clássico "Choque-Rei" desequilibrou em favor do São Paulo. Tudo bem que, no período, o Palmeiras ainda eliminou o Tricolor nas oitavas-de-final da Copa João Havelange (Brasileirão) de 2000 e na semifinal do Paulistão de 2008. Mas o São Paulo deu o troco nas quartas-de-final da Copa do Brasil de 2000, nas semifinais do Torneio Rio-São Paulo de 2002 e, principalmente, nas oitavas-de-final das Copas Libertadores de 2005 e de 2006. Porém, a fragilidade do Palmeiras nestes últimos 14 anos, desde a saída da Parmalat, é evidente. No período, o Alviverde foi rebaixado duas vezes no Brasileiro, em 2002 e 2012 (e ainda segue ameaçado na competição de 2014), e amarga desvantagem de apenas 11 vitórias contra 23 do São Paulo nos últimos 50 duelos entre os dois.

São Paulo x Santos - Últimos 50 jogos
18 Vitórias / 10 Empates / 22 Derrotas

O histórico dos últimos 50 clássicos "San-São" tem um "turn point" muito nítido, ou, como cantaria Beth Carvalho, uma "hora da virada" - e talvez não só em relação a este confronto, mas na própria história do Peixe. Foram as oitavas-de-final do Brasileirão de 2002, quando o Santos, classificado em 8º lugar, eliminou o favorito São Paulo, 1º na disputa do turno único, com duas vitórias inapeláveis. Ali, o Alvinegro Praiano mudava de foco, priorizando a "molecada" e passando a dominar o futebol paulista (ganhou 5 Paulistas, 2 Brasileiros e 1 Libertadores de lá pra cá). Muito diferente do time recheado de "medalhões" (Carlos Germano, Rincón, Dodô) que perdeu a decisão do Paulistão de 2000 para o São Paulo, no início destes últimos 50 clássicos entre os dois times. Além de eliminar o Tricolor no Brasileirão de 2002 e na Sul-Americana de 2004, o Santos ainda despacharia o rival por três anos consecutivos na semifinal do Paulistão (2010 a 2012), quando sagrou-se tricampeão. Frutos diretos das gerações Diego-Robinho e Ganso-Neymar.


quinta-feira, setembro 25, 2014

Colaborando no topo e na rabeira da tabela

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Depois de duas derrotas fora de casa (para Coritiba e Corinthians) e mais um empate no Morumbi (contra o Flamengo), o São Paulo fica a nove pontos do Cruzeiro e praticamente dá adeus ao título do Brasileirão. Mas é interessante observar que, tanto nos adversários que brigam no topo da tabela quanto nos que lutam para evitar o rebaixamento, o clube do Morumbi "colabora" com vários de seus ex-atletas e dois ex-treinadores.

Na ponta da tabela:

Cruzeiro - Borges, Dagoberto, Julio Baptista

Internacional - Wellington

Corinthians - Danilo, Fábio Santos, Jadson

Grêmio - Fernandinho, Rhodolfo

Fluminense - Cícero, Jean

Atlético-MG - Diego Tardelli, Josué, Levir Culpi (técnico)

Na parte de baixo:

Bahia - Henrique

Vitória - Richarlyson, Roger Carvalho, Ney Franco (técnico)

Botafogo - Júnior César, Rodrigo Souto, Wallyson

Criciúma - Cléber Santanta, Cortez, Silvinho

Palmeiras - Lúcio

E ainda tem gente no Santos (Arouca, Thiago Ribeiro), Flamengo (Léo Moura) e Figueirense (Marco Antônio). Enfim, resumo de uma diretoria que compra (Cañete, Clemente Rodríguez, Luís Ricardo), troca (Arouca, Jadson, Rhodolfo), vende (Dagoberto, Cícero, Diego Tardelli) e manda embora atletas formados em suas categorias de base (Jean, Henrique, Wellington) sem muito critério. E que, depois, se vê obrigada a emprestar (Wallyson, Cortez) ou se livrar de (Roger Carvalho, Silvinho, Lúcio) apostas furadas.

segunda-feira, setembro 22, 2014

Luís Fabiano só ganhou de Paolo Guerrero no preço

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Apresentação de Luís Fabiano
Em março 2011, o São Paulo anunciou a (re)contratação do centroavante Luís Fabiano, então com 30 anos, do espanhol Sevilha, pela proibitiva soma de 7,6 milhões de euros, cerca de R$ 19,9 milhões. Já chegou contundido e só estrearia seis meses depois. Neste três anos e meio, jogou 134 vezes e marcou 75 gols, o que dá 0,55 gol por partida, em média. Conquistou um mísero título, o da Copa Sul-Americana de 2012, longe de ser protagonista (marcou apenas um gol). Sempre que o São Paulo chegou a um momento decisivo, Luís Fabiano sumiu em campo ou estava fora por suspensão ou contusão. Está fora da seleção brasileira desde 2012.


Apresentação de Paolo Guerrero
Em julho de 2012, o Corinthians contratou o centroavante peruano Paolo Guerrero, então com 28 anos, do alemão Hamburgo, pela oportuna soma de 3 milhões de euros, aproximadamente R$ 7,5 milhões. Chegou em forma e estreou dias depois de ser apresentado. Neste dois anos e três meses, jogou 99 vezes e marcou 35 gols, o que dá 0,35 gol por jogo, em média. Conquistou três títulos, sendo o grande protagonista do maior deles, o Mundial de Clubes de 2012, quando fez os gols das duas vitórias por 1 a 0. Venceu ainda o Paulistão de 2013 e a Recopa no mesmo ano, marcando gol na primeira partida decisiva. É titular da seleção peruana.


Guerrero decidiu o clássico de ontem
Como se vê, Luís Fabiano só ganhou de Paolo Guerrero no preço. Até nos clássicos entre São Paulo e Corinthians em que os dois se enfrentaram em campo, o retrospecto é melhor para o peruano. Em 2013 e 2014, os dois estiveram juntos no gramado em 7 das 9 partidas disputadas entre os rivais. Guerreiro venceu 4 desses clássicos, empatou 2 e perdeu 1. Fez 2 gols - e decisivos: abriu o placar nos 2 a 1 da 1ª partida final da Recopa, em 2013, e garantiu a vitória de ontem no Brasileirão. Luís Fabiano, portanto, perdeu 4 vezes jogando contra Guerrero, empatou 2 e venceu só 1. Também fez 2 gols, ambos em 2014: um na vitória por 3 x 2 no Paulistão e outro no 1 x 1 pelo Brasileiro.


Luís Fabiano perdeu pênalti em 2013
No geral, o desempenho dos dois centroavantes também é oposto nos Majestosos. De 2012 pra cá, Luís Fabiano disputou 8 clássicos contra o Corinthians, com 2 vitórias, 2 empates e 4 derrotas. Marcou 4 gols. No mesmo período, Guerrero jogou 9 partidas contra o São Paulo, vencendo 4 vezes, empatando 3 e perdendo 2 (fez 3 gols). Luís Fabiano não ganhou nenhuma partida decisiva contra o rival, tendo papel preponderante, aliás, na semifinal do Paulistão de 2013, quando o jogou terminou sem gols e, na cobrança de pênaltis, o camisa 9 foi um dos que desperdiçaram cobranças que eliminaram o São Paulo e garantiram o Corinthians na decisão (seria campeão contra o Santos).


Na hora de decidir, Guerrero, como dito, abriu o placar na primeira partida contra o São Paulo na final da Recopa, em julho de 2013. O Corinthians venceu as duas partidas e foi campeão. Eis o resumo de duas contratações. Uma, certeira. Outra... deixa pra lá.


TODOS OS CLÁSSICOS DE LUÍS FABIANO E GUERRERO

26/08/2012 - Corinthians 1 x 2 São Paulo (Brasileiro, 1º turno)
Luís Fabiano fez 2 gols e foi substituído por Casemiro.
Guerrero não jogou.

02/12/2012 - São Paulo 3 x 1 Corinthians (Brasileiro, 2º turno)
Luís Fabiano não jogou.
Guerrerro abriu o placar e foi substituído por Jorge Henrique.

31/03/2013 - São Paulo 1 x 2 Corinthians (Paulista, 1ª fase)
Luís Fabiano jogou os 90 minutos e não marcou.
Guerrero não marcou mas saiu para entrada de Pato, que fez o gol da vitória.

05/05/2013 - São Paulo 0 x 0 Corinthians (Paulista, semifinal)
Luís Fabiano jogou 90 minutos e perdeu cobrança na decisão por pênaltis.
Guerrero saiu para entrada de Pato, que converteu pênalti decisivo e eliminou rival.

03/07/2013 - São Paulo 1 x 2 Corinthians
(Recopa, 1º jogo decisivo)
Luís Fabiano jogou os 90 minutos e não marcou.
Guerrero jogou os 90 minutos e fez o 1º gol da vitória.

17/07/2013 - Corinthians 2 x 0 São Paulo (Recopa, 2º jogo decisivo)
Luís Fabiano jogou os 90 minutos e não marcou.
Guerrero não marcou e saiu para entrada de Pato.

28/07/2013 - Corinthians 0 x 0 São Paulo (Brasileiro, 1º turno)
Luís Fabiano não jogou.
Guerrero não marcou e saiu para entrada de Pato.

13/10/2013 - São Paulo 0 x 0 Corinthians (Brasileiro, 2º turno)
Luís Fabiano não jogou.
Guerrero não jogou.

09/03/2014 - Corinthians 2 x 3 São Paulo (Paulista, 1ª fase)
Luís Fabiano jogou os 90 minutos e fez o 2º gol sobre o rival.
Guerrero entrou no lugar de Renato Augusto e não marcou.

11/05/2014 - São Paulo 1 x 1 Corinthians (Brasileiro, 1º turno)
Luís Fabiano jogou os 90 minutos e fez o gol de empate.
Guerrero jogou os 90 minutos e não marcou.

21/09/2014 - Corinthians 3 x 2 São Paulo (Brasileiro, 2º turno)
Luís Fabiano jogou só o 1º tempo e não marcou.
Guerrero jogou os 90 minutos e fez o gol da vitória.



quarta-feira, agosto 27, 2014

Douglas vai, Leandro Damião pode ir, Ronaldinho Gaúcho não vem e Nilmar (dizem que) ainda pode vir

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Douglas no Barcelona: inacreditável
Das quatro notícias que agitam o futebol paulista, a mais surpreendente, sem dúvida, é a ida do lateral-direito Douglas para o Barcelona. Confesso: meu queixo não caiu, despencou. Se o São Paulo perdeu R$ 20 milhões que o Metalist, da Ucrânia, ofereceu pelo (esforçado) lateral-esquerdo Cortez em dezembro de 2012, hoje emprestado ao Criciúma, receber R$ 7,2 milhões pelo (esforçado) Douglas, correspondentes aos 40% do valor total de R$ 12 milhões a que o Tricolor tem direito, é pra comemorar com fogos, passeata e banda de música. Não sei quem foi que intermediou esse mirabolante negócio, nem o que os dirigentes do Barcelona andam bebendo ou usando, mas dirijo-lhes meus mais sinceros e comovidos agradecimentos. E obrigado também ao Douglas. Por ir embora.

Leandro Damião vale R$ 48 milhões?
Quanto ao Leandro Damião, desejado por Milan e Benfica, é a oportunidade para o Santos reaver o dinheiro de uma aposta que, até o momento, não vingou. Se a proposta de compra dos italianos de R$ 48 milhões for mesmo verdadeira e o alvinegro praiano aceitar, não só recuperará os incríveis R$ 42 milhões que gastou para ter o atacante como ainda sairá com um belo - e providencial - lucro. Ou seja, tudo o que a diretoria do Corinthians gostaria que acontecesse com Alexandre Pato. De minha parte, não sou dos que chegaram a considerar Damião um excelente centroavante nem dos que agora o destratam como perna de pau. Apenas fico perplexo, como no caso do Douglas, com a disposição dos europeus de investirem grana alta em atletas que não são destaque (nem longe disso, aliás) aqui no Brasil. Enfim...

Ronaldinho no Palmeiras (só que não)
E o fiasco do Ronaldinho Gaúcho no Palmeiras, hein? Se a versão de que o acordo selado melou no último momento porque a diretoria alviverde não acertou "prêmio por título" neste ano, então o tal presidente Paulo Nobre é mesmo completamente maluco. Título? Neste ano? Olha, se isso realmente tivesse chance de acontecer, com o time se matando para escapar do rebaixamento no Brasileirão (e, por isso mesmo, poupando jogadores na Copa do Brasil), então a diretoria tinha mais é que pagar o prêmio que fosse! Afinal, título nessas competições levaria o clube à Libertadores, o que renderia um dinheiro em 2015 muito maior para o clube que qualquer prêmio para jogador. Depois dos R$ 5 mil negados ao salário de Alan Kardec, que também melou negócio e provocou sua ida para o São Paulo, essa do Ronaldinho foi ainda mais inacreditável.

Nilmar na seleção: faz (muito) tempo
Por fim, o Corinthians tenta repatriar o atacante Nilmar. Bom jogador, com passagem excelente pelo próprio clube do Parque São Jorge. Mas quer R$ 800 mil de salário, sendo que o alvinegro paulistano oferece apenas metade. Complicado. Com o desfalque de Guerrero, que vai servir a seleção peruana, o técnico Mano Menezes aperta a diretoria por alternativas. O mercado de centroavantes no futebol brasileiro, aliás, não tem ajudado os clubes. Luís Fabiano vive machucado (ou suspenso), Damião não corresponde no Santos, Fred foi o "vilão" da Copa e está sendo contestado no Fluminense. E ninguém garante que Nilmar, aos 30 anos e isolado no futebol árabe há dois, justificaria investimento tão alto pelo Corinthians. Se bem que, hoje, é o único dos "grandes" paulistas que tem patrocínio master. Enfim...


domingo, julho 20, 2014

De volta ao mundo real, até que tem futebol no Brasileirão

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Guerrero guardou o dele, o que é um bom começo
De volta ao mundo real, onde os jogos de futebol não são entre seleções nem reúnem os melhores jogadores do mundo, assisti logo uns quatro  do Brasileirão nessa semana. Tratamento de choque, arrancar o band-aid, sabe como é.

O surpreendente é que o que vi não me deixou tão assustado assim. Teve momentos horrorosos, sem dúvida, mas também uns minutos de futebol bem jogado.

Para meu alívio, alguns desses minutos foram protagonizados pelo meu Corinthians, na vitória contra o Internacional - a primeira na casa nova, alvíssaras. Adversário de nível, o que valoriza os dois gols construídos com pressão na saída de bola, toque de bola rápido e jogadas inspiradas, como o belo passe de Jadson para o gol de Guerrero - pois é, o centroavante marcou. Elias jogou bem, a defesa foi consistente, Cássio fez uma defesa milagrosa, tudo certo.

Isso foi tudo antes dos 20 minutos de jogo, partida praticamente resolvida, coisa e tal. Aí começa o pepino, e um velho conhecido dos alvinegros: o time recua para atrair o adversário e buscar o contra-ataque. Nada contra a opção num jogo com vantagem de dois gols. Holanda, Argélia, Costa Rica e Argentina estão aí pra mostrar que um bom contra-golpe é uma arma poderosa. Mas o problema é que o dito cujo não sai. A defesa até que vai bem, mas quando retoma a bola, a coisa trava.

Não sei se é uma questão de posicionamento, time recuado demais e sem opções para o passe rápido, ou de técnica, o cara que pega a bola não sabe o que fazer com ela. Mas o fato é que os meias erram os passes, os atacantes não se mexem ou ficam isolados, e só acertamos de fato uma chance nessa modalidade, quando Luciano errou a cabeçada que poderia abrir a porteira do Inter. Em vez disso, ficamos acuados lá atrás até que o Colorado fazer seu gol. Emoção demais pro meu gosto.

Outro time que jogou bem na partida que vi foi o São Paulo. Futebol bacana de ver, com muita troca de passes, movimentação, busca do ataque, defesa pensada com a ocupação de espaços. Pergunta: alguma dessas características lembra algum time já montado por Muricy Ramalho? Pois é, parece que a Copa fez bem ao inventor do famigerado muricybol.

A opção fez bem a Ganso, que parece mais aceso e adaptado a esse estilo de jogo. Falta ainda um pouco mais de participação na fase defensiva, mas o meia está bem. Outro que fez bom começo é Allan Kardec, que estreou marcando o segundo gol, resultado de uma bonita trama entre Ganso e o bom volante Souza.

No segundo tempo, o time tirou o pé do acelerador e chegou a passar uma certa raiva, mesmo com o Bahia  fazendo uma apresentação tenebrosa. Como acabou perdendo em casa na partida seguinte para a Chapecoense, diminuiu minha preocupação inicial.

O Bahia também esteve em outra partida que vi parcialmente, contra o Atlético MG, no Independência. E curiosamente, foi o visitante que fez o melhor jogo no primeiro tempo. Baixou um pouco a ansiedade e conseguiu tocar minimamente a bola, o que não fez contra o São Paulo. O time nordestino ainda busca uma melhor formação, mas pelos dois jogos palpito que William Barbio merece começar jogando e que Rainer não pode pegar a bola no meio de campo sob pena de perdê-la no quarto drible que o rapaz exige antes de passar a redonda.

Já o Atlético foi decepcionante, pelo menos na primeira etapa, com passes errados a granel. Claro que não tinha vários de seus principais jogadores, entre eles Ronaldinho Gaúcho, fora do time por opção de Levir Culpi. Segundo o técnico, os números do ex-craque não têm demonstrado efetividade e Guilherme está melhor. Por mais que o argumento não seja muito do gosto do torcedor brasileiro, fico me perguntando se os atleticanos sentem tanta falta do Gaúcho quanto alguns profestas do passado que depois da eliminação da seleção passaram a pedir o ex-melhor do mundo no elenco de Felipão.

De todo jeito, os mineiros melhoraram no segundo tempo com a entrada de Luan, autor do gol de empate. E Levir, sejá lá o que diga sua planilha, tem uma boa dose de trabalho a fazer.

O jogo mais fraco da minha pequena lista foi Grêmio e Goiás. Lento, pouco criativo e com poucas chances de gol, valeu o 0 a 0. Exatamente como eu imaginava que todos seriam, no que me descobri agradavelmente equivocado.

sexta-feira, março 28, 2014

JUSTO

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quinta-feira, fevereiro 06, 2014

De Pato pra Ganso...

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Pato no Inter: não é mais o mesmo
...e só falta o São Paulo contratar o português Tozé Marreco para completar a granja. Falar o que? Alexandre Pato foi a grande decepção, senão a maior da história, do Corinthians. Agora ele é problema do São Paulo, que se livrou do Jadson (a informação de que o meia foi o maior destaque no treino de ontem, data do anúncio da transação, comprova que seu afastamento por "falta de preparo físico" era só conversa mole para não desvalorizar - ainda mais - o jogador, como ocorreu com Lúcio). Talvez o ex-sãopaulino se dê bem no Parque São Jorge. Depois que o Arouca, que fez um bom Brasileirão de 2009, foi "dado" para o Santos, onde virou craque, tudo é possível. Se até o referido (e escorraçado) Lúcio tá mandando bem no tal "Palmeiras 100%"...

Enfim, palpites e futurologias são dispensáveis por ora. Mas vou fazer, aqui, um paralelo polêmico. Para mim, Pato é uma decepção para os corintianos tanto quanto Ganso é para os sãopaulinos. Acontece que a pressão no clube alvinegro foi muito maior, pois logo antes da chegada da jovem estrela paranaense, entre 2011 e 2012, o time ganhou "tudo" (brasileiro, Libertadores e Mundial) e esperava-se que repetisse a dose em 2013 (só que não). Além do mais, Pato é atacante, e a expectativa era a de que chegasse para ser artilheiro absoluto (só que não). Já Ganso caiu num time que não ganhava nada desde 2008, beliscou uma Copa Sul-Americana logo na chegada e, por ser meia, não há cobrança por ter feito míseros cinco gols até hoje.

Ganso no Santos: não é mais o mesmo
Eu afirmo com toda convicção: a produção em campo do ex-santista, pelo status que tem, pelo o que custou e pelo que se espera dele, foi tão pífia quanto a de Pato. Ganso também não jogou NADA na Libertadores de 2013, nem no Brasileirão (quando o time quase caiu para a Série B e quem "salvou", na hora do aperto, foram os "esforçados" ou "anti-craques" Rodrigo Caio, Antonio Carlos e Aloísio). Idem no Paulistão do ano passado, quando o badalado meia assistiu, apático e sumido, o São Paulo ser eliminado justamente pelo Corinthians, nos pênaltis - com a cobrança decisiva sendo feita exatamente por Pato. Quantas boas partidas fez Ganso pelo Tricolor? Meia dúzia? Uma dúzia, se tanto? Jogo "nota 10", contra time forte, nenhum.

Em resumo, o São Paulo juntará duas decepções para tentar extrair leite de pedra. Interessante é que, há três ou quatro anos, TODO MUNDO escalaria os dois como titulares absolutos da seleção brasileira. Contusões em série, em ambos os casos, minaram o futebol deles de forma impressionante e praticamente sepultaram a chance de que sequer consigam uma vaga entre os reservas na Copa deste ano. Outra coincidência: Pato nasceu em 2 de setembro de 1989 e Ganso, em 12 de outubro daquele ano, ou seja, apenas 40 dias de diferença. Ambos têm, portanto, 24 anos, juventude que permite supor que ainda podem se recuperar no futebol. Vamos ver se a bola, tocada de Pato pra Ganso e vice-versa, vai dar canja. Mas não se pode contar com o ovo...