Época
de retrospectiva e o Futepoca faz
a sua própria por meio dos dez posts que foram mais acessados em
2012, mostrando um panorama diversificado do que foi assunto por
aqui, mas também nos papos de botequim de todo o Brasil. Confira a
lista e relembre alguns dos momentos importantes (ou nem tanto) do
ano.
Para reler os posts originais, é só clicar nos títulos.
O
torcedor sempre se surpreende ao saber que aquele ídolo ou atleta
que já foi conhecido ainda está atuando como profissional, apesar
da idade ou do aparente sumiço do noticiário. Por conta dessa
curiosidade, o post que mostrava onde estavam jogadores como Rodrigo
Gral, Paulo Almeida, Warley, Luis Mario e Baiano foi o mais acessado
de 2012.
Como diz o nome do nosso site, nem só
de futebol vive o Futepoca. E foi uma manifestação política e de
coragem de um garçom de Madri que evitou a chegada da tropa de
choque local até manifestantes que estavam refugiados no bar onde
trabalhava o vice-campeão entre os mais lidos do ano.
O ano foi duro para os clubes
europeus, mas a desigualdade econômica que se aprofunda entre clubes
grandes e menores no Brasil fez muitas vítimas também por essas bandas. A saída
para muitas equipes que não tinham dinheiro para contratar jogadores
de alto nível foi contratar modelos famosas para ações de
marketing como a divulgação de novos uniformes. Mais barato que
tentar repatriar um atleta que está na Europa...
A CBF decidiu agitar o fim de ano
esportivo ao demitir o treinador Mano Menezes e a gente resolveu
colocar a confederação de Marin no divã para analisar alguns
aspectos do significado dessa troca inesperada.
Das discussões mais áridas que este
site costuma fazer, a que alcançou mais repercussão nas redes
sociais foi a respeito do ocorrido no reality show Big Brother, um
fato ainda nebuloso e que talvez não tenha despertado a reflexão e
ação necessárias por parte da sociedade em geral e do poder público.
Durante as Olimpíadas de Londres,
chamou a atenção o desabafo do lutador de tae-kwon-do Diogo Silva,
sobre como o esporte amador é tratado no Brasil, tanto por quem de
direito quanto pela mídia. Não quisemos deixar sua voz no vazio e
repercutimos suas declarações, lembrando a história de um
esportista que pensa e age de forma muito diferente dos demais.
Nas Paraolimpíadas, um brasileiro
derrubou aquele que talvez seja o maior ou mais impressionante atleta
da modalidade em todos os tempos. Oscar Pistorious disputou também
as Olimpíadas de 2012, mas foi derrotado na sua prova predileta pelo
brasileiro Alan Fonteles, que tem uma trajetória comum a muitos
conterrâneos, repleta de obstáculos, acasos e alguns fatos que
renovam as esperanças de quem quase não deveria tê-las.
Em meio a uma sessão do STF que
julgava o aborto de anencéfalos, a ex-candidata à presidência da
República Heloisa Helena resolveu dar seu parecer alimentando a
confusão sobre o tema e ratificando alguns preconceitos somente para
fazer valer sua opinião. Triste de lembrar.
À guisa de pilhéria, o post fazia
referência à bem-humorada campanha
em prol da equipe argentina feita na final da Libertadores de
2007, quando os portenhos bateram o Grêmio. Desta feita, o resultado
não foi o ideal para os secadores.
Em 2012, o Alvinegro da Vila Belmiro
fez cem anos e, claro, teve seu espaço no Futepoca, no qual foram
relembrados momentos épicos – e outros nem tanto – de um clube
que faz parte da história do futebol daqui e do mundo. O
post-homenagem fecha a lista dos mais vistos de 2012, aguardemos os
de 2013!
A seca passou e todo dia chove em Brasília. Melhor para as vias respiratórias, não fosse o ar-condicionado como climatização onipresente em ambientes fechados.
Ou a limpeza da tubulação não é feita como deveria, ou a circulação de vírus e bactérias flui melhor por esse meio. O fato é que pequenas ondas de gripe assolam grupos distintos de pessoas. E emergem receitas miraculosas.
Do remedinho ao chá de alho, mastigar gengibre, da vitamina C ao antitérmico, sempre pinga uma receita nova, quase com ares de simpatia...
Nessas horas de coriza e garganta inflamada em estação quente, é inevitável lembrar dos ensinamentos do amigo Jesus Carlos. Foi em Cabrobó-PE, a 530 quilômetros de Recife, às margens do Rio São Francisco, com uma gripe do sertão avizinhando-se, que aprendi:
- Toma uma cachaça com um limão espremido, sem gelo, que passa, rapaz.
Botei fé. Tomei caninha mais o sumo azedo e, no dia seguinte, acordei recuperado.
Tem gelo e açúcar no copo, porque é caipirinha... Na receita pouco ortodoxa é sem nada disso, viu?
Uma variação mais, digamos, infanto-juvenil é o mel em vez do "mé". Ou própolis, pimenta, hortelã ou qualquer estimulante que faça a garganta arder por estímulo bioquímico do açúcar, da capsaicina...
Mas a gente sempre aprende em cada fórum que encontra pelo caminho.
- Quando estou meio ruim, pego uma aspirina, desmancho no fundo de um copo, e dissolvo na água mais quente que consigo encontrar. Então, faço um gargarejo daqueles impublicáveis, por isso, feche a porta do banheiro. É pra limpar até a alma!
- Cê acha, velho?
- Tem que ver... No dia seguinte estou outro. Mas olhe: são duas aspirinas, uma para o copo e outra que eu tomo, com um chá quente, depois do bochecho todo. Só não pode sair ou me tomar vento frio... É direto pra dormir.
Embora o cidadão garanta que passa bem a noite assim, essa preferi não arriscar.
Mesmo assim, desconfio que, amanhã, acordo recuperado.
Sambistas, jazzistas, bluezeiros, roqueiros e até compositores eruditos têm histórias imbricadas de entorpecentes. Por questões culturais e porque a Lei Seca durou pouco nos anos 1920 nos Estados Unidos, a bebida alcoólica é especialmente ligada à música. Sobram, aliás, composições que tratam do tema, como consagrado na série do Futepoca"Som na Caixa Manguaça" e levado à exaustão nas músicas da nova geração sertaneja (seja lá o que isso signifique).
Mas qual bebida casa com cada música? Porque goró ainda não tem uma API em funcionamento, Drinkfy ganha conotação de serviço de utilidade pública. Ou o contrário disso. E é divertido.
No estilo de aplicativos que sugerem harmonizações para vinhos ou tipos de alimento gourmet (ou gourmand), a ferramenta consiste em uma busca por um cantor, compositor ou nome do universo musical. O que a aplicação faz é simplesmente recomendar um goró que acompanha bem a trilha sonora. Para Tom Jobim, por exemplo, a recomendação é de uma Corona, cerveja mexicana (é favor não confundir: não é para tomar uma Gorducha). Para Astor Piazzolla, uma garrafa de vinho tinto. Em caso de Rolling Stones, um copo de rum. E ainda tem a versão para feriados.
Foto: Reprodução
Em tese, eles alertam que a combinação pode não ser perfeita, até porque é um cruzamento entre o The Echo Nest (base de dados que descreve artistas e relaciona-os a gêneros musicais) com api do Last.fm (que permite, de quebra, tocar a canção pedida).
Não podia haver melhor oportunidade para a inauguração do novo estádio do Corinthians, ao extremo leste de São Paulo. Parece que foi ontem... ou foi ontem? Foi ontem mesmo, eu estava lá, junto com mais de 30 milhões de gaviões, na maior lotação de um estádio da história da humanidade. Antes, já tinham lotado o terminal, com samba, suor e cerveja, para ir ao jogo. Depois, a vitória magra sobre o Al Ahly foi uma dose de má cachaça na fuça dos jogadores – ou mesmo a derrota pros reservas do São Paulo. A final seria em casa, mas contra o perigosíssimo São Caetano.
Corinthians e São Caetano jogam parecido, diz-se, mas se o primeiro é tido como uma equipe sem estrelas, o segundo tem craques de várias seleções, como a inglesa ou a brasileira. O Azulão chegou ao mundial armando uma retranca furiosa contra o invencível Barcelona. O Corinthians venceu o tradicional papão Boca Juniors com um gol urdido por seu maior símbolo, o imortal Sócrates.
Pouca gente conhece essa história. Quando o Corinthians foi fundado, em 1910, um palmeirense muito poderoso leu o futuro nas tripas de um porco morto na segunda lua minguante do ano (uma segunda-feira), e proferiu a seguinte maldição: “Só um grande líder grego levará os Corintos a dominarem o continente. Ele terá a sua chance, se falhar, legará as trevas aos seus descendentes”. Quando Sócrates chegou ao clube, os conhecedores da profecia sabiam que ele era o ungido. Sócrates lançou sua luz muito além dos gramados, falou a todos de seu tempo e ganhou o Brasil com uma mensagem de igualdade e democracia. Conquistou um lugar único na história do país, mas não um título nacional.
Os anciãos corintianos não tinham dúvida: o tempo passara. Não podiam dizer isso aos mais novos, mas o Corinthians jamais seria campeão da América. A morte de Sócrates antes mesmo da partida final do Brasileiro de 2011 veio como um luto profundo para toda a nação.
Naquela noite sonhei com um dos profetas corintianos mais poderosos que conheci: o velho Diógenes Budney me apareceu com o seu sorriso calmo, fumava um cigarro feito a mão, ergueu a sobrancelha e apontou com o nariz para um lugar atrás de mim, voltei-me, e vi o Magrão aquecendo, cabeceando a bola que um companheiro lhe lançava. Um sentimento de paz onírica me tomou. Corta para o profeta Diógenes, que pronuncia “um simples estrogonofe não atingiria o Doutor”. Acordei angustiado.
O Timão levou o título nacional e qualificou-se para a Libertadores 2012. Os jogos foram se sucedendo sem que o time perdesse. Era questão de tempo. O time esteve a ponto de cair diante do Vasco e do Santos, mas ultrapassou todos os adversários e enfrentaria o grande carrasco dos times brasileiros, o terrível Boca. Na Bombonera, o menino Romarinho marcou em jogada que passou pelos pés de Paulinho e Emerson, o Sheik, e o resultado foi um empate. No Pacaembu, bastava tomar um gol para o sonho acabar, e ele fatalmente viria.
Até que surgiu uma falta próxima da lateral direita no ataque corintiano. Parecia ser uma jogada ensaiada: Alex bateu na cabeça de Jorge Henrique, que pelo jeito deveria cabecear pra trás, jogando a bola no centro da área. Foi quando aconteceu o milagre. JH até que cabeceou direitinho, mas a bola estranhamente subiu demais, saiu da tela, atraída por flagrante antigravidade. Dá pra ver no vídeo que um facho de luz desceu junto com a pelota, desviando a parábola, ela foi parar fora da pequena área. Danilo se viu obrigado a buscar a bola de costas para a meta boquense, mas naquele momento ele já era apenas um veículo, um cavalo para que o gênio de Sócrates se manifestasse uma última vez, deu o calcanhar perfeito que colocou na cara do gol o Emerson (até esse momento eu não tinha reparado como ele é a cara do Casagrande), que pôs pra dentro.
Ele estava lá, e se manifestou para nós.
Um arrepio correu meu corpo, revi o sorriso do velho Budney, tudo ficou claro: Sócrates precisou morrer para poder jogar a final da Libertadores. A maldição está quebrada, o Corinthians é campeão da América.
Os profetas corintianos que consultei não souberam ou não quiseram ou não podiam me dizer nada sobre a final do Mundial contra o São Caetano. A opção estratégica de Tite foi clara: remontar o time da final da Libertadores. Um time guerreiro, coeso, que dificilmente toma gols e que é capaz de atropelar qualquer adversário. Mais que isso, um time iluminado, que teria ao seu lado 86.767 mães e pais de santo, além de padres, pastores, pajés, sacerdotes de todos os credos. Em campo, o Timão faria uma parte, mas de nada valeria sem a adequada configuração astral, sem o alinhamento dos planetas, o mesmo que segundo profetas de outros setores reconhecidamente levaria ao propalado fim do mundo. A maneira de evocar essas forças seria recolocar as peças em consonância com as estrelas: sim, Jorge Henrique tinha que entrar.
Apesar de disputar em igualdade o território, o São Caetano criava chances muito mais perigosas que o Corinthians. Cássio foi o salvador, muito por suas qualidades de goleiro, mas muito também por sorte, pois alguns tiros, se desferidos sem nervosismo, fatalmente entrariam.
Foi o calcanhar de Paulinho que evocou o Doutor dessa vez, novamente a cabeça de Jorge Henrique toca a bola, Paulinho cruz a área, Danilo toma a bola e chuta mascado, ela sobra para a cabeça de Paolo Guerrero. Um gol do Peru, um gol de Natal, um gol presente, gol de renovação.
Em noite de São Jorge, gol do Guerrero.
Gol de São Jorge.
O Corinthians é bicampeão do mundo. Desta vez, foi campeão passando pela Libertadores.
Um mundo acabou ali. O próximo mundo, que começou agora, é corintiano.
“Goleiro bom tem que
ter sorte”, já dizia a máxima do futebol. E isso é algo que
nunca faltou a Cássio. Nem estou falando da bola que quase passou
por baixo do corpo dele no primeiro tempo da final contra o Chelsea,
muito menos desmerecendo seus méritos técnicos, até porque, como
diria o novelista e músico francês Romain Rolland, “o acaso
encontra sempre quem saiba aproveitar-se dele”. Ou, se você
prefere Buñuel, pode lembrar que “o acaso é o grande mestre de
todas as coisas”.
Passadas as citações
do almanaque Biotônico Fontoura, é preciso lembrar como o herói da
conquista corintiana chegou aonde chegou. E o Futepoca
acompanhou. Em um post
de 2009, o companheiro Olavo lembrou como ele, sendo quarto
goleiro do Grêmio, depois de Saja, Marcelo Grohe e Galatto, chegou a
ser convocado para a seleção brasileira principal pelo técnico
Dunga. A lembrança do nome do
então gremista pelo comandante da seleção se devia ao seu bom
desempenho no Sul-Americano sub-20, que o credenciava como um
possível goleiro a ser convocado para as Olimpíadas de Pequim. Mas
acabaram indo Diego, do Almería, e Renan, do Inter.
Para chegar à seleção,
Cássio contou com uma sucessão de acasos fabulosa. No post Corpo
Fechado, já se comentava aqui a respeito das defesas do arqueiro
no Sul-Americano sub-20, apesar da equipe do então treinador Nelson
Rodrigues não empolgar. Mas como ele chegou ao time? Relembre: “Ele
não estava presente na convocação inicial do treinador Nelson
Rodrigues, e foi convocado graças ao corte de Felipe, do Santos,
pego no exame antidoping. Já na seleção, juntamente com Edgar, foi
o único que não sofreu com um surto de gastroenterite que atacou os
atletas da seleção brasileira. O goleiro Muriel, do rival Inter,
foi um dos que sofreu mais com tal doença, tendo cedido o lugar
antes para Cássio, por conta de dores musculares.”
O santo forte de Cássio
funcionou à época também em relação à disputa pessoal que
travava no Grêmio. “Marcelo Grohe, titular do time em boa parte do
ano passado, vinha sendo convocado seguidas vezes e tinha lugar certo
na seleção sub-20. Porém, se contundiu no fim de 2006 e não pôde
ir até o Paraguai. Na pré-temporada do time gaúcho, ainda sofreu
nova contusão, dessa vez um entorse no tornozelo. Curioso é que
Grohe também assumiu a condição de titular do Grêmio graças à
contusão de Galatto. Com tantos acasos a seu favor, se é verdade a
máxima de que goleiro bom tem que ter sorte, Cássio logo, logo será
titular da seleção principal.”
Vendido ao PSV, quase
não jogou e, depois de ser emprestado para o Sparta Roterdã,
retornou ao Brasil, no Corinthians em 2012, onde o acaso novamente
ajudou. Após trágica atuação nas quartas de final do Paulista,
Júlio César foi sacado e Cássio, mais uma vez, estava naquele dito
lugar certo, no momento oportuno.
Para quem acredita em
destino, a trajetória do herói corintiano é um prato
transbordante.
12 do 12 de 2012. Data inspiradora dos místicos. No entanto, nesta
quarta, no Morumbi, na realidade concreta dos são-paulinos, não foi
o 12 o número mágico a trazer boas energias. A senha para alegria e
emoção vestia a camisa sete. E só precisou de um tempo para
cumprir roteiro digno de decisão. Lucas fez de tudo em 45 minutos:
gol, assistência. Agredido com chutes, pisão e cotovelada, o garoto
de 20 anos teve frieza de veterano e desmontou os adversários do
Tigre da Argentina, que apostavam num duelo mental baseado na
violência e intimidação.
De cara, era
possível perceber que o menino faria da partida o momento mais
importante de sua vida profissional até então. Desde o primeiro
minuto, chamava o jogo, pedia a bola e se movimentava pelo campo
todo. No meio, pelas pontas. Armava, mas também marcava, dividia.
Aliás, comportamento padrão. Ele não se limita a atacar. Auxilia
constantemente no combate.
Quando o Tricolor,
apesar das entradas duríssimas do maldoso time argentino, já
ganhava a maioria das disputas de bola e executava boas trocas de
passes, o personagem da noite, após pivô de William José e
tentativa de finalização de Jadson, tirou, de esquerda, do goleiro
Albil e inaugurou o placar. Eram 22 minutos da primeira etapa.
O gol desarticulou
as linhas de pancadaria, digo, de marcação, do Tigre. De novo, aos
27, o camisa sete brilhou. Serviu Osvaldo, impedido por centímetros
(lance dificílimo para a arbitragem), dar um toque preciso por
cobertura. Título definido.
Só que o papel
fundamental de Lucas não pararia por aí. Ele provocaria os
adversários a ponto de tirá-los de vez do prumo. Sem violência. Na
bola e na sutileza. Aos 37, o lateral Orban deu-lhe uma cotovelada
que fez jorrar sangue do nariz. Ainda assim, o meia, apesar da
agressividade adversária e da mansidão do árbitro chileno Enrique
Osses, seguiu insinuante.
Na saída ao
intervalo, sutilmente, o são-paulino mostrou o algodão
ensanguentado àquele que o havia agredido. Mais que o suficiente
para o Tigre colocar de vez no jogo a violência que o caracterizou
desde o primeiro confronto, disputado semana passada, na Bombonera.
Acima de qualquer
coisa, Lucas sempre quer jogar. E intensamente. A marca do menino
neste ano é de 76 jogos, 59 pelo São Paulo e 17 na seleção brasileira. Não teve uma expulsão sequer. Não ficou fora por
contusão. Que reúne agilidade, velocidade, resistência, conclui
movimentos com precisão, além de não cair em qualquer trombada,
era sabido. Porém, as capacidades de concentração e compromisso se
mostraram bem acima da média. Negociado desde julho por R$ 108
milhões com o Paris Saint Germain da França, jamais se poupou.
Disputou cada partida como se estivesse recém-saído da base. E é,
sem dúvida, o principal responsável, dentro de campo, tanto pela
conquista continental como pela bela campanha no segundo turno do
Campeonato Brasileiro.
Durante a
comemoração do título, Lucas pegou o microfone. Na rápida
declaração à torcida, foi espontâneo nas palavras como é nos
dribles. “Eu amo esse clube. Esse título é de vocês. Vou voltar
pra defender essa camisa maravilhosa e comemorar muitos títulos.
Obrigado por tudo”. Imagina, moleque do gol. Nós é que agradecemos.
A confusão
Este texto tem a
intenção de enaltecer a atuação de um jovem ídolo que, além de
jogar muito, fez a última atuação pelo time do São Paulo neste
ciclo. Tomara, seja só a primeira passagem de Lucas pelo Tricolor.
Além disso, o companheiro Glauco analisou bem os problemas na ação amadora da direção são-paulina em certos aspectos.
Contudo, impossível
não dizer que os argentinos usaram, em demasia, o recurso das faltas
e foram de uma violência injustificável nos gramados de La
Bombonera e Morumbi. Não estou entre os que consideram faltas duras
como “algo do jogo”. Se fossem, não seriam passíveis de punição
com bolas paradas, advertências e expulsões. Equipes como o Tigre
fazem o que fazem para compensar a fraqueza técnica e por que contam
com arbitragens coniventes. As duas opções não são bonitas de
ver.
POR Mauricio Ayer
Estádio Toyota lotado, bandeirões, bateria, e mais milhões de loucos plugados no mundo inteiro. A invasão alvinegra no Japão mostra como este torneio veste bem a camisa do Timão. A paixão corintiana foi é será assim, desloca multidões, se faz sentir, incomoda, dá vexame, ocupa lugares, abafa. Às vezes deve ser insuportável ser anti-corintiano, dá pra entender. Mas a vida é assim.
Muito bem, vencido o “Cabo Mazembe” diante do Al Ahly, o Corinthians cumpriu sua maior missão do ano: chegar à final da Copa Toyota Mundial Interclubes. Esta semifinal é um pequeno purgatório entre o inferno da zoeira eterna e a possibilidade do paraíso. Qualquer adversário que venha será difícil, mas nenhum é o Barcelona, o que permite acreditar que é possível.
Em campo, o Corinthians regrediu aos tempos dos empates e vitórias de um a zero que celebrizaram o estilo Tite durante pelo menos todo o primeiro ano em que esteve à frente da equipe. Um jogo truncado, sem criar muitas oportunidades, mas sem dar chances ao adversário.
No primeiro tempo, é verdade, o time egípcio armou uma sólida plateia no meio campo para ver se o Timão conseguia jogar. Trancou a rua, e muito pouca coisa aconteceu. Os erros na narração do Teo José foram reveladores: ele chamou o Danilo de Douglas, Paulinho, Guerrero, Ralf e até de Paulo André; parecia que tinha um time em campo, mas quem se deslocava e dava algum movimento ao jogo era principalmente o Danilo.
Mas o gol só poderia sair de dois lugares: poderia ser de um contra-ataque iniciado pelo Paulinho, mas o meio-campista não esteve bem. Mas o gol saiu de um toque genial de Douglas, um totó de pé esquerdo meio improvável, esquisito, mas nem por isso menos preciso, que encontrou o peruano Paolo Guerrero livre na cara do gol, e ele completou com uma cabeçada também um tanto esquisita, igualmente precisa.
A partir daí, o time egípcio teve que ir pra cima e criou bem mais. A confiável defesa do Corinthians segurou o resultado por mais ou menos 60 minutos. Um desempenho medíocre. Mas, missão cumprida.
O grande acontecimento desta edição do Mundial está mesmo por conta da torcida: 31 mil torcedores, sendo uns 30 mil corintianos, segundo a transmissão da Band.
E que venha o outro finalista! Contra o Chelsea, trata-se de jogar de igual pra igual, com um grande time. Com o Monterrey aconteceria de transformar a conquistada boa esperança em possibilidade de novas tormentas, a obrigação voltaria inteira aos pés dos nossos jogadores. Que vença o melhor e vamos nos concentrar no nosso trabalho.
Não se sabe e talvez
nunca se saberá o que de fato aconteceu nos vestiários do São
Paulo. A única certeza é de que houve uma briga entre seguranças
privados do clube e jogadores e comissão técnica do Tigre. Se foi
emboscada, quem começou, se a PM agiu de forma correta e se os
argentinos exageraram sobre o que ocorreu, provavelmente vai ser
daqueles mistérios incorporados ao futebol que vão gerar lendas e
versões em profusão.
Mas há duas certezas
sobre a final de ontem. A primeira é que, após um início tenso, o
São Paulo colocou a bola no chão e dominou o jogo. Fez dois gols
(um deles, irregular, a bem da verdade) e os rivais praticamente não
ameaçaram o gol de Ceni. O Tricolor foi, realmente, soberano,
justificando não só a diferença de tradição dos dois times como
a distinção técnica dos dois elencos. Nada que justificasse,
claro, a declaração tosca de João Paulo de Jesus Lopes que disse
que até “há quinze dias nunca tinha ouvido falar” do Tigre. Só
confirmou dois esteriótipos: o de que cartolas não costumam dar
declarações muito sagazes e que torcedor só afirma a grandeza de
seu time diminuindo os rivais (o que é um contrassenso, aliás).
Mas a segunda certeza é
que, embora tenha sido gigante em campo, o São Paulo agiu como um
clube mediano no tratamento dispensado aos argentinos, como mostra
essa matéria
na página eletrônica da ESPN. Aos fatos: o ônibus que trouxe
os jogadores do Tigre foi atacado por torcedores que estavam
aglomerados no estádio, quatro janelas foram quebradas por pedras e
latas arremessadas.
Além disso, os atletas
não puderam fazer o reconhecimento de gramado no dia anterior à
peleja, como está previsto no regulamento da Conmebol. Cerca de 40
minutos antes do início da final, o os jogadores foram impedidos de
aquecer no gramado, e forçaram a entrada depois de discutirem com
seguranças do clube. A justificativa foi a de que o gramado
precisava de “descanso” depois dos shows da Madonna. Ora, se não
havia condições de se cumprir o que o regulamento exigia, porque
não mandar o jogo em outro estádio, como no Pacaembu? Durante o
jogo, já com a vantagem, ainda no primeiro tempo os gandulas
são-paulinos sumiram das laterais, mais uma mostra daquilo que muito
se condena quando acontece lá fora contra equipes brasileiras. Mas
quando é aqui...
Pode-se reclamara da
Conmebol, da arbitragem ou do comportamento de equipes rivais de
países vizinhos. Mas uma coisa é certa: em certos aspectos, os
clubes brasileiros não são nem um pouquinho melhores, ainda que
parte da imprensa e da torcida acredite em suas ilusões xenófobas.
Já
tantas horas depois, não há sentido em tecer longos comentários
sobre o jogo entre São Paulo e Tigre, na noite desta quarta, na
Argentina. Ao menos, no que diz respeito à bola rolando. O que vale
analisar é o comportamento de Luís Fabiano. Embora muitos já o
tenham feito, alguns com competência em poucas linhas, caso do Menon, o sujeito é uma situação à parte quando se trata de estupidez.
Sim, é isso, LF, o senhor foi de uma estupidez cavalar na expulsão
cavada aos 13 minutos do primeiro tempo. Dessa maneira, ficará
praticamente fora de toda a decisão da Copa Sul-Americana. Não
disputa a final num Morumbi lotado pela torcida do Tricolor Paulista,
que não tem uma sensação semelhante – de grande possibilidade de
título – faz quatro anos.
O
senhor é artilheiro, isso é incontestável, mas disse, depois do
jogo, que tentou dar um pontapé no zagueiro Donatti, também
excluído, para defender Lucas que, naquela altura, nem no lance
estava mais (aliás, Donatti estava na dele e teve menos motivos para
ser expulso). Pois bem, campeão dos fracos, o seu “espírito
coletivo”, de “defesa dos companheiros”, é fruto de uma visão
distorcida da realidade. Lembre-se, para “defender” o garoto,
você abandonou a equipe, deixou-a sem referência na área. Mais do
que isso: permitiu que os outros atletas são-paulinos permanecessem
o restante da partida apanhando, encarando um adversário violento,
inclusive o “seu protegido”.
Dessa
forma, meu caro, após passar a semana inteira dizendo saber que
seria provocado, o “justiceiro”, o cara que “não leva desaforo
pra casa”, deu à equipe do Tigre, fraca tecnicamente, munição a
uma das poucas armas que tem; a tão falada catimba argentina. Forte
para ganhar o duelo psicológico, algo que pode ser imprescindível
numa final contra o São Paulo de baixa média de idade.
Claro,
eles venceram as brigas mental e emocional. Muito, pois um dos
jogadores mais experientes do time brasileiro e ótimo finalizador, o
senhor mesmo, o “grande salvador dos mais frágeis”, caiu na
provocação do adversário. Parabéns.
O
problema é que, além desse ser o maior erro que cometeu na
carreira, é igual, no formato, a tantos outros que já fez. E não
se trata de condená-lo pelo passado, mas por condições que nunca
mudaram, por sua irresponsabilidade, por seu egocentrismo.
Sinto-me livre para dizer: LF, o senhor, em momentos decisivos, ou
falha tecnicamente ou é expulso. Em ambos os casos, o preparo
emocional para decidir se mostra zero.
É um
matador, goleador? Sem dúvida. E para por aí. Sempre que seus
serviços são chamados em decisões, e não precisa ser
necessariamente numa final, o senhor dá um jeito de se furtar da
responsabilidade. Não reclame, goleador recordista, quando a torcida
lhe chamar de pipoqueiro. Ainda que seja inconsciente, até quando é
expulso parece querer fugir. Onde está o compromisso com o coletivo?
Inexiste.
Assim,
“senhor fabuloso”, iremos, jogadores e torcedores, para cima do
Tigre na próxima quarta. E se não teremos a esperança de que, a
qualquer momento, o senhor nos fará explodir com o prazer do gol,
também não nutriremos o sentimento negativo de que pode ser
expulso.
Ganhar
ou não o título, difícil saber, até porque os argentinos seguirão
apostando no confronto psicológico e mostraram que são bons nisso.
Porém, independentemente do resultado, meu caro, tenha certeza, você
largou a bucha para a moçada. Férias adiantadas? De novo, parabéns.
Já conquistou algo no Tricolor.
"Há o pessimismo que bate quando estou sozinho e penso no mundo. Mas se é para ir a uma festa
em que há mulheres bonitas, o pessimismo desaparece. A vida está
correndo. Tenho momentos de tristeza, de prazer, de saudade... Faz
parte."
"Enquanto existir miséria e opressão, ser comunista é a solução."
"Nunca acreditei na vida eterna. Sempre vi a pessoa humana frágil e
desprotegida nesse caminho inevitável para a morte... Às vezes, muito
jovem, o espiritismo me atraía, logo dissolvido pelo materialismo
dialético, irrecusável. Se via uma pessoa morta, meu pensamento era
radical. Desaparecera, como disse Lacan, antes de morrer. Um corpo frio a
se decompor, e nada mais"
O melhor para o são-paulino na
vitória diante do Corinthians, além do óbvio de vencer o maior rival com time
reserva, foi ver Ganso jogar bem. Entre
outras questões levantadas pelo companheiro Nicolau após o último post sobre oTricolor, estava uma pergunta a respeito do que este escriba espera do armador.
Disse a ele das óbvias dúvidas sobre condição física e tal, mas posso estender o
comentário aqui.
Em campo, como se viu no clássico
de domingo, um jogador como Paulo Henrique Ganso passa muita segurança ao time
e preocupa o adversário. A qualidade fica impressa não só nas assistências que
o meia deu a Douglas e Maicon, mas na calma e clareza com que toca a bola.
Quando o time tinha a posse e bom passe, ele era o diferencial, o homem capaz
de sair do elementar. Nos momentos em que a equipe saía jogando torto, com a
redonda regurgitando aqui e ali, o maestro ajeitava as coisas.
Aliás, Ganso contribuiu com a
mudança de postura do São Paulo mesmo antes de atuar. Creio não ser coincidência o aumento de rendimento
logo depois da chegada dele. A autoestima, a confiança dos jogadores, da
comissão técnica, inclusive da torcida, deram sinais de subir.
Foi no dia 21 de setembro que a
longa negociação entre Ganso, São Paulo e Santos teve o término oficial. Nessa
data, o atleta assinou contrato com o Tricolor. Dali para frente, o time jogou
18 vezes, com oito vitórias, dois empates e duas derrotas no Brasileiro, mais
dois triunfos e quatro partidas empatadas na Sul-Americana. Além disso, o
período marcou as melhores apresentações do ano, melhor campanha do segundo
turno no nacional e passagem à decisão da competição continental. Não é
pouco.
Claro que Paulo Henrique foi só
um dos ingredientes na boa mistura que dá resultados na equipe de Ney Franco,
como escrevi no texto passado,
mas jogador fora de série é assim mesmo. A contratação sacode as estruturas,
mexe com o imaginário coletivo, coloca o clube em evidência, deixa rivais
precavidos. Também faz com que o elenco se agite, para o bem e o mal. Esperando
que Ganso não seja um Ricardinho,
fico com a primeira opção.
Não, o título do post acima não faz referência a algum estabelecimento frequentado por membros do Futepoca e que mereceu uma crítica negativa por conta da sua comida ou serviços. Trata-se do Modern Toilet, um restaurante que abriu em 2004 e, dado o incrível sucesso, abriu outras 12 filiais em Hong Kong, Taiwan, China e Japão.
Divulgação Facebook
Segundo matéria do Terra, o cardápio tem nomes curiosos de pratos como “Diarreia com fezes secas”, “Cocô sangrento” e “Disenteria verde”.
"Mas o que isso tem a ver com futebol, política e cachaça?", você se pergunta. Com os dois primeiros não tem nada, mas, sem dúvida, para ter uma ideia dessas só com o incentivo de uma marvada... Ou de um saquê.
O clássico envolvendo
Santos e Palmeiras na Vila Belmiro não foi marcado apenas por uma
bela apresentação alvinegra no primeiro tempo, que lhe rendeu a
virada e a vitória. Foi também uma noite de homenagem a Joelmir
Beting, falecido na madrugada da última sexta-feira. O time do
Palmeiras entrou com a faixa que reproduzia uma das máximas de
Joelmir, “Explicar a emoção de ser palmeirense, a um palmeirense,
é totalmente desnecessário. E a quem não é palmeirense... É
simplesmente impossível!”
Do lado alvinegro,
coube a Neymar entregar a Mauro Beting (força, Maurão e família!), vestindo a camisa dez
palmeirense com o nome Joelmir (ao lado), uma placa em homenagem ao jornalista
que teve a grande sacada de registrar no Maracanã, justamente com
uma placa, o célebre gol de Pelé, marcado contra o Fluminense, em
1961. “Nunca fiz um gol de placa, mas fiz a placa do gol”, dizia
Joelmir sobre a ideia que inspirou a expressão utilizada
correntemente para traduzir os belos gols.
Começada a partida, o
Palmeiras dava até impressão de que, sem a pressão que viveu
durante a maior parte do Brasileiro, jogaria mais solto, se
aproveitando do oportunismo de Barcos e da velocidade de Maikon
Leite, que fez o primeiro gol do jogo aos quatro minutos, após
grande lançamento do centroavante alviverde. Dois minutos depois,
mais uma vez nas costas do lateral Juan, o ex-alvinegro finalizou,
mas dessa vez Rafael defendeu.
Passado o solavanco, a
caravana santista se aprumou e começou a criar chances. Neymar
atrapalhou Arouca e perdeu diante de Rafael Alemão e, logo depois,
perdeu novamente uma chance clara, quase na pequena área,
finalizando por cima do gol. Sim, um jogo elétrico, que o Santos
empatou aos 14 minutos, depois de belo lance de Pato Rodriguez que
serviu Neymar. O atacante driblou Rafael Alemão e passou para Victor
Andrade finalizar sem goleiro.
A essa altura, o Santos
já era melhor, e Roman quis ajudar um pouco mais a missão peixeira
ao fazer pênalti infantil em Neymar. Ele já havia sido advertido
com o cartão amarelo por uma falta desleal no craque alvinegro, e
foi expulso ao receber o segundo, depois do puxão de camisa. O Onze
converteu o pênalti e, a partir daí, os donos da casa viraram
senhores do jogo.
Pato perdeu chance.
Neymar finalizou uma bola que bateu no travessão, na trave, e depois
na sua cabeça para sair pela linha de fundo. Felipe Anderson cortou
errado o goleiro e perdeu o gol. Mas, aos 39, Neymar fez um gol de
pura técnica e frieza, chutando entre as pernas de Maurício Ramos.
O craque ainda perderia outra chance, superando o arqueiro rival mas
parando Maurício Ramos, que salvou o tento.
Na segunda etapa, o
jogo caiu demais e as chances rarearam. Aos 10 minutos, o Santos
perdeu seus dois volantes: Alan Santos, que entrou no lugar do
suspenso Adriano, foi expulso por ter feito uma falta justamente no
momento em que Arouca era atendido e desfalcava o time. Gérson
Magrão entrou na meia e Felipe Anderson foi recuado, permitindo que
o Palmeiras tivesse mais campo para tocar a bola, ainda que de forma
pouco incisiva.
Para o Santos, valeu a
experiência de jogar sem um centroavante enfiado, como Muricy tanto
gosta. Com muita mobilidade dos três avantes e uma forte marcação
na saída de bola alviverde, a parte ofensiva do Peixe foi bem, mas,
quando Arouca saiu, o time sentiu falta de um pouco mais de
articulação no meio de campo. Vale testar novamente a formação,
com gente de mais qualidade na meia o jogo santista – cadê as
contratações, Laor? – o jogo pode fluir melhor.
Do elenco peixeiro que
jogou hoje, Juan, que foi muito mal no primeiro tempo, deve ir
embora, para alívio da torcida alvinegra, mais que impaciente com o
atleta. Mas dois jogadores que evoluíram muito nesse segundo turno
foram Felipe Anderson, que hoje tem muito mais consciência tática
do que há alguns meses, e Pato Rodriguez, que também passou a
aproveitar mais a habilidade que tem para jogar mais para o time do
que para si. Faltam meias, e laterais.
"Aí você me diz: 'Ah, mas ser conservador não é necessariamente ser uma coisa ruim'. Cê me desculpe, mas ser conservador é necessariamente ser uma coisa ruim. Primeiro, porque o mundo já é uma merda, sempre foi uma merda, se você quer conservar o mundo de uma forma que ele é, uma merda, então você é um merda. E quando você lê uma revista que te ajuda a saber como o mundo funciona e como as coisas estão acontecendo, e ela é uma merda, tudo que você conhece como verdade é uma merda."
Já mais do que sabida a passagem do São Paulo às
semifinais da Copa Sul-Americana, este escriba precisava, para voltar
a publicar, de uma desculpa melhor – aos leitores e companheiros do
Futepoca – do que uma análise do jogo com a Universidad Católica
do Chile. A superação de tal bloqueio, além da fama nem tão justa
de que são-paulino só dá as caras em momentos decisivos, dependia
de um fato sintetizador do momento Tricolor. E não é que a partida
serviu?
O que se viu no 0 x 0 do Morumbi na noite desta
quarta-feira, foi um retrato claro da mudança de postura são-paulina
em relação a tempos bem recentes. É clara a evolução do time se
tomados como comparação os tempos de Leão, Adílson Batista e até
Carpegiani.
Sofrendo com a falta de padrão e,
consequentemente, sem condições técnicas para um bom jogo
coletivo, o São Paulo, desde 2010, se arrastava e dependia de
lampejos individuais. Na mão contrária, o Tricolor de Nei Franco é
bem resolvido como equipe. Não transfere a posse de bola ao
adversário. É compacto. Avança quando perde a redonda. Reduz
os espaços dos rivais. Mesmo atuando contra uma retranca fortíssima,
por vezes bem violenta, como a da Católica, abafa a saída e rouba o
esférico rapidamente.
Outro ponto que chama atenção é o intenso uso
das pontas. Lucas, pela direita, e Osvaldo, na esquerda, contando,
respectivamente, com os apoios do surpreendente Paulo Miranda e de um
redivivo Cortez, atacam forte e marcam os laterais adversários, sem
a baboseira do cansaço para seguir na produção ofensiva.
Os cabeças de área combatem, saem jogando e
atacam. Aliás, Wellington é daquele jogador que contribui demais no
acerto de uma equipe. Depois da volta dele, fora o óbvio ganho no
poder de marcação, Denílson passou a render melhor, já que saiu
da função de primeiro homem no meio e foi para a posição onde
fica mais à vontade, a de segundo volante.
Por tudo isso é que a contenda da noite de quarta
serve a este impontual fazedor de textos. Na atuação contra os
chilenos, que garantiu a ida do São Paulo a uma decisão
internacional depois de seis anos, a equipe escondeu a bola do
adversário. Circulou-a. Trabalhou em campo grande com a posse dela e
encurtou os espaços.
Boas novas?
Faltou o gol. Porém, o problema não foi de
criação, mas de finalização. Muitas oportunidades foram perdidas
no Morumbi, algo que ocorreu até em maior escala no Chile. O que
alivia é que isso parece questão de treino de fundamento ou de
falta de inspiração dos finalizadores. Não é um problema
coletivo, como era praxe há poucos meses.
Por outro lado, preocupa o excesso de chances
desperdiçadas e as dificuldades que isso traz quando o assunto é
futebol. No caso do adversário de quarta, a falta de qualidade
técnica impunha que os chilenos ficassem postados atrás e
esperassem a bola salvadora. Contra um time razoável
ofensivamente, o castigo a quem perde tantos gols é mais provável.
De qualquer forma, mesmo esse jogo sem gols,
somado a belas apresentações recentes, como contra Botafogo,
Palmeiras e Vasco, pelo Brasileiro, e os dois jogos contra o
Universidad de Chile, pelas quartas da Sul-Americana, mostraram
qualidade e padrão que os são-paulinos clamávamos há tempos.
Alvíssaras?
O Guarani, depois de
chegar à final do Paulista de 2012, caiu para a Série C no
Campeonato Brasileiro ao ser derrotado pelo São Caetano, no Brinco
de Ouro. O que mostra algo sobre a situação de times menores no
Brasil que, às vezes, são vítimas do próprio sucesso. Uma final
de Estadual, ainda mais de um grande centro, chama a atenção de
clubes com maior poder econômico e a debandada é fatal. Como muitos
dos atletas são de empresários ou de “parceiros” e os contratos
são no tempo mínimo estabelecido por lei, a saída fica bem mais
fácil.
Deem uma olhada no time
que disputou a final do Paulista contra o Santos: Emerson, Bruno
Peres, Domingos, Neto e Bruno Recife; Éwerton Páscoa, Fábio Bahia,
Medina e Danilo Sacramento; Fabinho e Bruno Mendes. Destes, três
(Bruno Peres, Neto e Ewerton Páscoa) estão no Santos; Fabinho foi
para o Cruzeiro; Bruno Mendes foi para o Botafogo (embora sua
situação esteja indefinida atualmente); Domingos está no
Al-Kharitiyath... A equipe que foi rebaixada contra o Azulão tinha:
Emerson; Oziel, Ademir Sopa, Montoya e Bruno Recife; Lusmar (Kleiton
Domingues), Fábio Bahia, Medina e Fabrício (Danilo Sacramento);
Clebinho e Schwenck. Muito diferente.
Alegria andreense não chegou a 2011
Mas não se trata de
novidade, talvez, de maldição. Em 2010, o Santo André quase foi
campeão paulista em cima do badalado Santos de Dorival Júnior, com
uma equipe que tinha na final: Júlio César; Cicinho (Rômulo),
Halisson, Cesinha e Carlinhos; Alê (Pio), Gil, Branquinho (Rodrigão)
e Bruno César; Nunes e Rodriguinho. Mesmo roteiro do Guarani de
2012, Cicinho foi para o Palmeiras; Branquinho, para o Atlético-PR;
Carlinhos e Rodriguinho, para o Fluminense; Bruno César, para o
Corinthians. Na partida que definiu o rebaixamento do Ramalhão para
a Série C, atuaram Neneca; Alex Silva (Marques), Douglas, Toninho e
Dênis; Wendel, Walker, Makelele e Aloísio (Pio); Rychely e Borebi
(Marcelo Godri).
Ou seja, chegar à
final do Estadual mais rico do país pode significar mais dinheiro de
premiação e outro quinhão de renda. Mas o prejuízo em disputar a
Série C do Brasileiro (que não é uma competição fácil para
equipes do porte de Santos André e Guarani) pode fazer essa vantagem
financeira desaparecer rapidamente. E não dá pra culpar só a boa e
velha falta de planejamento quando um clube tem que refazer a maior
parte do elenco em um espaço de tempo tão curto. Sem mexer na
distribuição de cotas de TV das competições, que deveriam incluir
o fator “mérito” em sua composição, o abismo entre os grandes
e os médios e pequenos só tende a aumentar.
Com a saída de Mano
Menezes, a seleção brasileira, ou melhor, a patroa da equipe, CBF,
vai para o divã. Na prática, o técnico não tinha um desempenho
brilhante, nem deixará saudades para o torcedor, em que pese ter
tido apoio quase incondicional do maior grupo de comunicação do
país. Mas, para saber o que virá depois dele e o que significa a
alentada “virada filosófica”, é preciso retroceder um pouco na
recente história da seleção, que mostra como a direção do
futebol brasileiro reagiu até agora na troca de técnicos, sempre
negando aquilo que o anterior deixou (ou teria deixado).
Em 2006, Parreira
colocou em campo jogadores com adiposidade em excesso, o que refletiu
no desempenho do time. Cortar a balada e o descompromisso era a
palavra de ordem após o fracasso diante dos pés de Zidane e por
isso o símbolo do trabalho duro na seleção foi chamado, mesmo
nunca tendo sido técnico anteriormente. Dunga usou, na prática, a
receita moldada por Parreira em 1994, que não conseguiu repetir em
2006, e que Felipão também utilizou em 2002. “Fechou” o grupo,
formando uma dita família que implicou na convocação da jogadores
de qualidade duvidosa em função da “coerência” e “confiança”.
Diferentemente de seus antecessores, achou por bem ser escudo de seus
jogadores, topando com a imprensa e irritando o império global. Novo
insucesso em 2010, apesar de uma trajetória vitoriosa até o
Mundial, mesmo sem encantar.
Mano não conquistou a torcida nem com força da Globo
Veio Mano Menezes,
segunda opção após a recusa de Muricy Ramalho, com a missão de
“renovar” a seleção (sim, há excessos de aspas nesse texto,
mas se tratando de prática e intenção da CBF e de seus
contratados, é preciso). Primeiramente, recusou a herança dos
atletas de Dunga, que não deixou muitos atletas jovens com
experiência de amarelinha para o ex-corintiano trabalhar. Mesmo
aqueles que teriam condições de continuar, não foram convocados
por Mano ou, quando foram, já era tarde.
Mas, como diria
conselheiro Acácio em suas ponderações de bar, uma coisa é ser
técnico da seleção, outra é ser comandante de um time, quando se
tem tempo pra treinar e impor um padrão. Não é à toa que os
treinadores de priscas eras usavam bases de um e/ou outro time para
dar consistência a um selecionado.
Depois de testar, tentar, e não
conseguir ser inovador, Mano perdeu para seleções fortes e só
ganhou de equipes menos qualificadas. Fracassou em Londres e, quando
tentava ajeitar seu time com dois volantes móveis e um quarteto
ofensivo, ganhou o Superclássico das Américas perdendo, com um time
B+ do Brasil, para um time C da Argentina. Não caiu pelo resultado
em si, mas a peleja não ajudou em nada a sua permanência.
A política e o
futuro
Como bem lembrou oNicolau, citando o Menon, há na saída de Mano uma questão
política. José Maria Marín tem mais simpatia pelo presidente da
Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, para ser seu
sucessor. Mano é homem de Andres Sanches, diretor de seleções –
por enquanto – e homem de confiança de Ricardo Teixeira, que o
nomeou, assim como a Ronaldo no COL, para assegurar o seu “legado”.
Sanches é alguém cuja
trajetória mostra a habilidade de crescer em um tipo de cenário,
ver o cenário ruir, e depois seguir adiante como se nada tivesse com
o assunto. Fez parte da diretoria que levou o Corinthians ao
rebaixamento em 2007, sendo um dos parceiros principais de Kia
Jorabchiaan na gestão. Sucedeu Alberto Dualib e fez o corintiano
rapidamente esquecer o seu passado recente. Levado à CBF por Ricardo
Teixeira, foi fundamental para levar Mano, seu ex-comandado, para a
seleção brasileira. Tem um grande serviço prestado à CBF de
Ricardo Teixeera e à Globo ao ser o principal articulador da
implosão do Clube dos Treze.
Com esse currículo
político, claro que era (e é) uma ameaça aos planos de poder de
Marin, que tratou de escanteá-lo. Além do fator político puro, há
o desempenho técnico da equipe da Confederação, que também
influencia nos rumos do poder. E esse, sob a batuta de Mano, não ia
bem das pernas. Juntando-se os ingredientes, está pronta a receita
da troca de treinador.
A dúvida em relação
ao futuro da seleção é: o que vai importar de fato, um time que
ganhe e “cale a boca dos críticos” ou uma tentativa de
ressuscitar o futebol arte, magia, moleque (seguem adjetivos), aquele
que encanta mas não necessariamente ganha porque assim é o esporte?
Se seguirmos a lógica
do “fácil é o certo”, que costuma ser a cebefista, a opção
Felipão é a mais acertada. Foi ele quem assumiu o barco que
navegava em águas intranquilas na última vez que um técnico não
cumpriu um ciclo de quatro anos na seleção. Contudo, o fato de o
treinador só ser anunciado em janeiro abre margem a especulações
como o nome de Tite, que, vencedor do Mundial de Clubes, chegaria com
pompa e circunstância no comando do time verde-amarelo. Os mais
otimistas dirão que é o tempo necessário para convencer Pep
Guardiola, sendo que já tem até abaixo-assinado para que ele seja o
novo treinador do Brasil (ver aqui). E ao que parece, Guardiola gostou da ideia de treinar o Brasil. Ainda acho pouco possível, mas não
custa torcer.
A CBF demitiu Mano Menezes do cargo de treinador da Seleção Brasileira de futebol. Segundo Andrés Sanches, diretor de Seleções da entidade e assumidamente voto vencido na decisão, o presidente José Maria Marin quer uma "nova filosofia" no trabalho do escrete canarinho. Os nomes cotados na imprensa para trazer estes ares de novidade e renovação são Muricy Ramalho, Luís Felipe Scolari, Vanderlei Luxemburgo e Tite. Aguarde e confie.
Para o parceiro Menon, a demissão é mais um lance no jogo de poder da confederação, com Marin e Marco Polo del Nero agindo para isolar Sanches e tirá-lo do tabuleiro da sucessão, em 2014. Faz sentido.
Ainda que não conte com minha oposição, os números do trabalho de Mano são pouco defensáveis: disputou 33 partidas e teve 21 vitórias, seis empates e seis derrotas, aproveitamento de 69,69% (69 pontos de 99 disputados). Perdeu os dois torneios relevantes que disputou: Copa América e Olimpíadas.
Lá está ele, Durval, o craque da camisa 4. Só que não.
Pouca gente deve ter dado bola, mas o Brasil foi campeão na noite desta quarta-feira, em
cima da Argentina, e en La Bonbonera. Trata-se, claro, do glorioso Superclássico das
Américas. O tradicional caneco ficou com a seleção canarinho pela segunda vez
em duas disputadas, esta nos pênaltis, após o 2 a 1 para a Argentina no tempo
regulamentar, resultado igual ao conquistado em terras tupiniquins.
O resultado, na
verdade, pouco importa. Se esse jogo vale de alguma coisa, é para
observar alguns jogadores novatos com a amarelinha. Começando pelo
óbvio: Durval não dá. O zagueiro deve ser o cara que mais
comemorou o único título que jamais imaginou que ganharia. O mesmo
vale para Fábio Santos e o tal Lucas Marques, lateral-direito do
Botafogo, o que demonstra a escassez de nomes para a posição. Réver
também é mais fraco do que eu imaginava e Ralph é aquele
cão-de-guarda conhecido, com boa marcação e passes de lado. Isto
posto, vamos ao jogo.
Mano entrou com uma
formação estranha com três volantes: Ralph, Paulinho e Arouca,
sendo que os dois últimos deveriam armar o jogo. Começaram muito
mal, com os dois “armadores” batendo cabeça no lado direito do
campo. Pouco depois Arouca caiu pela esquerda e se adiantou um pouco,
distribuindo melhor o time. Foi dele o passe para a melhor chance
brasileira, desperdiçada por Neymar, que parecia se questionar o
tempo todo “o que diabo eu to fazendo aqui?” - dúvida semelhante à manifestada por Durval quando soube de sua convocação.
Primeira observação:
Arouca tem passe melhor que Ramires. Merece ser testado na dupla de
volantes-que-marcam-e-jogam de Mano, ao lado de Paulinho, que fez
outra boa partida - como volante, não como armador.
Ainda no meio-campo,
chamou minha atenção a atuação ruim de Thiago Neves. Errou quase
tudo que tentou, não achou posição e pouco acrescentou. Foi
prejudicado pelo vazio na armação dos dois volantes, é
verdade, mas, com seu desempenho igualmente fraco no jogo anterior, teria gasto suas chances com este professor aqui.
Fred e Neymar foram
prejudicados pelas dificuldades da armação. Mesmo assim, o camisa
11 teve as melhores chances, como a já citada no passe de Arouca, e
deu uma arrancada maravilhosa que merecia terminar em gol. O 9, bem, fez o gol de empate numa das
poucas chances que teve. Mas é fato que Fred não se entendeu tão
bem com Neymar e seu entrosamento com Thiago Neves não ajudou muito.
No segundo tempo,
entraram Carlinhos na lateral-esquerda, criando uma opção ofensiva
pelo setor, e Jean no lugar de Arouca. O volante (são tantos...)
não ficou muito tempo no meio-campo e teve de cobrir a
lateral-direita com a lesão de Lucas. Entrou Bernard, que bem que
podia ter começado o jogo para ser melhor avaliado.
Foi Jean quem cometeu a
falta fora da área que o juizão decidiu transformar em pênalti. E
também foi ele que cobriu como o volante que é o contra-ataque
bizarro cedido pelos zagueiros, deixando o setor direito da defesa
aberto para a finalização de Scocco, que entrou no lugar do pirata
Barcos.
Nos pênaltis, Diego
Cavalieri deu passos para garantir uma vaga com uma bela defesa na
cobrança do corintiano Martinez (nota mental: avisar Tite para não
deixar o argentino cobrar pênaltis no Japão). Montillo chutou na
lua e, como Neymar não perdeu dessa vez, levamos.
Bom, foi o que se pode
arranjar sobre essa partida de validade duvidosa. Mas sem dúvida
Durval lembrará para sempre do dia em que foi campeão pela mais
vitoriosa seleção do mundo. Mais um bonito momento proporcionado
pela CBF.
O patrocínio da Caixa
ao Corinthians vem rendendo discussões nas redes sociais.
Até mesmo a diretoria do São Paulo, segundo o blog do Perrone,
comentou o assunto.
Entre os argumentos, pérolas como “o governo devia gastar esse dinheiro em escolas
públicas” - o que, entendo eu, implica o fechamento das atividade
comerciais da Caixa, que pode ser uma proposta. No geral, o grosso
diz que “governo não pode bancar time de futebol” e,
obviamente, que a culpa é do Lula.
Sobre o mérito do
negócio em si, o Erich Beting escreveu muito bem. De minha parte, quero
aproveitar o o clima e propor o seguinte: a Caixa, todas as demais
estatais e as esferas federal, estadual e municipal de governo ficam
proibidas de fazer qualquer tipo de publicidade ou patrocínio a
entidades privadas. Pode ser?
A Caixa tira o dinheiro
que coloca no Comitê Paraolímpico Brasileiro, o Banco do Brasil
para de patrocinar a Superliga de Vôlei, a Petrobras tira o dinheiro
que coloca quase todos os filmes produzidos pelo cinema nacional.
E mais importante:
corta-se toda a publicidade governamental em todos os veículos
privados de mídia. Globo, Folha, Veja, Estadão, Record, todos
recebendo enormes quantias de dinheiro público há anos.
Especialmente a Vênus Platinada, que tem um pouquinho mais de bala
na agulha que qualquer time de futebol.
Aí sim liberaria
dinheiro grosso para outras áreas – além de ter o bônus de ver a
Abril ir a falência em um ano ou dois (as outras empresas talvez aguentem uns
meses a mais). Bora?
Para o corintiano, esse
campeonato brasileiro tem sido um pouco como dançar com a irmã. É
divertido, vale o treinamento para situações futuras, mas você
sabe que não passa disso. Não quero com isso, destaco, dizer que
naõ me importo com o nacional. Pelo contrário, adoraria não ter
perdido aqueles pontos odos no comecinho e estar disputando o título
até o final. E os resultados recentes do time, após entrar
oficialmente na fase final de preparação para o Mundial da Fifa,
mostram que daria pra brigar pelo caneco tupiniquim.
Peguemos o jogo deste
domingo, contra o Inter, no Beira Rio. O Corinthians venceu sem
forçar muito o ritmo, mas mantendo a organização coletiva e com
boas atuações de Douglas, Danilo e Guerrero. Não levou sustos e
criou bem mais que o Colorado, que teria até mais motivos para
correr por jogar em frente a uma torcida já bem descontente pela
temporada mais ou menos.
Um parágrafo para o
centroavante peruano, que depois de um período de adaptação ao
time, marcou em 3 dos últimos 4 jogos, como informou o colega
Ricardo, do Retrospecto Corintiano. Se continuar assim, estará bem
acima dos donos da posição que passaram pelo time nos últimos
tempos e mesmo dos outros atacantes, talvez com exceção de Sheik.
Nosso árabe voltou ontem, aliás, depois de temporada no estaleiro
que coincidiu precisamente com a fase do campeonato que não
interessava. Não, não chamei ninguém de chinelinho, essa acusação
fica por sua conta.
A boa sequência do
Timão inclui uma sacolada no Coritiba e vitórias contra o
café-com-leite Atlético Goianiense e o Vasco, que disputava vaga
para a Libertadores – de nada, tricolores. Fecha o Brasileirão
contra Santos e São Paulo, duas pedreiras, ainda que o Peixe não
conte com Neymar por uma decisão questionável da arbitragem. Está
hoje em quinto lugar, posição nada desonrosa para uma equipe que
jogou a meia bomba metade do torneio.
Ano que vem, espero um
planejamento que consiga realmente disputar Libertadores e Brasileiro
para ganhar, mesmo com esse calendário estranho e picotado que CBF e
Comenbol propõem e os clubes aceitam ano após ano. Se não vão
brigar por uma organização das datas que seja mais razoável para
seus interesses, que se virem para montar elencos que aguentem o
tranco.
Inter
Fernandão protagonizou
uma situação eticamente duvidosa algum tempo atrás quando, como
diretor remunerado do Inter, presumivelmente participou da decisão
de demitir Dorival Júnior, e assumiu seu cargo. Os resultados não
foram até agora lá grande coisa: o time que focou exclusivamente o
Brasileiro está em 8º lugar, com 51 pontos, longe da Libertadores
mais ainda do título. Pior que isso: o time que vi ontem está
desorganizado, apesar de ter bons nomes como D'Alessandro, Leandro
Damião e Forlan, craque da última Copa e uma das maiores
contratações do ano no país.
O uruguaio, aliás, é
um exemplo do problema. Não sei se por falta de adaptação (o que
Seedorf no Botafogo desmente), problemas pessoais ou seja lá o que
for, o cara não jogou nada. Mas tenho aqui uma teoria: Fernandão o
colocou aberto pela ponta direita, longe de Damião, deixando os dois
isolados e distantes um do outro no ataque. Forlan jogou como
centroavante boa parte da carreira e na Copa, como uma espécie de
meia-atacante centralizado, de onde distribuia passes e aproveitava
seus excelentes chutes de fora da área.
Pode não ser sua
culpa, mas o treinador estreante não está conseguindo retirar o
melhor de uma contratação milionária. Outro problema do time pode
ser o vício em seus dois ídolos argentinos, D'Alessandro e Guiñazu,
donos do time há várias temporadas. Uma renovação – ou um
enquadro bem feito – podem ser necessários para 2013.
Ah, e se Forlán quiser aparecer no Corinthians e disputar a centroavância com Guerrero, será bem vindo. O convite também vale para Leandro Damião.
Palmeiras
Não pretendo tripudiar
sobre o rebaixado alvi-verde, como fizeram corintianos mais cruéis da torcida e do elenco. Só destacar duas informações
interessantes, uma de cada lado da moeda.
Primeira: no fatídico
jogo contra o Flamengo, o grito de parte da torcida palmeirense foi
este: “Olele, Olalá, se cair pra Série B, se prepara pra
apanhar”. Não é exatamente um convite para que bons jogadores
venham reforçar o fraco elenco do Palmeiras.
A outra pode ser algum
alento: de acordo com o PVC, Arnaldo Tirone e os presidenciáveis do
clube, que tem eleições no próximo janeiro, se reuniram para
formar um comitê de transição e montar a equipe que enfretará o
paradoxo de disputar a Série B e a Libertadores ano que vem. Gilson
Kleina fica, pelo jeito.
Um adendo de menor relevância: o colunista Clóvis Rossi escreveu na Folha de hoje um texto assumindo sua traição ao verdismo e seu novo amor pelo Barcelona. De minha parte, achei pra lá de tosco.