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Foi emocionante, ora o Flamengo era campeão, ora o Internacional. Mas a vitória – mais do que esperada – do rubro-negro (sem o Grêmio entregar, apesar do time reserva que jogou com mais vontade do que jogaria o titular), traz algumas novidades para um futebol brasileiro que vinha se acostumando a uma certa mesmice nesse era de pontos corridos. Não só quebra a hegemonia DO São Paulo no campeonato, como também a DE São Paulo. Isso porque desde 2004 o título sempre ficava nas mãos de um paulista, o que não aconteceu agora.
Além disso, desta feita ocorreu algo inédito desde 1992. É a primeira vez que um time paulista não fica entre os dois primeiros. A última oportunidade em que isso tinha ocorrido foi justamente na final entre Flamengo e Botafogo, há 17 anos.
Isso significa o fim da tal hegemonia paulista? Não, até porque no Brasileirão de 2010 teremos um time sem tradição como o Barueri, e outro paulista, por enquanto o Guarani (pode ser que seja a Portuguesa conforme a Justiça Desportiva), na dita elite do futebol. Uma sobre-representação que faz mal ao futebol, mas também deixa evidente o tamanho das desigualdades regionais que parecem mais pétreas no mundo da bola do que no resto da sociedade. Isso por conta, em grande parte, da distribuição grotesca de direitos televisivos que pune os pequenos, médios e até mesmo alguns grandes.
Já que o modelo de pontos corridos foi feito para se adequar ao estilo europeu, justo seria que a distribuição de recursos vindos dos direitos de televisão também o seguisse, certo? Errado, por conta do monopólio de uma rede de TV e de alguns clubes que não querem abrir mão de seus privilégios.
Assim, em um campeonato de pontos corridos, os pequenos vão sendo mais afetados, sujeitos a malas brancas e de outras cores e não tendo chances de competir nem sequer perto de qualquer igualdade com os grandes. Claro que no futebol sempre haverá quem tenha mais valor de marca e quem tenha menos, e isso se reflete no valor dos patrocínios individuais e mesmo na negociação de jogadores para fora, mas já que os pontos corridos são um modelo europeu, olhem para a Europa no quesito direitos de transmissão e vejam como é lá. Ou vamos continuar com nossa fórmula jabuticaba e conviver com a força da grana sendo preponderante. E torcer para que a incompetência de quem tem mais recursos equilibre o campeonato, como ocorreu em 2009.
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Outro ponto interessante desse Brasileirão foi uma revisão no que diz respeito à importância dos treinadores para levar uma equipe à glória. Andrade, além do que já falou o Olavo
aqui, é humilde, um interino que deu certo, que soube motivar o grupo. Aliás, semelhante em trajetória ao Carlinhos, treinador campeão brasileiro de 1992, como bem lembrou o Moriti outro dia.
Muricy Ramalho, comandante badalado – de forma justa, diga-se – sentiu como é ter um elenco com poucas opções de suplentes, como é o Palmeiras. Conseguiu abrir cinco pontos de vantagem mas, quando se viu às voltas com as contusões de Cleiton Xavier, Pierre, Maurício, e as convocações de Diego Souza, sentiu como é lidar com um elenco mal montado (pelo seu antecessor). A não-classificação para a Libertadores coroou o processo.
Já Ricardo Gomes, com aquele que talvez seja o melhor elenco em número de opções do campeonato, até pareceu que ia vingar, mas não segurou a instabilidade emocional de um grupo que corria, brigava... Mas brigava demais. Acabou na mão e não soube lidar com a pressão na hora H. Pode ser que melhore no ano que vem, mas os planos B da diretoria tricolor já devem estar sendo traçados.
E o “gênio” Luxemburgo? Esse demorou meses para achar a formação ideal do Santos, que se assemelhava muito à de Mancini no primeiro semestre. Pastou, ficou chorando pelos cantos,
ressentido com a demissão do Palmeiras, e acabou no olho da rua mais uma vez com a mais que bendita
eleição da nova diretoria do Santos. Sombra do bom técnico que já foi, simulacro do gênio que nunca será.