Destaques

sábado, janeiro 24, 2009

Inovação tecnológica na Câmara

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Depois dizem que bêbado perde a inibição. Esta foto prova o contrário. 

Quando saí, sóbrio, com o camarada Gustavo Ruiz com a nossa unidade móvel de captação sonora – especialmente desenhada para a nossa missão de registrar os ambientes sonoros da Câmara dos Deputados (tudo isso por causa de um filme...) –, não entendi a cara de espanto da fauna local diante de nossa presença. Só fui me dar conta do singular dispositivo tecnológico que desenvolvemos mais tarde, quando já tinha bebido umas e revi a foto, com os olhos educados pelo álcool. 


Estando lá onde a onça bebe água, pensei que o Programa Manguaça Cidadão também deveria contemplar um programa de saúde mental. É notório o benefício do álcool neste quesito, salvo em casos de perda de controle, mas isso é residual (e pode ser tratado com educação manguaça) diante do uso massivo que socialmente se faz da cana para esfriar a cabeça. Quantos não bebem para relaxar, para superar o estresse, para aguentar a mulher, para aguentar o marido, para aguentar o/a patrão/oa?  No meu caso, trouxe-me lucidez e autoconsciência. 

Se encontrasse algum deputado, faria um esforço de lobby. Mas parece que eles respeitam à risca o recesso parlamentar. E o Manguaça Cidadão terá que esperar um pouco mais pra virar projeto de lei. 

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Corinthians joga mal e empata na estréia

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O Corinthians estreou nesta quinta no Campeonato Paulista com um empate suado contra o Grêmio Barueri, em 2 a 2 no Pacaembu. Empate dentro de casa é, por definição, mau resultado, mas nas circunstâncias não vou reclamar muito.

O Timão começou até bem, tomando a iniciativa e tentando o ataque, mas muitos erros de passe (21% de passes errados segundo a Folha de S. Paulo) e de finalização (5 no gol de 20 chutes, segundo o mesmo jornal) deixaram as coisas meio capengas. O Barueri veio para jogar no contra-ataque, e conseguiu: aos 23 min. do primeiro tempo, bolas nas costas de André Santos e Pedrão – impedido – abriu o placar.

O Corinthians acusou o golpe e se desestruturou. Os erros se multiplicaram e a partida parecia cada vez mais perdida. Para piorar, aos 20 min. do segundo tempo, o árbitro marcou pênalti de Chicão em Leanderson, numa disputa de bola aérea. Eu achei duvidoso, mas o Ricardo do Retrospecto não tem dúvida: foi inventado.

Mano Menezes trocou Túlio por Eduardo Ramos e Douglas por Wellington Saci, em duas alterações que demonstram que as opções do elenco podem ter aumentado, mas continuam limitadas. Aos 39 min., o zagueiro William trombou uma bola na área e o árbitro marcou pênalti – também duvidoso – que Chicão cobrou e diminuiu. O gol deu esperanças ao Timão, que passou a pressionar.

O técnico então trocou Elias por Otacílio Neto. Nesse momento, o time tinha Jorge Henrique, Souza e Otacílio no ataque, Saci e Eduardo Ramos nas meias, além das chegadas de André Santos e – em menor grau – Alessandro. Em resumo, um time bem ofensivo, mas os ataques eram desorganizados. Num destes, aos 43 min., Otacílio Neto limpou uma jogada pela esquerda e cruzou na cabeça de Jorge Henrique, que empatou. O time ainda quase virou, em cabeçada de Souza de dentro da pequena área defendida pelo goleiro René. Mas ficou por isso mesmo.

No geral, estréia é estréia, coisa e tal, ainda tem muita água para rolar. É chato que o time, que cantou que aproveitaria a vantagem de ter iniciado antes a preparação para disparar no começo, tenha jogado mal. Também não anima o sinal de que o time possa depender demais de Douglas – cuja questionável performance foi justificada por estar fora de forma - para ter boas apresentações.

De resto, para quem quiser ver algo de positivo nesse jogo medíocre, um bom banho de realidade para a Fiel e para o próprio time, que talvez andavasse um pouco animado demais com a onda de notícias positivas do final do ano para cá.

O bom do bar é que a gente aprende

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Quatro e vinte da madrugada. Buteco sujo. Dois amigos, 15 cascos vazios de cerveja e três maços de Derby vermelho amassados.

- Ô, Mortadela, pede a saideira.

- Garçom! Garçom! Pô, foi embora...

- Mas ele falou alguma coisa antes.

- É, mas eu não entendi necas de pitibiribas.

- Necas de pitibiribas?!?? Que treco é esse?!?

- Cê nunca ouviu, Trubija? Cara, essa todo mundo conhece!

- Ah, só se for você, que é tiozão. Eu nunca ouvi isso.

- Pois existe, sim: necas de pitibiribas!

- E o que significa esse negócio?

- Sabe, uma vez eu tive curiosidade de saber. Daí descobri que a expressão surgiu lá em Pirituba, distrito de São Paulo. Antigamente, parece que tinha uma pequena vila no local chamada Pitibiriba. E lá morava uma velha meio caduca que tinha o apelido de Neca. Quando alguém tentava explicar alguma coisa, ela nunca entendia nada. A partir de então, toda vez que alguém se confunde, fala que não tá entendendo Neca de Pitibiriba. Sacou?

- Sinceramente, não entendi chongas...

- O que?!? Chongas?!?!?? Queísso???

- Ah, deixa pra lá! Garçom, apressa a saideira e a conta, pelo amor de Deus!

Mais um texto técnico

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Rodrigo Ponce Santos*


Nunca assisti ao treinamento de um time de futebol profissional. Ou melhor, até que assisti alguns treinos do Londrina na infância. Mas tinha lá meus 12 anos e aparecia no Estádio do Café muito mais pela graça de matar aula do que por qualquer interesse no treinamento em si. Além do mais, não entendia patavinas sobre esquema de jogo. Pra mim era nós contra eles. Acabou.

Ando pensando bastante nesta carência da minha formação, especialmente quando tento montar um time na cabeça. Você pode dizer que isto é problema do técnico de futebol, como meu computador é problema do técnico em computação e minha bicicleta é problema do bicicleteiro. Mas é sempre bom entender e conhecer um pouco melhor essas coisas todas com as quais a gente tem uma ligação tão íntima e diária, ainda que no caso do futebol o conhecimento signifique pouco poder efetivo. Sendo menos do que um cronista esportivo de relativa audiência, o máximo que a gente vai conseguir é assunto pro boteco. Mas já está valendo.

Acompanhando um programa esportivo algumas semanas atrás, ouvi que o Geninho (à direita, em foto de Giuliano Gomes) pretendia montar um time no 4-4-2. Ainda estava no ar a novela sobre a transferência do Netinho para Grécia. Ora, caso o negócio fosse concretizado estaríamos com os cofres cheios e com um buraco na ala esquerda. Mesmo com a permanência do guri, nossa fragilidade canhota é evidente num esquema de dois zagueiros e dois laterais. Neste esquema, o Netinho voltaria a jogar no meio (o que seria uma boa), mas a lateral ficaria entre Márcio Azevedo e Alex Sandro. O primeiro chegou a disputar boas partidas ano passado, mas caiu de rendimento vertiginosamente e sem explicações. O segundo é ainda uma promessa das divisões de base. Isto significa que sair do 3-5-2 agora seria fazer uma aposta na recuperação de um atleta ou na revelação de outro.

Felizmente ficou mais claro depois que o técnico estava falando em treinar algumas possibilidades, não em mudar o esquema de jogo. Tudo bem que o Paranaense é o campeonato de menos expressão a ser disputado neste ano, mas não se trata de desconsiderar a briga e tomar o certame como pré-temporada, de jeito nenhum! O Paranaense é pra ganhar. O Geninho sabe disso, a diretoria sabe, a torcida, os jogadores, todo mundo sabe que tem que entrar rasgando. Mesmo que a primeira fase classifique 8 de 15 times, o campeonato começa dia 25 e o único amistoso foi contra o Batel de Guarapuava. Agora é valendo ponto.

Mas já que falamos em promessa, não dá pra deixar de lado o fio de esperança que a Copa São Paulo trouxe para a torcida rubro-negra. Aliás, um fio não, trouxe logo um novelo ou já uma trama muito bem costurada. Porque o time-base do Furacão está muito bem organizado, além de ter jogadores que se destacam individualmente. E o assunto da Copinha cabe aqui muito bem, porque esse time também está no 3-5-2. Se o Manoel jogar durante o ano o que ele fez contra o Cruzeiro, quem sabe a gente possa ver o Chico ao lado do Valência. Ali pelo meio ainda tem o Willian, que parece ser um guri bom: quieto, com personalidade, toque de bola e muito raçudo. Pela direita tem o Raul, que é um baita jogador e deve ser uma sombra atrás do Nei e do Alberto, um se recuperando de lesão e outro que infelizmente foi habitué do Departamento Médico no ano passado. Lá na frente, Patrick e Eduardo Salles são bons centroavantes, mas a briga já está quente...

Posso queimar a língua, mas acho que o Lima vai ser opção de segundo tempo e que a briga pela vaga ao lado do He-Man fica entre Júlio César e Preá. No meio, Geninho está apostando suas fichas no Julio dos Santos, o que cria outra “briga” entre Ferreira e Marcinho. Puta merda... essa é boa! Deixar um no banco com certeza vai ser uma pressão violenta para quem entrar jogar tudo o que sabe e o que não sabe. Mas outra opção pode ser o Ferreira no meio e o Marcinho no ataque, como ele mesmo disse que gosta de jogar.

Enfim, me perdoem o absurdo da comparação, mas acho que montar um time deve ser mais ou menos como escrever. Primeiro você tem alguma formação e experiência nisso. Entende alguma coisa técnica, manja umas jogadas, estuda umas regras. Depois tem algumas idéias e vai ensaiando na sua cabeça aquilo que quer fazer dentro das quatro linhas. Então começa. Coloca uma peça aqui, outra ali. Elas se movimentam. Algumas do jeito que você esperava, outras não. Então você apaga, substitui, joga de novo. Nada estava pronto antes de começar a partida e no final você tem um resultado impossível de ser alterado. Definitivo. Para o bem ou para o mal. Uma diferença óbvia e com vantagens para quem escreve é que seu resultado pode continuar sendo debatido com argumentos contra ou a favor de suas escolhas. O técnico não. Seu resultado aparece em um placar. O escritor lida com palavras. O técnico de futebol, apesar de toda a magia do jogo, com a frieza dos números.

*Rodrigo Ponce Santos é torcedor do Atlético-PR, escreve sobre o futebol do Paraná para o Futepoca e é autor do blogue Pretexto.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

O melhor vírus do ano: suposta contaminação de Ronaldo Fenômeno

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Estamos no dia 22 de janeiro, mas o vírus que chegou na minha caixa de entrada é forte concorrente a melhor do ano. O Big Brother Brasil não empolgou ainda os produtores de mensagens falsas, vírus e cavalos de tróia, o caso Eloá é mórbida reciclagem de abuso de solidariedade alheia e a posse de Barack Obama não convenceu ninguém.

Eis que chega agora a mensagem de assunto: Ronaldo o fenômeno pode estar com o virus HIV, assinado por “G1 Noticias” (inforg1(arroba)g1.com).



Diz a mensagem (é Ctrl+C-Ctrl+V sem os links):

Ronaldinho foi liberado nessa manha do hospital , não divulgado após testes de HIV ( aids ).

Jogador esta muito abalado após ,saber essa tragica noticia .

Treinador do Corinthians Mano Menzes acredita ,que isso possa atrapalhar o seu treino como jogador.

Para saber mais sobre essa , reportagem sobre Ronaldo o Fenómeno esta com HIV ou Nâo Clique aqui para ver video completo .
Nem é preciso desmentirem a tosqueira. Evidentemente é vírus ou coisa que o valha. Agora, se os produtores dessas bobagens chamassem alguém para revisar o texto, seria melhor.

O goleiro que virou sambista e exaltou a cerveja

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Todo início de ano me lembro do saudoso sambista carioca Roberto Ribeiro (à direita). Mas por um motivo triste: ele morreu atropelado no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, há 13 anos - e justamente na data do meu aniversário, 8 de janeiro. O cantor tinha apenas 55 anos e estava praticamente cego. Havia perdido uma vista por contaminação de fungo causada pelo mau uso de lentes de contato e a outra terminou comprometida pela diabetes. Consta que o motorista que o atropelou fugiu sem prestar socorro.

Mas o que descobri recentemente é que Roberto, nascido Dermeval Miranda Maciel em Campos dos Goytacazes, no interior do Rio, em 1940, começou sua carreira profissional como jogador de futebol. Especificamente como goleiro do Goytacaz Futebol Clube, de sua cidade natal, na década de 1960. Seu apelido como jogador era Pneu. E foi por causa do futebol que ele se mudou para a capital carioca, em 1965, para tentar a sorte num clube grande. Chegou a treinar no Fluminense, mas o samba mudou definitivamente o seu destino.

Com voz marcante, passou a se apresentar no programa "A Hora do Trabalhador", da Rádio Mauá, chamando a atenção da compositora Liette de Souza (que viria a ser sua esposa), irmã do compositor Jorge Lucas. Logo depois, foi convidado a ser o puxador do samba-enredo da escola Império Serrano, em 1971. Na sequência, gravou um LP com Elizete Cardoso, em 1972, e outro com Simone, registro de um show na Bélgica, em 1973 (reprodução à direita). Quando estreou em disco solo, em 1975, emplacou de cara os sucessos "Estrela de Madureira", "Só pra chatear" e "Proposta amorosa".

Dos discos seguintes, na década de 1970, sairiam os sucessos "Acreditar", "Liberdade", "Isso não são horas", "Resto de esperança", "Amei demais", "Propagas", "Triste desventura" e, principalmente, "Todo menino é um rei" e "Vazio" (que começa com os versos "Está faltando uma coisa em mim/ E é você, amor/ Tenho certeza sim..."). A produção fonográfica seguiu pela década seguinte, com hits como "Algemas" e "Amar como eu te amei", mas seu espaço no mercado foi diminuindo e, em 1987, saiu da EMI-Odeon, onde havia gravado 14 discos em 15 anos, para produzir seu último álbum, "Roberto Ribeiro", pela BMG, em 1988.

Infelizmente, quando o grande público começava a redescobrir sua obra, com o lançamento da coletânea "O talento de Roberto Ribeiro", pela EMI, em 1995, veio o acidente fatal. Em 2006, sua viúva, Liette, lançou a biografia "Dez anos de saudade", pela Potiguar Editora (reprodução acima, à esquerda). Já no ano seguinte, foi lançado em DVD o programa Ensaio gravado por Roberto Ribeiro em 1990 (reprodução à direita). Para quem não conhece sua obra, uma boa pedida é a coletânea de dois CDs reunidos em um só, "Meus momentos", da EMI, de 2002. E especialmente para os cervejeiros que fazem e leem o Futepoca, segue abaixo uma de suas composições:

DIVINA INVENÇÃO
(Serafim Adriano/ Liette de Souza/ Roberto Ribeiro)

Ela mexe com a minha cabeça
Ela faz o meu corpo girar
Como um cisco nos braços do vento
Ela me deixa no ar
Ela me deixa no ar

Ó, divina!

Divina invenção dos deuses
Que se espalhou por toda parte
O combustível da ilusão
Que hoje vou mostrar com samba e arte
É temperada pela flor
Que enriquece o dia-a-dia
Está no barraco, no palácio e no salão
Acompanhando a tristeza e a alegria

Chegou ao Rio
Casou com o samba e com esse clima tropical (tropical)
Surgiu o chope, a cervejinha e a crioula
Desse enlace matrimonial (ô, chegou ao Rio!)

Bebe o negro, bebe o branco
Empregado e patrão
A cerveja geladinha
No inverno e no verão
No inverno e no verão

Na sexta-feira quero horário e vou partir
E vou me vestir de ilusão
Passear nos braços da alegria
Mil litros de fantasia pra esquecer a irritação
Mergulhar no néctar dos deuses
E esbanjar descontração (lalaiá)
Afogar num mar de espuma
Da crioula e da loirinha
Do sabor e da magia
Esquecer o agora e sonhar com o amanhã
E despertar no novo dia

(Do LP "Corrente de Aço", EMI-Odeon, 1985)

Governo de São Paulo não quer blogues no projeto de inclusão digital Conexão Cultura

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DIEGO SARTORATO*

A Fundação Padre Anchieta divulgou os resultados de uma pesquisa que realizou em 27 lan houses da capital, com 349 pessoas, sobre a forma como pessoas das classes A, B, C e D usam a internet naqueles comércios. As entrevistas não foram à toa: o governo do Estado vai criar o projeto Conexão Cultura (que não é subordinado à TV pública mantida pela mesma fundação), com o objetivo de planejar uma barra de ferramentas que passará a ser instalada nos computadores de lan houses e cyber cafés da capital que entrarem (voluntariamente, esperamos) no projeto. A ideia é fornecer conteúdo informativo e educativo gratuito aos internautas - desde que os grandes poderios econômicos e os setores tradicionais da comunicação não fiquem de fora, claro.

Um detalhe curioso é que os blogues devem ficar de fora. "Sinceramente, não pensamos nisso. Não sei. Mas não acho que seja o nosso perfil. Até porque é um pessoal que está muito bem divulgado em outras mídias e provavelmente não terá interesse em nós", afirmou o coordenador do projeto, Luiz Henrique Barreto do Amaral, do setor de marketing (!) da Fundação Padre Anchieta. Ele resume a proposta do Conexão Cultura: "Vai ser uma barra lateral que vai estar no computador, e que terá links direcionados a páginas dos parceiros do projeto, em que haverá notícias, cursos online, material educativo". Os parceiros, que também devem participar do projeto com patrocínio financeiro, são os de sempre. "Por enquanto, fechamos com o Itaú Cultural e com o SESC-SP", adianta Amaral.

Poderio econômico preponderante
A imprensinha também não deve ficar de mãos abanando. "Se a Globo ou o UOL quiserem participar, não há impedimento. Não existe o braço educativo da Globo, o Futura?", pergunta. "Corremos o risco que grupos de maior poderio econômico sejam preponderantes. Mas existe uma parcela muito grande do empresariado que, de certa forma, assumiu um papel que deveria ser do Estado de promover a inclusão digital", admite. Só que ainda não se sabe como fazer com que os internautas acessem os links do projeto. "Então haverá um quiz, para ter certeza de que a pessoa leu mesmo", comenta Amaral. Isso para ter certeza que a pessoa leu mesmo o UOL (parceria de Folha de S.Paulo e Editora Abril), o G1 (Globo), o site do banco Itaú...

Interessante foi o comentário postado na matéria sobre a pesquisa postada pelo UOL: "Olá, sou diretor de uma entidade que representa as lan houses no Brasil, a ABCID. Em relação à classe D na pesquisa, há uma controvérsia, pois hoje em dia a maior parte do público é da classe C e D", observou Rafael Maurício, da Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital. Para quem quiser analisar com mais detalhes, tivemos acesso ao resultado completo da pesquisa, que está disponibilizado aqui. Negritos e números de tamanho aumentado são da própria equipe da Cultura Data. Qualquer semelhança com um levantamento mercadológico só pode ser mera coincidência. Ou estaríamos presenciando o nascimento do spam oficial?


*Diego Sartorato é jornalista, corintiano, comunista, pró-blogues, apreciador de 'vodka' Zvonka e colaborador bissexto do Futepoca.

Empatezinho que não diz nada

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Assim como no jogo-treino de domingo contra o São Bernardo, o São Paulo não passou do empate em 1 a 1 com o Ituano, em casa, na estreia do Paulistão. Hugo, sempre ele, abriu o placar. Mas Miranda falhou feio e igualou para o adversário. O time que entrou em campo foi a base campeã do Brasileiro de 2008, com exceção do novo zagueiro Renato Silva, substituto do indefinido Rodrigo, que ninguém sabe se volta. No decorrer da partida, ainda entraram o lateral-direito Wagner Diniz e o volante Arouca (foto acima, de Miguel Schincariol/SPFC). Renato teve atuação segura, os outros ainda pareceram tímidos. A surpresa foi a atuação do trio Dagoberto, Borges e Hugo nos 15 primeiros minutos de jogo, bem entrosados, com toques rápidos e finalizações incisivas. Mas parou por aí.

No final, uma atuação sem graça que não diz nada sobre como o São Paulo vai atuar este ano. O empate irritou o técnico Muricy Ramalho, que confirmou o sistema de "rodízio" a partir da próxima partida, contra a Portuguesa, no Canindé. "Teremos que parar um ou outro jogador para ele ficar treinando. Se o atleta continuar jogando, não ficará em forma e não terá como ser escalado mais para frente. Por isso, se fizermos quatro ou cinco mudanças na equipe será algo normal", adiantou o treinador. Com isso, os outros três reforços devem estrear: o atacante Washington, o volante Eduardo Costa e o lateral-esquerdo Júnior César. O volante/lateral-direito Zé Luís também pode voltar ao time. Parece que o São Paulo vai utilizar o Campeonato Paulista, mesmo, como fase de testes e preparação para a Libertadores. O clube não vence o estadual desde 2005. Este ano, disputa a sexta Libertadores seguida.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Em Ribeirão, Palmeiras 1 a 0 no Santo André. Estréia com vitória é melhor

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O campeão paulista foi a Ribeirão Preto enfrentar o Santo André. Venceu com o um gol do novo camisa 10 Cleiton Xavier. Todo mundo sabe que 1 a 0 pode ser goleada. Mesmo contra o Ramalhão de Marcelinho Carioca.



Longe de uma grande atuação, o time fez melhor do que nos jogos-treino contra o Rio Claro e União São João de Araras, quando perdeu por 3 a 0 e 1 a 0. Tudo bem que a segunda etapa de cada uma das partidas que nada valiam foi com os reservas, mas os titulares tampouco marcaram na pré-temporada.

Diferente das partidas treino, o time teve um homem de frente e Diego Souza improvisado. Na real, o time estava mais para um 3-6-1, mas a gente acredita que eram dois atacantes. Com Lenny (o que não faz gols mas deu o passe para um) e estreias de Willians, Maurício Ramos, Danilo e do autor do gol – recém chegado do Figueirense –, o resultado foi apertado, com dois chutes na trave do goleiro Bruno e uma bola tirada debaixo da trave aos 8 do primeiro tempo. Na próxima partida, contra o Mogi Mirim, novamente em Ribeirão por não poder mandar suas partidas no Palestra Itália, Keirrison estará diponível.

Ainda preciso escrever sobre a candidatura de Luiz Gonzaga Belluzzo à presidência do Palmeiras, o cheque do Cipullo, o patrocínio da Samsung, as contratações que não vieram (as que vieram também) e ao procedimento inusual de parte da imprensa de prestar mais atenção na distância entre o que diz o treinador Vanderlei Luxemburgo e o que parece acontecer. Enfim, tem assunto não-comentado de sobra.

Ainda bem que o campeonato começou. Melhor estrear ganhando que empatando.

Ah, o Paulistão...

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E nesse exato momento, às 16h30, começou o Paulistão. Sempre quese iniciam os estaduais, volta a discussão a respeito da sua importância, quase que progressivamente reduzida desde sua origem até a “nacionalização” do ludopédio nas bandas de cá. Até mesmo o velho argumento dos defensores dos estaduais, que o torneio é bom porque permite que se veja times de tradição do interior, caiu por terra com o advento de clubes de empresários e outros bancados por prefeituras, que pouco ou nada dizem – e nem dirão – em termos de torcida e história.

Além do reduzido significado, com o andamento da Libertadores e da Copa do Brasil, provavelmente assistiremos a jogos em que os grandes lançarão mão de seus reservas, o que desvaloriza ainda mais a competição. Alguns dados curiosos também fazem com que o torcedor se interesse pouco ou até mesmo torça para que seu time não seja campeão paulista.

Pelo retrospecto dos últimos anos, vencer o título do Paulistão significa não ganhar o Brasileiro. A última equipe que conseguiu ser campeã em São Paulo e conquistar o Brasileiro no mesmo ano foi o Corinthians, em 1999. Outro dado é que a última final que envolveu dois times grandes foi em 2003, São Paulo e Corinthians. Nas outras quatro finais (2005 e 2006 houve a esdrúxula fórmula de pontos corridos em um único turno), nada de clássicos.

O que resta, pois, é ver qual ou quais pequenos vão surpreender e os veteranos e jovens talentos que atuam neles. A maior surpresa de 2007, o Guaratinguetá , que projetou o bom meia Michael e o atacante Dinei, tem apenas um titular que fez parte da melhor campanha do turno de classificação em 2008. Para este ano, aposta no doce treinador Argel Fucks, ex-zagueiro de Santos e Palmeiras, além de Douglas (campeão brasileiro pelo Santos em 2002, os santistas lembram?), Rodrigão e o rodadíssimo Wellinton Amorim.

A atual vice-campeã Ponte Preta manteve o goleiro Aranha e o meia Renato, mas trocou de Sérgio no comando: saiu o Guedes e entrou o Soares, ex-Santo André, clube dirigido hoje pelo Guedes, aquele. O time do ABC tem Marcelinho como astro, além do zagueiro Dininho, a volta de Elvis - autor do gol do Ramalhão na final da Copa do Brasil de 2004 -, e do atacante Pablo Escobar, ex-Ipatinga.

Outra atração curiosa deve ser o trio de treinadores do Barueri, atual campeão do Interior : Luis Carlos Goiano, Diego Cerri e Toninho Moura. A equipe também conta com o artilheiro Pedrão, o meia Xuxa (ex-Mirassol) e figuras carimbadas como Basílio, o “Basigol”, Márcio Careca e Val Baiano. Recém-promovido à série A do Brasileirão junto com Santo André e Corinthians, é candidato a “furar a bolacha” do quarteto grande.

E dois craques em fim de carreira também poderão salvar a pátria da competição. O Mogi Mirim, dos diretores Cléber e César Sampaio e com Rivaldo na presidência, terá Giovanni , enquanto o Guarani vai contar com o retorno de Amoroso.

Em resumo, grandes ensaiam para vôos mais importantes, pequenos tentam surpreender e a gente consegue se livrar dessa abstinência de futebol brasileiro que perturba desde o fim do ano passado. E viva o Paulista. Viva?

Estreia mixuruca no Sub-20

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O Brasil iniciou ontem sua trajetória no Campeonato Sul-Americano Sub-20, torneio no qual é o atual campeão e detém soberania (tem nove títulos e é seguido pelo Uruguai, com sete). Mas, apesar de todo esse cartaz, o time não foi bem. Ficou apenas no 1x1 com o Paraguai.

Não vi o jogo inteiro, então me abstenho de comentários técnicos e de avaliações mais precisas sobre os atletas. Mas fiquei com a impressão de ser um grupo que tem qualidade mas (ao menos ontem) sente dificuldade na hora de decidir. Deteve a posse de bola na maior parte do jogo, criou bem mais chances que os adversários, mas não com o ímpeto preciso para se ganhar jogos - e campeonatos.

O destaque ficou por conta do belíssimo gol que Walter marcou aos sete minutos de jogo. Contrariando a máxima que diz que jogador brasileiro não sabe chutar de fora da área, o atacante do Inter percebeu o goleiro paraguaio adiantado e mandou um balaço indefensável. O ano mal começou mas eu arrisco dizer que esse gol figurará entre os mais bonitos de 2009.

Walter é titular em um time menos "estrelado" que o que disputou e venceu o último Sul-Americano, em 2007. Talvez o maior destaque do elenco atual seja Dentinho, titular do Corinthians. Também são dignos de citação os meio-campistas Douglas Costa (Grêmio) e Renan Oliveira (Atlético-MG). Como comparação, o time de 2007 tinha Alexandre Pato e revelou Cássio.

O time que enfrentou o Paraguai ontem foi o seguinte:

Renan (Atlético-MG); Patric (Criciúma), Rafael Toloi (Goiás), Welinton Souza (Flamengo) e Everton (São Caetano); Sandro (Internacional), Giuliano (Internacional), Renan Oliveira (Atlético-MG) (Zé Eduardo, Cruzeiro) e Douglas Costa (Grêmio); Walter (Internacional) (Alan Kardec, Vasco) e Dentinho (Corinthians)

Abaixo, os melhores momentos da partida.

Som na caixa, manguaça! - Volume 32

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PARECE QUE BEBE
(Itamar Assumpção)

Você parece que não sei
Diz tanta coisa que vou te contar
Olha, pensando bem, cala-te boca
E tam e tal e coisa e lousa

Sempre a mesma lenga-lenga
A mesma transa, o mesmo tchans
E zás e trás, tá louco, fica só naquela
E fica nessa, sei lá, maior comédia

O que que é isso, logo pra cima de moi
Tô por aqui, ó, sai fora disso
Parece que bebe, parece que sei lá

(Do CD "Bicho de 7 Cabeças Vol. III", Baratos Afins, 1993)

Seleção Uefa fica sem brasileiros pela primeira vez desde 2001

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Pela primeira vez desde 2001, a seleção de futebol dos internautas da Uefa não tem brasileiros escalados. Desde aquele ano, a federação européia de futebol promove uma votação online para escolher os melhores entre os que jogam em solo europeu. Tirando a primeira edição, sempre houve representantes da terra onde canta o sabiá. Até 2008.

Foto: Reprodução Uefa

A seleção entre os que jogam na Europa, na escolha dos internautas

Os 3,3 milhões de fãs do esporte bretão que votaram nas cinco semanas de disputa puseram o Barcelona como time mais representado, com três jogadores. Depois vem Real Madrid e Bayern de Munique, com dois cada. O Manchester United, além do melhor do mundo Cristiano Ronaldo, tem o técnico do escrete, Sir Alex Ferguson.

Em termos de país de origem, a Espanha lidera, com meia dúzia de atletas, resultado, talvez, do título da Euro 2008. Alemanha, Portugal, França, Inglaterra e Argentina tem um representante cada. Os hermanos, com Lionel Messi, são os únicos não-europeus na escolha do internauta.

Outra perda foi do futebol italiano. Nenhum atleta que atua pela Azurra foi escalado, diferente de 2006, ano do título, quando eram três os campeões mundiais, e em 2007, só com um.

No caso dos brasileiros, ano passado, o lateral Daniel Alves e o meia Kaká furaram o bloqueio da União Européia. Kaká também estava em 2006, junto Ronaldinho Gaúcho, representando o Brasil. Mas ainda havia Samuel Eto'o entre os imigrantes, assim como em 2005. Nos anos de 2004 e 2005, Cafu figurava ao lado do citado gaúcho. Roberto Carlos estava lá empunhando a bandeira verde e amarelo em 2002 e 2003. No primeiro, tinha a espaçosa companhia de Ronaldo, pré-obesidade.

O futebol brasileiro está perdendo ibope na Europa?

A íntegra das seleções está na página da Uefa.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Reunião do Copom dessa quarta pode ser a última de Henrique Meirelles

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A revista Carta Capital desta semana traz em sua capa uma boa notícia para quem acredita na possibilidade de outros rumos para a economia brasileira, especificamente na política monetária: o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, já comunicou ao presidente Lula que se desligará do cargo em breve. A notícia ainda tem que se confirmar, mas a revista não costuma ser leviana com informações.

Nessa quarta-feira, temos nova reunião do Comitê de Política Monetária do BC, que definirá o patamar da taxa Selic para os próximos 45 dias. Na última reunião, ocorrida no início de dezembro, apesar de vários sinais da economia apontarem para a necessidade de redução dos juros (inclusive com desaceleração da inflação, obsessão de Meirelles e cia.) e em meio à já declarada crise do sistema financeiro internacional, o comitê decidiu manter a taxa em 13,75%.

Já naquele momento, vozes econômicas menos ligadas ao sistema financeiro já avisavam que o grande vilão deixava de ser a inflação, mas o risco cada vez maior de uma recessão. Se isso já era verdade há quase dois meses, hoje está mais cristalino do que nunca. Após a decisão do BC de dezembro, seus congêneres de outros países realizaram agressivos cortes nas taxas de juros. Um artigo da revista The Economist informa que o Banco da Inglaterra cortou 1% em dezembro, seguindo um corte de 1,5% no mês anterior. O Banco Central da Suécia cortou sua taxa de 3,75% para 2%. Mas o foco do artigo foi a redução realizada pelo Banco Central Europeu, responsável pela estabilidade do Euro, que fez o maior corte em sua taxa de juros desde sua criação, há dez anos: 0,75%. Apesar disso, a revista, uma das mais influentes publicações do mundo, considerou o corte tímido para enfrentar as circunstâncias decorrentes da crise de crédito internacional para a economia européia.

Pois é exatamente esse valor tímido que o “Mercado”, essa entidade que nos governa a todos, amém, aponta como expectativa para o corte da Selic: 0,75%. Como o BC de Meirelles (e Lula, pois manter o cara no cargo é dar aval para suas decisões, convém lembrar) em geral não gosta de desapontar seus amiguinhos da banca, é daí para baixo. Será que não caberia um pouco mais de ousadia nem durante a maior crise na economia mundial dos últimos 80 anos?

É verdade que a crise não atingiu o Brasil de forma tão grave ainda. Enquanto a maior parte do mundo avalia qual será o tamanho da recessão em 2009 (ou seja, o quanto o PIB vai encolher), as previsões para o Brasil falam no máximo em uma redução do ritmo de crescimento, que ficaria entre 2% e 4%. Ou pelo menos esse era o quadro que se via há até pouco tempo. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados hoje pelo Ministério do Trabalho mostram o fechamento de 654,9 mil vagas formais em dezembro do ano passado no país, quase o dobro da média para o mês (em 2007, as demissões líquidas foram de 319,4 mil no mesmo mês, e em 2006, de 317,49 mil). É caso de luz amarela e medidas consistentes para estimular a economia.

O cenário ainda não parece crítico e o governo tomou diversas medidas para diminuir os impactos da crise. Basicamente, a receita é facilitar o crédito e aumentar investimentos para combater o desemprego e a queda do nível de renda dos trabalhadores. Assim, as pessoas teriam mais dinheiro para gastar, impulsionando a economia como um todo e combatendo o estrangulamento da economia.

As medidas podem funcionar, mas é preciso que o Banco Central, essa entidade autônoma, que parece pertencer ao governo só no papel – diga-se aqui que o PT e Lula, que quando na oposição ajudaram a barrar a discussão sobre a autonomia do Banco Central, deram ao órgão um grau de independência maior até que o dado por FHC... - faça sua parte: derrube os juros.

A queda dos juros não é a panacéia para todos os problemas, mas faz parte dos mecanismos que a sociedade tem para enfrentar uma crise como essa. Uma das conseqüências seria a diminuição dos gastos do governo com a dívida pública (boa parte da dívida é atrelada à Selic), o que deixaria mais recursos para serem aplicados diretamente na economia via PAC e outros programas, gerando empregos.

Além disso, a Selic tem influência nos juros praticados por todos os outros agentes (bancos, financeiras). No entanto, nessa frente outra batalha precisa ser travada. A maior parte dos juros praticados hoje pelos bancos não vem da Selic, mas sim do chamado spread bancário – a diferença entre o custo que o banco tem para captar dinheiro (a remuneração de uma aplicação, por exemplo) e o quanto ele cobra para repassar esse dinheiro para a sociedade (a taxa de juros de um empréstimo ou financiamento.

Os bancos brasileiros não estavam expostos na jogatina do mercado financeiro estadunidense e foram pouco prejudicados pela crise. Apenas os bancos pequenos e médios estavam em posição mais frágil, mas por conta do aumento mundial dos custos de captação de dinheiro. Os grande bancos podem agüentar mais esse tipo de situação.

O governo modificou algumas regras – principalmente, diminuiu os depósitos compulsórios que todo banco é obrigado a recolher para o BC – para garantir que os bancos aumentassem sua disposição em oferecer crédito para a sociedade, o que ativa a economia. No entanto, os grandes bancos se sentaram em cima do dinheiro liberado, esperando a quebradeira dos bancos menores para comprá-los. O tal spread continua nas alturas, tornando os empréstimos cada vez mais caros.

O fato é que o governo precisa enquadrar os bancos de alguma forma para que eles cumpram seu papel social de intermediação financeira - lembrando que a atividade bancária é concessão do Estado. Acontece que a regulação do sistema financeiro nacional também é função do Banco Central. Ou seja, se o presidente Lula acordar amanhã e decidir derrubar drasticamente os juros e peitar a turma da grana, terá que procurar o presidente do BC para efetivar essas decisões. Alguém aí vê Henrique Meirelles tomando essas atitudes? Eu não. Torçamos, pois, para que Carta Capital esteja bem informada e que Lula decida colocar à frente do BC alguém afinado com ala mais desenvolvimentista do governo.


















E aí, presidente, quem é que manda no Banco Central?

PS.: Um nome que já foi cotado para o cargo em outros momentos da administração petista foi o de Luiz Gonzaga Belluzzo, hoje candidato a presidência do Palmeiras, e que já falou bastante sobre a crise financeira, inclusive para este Futepoca. Creio que seria uma excelente escolha para o cargo e todos deveríamos trabalhar para sua indicação. Inclusive os palmeirenses.


(Fotos de José Cruz e Marcello Casal JR, da Agência Brasil)

PQFMTMNETA 6 - Guerra campal no Palestra; Edmundo se mostra um pacifista (2006)

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Breve introdução aos que não conhecem a série: PQFMTMNETA é abreviação para "Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim". Nesse espaço, mostraremos eventos do futebol acontecidos há, no máximo, cinco anos, que causaram polêmica na sua época, e que depois caíram no esquecimento.

PQFMTMNETA 6 - Guerra campal no Palestra; Edmundo se mostra um pacifista (2006)

O Palmeiras pegou o Cerro Porteño pela última rodada da fase de grupos da Libertadores com um certo clima de amistoso. O Verdão já estava classificado para a segunda fase; os paraguaios, por sua vez, praticamente eliminados. Não havia muita ambição em nenhum dos lados, a não ser uma busca pelo primeiro lugar na chave, do lado palmeirense.

O que parecia uma barbada. O Palmeiras lideraria o grupo com uma simples vitória contra o Cerro. Nada mais natural do que apostar num triunfo dos mandantes: o alviverde fazia boa campanha na competição, era o líder do grupo, havia empatado (0x0) com o Cerro fora de casa e ostentava um tabu de quase 30 anos sem derrotas para estrangeiros pela Libertadores dentro dos seus domínios.

Mas, quando a bola rolou, a história foi outra. O Cerro conteve as iniciativas do Palmeiras e segurou o 0x0 num primeiro tempo tenso. Os goleiros - Sérgio de um lado e Barreiro do outro - trabalharam bastante e conseguiram conter o ímpeto dos atacantes.

Até que no final do primeiro tempo houve a questão que ditaria o ritmo da partida. Washington, atacante palmeirense, e seu "colega" Baéz, do Cerro, discutiram fervorosamente, com direito a um leve empurra-empurra. As equipes foram para o intervalo e, no retorno dos vestiários, a arbitragem resolveu fazer justiça: expulsou Baéz e... Douglas, um zagueiro do Verdão que não tinha rigorosamente nada a ver com a história. Inconformado, o jogador protestou, protestou e protestou até que conseguiu irritar o próprio Baéz, que o empurrou. Foi o estopim para uma verdadeira guerra entre os jogadores das duas equipes. Nada mais de inocentes empurra-empurras; o que se viu no gramado do Palestra Itália foram socos, chutes, voadoras, briga boa mesmo.

Mas o mais inusitado de tudo não foi a briga em si - até porque esta não tinha nada de diferente das "cenas lamentáveis" que volta e meia acontecem no futebol. O bizarro, o surpreendente da situação foi a postura de Edmundo. O Animal, célebre pelas confusões aprontadas dentro de fora de campo durante toda a carreira, permaneceu o tempo todo apenas como um espectador da contenda. Ficou no círculo central do campo, com os braços na cintura, esperando a briga passar.

Curiosamente, houve até quem criticasse a atitude de Edmundo. Para alguns, ao não se envolver na situação, o atacante foi "populista" e "não companheiro". É mole?

Depois da briga, o segundo tempo se iniciou e foi a vez do Palmeiras apanhar na bola. O Cerro mostrou um futebol surpreendente e marcou inapeláveis 3x2 em cima do Verdão.

Para o Palmeiras, o prejuízo acabaria sendo dos maiores: a derrota deixou o time em segundo lugar na chave e o colocou no caminho do São Paulo, então campeão da Libertadores e que despacharia o Verdão do torneio, como fizera um ano antes.

Abaixo, um vídeo com a briga.

O Futepoca deu primeiro - e deu melhor

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Antes que qualquer interpretação maliciosa que mentes sujas e mal intencionadas possam ter a partir do título desse post, recupero aqui a confirmação do "furo" de reportagem de Diego Sartorato para o Futepoca na última sexta-feira, adiantando com exclusividade a data da posse da vereadora Soninha Francine (PPS) como subprefeita da Lapa, em São Paulo - fato ocorrido ontem, segunda-feira, como registrou o portal G1:

A ex-vereadora e candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine assumiu na manhã desta segunda-feira (19) a Subprefeitura da Lapa (Zona Oeste), que administra uma das áreas mais extensas da cidade. Em um discurso breve, Soninha disse que vai focar o trabalho na questão da mobilidade, uma das questões recorrentes na sua campanha à prefeitura, melhorando as calçadas e áreas para circulação de pedestres e promovendo a inserção da bicicleta. (...)
A indicação de Soninha ao cargo fez parte de um acordo com o prefeito Gilberto Kassab (DEM), então candidato à reeleição, que garantiu o apoio do PPS, partido de Soninha, no segundo turno.


No post do Futepoca, Soninha já havia adiantado sua plataforma de gestão: "Vou dar atenção às calçadas, à acessibilidade, questões importantes". Mas o Sartorato fez melhor que os outros meios de comunicação, botando a mulher na parede e questionando a participação dela, que se considera "de esquerda", numa administração do famigerado DEM. A resposta foi curta, grossa e elucidativa: "Eu quero o poder". Assim, o Futepoca deu a notícia antes - e deu melhor. Por essas e outras (e muitas outras) que merecemos a indicação da própria Soninha, em 2008, para a disputa do prêmio The BOBs entre os 11 melhores blogues de língua portuguesa do planeta. Valeu, subprefeita!

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Reprovada em teste físico, Ana Paula Oliveira pode não atuar no Paulistão

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Nos preparativos para o Paulistão 2009, a notícia mais importante não são os quilinhos a mais de Ronaldo nem o clássico da Baixada Santista nem a preparação dos clubes.

Ana Paula Oliveira foi reprovada no teste físico para árbitros e auxiliares da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol (FPF). Agora, ela tem até dia 30 de janeiro para uma espécie de "segunda chamada" aos reprovados e aos que não tentaram.

Ela descumpre assim a promessa feita há seis meses: Enquanto vocês ouvirem falar sobre Ana Paula no futebol, não terei mais problemas com testes físicos.

Aos 30 anos (ela sopra velinhas em maio), a assistente de arbitragem mais famosa do Brasil ganhou destaque em 2007, quando posou nua para a revista Playboy. Banida à época por erros na semi-final da Copa do Brasil daquele ano, Ana Paula voltou a atuar em março. Em julho, passou no teste da CBF, mas fez incursões no mundo da moda (e mais de uma vez), do carnaval, da política e de celebridades, estreando até tatuagem e buscando namorado pela internet.

Ao não passar, ela parece ter ficado chateada, porque não quis conversar com os jornalistas que foram ao local. Mas se o Ronaldo pode voltar à forma (de atleta), será que a mais comentada das bandeirinhas não consegue? Para atuar no campeonato paulista, tem que ser até o fim do mês.

Não valeu nada, mas goleada sempre anima

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Com atraso, comento o amistoso entre Corinthians e Estudiantes (Arg), ocorrido neste sábado no Pacaembu. Como até as pedras já sabem, o Timão goleou por 5 a 1, gols de Jorge Henrique (2), Souza, William e Otacílio Neto. O gol dos argentinos, que jogaram sem a estrela Verón, foi marcado por Carrasco.

Assistindo aos melhores momentos (o cretino aqui achou que o jogo não fosse ser transmitido...), dá pra ver que a zaga do time argentino facilitou a vida dos atacantes corintianos em várias situações. Mesmo assim, faz bem para a moral da dupla de ataque começar bem assim. Pelo que deu pra ver, Douglas foi muito bem, com bons passes. Elias também jogou bem e o meio de campo teve muita movimentação. Mesmo considerando todas as ressalvas que devem ser feitas a um amistoso, foi um bom começo. O time está melhor que o do ano passado, com mais experiência e melhores jogadores. Chega forte ao Paulista, especialmente se contarmos o menor interesse de São Paulo e Palmeiras, que estarão envolvidos com a Libertadores.

Misturas – Como destacou o Olavo, o amistoso foi tratado pelo Corinthians como festa, com apresentação dos jogadores e tudo mais. A estrela dessa parte da coisa, claro, foi Ronaldo. Chegou de uniforme, foi aplaudido e saiu para a cabine da Globo para comentar o jogo, em mais uma dessas confusões de papel sem sentido que a emissora deu de inventar – se bem que é bem melhor uma bobagem dessas num amistoso que num jogo de Libertadores... Como não vi nenhuma manchete dizendo o contrário, acho que o atacante conseguiu se sair sem nenhuma gafe e elogiou bastante o time.

Grana – Se não servisse para mais nada, o amistoso rendeu aos cofres do clube a bagatela de R$ 2 milhões, conseguidos por meio de patrocínios específicos para a partida (Ford, Vivo e Locaweb), direitos de transmissão para a TV, venda de anúncios no estádio e bilheteria. A informação é da diretoria do Corinthians.

Boataria – falando em patrocínios, o do Corinthians está demorando muito a ser anunciado. O São Paulo ficou com a mesma LG dos últimos anos por um valor que uns dizem ser o mesmo do ano passado (que me lembro de serem R$ 16 milhões) e outros que diminuiu um pouco, para R$ 15 milhões. O Palmeiras melhorou seu contrato, com os R$ 15 milhões da Samsung. Enquanto isso, no Parque São Jorge, uma verdadeira indústria de boatos se instalou. Já se falou em 20, 30 e até 40 milhões de reais para o patrocínio anual. As empresas são variadas: Emirates, Vivo, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Bauduco, TIM...

Realmente impressionante a capacidade do pessoal de inventar história. A diretoria tem grande participação nisso: Andrés Sanches parece gostar de alimentar notícias falsas para proteger as verdadeiras. Eu torço para que o pessoal dos R$ 40 milhões esteja certo, mas os valores dos rivais podem indicar que a coisa não vai ser tão fácil. Vamos ver como a história vai acabar.

Amistoso, uma experiência interessante

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Estive no Pacaembu ontem para assistir a Santos 2x1 Portuguesa Santista. Ir a amistoso é um negócio estranho. Diferente, no mínimo. Há a expectativa de ver o time em campo - ainda mais pelo contexto do jogo de ontem, o primeiro da temporada, para mostrar os novos atletas - mas, por outro lado, não dá pra negar que se trata de uma partida esvaziada. O time ganhou, e daí?


E daí que o ideal é encarar o jogo com o espírito que lhe é proposto por definição: um amistoso. Uma festa. Foi isso que o Santos proporcionou aos seus torcedores ontem. O Pacaembu estava num clima ótimo, com boa presença do torcedor santista e muitas famílias no campo. Os jogadores do Santos entraram em campo no estilo NBA, sendo anunciados um a um e saudados pela galera. Foi uma boa forma de apresentar o time aos torcedores. O Santos precisa se reconstruir após o sofrível 2008, e a partida foi talvez um bom primeiro passo para isso.

Foi a segunda vez que estive em um amistoso, pelas minhas contas. A primeira foi em 2003, quando o Santos enfrentou a seleção brasileira sub-23 na Vila Belmiro. Aquele jogo foi muito inusitado - o Peixe era a base daquele time canarinho, então vi os ídolos da época atuando do outro lado. Robinho - que marcou gol! -, Diego, Elano e Paulo Almeida (se não estou esquecendo ninguém) atuaram pela seleção e enfrentaram o Santos em plena Vila Belmiro. O placar daquele jogo foi 3x1 para a seleção, e o gol santista foi marcado pelo agora sumido Jaílson, uma promessa não-confirmada para a lateral-esquerda.

De olho na redonda - Velho Santos novo

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E o Santos estreou boa parte dos seus reforços na sua primeira partida da temporada, um amistoso ontem contra a Portuguesa Santista no Pacaembu. O repatriado lateral-esquerdo Leo e o atacante ex-LDU Bolaños ainda não deram o ar da graça, mas todo o resto pisou no gramado, já que o técnico Marcio Fernandes preferiu adotar o estilo “jogo-treino”, colocando o time reserva para atuar na segunda etapa.


Com a equipe titular na primeira metade do jogo e as estreias de Roni, Madson, Luisinho e Lucio Flavio, quem brilhou foi o mesmo protagonista do ano passado. Kléber Pereira fez os dois gols da equipe, decidindo como se acostumou a fazer desde o segundo semestre de 2007. E perdeu chances. Como sempre também. Se o 2 a1 não é um resultado espetacular, é possível vislumbrar alguma coisa com o times mais entrosado e com um plantel melhor do que o de 2008.

Santistas da capital - Mesmo contra um adversário inexpressivo e que só fazia sentido para o santista da Baixada, os torcedores da capital de novo mostraram sua força diante da diretoria peixeira, que promete trazer o time para São Paulo novamente contra o Botafogo, em partida válida pelo Paulistão. O público foi de 14.330 pagantes, superando o do Corinthians, que no dia anterior superou o Estudiantes por 5 a 1 diante de 13.956 pessoas. Considerando-se o público total, foram 20.230 torcedores. Se o “místico” presidente Marcelo Teixeira deixar a superstição de lado, sempre encontrará casa cheia na capital.

Ritmo de festa - no amistoso contra o time argentino, a torcida corintiana aproveitou para lançar seu novo "hit", uma versão peculiar da famigerada Ritmo de Festa, canção que embalou (ainda embala?) as tiazinhas e moçoilas do auditório do programa Silvio Santos. Confira aqui .

Jogos-treino - ontem, dois jogos-treino. O São Paulo empatou com o São Bernardo por 1 a 1 e o Palmeiras perdeu para o União São João por 1 a 0, com direito à defesa de pênalti do goleiro Bruno. Ele deverá ser o titular do Verdão nas duas primeiras rodadas do Paulista. Já o adversário do Palestra na primeira rodada, o Santo André do técnico vice-campeão paulista Sérgio Guedes e de Marcelinho Carioca, venceu no sábado jogo-treino contra o Rio Branco-MG. Os grandes podem ter vida dura nesse início de Paulistão.

Belluzzo, sem citação - No caderno de Fim de Semana do jornal Valor , o jornalista Paulo Totti entrevista o economista e candidato a presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Belluzzo. A certa altura, o repórter pergunta: “Você já andou comparando Luxemburgo ao presidente Lula. Ambos são gênios.” Quem pesquisar na internet vai ver que Belluzzo fez tal comparação aqui, em entrevista ao Futepoca. Mas não é hábito citar fontes no jornalismo brasileiro... E a coisa andou, tanto que no JT saiu uma nota fazendo referência à entrevista ao Valor. Sem mencionar o nome do jornal concorrente, óbvio.

Kaká se casou na igreja cujo teto desabou

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Os paulistanos acompanharam neste domingo, 18, mais uma tragédia da qual, invariavelmente, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) e o governador e ex-prefeito José Serra (PSDB) serão completamente poupados pela mídia e isentos da mais remota responsabilidade, como ocorreu, há exatos dois anos, no Buraco do Metrô. Ontem, no bairro Cambuci, o teto do enorme templo da Igreja Renascer desabou (foto acima, da Agência Estado), matando 9 mulheres e ferindo outras 90 pessoas (há um rapaz correndo risco de morte). Do jeito que a imprensa é, não duvido se, além de ignorar pefelistas e tucanos, ainda acharem um jeito de noticiar que a falta de vistoria e de fiscalização foi culpa da gestão Marta Suplicy (PT) - e ressuscitarem o mitológico "mensalão", insinuando que os pastores da Renascer teriam colaborado com o suposto Caixa 2 da campanha eleitoral petista. Não duvido mesmo.

Aliás, os prósperos pastores dessa igreja andaram tendo problemas com a polícia recentemente, mas parece que a imprensinha não está muito disposta, na cobertura da tragédia, a recuperar de maneira um pouco mais incisiva esses episódios nebulosos. Outro fato curioso, dessa vez relacionando o post com futebol, é que o garoto-propaganda da Renascer, o milanista Kaká, se casou com sua esposa Caroline justamente nesse templo que desabou, em dezembro de 2005. Além do casal, correram risco de morte personalidades como o atacante Ronaldo Gordo, o meia-atacante Júlio Baptista, o goleiro Dida, o lateral Cafu e o então técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira. Para quem não se lembra, Kaká doou seu troféu de melhor jogador da Fifa de 2007 para a Renascer, que ficou em exposição justamente no templo do Cambuci. Na ocasião, o jogador disse que os pastores presos eram "boas pessoas". Que explique isso, agora, para as famílias das vítimas do teto desabado.

domingo, janeiro 18, 2009

Boa causa para alavancar a orgia

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Tomando umas e outras com a Lílian, velha amiga de minha mãe que mora em Brasília, entre fofocas políticas e piadas improvisadas (só não falamos de futebol), ela contou um caso que prova como as boas ideias lançadas num filme podem se tornar uma tecnologia social com um verdadeiro e concreto impacto na sociedade. Claro que o propósito edificante não é necessariamente uma qualidade num filme, em geral é um defeito. Mas este caso é distinto.

Ela me contou, e eu confirmei nesta nota da Gazeta.web (texto da Agência Folha), que dez prostitutas paraibanas decidiram doar uma noite de seu trabalho para resgatar uma dívida da Associação das Profissionais do Sexo da Paraíba (Apros-PB).

Diz a nota que a "Apros-PB, criada em 2001, tinha como renda a venda de preservativos. Segundo Luza (presidente da associação), em julho o grupo ficou sem recursos do Ministério da Saúde, que financiava vale-transporte para as visitas. Sem dinheiro para as passagens, caiu a venda de preservativos".

A metodologia para amplificar o potencial de arrecadação pelo volume de trabalho é que remete diretamente a um excelente filme de Karim Aïnouz, O céu de Suely (veja aqui o blog oficial), que fez bonito na temporada de 2007. Como a personagem Hermila (interpretada por Hermila Guedes e que assume o nome de guerra Suely), as prostitutas fizeram uma rifa a R$ 5 valendo uma noite de orgia sexual que normalmente, contando o motel, custaria por volta de R$ 600. O vencedor poderá escolher entre dez profissionais que fazem ponto em João Pessoa e doarão todo o recurso à instituição.


No filme, Hermila nem prostituta é. Ela se prostitui por uma noite para levantar uma grana e dar aquela zerada na vida, para recomeçar. Cearense, ela foi tentar a vida em São Paulo junto com o namorado, que acaba a abandonando com um filho pequeno. Ela então volta a Iguatu, no sertão de seu estado, vive essas peripécias, deixa o filho com a ex-sogra, e põe de novo o pé na estrada.

Na vida real, a arrecadação esperada pela Apros-PB é de R$ 5 mil (quer dizer, mil manguaças esperançosos), o que vai dar pra pagar a dívida de R$ 3 mil, cobrir custos e ainda fazer um caixa pra tocar a Associação.

A ideia toda é interessante: oferecer um serviço ultradiferenciado por um preço bastante acessível, mas com o alto risco que faz parte das operações de alto retorno no mundo capitalista. Os potenciais clientes não se importam em gastar as cinco pilas e perder, contando com a possibilidade de ganhar uma noite de sonhos. E o resultado é que, em vez de exploração de mulheres que muitas vezes não têm outra opção de inserção no mundo do trabalho, elas sacam as regras do jogo e alavancam os ganhos com um baixíssimo investimento. É realmente um empreendimento louvável, digno de divulgação num programa tipo "Pequenas empresas, grandes negócios".

Se o Faustão faz isso com um carro, uma casa, por que elas não podem fazer isso com uma noite de sexo?

Karim imaginaria que sua ideia ia pegar?