Destaques

sábado, outubro 04, 2008

Cabeça-a-cabeça: dois jogos em casa, duas viradas

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Grêmio e Palmeiras venceram em casa. Ambos de virada. Ambos têm 50 pontos, ficam a quatro do terceiro. E o Verdão segue líder. Mas as coincidências vão além e a emoção foi acompanhar dois jogos ao mesmo tempo.

Aos 31 da primeira etapa, no Palestra Itália em São Paulo, Renan Oliveira marcou para o Atlético-MG, com um chute no canto direito de Marcos, o goleiro. Aos 30 minutos do primeiro tempo, no Olímpico em Porto Alegre, Renato Silva fez 1 a 0 para o Botafogo contra o Grêmio na sobra de Victor.

Viradas só no segundo tempo. Aos 18 minutos. Por ter começado dois minutos antes, a do Palmeiras, pelos pés de Alex Mineiro, aconteceu antes.

O tricolor gaúcho mandou fechar a conta depois de o zagueiro Réver subir mais do que a zaga da Estrela Solitária, 2 a 1. O alviverde paulistano ainda faria, com Denílson, aos 33, 3 a 1.

Diferenças também na hora do empate, já que, na capital gaúcha, demorou três minutos para sair dos pés de Douglas Costa. Em São Paulo, foram 13 minutos para o lateral-esquerdo Leandro deixar tudo igual. Outra variação foi haver vantagem numérica para os paulistas em seu jogo. A equipe do nada modesto Vanderlei Luxemburgo enfrentou um time com dez jogadores a partir dos 37 da primeira etapa, antes do empate, quando o atacante Marques recebeu o segundo amarelo ao pôr a mão na bola. Quando o Botafogo teve Jorge Henrique mandado para o chuveiro mais cedo, Léo foi junto aos 46 do primeiro tempo, e já havia igualdade no marcador.

Tudo bem, não foi tão parecido assim, mas na hora do jogo foi mais tenso.

Nem tão fácil
A rua estava movimentada por parte dos 27 mil palmeirenses que queriam ver o time vencer em casa e se manter na liderança do campeonato. Foi o que viram, apesar de a partida não ter sido tão fácil quanto eu imaginava. Ainda mais quando três jogadores do Galo, Mariano, Calisto e Lenílson, foram barrados por terem caído na noite paulistana. Todos os três estiveram em campo no empate sem gols com o Figueirense na rodada passada (Castillo entrou no segundo tempo).

Tudo bem, confesso, eu esperava uma goleada, mas como quem saiu na frente foram os visitantes e o Atlético-MG ainda deu trabalho, não se pode dizer que tenha sido exatamente simples. Os mineiros cederam a virada quando não conseguiram (ou desistiram de, dependendo do ponto de vista) jogar no início do segundo tempo.

Isso é bom para lembrar que só o técnico Luxemburgo é que pode ter arroubos de já-ganhou, desde que não passe isso para os jogadores.

Denílson entrou no segundo tempo e fez a diferença nos dois gols que saíram. Ao entrar no lugar de Élder Granja, deu-se a tradicional troca de lateral por meia. No primeiro lance em campo, ganhou uma corrida repleta de agarrões e empurrões com o lateral atleticano, fez o cruzamento para o gol de Alex Mineiro. Léo Lima também entrou bem no lugar de Pierre. Os paulistas vão agora ao Orlando Scarpelli pegar o Figueirense.


Atualizado à 1h56 de 6 de outubro

Cachaça na marca da cal

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Um ônibus vindo da estação Barra Funda do metrô para o largo de Pinheiros, às 16h30 de uma quarta-feira. Eu de pé, e dois figuras sentados conversam. Pelo conteúdo, eu presumiria que ambos são trabalhadores da construção civil autônomos, aproveitando o crescimento do setor nos últimos anos. O da janela saca uma garrafinha de plástico, abre, e toma um gole. O do corredor não perdoa:

— É cachaça, né? Já tá tomando uma...

Um olhar híbrido de condenação e iminência de xingamentos múltiplos se dirigiu ao acusador. Depois de alguma insistência, a recusa:

— É água! Sou prevenido.
— Água? É cachaça, vai – devolveu rápido.
— É água. Pra se eu tiver sede no dia. Sou prevenido.
— Mas que sede? Vai tomar água quente aí guardada na bolsa. A geladinha é cinquenta centavos!

O da garrafinha resmungou alguma coisa sobre as formas de manter o líquido fresco, que ele não era rico pra ficar gastando, mas parou ao se dar conta de que o preço era muito baixo.

— Cinquenta centavos? Onde é isso?
— Lá no ponto do ônibus, cinquenta centavos.
— Ih, rapaz, que água é essa? Cê bebe essa água três dias e já era, tá morto.

Aí começou a fazer as contas para provar por a mais be que o vendedor provavelmente comprava água em galão ou sabe-se lá onde e lançava mão de algum tipo de envase artesanal, sem garantias de higiene.

O outro achou graça do prazo de vida que restaria para o bebedor de água e concordou, era melhor comprar na loja, na padaria, onde fosse, porque o risco seria menor. O informal é mais barato, mas pode sair um problema.

Quando parecia que o consenso se aproximava, acho que eles olharam pela janela e viram que o ponto final estava longe. E recomeçaram:

— Tem coisa que não dá — recuou o da garrafa — Lá, do lado de casa, o preço do saco de cal com 20 quilos é cinco e trinta...
— Mas você pede nota fiscal?
— O quê?
— É, você pede nota fiscal? Tem que ser nota fiscal paulista, hein?
— Que... — desdenhou depois de uma pausa — se o cara paga a nota, não chega no preço.
— É, mas aí você tá roubando o dinheiro do... do... lá do governo!
— Mas eles vão roubar mesmo, pelo menos não tenho que ouvir [patrão] dizer que tô passando a mão no material.

E assim, uma leva de gente subiu e me jogou para o fim do coletivo, distante do momento em que a tão profícua conversa chegaria ao futebol. Se bem que é com cal se marca o gramado e, na verdade, os caras podem ser jogadores de futebol de várzea e não construtores autônomos. Vai ver eu que entendi errado.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Baú de Campanha: as eleições paulistanas de 1988

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As eleições municipais de 1988 em São Paulo são tidas como uma das grandes zebras do período pós-redemocratização. O candidato do então PDS Paulo Maluf liderou durante a maior parte do tempo as pesquisas, enquanto o PMDB, fortalecido pela conquista do governo do estado em 1986, tentava vencer a eleição na capital após a derrota em 1985 . Por fora, estava o PT, que apresentava uma ex-integrante das Ligas Camponesas da Paraíba como candidata à prefeitura.

Luiza Erundina emigrou para a capital paulista em 1971, por conta da repressão ao movimento no campo pela ditadura militar. Tornou-se presidente da Associação Profissional das Assistentes Sociais de São Paulo e foi chamada por Lula, junto com outras lideranças sindicais, para fundar o Partido dos Trabalhadores em 1979. Dentro do partido, começou sua trajetória de conquistas na política. Em 1982, foi eleita vereadora na capital paulista e, quatro anos mais tarde, deputada estadual.

Para ser candidata do PT à prefeitura de São Paulo, Erundina teve que disputar uma prévia onde enfrentou o então deputado federal Plínio de Arruda Sampaio, candidato da corrente Articulação e apoiado pelos caciques do partido, inclusive pelo próprio Lula. Mesmo assim, teve 5.544 votos enquanto Plínio ficou com 3.982 votos. Curioso que, à época, o adversário de Erundina era considerado mais à direita, defendendo inclusive a necessidade de alianças, o que contrariava o curto histórico do partido. Mais tarde, sairia do PT e migraria para o PSol, após ser derrotado no PED de 2006.

A vida de Erundina e de seu partido não era fácil, como se pode notar nesta entrevista ao programa Roda Viva, logo depois de sua candidatura ser oficializada. O jornalista Boris Casoy é dos mais virulentos contra a petista, repetindo uma pergunta que, para ele, é “clássica”, sobre a crença da parlamentar em Deus. Uma de suas dóceis questões é “Deputada, a senhora fala em espaços democráticos e democracia, prevê obediência à lei. A senhora tem apoiado, quando não promovido, invasões de terrenos urbanos em São Paulo ao arrepio da lei. Como a senhora pretende tratar esta questão das invasões, se é que a senhora vai parar de invadir, na prefeitura de São Paulo, se a senhora for eleita?”.

Ao final do programa, telespectadores telefonaram reclamando do tratamento dispensado a Erundina. A mídia, já anti-esquerda por natureza, se deparava com uma candidata mulher e nordestina. A eleição seria complicada...

A campanha

O hoje deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB) participou da empreitada de Erundina. Foi a primeira vez que os comunistas se aliaram ao PT em São Paulo, junto com o PCB. Antes, haviam se coligado com o PMDB (apoiando FHC em 1985). No livro No Olho do Furacão, Rebelo conta como estava o clima da campanha em 14 de setembro. À época, o pleito era disputado em turno único e a votação seria no dia 15 de novembro.

Maluf dispara nas pesquisas e chega perto de 40%, enquanto o índice de Erundina sofre uma pequena queda. Mas é o bastante para que a campanha, ainda em busca de afirmação, entre em zona de turbulência. Argumentamos que o crescimento de Maluf e o nosso ligeiro declínio não têm maior significado. Maluf cresce no vácuo das forças conservadoras que, entre ele, Leiva e a alternativa PSDB, depositam mais confiança no ex-governador de São Paulo.”

O candidato tucano era José Serra e o partido recém-criado utilizava da bandeira da ética para se diferenciar da agremiação-mãe, o PMDB. O jingle serrista trazia versos com trocadilhos feitos com o nome do candidato (Serra, serra, serra essa mamata...) e seu principal adversário era justamente o peemedebista João Leiva. A estratégia era chegar ao segundo lugar nas pesquisas e desbancar o ex-secretário do governador Quércia, canalizando os votos anti-malufistas. Mas, com a ajuda da máquina, Leiva já era o segundo colocado em outubro.

Com um Leiva estagnado e um Serra sem discurso, Erundina começa a subir nas pesquisas. A cinco dias da eleição, ela tem 19% e está empatada com o peemedebista; Maluf tem 28%. Um dia antes, uma tragédia. Trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) que ocupam a empresa são reprimidos pelo exército e pela PM. Em meio ao que se convencionou chamar de massacre, três operários mortos e uma centena de feridos.

A vontade de mudança tomava corpo e Erundina crescia na reta final. Aldo Rebelo conta uma história exemplar do engajamento que vinha naturalmente para a petista às vésperas da eleição. “Alexandrina, Irene e Conceição são pernambucanas, moram no fundão da Zona Leste e ganham a vida fazendo faxina e costurando para famílias de classe média. Ontem, elas receberam uma oferta para ganhar cinco mil cruzados cada uma para fazer boca-de-urna para o candidato do PDS, Paulo Maluf. São quase 15 horas e só agora elas estão tomando a primeira refeição do dia: um sanduíche de queijo que recebem na porta do colégio. Mas estão satisfeitas. Rejeitaram a oferta de cinco mil cruzados e fazem boca-de-urna, de graça, para Luiza Erundina e para o candidato a vereador do PCdoB”.

Sem urna eletrônica, a apuração é lenta. Os primeiros votos a chegar são das regiões mais nobres e centrais. A apuração na periferia começa a dar a vitória para a primeira prefeita de São Paulo, como conta Rebelo. Em Guaianases, ela tem 41% dos primeiros votos apurados, João Leiva fica em segundo com pouco menos de 20%, e Paulo Maluf fica em quarto, depois dos votos em branco.

Erundina vence com 29,84% dos votos, seguida por Maluf que fica com 24,45%. Leiva vem a seguir com 14,17% e o tucano Serra tem 5,59%, quase empatado com o candidato do PL João Mellão, que alcança 5,39%.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Bebendo e aprendendo

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Coisas que são difíceis de dizer quando você está bêbado:
- Indubitavelmente
- Preliminarmente
- Verossimilhança
- Inconstitucional

Coisas que são extremamente difíceis de dizer quando você está bêbado:
- Especificidade
- Transubstanciado
- Proliferação
- Três tigres tristes

Coisas que são praticamente impossíveis de dizer quando você está bêbado:
- Chega, vou embora. Já bebi demais.
- Putz, muito longe. Vai você, eu não vou.
- Que coisa medonha! Não vou beijar isso, não.
- Saideira?!? Nem morto! De jeito nenhum!

Luxemburgo. Ele é o bom!

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Luxemburgo nunca se destacou pela modéstia, isso é fato. Mas ontem deu declarações à Rádio Globo  que parecem mostrar algum tipo de desconhecimento de regras elementares da lógica. Vejamos:

“Estou preparado. Sou bom mesmo. Se fosse o presidente da CBF, colocaria o Luxemburgo na seleção.” 

O técnico falava sobre a possibilidade de ir para a seleção, pensamento fixo do comandante assim como as medalhas eram para o simpáticoMuttley (na imagem ao lado). Mas ele falou mais:

"Se vencesse Camarões, em 2000, eu seria campeão olímpico e ganharia a Copa de 2002. Por que me tiraram se meus resultados eram ótimos? Fui criticado por aquela eliminação na partida que eu melhor trabalhei."

Analisando tais palavras, percebe-se que Luxa tem razão em uma coisa: sem vencer Camarões nas quartas-de-final, não era possível ser campeão olímpico. Poderia ser um exercício de lógica modal , que, de acordo com o Wikipedia, "permite analisar não só o que dizem as coisas no mundo, mas o que diriam em um mundo alternativo; não factual, mas possível."

Mas não há muita dúvida no mundo alternativo de Luxemburgo. Se tivesse vencido Camarões, seria campeão olímpico. E venceria a Copa do Mundo. Talvez hoje fosse presidente da República. Ou papa. Só perguntando a ele pra saber.

Outro porém no item "resultados ótimos". O aproveitamento nas eliminatórias era similar ao do espinafrado Dunga, como já dito aqui, e nos Jogos Olímpicos o atual comandante ao menos conseguiu um bronze.  Não parece brilhante.

Agora, a prova cabal de que sua demissão foi acertada está contida na assertiva em que alega ter sido criticado pela partida em que ele "melhor trabalhou". Se você comanda um time que consegue perder para outro que tem menos qualidade técnica, tradição, joga com dois atletas a menos e essa derrota é seu "melhor trabalho", talvez seja hora de repensar os seus métodos... 

Uma proposta de "hierarquia manguaça"

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Na tentativa de entender ou pelo menos sistematizar (subjetivamente) a manguaça e seus praticantes, o Futepoca já tratou, por exemplo, das fases da bebedeira e dos motivos para tal. Mas o que nunca abordamos foi a hierarquia dos bêbados, exercício curioso praticado com muito "método" pelo blogue Perereca Albina, que condena o desconhecimento dos "critérios técnicos regulamentados pelo Incopo". "Tomar um porre todo mundo toma, porém, ter status etílico é outra coisa", sentencia o blogue. Vamos, então, às categorias definidas pelo Perereca Albina:

1 - Bêbado: é a patente mais insignificante da escala, mesmo porquê, não chega a ser um profissional. A coisa aí é definida pelo verbo de ligação: normalmente o sujeito ESTÁ bêbado (como o coitado na foto à esquerda), ele não É bêbado. É como os ministros. Eles não são ministros, eles estão ministros - o que também não impede que o ministro seja ou esteja bêbado. É o pé-de-chinelo da escala. O bêbado, não o ministro, é claro!

2 - Biriteiro: é o cara que, depois de alguns porres, acaba se interessando pela carreira e começa a praticar a bebunagem com regularidade. Como o fígado ainda está tinindo e a família achando que aquilo é só uma "fase passageira", ele vai metendo os cornos devagarinho. Toma três hoje, duas amanhã, pára no domingo, recomeça na terça, vomita na quinta, toma boldo na sexta, e vai indo… Como ainda não tem certo domínio sobre o álcool, acaba fazendo merda (como na foto acima, à direita). E depois da primeira, é uma atrás da outra, para alegria dos cunhados canalhas.

3 - Bebum: é uma patente acima do biriteiro. Mais constante e mais previsível (quanto às cagadas que costuma aprontar), o bebum é aquele cara que vive pagando mico, para a vergonha da esposa e felicidade da sogra. Pode ser "sistemático" (faz merda todo dia) ou "assistemático" (o que não faz mais merda, pois já tem o suficiente em estoque).

4 - Pinguço: o que faz com que um bebum seja elevado à categoria de pinguço é o horário em que adentra o recinto cachacístico. O bebum é um notívago por excelência, só costuma molhar o chifre à noite, enquanto o pinguço é um "tardívago"; começa na hora que seria do almoço. Seria, mas não é. Almoço, para pinguço, é perda de tempo. Só pode ter sido invenção de crente.

5 - Pau-d’água: é o pinguço que já perdeu o respeito da vizinhança. Embora seja uma patente alcoólica de grande carisma, a expressão "pau-d’água" é usada por muitos abstêmios como adjetivo pejorativo. E isso é sacanagem. Se o pau-d’água fosse da família deles seria "vítima do alcoolismo" (...) É o mesmo preconceito que muita gente tem contra a viadagem: se for da nossa família é "homossexual", mas se for da família do vizinho é "viado", "bichona".

6 - Pé-de-cana: é o pau-d’água pobre. Rico, de porre, é extravagante; pobre é impertinente. Rico fica eufórico; pobre faz vergonha. Rico fica alegre; pobre enche o saco. Rico agita a madrugada; pobre enche os culhões. Não tem como escapar! Só enchendo os cornos para esquecer o preconceito…

7 - Papudinho: é a maior patente da escala, o último e derradeiro degrau. É quando a cara incha de vez, os olhos empapuçam, o passo fica curto, os pés engordam, as mãos vacilam, a voz se arrasta e até o anjo da guarda dá no pé. Geralmente é um solitário. Bebe sozinho, cai sozinho, mija nas calças sozinho, e fica babando no sereno até que uma alma caridosa, normalmente um outro papudinho, se ofereça para ajudar. Ocorre que, muitas vezes, o outro papudinho está ainda mais mamado e acaba caindo também. Aí, para levantar dois papudinhos são necessários outros dois papudinhos, que quase sempre não aparecem, já que estão caídos mais adiante. Daí então, só de revolta, resolvem formar mais uma dupla sertaneja para torrar de vez com o saco dos brasileiros.

Obs.: Além destas sete patentes, há algumas outras posições intermediárias, como sub-bebuns, terceiros, segundos e primeiros-pinguços, biriteiros de corveta etc., mas que são estritamente corporativas e servem tão somente para efeito de promoção. Figuras como o "ébrio", por sua vez, não são mais reconhecidas como patente. O ébrio, para quem não sabe, é o bebum em desuso. Ainda há alguns poucos remanescentes no mercado, cujas famílias os prendem em casa para evitar que façam merda na rua. Os poucos que ainda existem funcionam à válvula, já perderam o contraste e têm sérios problemas com o vertical.


Só para registro, "papudinho" ou "papudim" é um termo muito usado no Nordeste do Brasil, como mostra este post e este também.

Foi aos 44 minutos, sob chuva cerrada

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O Palmeiras conseguiu a classificação na Copa Sul-Americana ao vencer, por 1 a 0, o Sport Anchash. Os peruanos se seguraram, criaram duas chances no contrataque, e adiaram a definição da partida até os 44 minutos do segundo tempo.

Quebrou a sequência de duas partidas sem marcar gols e completou a sexta partida sem tomar gols – três em cada competição que disputa.

Quem fez o gol foi Jumar, segundo volante, ao receber de Diego Souza dentro da área, pelo lado direito, o mais prejudicado pela chuva que apertou no segundo tempo. Kléber, que entrou no intervalo, tentou por ali. Pierre, Evandro e Diego Souza, também. Todos foram desarmados pela poça. Jumar driblou a água acumulada, cortou o zagueiro e colocou a bola onde o arqueiro oponente não poderia alcançar. Só não peçam para ele fazer de novo.

Chuva
O jogo dos donos da casa foi dificultado pela chuva, pela excelente atuação do goleiro Vegas e pela limitação na partida do ataque reserva Denílson e Thiago Cunha. Com Kléber e Diego Souza, o Palmeiras passou a pressionar até Sandro Silva ser expulso. Tudo parou até a pressão a partir dos 40 do segundo tempo.

Ufa! Ou, festa no chiqueiro. Ou, como gritou meu vizinho também palmeirense, "obrigado, Verdão".

Mesmo com as dúvidas sobre a relevância da competição, é sempre melhor vencer. Agora vem o Argentino Juniors pela frente.

Bruno
Diego Cavallieri não era um Marcos. Bruno precisa de arroz com feijão para ser um Diego Cavallieri. Mas chega lá.

Lição filosófica do horário político

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Inadvertidamente assistindo ao último dia dos candidatos à prefeitura no horário eleitoral, vejo a propaganda do alcaide Gilberto Kassab (DEM). Entre os depoimentos de "eleitores" justificando porque apoiavam o democrata, um cidadão remodela um dito popular para defender a reeleição do prefeito:

"Em time que está ganhando, ninguém se mexe"

Até admito a hipótese de ter escutado mal, mas tive a nítida impressão que o cidadão disse isso. De fato, dá o que pensar. Ou não.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Promoção Praga do Zé: definidos os vencedores

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A promoção Praga do Zé já tem seus vencedores definidos. A enquete foi disputada e teve até campanha por fóruns de discussão de gibis. As três mais votadas levam um exemplar do livro Prontuário 666.



Resultados



Pela ordem:

1º Ricardo Teixeira e Branca de Neve

VOCÊ, RICARDO TEIXEIRA! VOCÊ que colocou o Dunga na Seleção! Irá encontrar a Branca de Neve, toda linda e virgem. Ela irá lhe chamar de "meu príncipe". Mas na noite de núpcias, você irá brochar!
Helbert Wagner – Belo Horizonte-MG

2º Seleção na várzea

Que você, você e todos vocês da seleção brasileira de futebol, sejam obrigados a disputar campeonatos de várzea, sem receber salário, caso não comecem a deixar a preguiça de lado e a jogar o futebol que parecem ter esquecido.
Thomas Missfeldt – Sao Bernardo do Campo-SP

Soneca na rede

Você, você e somente você! Se não acordar para o que a Seleção está se tornando, terá seu nome mudado para o de outro anão: Soneca! E passará a eternidade dormindo em uma rede, entre as traves de um gol, durante uma disputa de pênaltis! Isso irá acontecer, se você não acordar pra nossa Seleção!
Rodrigo Cesar – São Paulo-SP


Parabéns aos vencedores, que vão receber o livro pelo correio. O Futepoca agradece a todos que votaram. Agora, quem não ganhou o livro, tem todo o direito de praguejar contra nós, mas peguem leve, vai.

A importância de um líder manguaça

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De volta de uma viagem à Alemanha, meu colega de trabalho Gerson, já citado em outro post, conta uma historinha interessante que ouviu na cidade medieval de Rotemburgo (Rothenburg ob der Tauber). Em 31 de outubro de 1631, em plena Guerra dos Trinta Anos, a cidadezinha foi sitiada e ocupada pelas tropas da Liga Católica, chefiadas pelo general holandês Johann Tserclaes, conde de Tilly (acima, à esquerda). Enfurecido com a resistência oferecida pelos habitantes (todos protestantes), que provocou a morte de vários soldados católicos, o militar convocou as autoridades locais para tratar da rendição, em uma taberna, ameaçando destruir Rotemburgo e enforcar quatro conselheiros do prefeito Georg Nusch em praça pública.

Na hora da reunião, o taberneiro, querendo agradar, ofereceu ao general invasor o melhor vinho local (o famoso Franken Wein, vinho da região da Francônia), num canecão. Na época, o hábito era passar a enorme caneca de boca em boca, como o chimarrão gaúcho, para cada um tomar um gole. Tilly bebeu mais de uma vez e, já meio manguaçado, zombou dos inimigos, apostando que não haveria homem na cidadela capaz de beber aquele galão inteiro de vinho, correpondente a 3,25 litros, de um gole só. O prefeito Nusch se sentiu no dever de enfrentar o desafio, mas com a condição de que Tilly se retirasse de Rotemburgo sem represálias. Pois o manguaça entornou o canecão inteiro e Tilly preservou a cidade e os conselheiros. Dizem que Nusch ficou em coma 3 dias. Mas sobreviveu para ser reeleito 14 vezes!

Seu feito histórico foi eternizado como o "Meistertrunk", "gole de mestre". Hoje, há um relógio na Prefeitura cujos carrilhões recordam o feito duas vezes ao dia, das 11h às 15h e das 20h às 21h. Numa janela, sai uma estátua de Tilly, perplexo, enquanto na outra sai uma de Nusch entornando lentamente o galão (acima, uma gravura do prefeito manguaça, com a inseparável caneca). O engraçado é que seu nome, Georg Nusch, é quase idêntico ao de outro político bebum, que preside um certo país da América do Norte. E ainda vem o Larry Rohter criticar a cachaça do Lula! Ora, faça o favor...

Cliente assídua, égua é proibida de beber no bar

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Um afronta aos direitos dos animais que faria a paladina Luisa Mell  verter lágrimas de indignação. A égua Peggy, de doze anos, era cliente assídua do pub do Hotel Alexandra, em Jarrow, norte da Inglaterra. Junto com seu dono, Peter Dolan, 62 anos, o dócil animal sempre tomava uma cerveja e degustava um pacote de batatas fritas. Nunca incomodou ninguém, nem ficou bêbada ou arrumou confusão no estabelecimento. Mesmo assim, foi proibida de entrar no boteco.

A justificativa alegada pela dona do bar, Jackie Gray, para barrar a entrada da freguesa quadrúpede, é que foi realizada uma reforma no local. Novos carpetes fizeram com que a égua fosse obrigada a ficar do lado de fora, assistindo de forma masoquista ao embebedamento do seu dono. Mas Gray elogia a ex-manguaça. "Apesar de ela ser provavelmente mais limpa do que alguns dos meus clientes, tive que bater o pé e mostrar a saída para ela", relata, sem pena.

O dono do animal diz que os clientes ainda não se habituaram a vê-lo sem a companheira eqüina (ou equina, de acordo com a reforma ortográfica ). "As pessoas entram no pub e a primeira coisa que perguntam é: onde está Peggy?", lamenta. Não existe previsão para que a pobre égua volte ao balcão.


A investigação do Futepoca constatou duas coisas ao observar a foto acima. A primeira, o gosto de Peggy pela manguaça, explicitada pela língua que busca o copo. A segunda é o bom gosto do animal. Ele consome uma Pale Ale, da marca John Smith, hoje pertencente à Heineken. Certamente, a freguesa de quatro patas bebia bem melhor que a média dos manguaças de cá...

terça-feira, setembro 30, 2008

A moda é internacional: árbitro é mais importante do que o jogo

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O árbitro britânico Rob Styles (foto) apitou um pênalti inexistente sobre o português Cristiano Ronaldo na partida de sábado em Old Trafford entre Manchester United e Bolton. Depois, reconheceu o erro, chamou o presidente e o gerente de futebol do clube para pedir desculpas. A vitória do time vermelho foi de 2 a 0. Tem um dossiê de torcedores furiosos aqui.

Gary Megson, o gerente do Bolton, foi quem revelou o episódio para o Daily Mirror, e diz que as desculpas deram-se em uma longa conversa convocada pelo árbitro. Não deve haver punições para o réu-confesso.

Divulgação
Desculpa, aí
No Brasil, a prática é moda há algum tempo. Djalma Beltrami admitiu a pisada no tomate na final do Campeonato Carioca, para desespero dos botafoguenses. Ana Paula Oliveira, (de tatuagem nova na foto) fez o mesmo contra o Santos em 2007. Só os botafoguenses ficaram bravos, até os jogadores e o técnico contemporizaram.

Mais recentemente, José Henrique de Carvalho admitiu ter apresentado dois cartões amarelos para o volante Magal (ops!) na partida entre Corinthians e Guaratinguetá, em março, pelo Paulista. Pediu desculpas.

Na mesma competição, a auxiliar de arbitragem Maria Elisa Oliveira reconheceu o erro no gol do São Paulo contra o Palmeiras na primeira partida da semi-final do Paulista, dizendo que não viu o toque de mão de Adriano. Nem ela nem o árbitro Paulo César Oliveira tinham visto o puxão sofrido pelo atacante, mas o dono do apito não admitiu erro nenhum.

Já no Brasileirão, Cléber Wellington Abade pediu perdão por (não) proibir paradinha de Alex Mineiro no jogo com a Lusa, no início do mês. É que no jogo que terminou 4 a 2, o centroavante alviverde não pôde fazer a paradinha por uma suposta ameaça do juizão – desmentida por ele apesar do pedido de desculpas. É confuso mesmo. Mas na dúvida, "foi mal, aê!"

No futebol pernambucano, em 2007, Adriano Siebra recorreu ao mesmo expediente depois de anular o gol de Dinda, do Vera Cruz diante do Serrano, pelo campeonato Pernambucano. Ele teria ido, segundo o Torcedor Nordestino ao meia depois do jogo para admitir o deslize.

Castrilli
Quem nunca pediu desculpas para a Portuguesa de 1998 foi Javier Castrilli. O Xerife, como é conhecido na Argentina está aposentado, mas é uma mostra de que os homens de preto têm cada vez mais destaque na mídia também por lá, não importa o que digam. O Olé publica uma ampla entrevista com Castrilli. Do impacto do futebol no ideário lúdico das crianças ao autoritarismo dos árbitros dentro de campo, o cabra fala sobre tudo. Admite seus erros, sem entrar em detalhes.

E olha que ele também fez das suas na terra dos hermanos. De 2003 a agosto deste ano, ele era diretor do Departamento de Segurança nos Estádios da Argentina e deixou o cargo por divergências políticas e resistência de cartolas em adotar medidas de segurança, como ter espectadores sentados nos estádios. Antes, no mesmo polêmico ano de 1998, ele teve de renunciar em meio a uma crise na Associação Argentina de Árbitros (AAA) que pressionava seus subordinados a dar menos advertências para os jogadores violentos. Os denunciantes voltaram atrás e ele terminou com a denúncia nas mãos e impropérios para todos os lados.

O contexto da briga envolve uma disputa entre a AAA e o Sindicato da categoria (Uafa), criado em 1988 com apoio da Associação de Futebol Argentino (AFA). Mas o enrosco se arrasta.




Maior que a bola
Se a tendência é mundial, é hora de uma ampla campanha de boicote aos ex-árbitros comentaristas? É tudo culpa dos milhões de câmeras e ângulos para repetir a mesma jogada, ou o problema é a falta de assunto decorrente da carência de craques capazes de jogadas dignas de nota?

'Planejamento' são-paulino: facão seletivo

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A vida zonza acaba de fazer mais uma vítima no mercado futebolístico: depois de levar diversas broncas, o lateral-direito Éder (à direita) finalmente foi dispensado pelo São Paulo por sua insistência em cair na noitada, nos parcos sete meses em que permaneceu no clube. O estopim foi uma balada na última quarta-feira, na qual estariam envolvidos também outros três ou quatro jogadores - incluindo o veterano lateral-esquerdo Júnior, que não foi relacionado nem para o banco na vitória contra o Cruzeiro, no domingo. Ou seja: dos cinco (ou quatro) atletas metidos no rolo, apenas dois foram punidos. Porque os outros envolvidos, pelo que comentam, são titulares absolutos no time de Muricy Ramalho. Isso pressupõe, portanto, que no São Paulo existem muitos pesos e várias medidas. Lá, a ocasião faz o ladrão - ou o mocinho.

Coisas como essa desmistificam o tal "planejamento" são-paulino. Foi-se a conversa do time que contratava bem, que só trazia bom, útil e barato. Um exemplo é exatamente a lateral direita. Depois de Cicinho (à esquerda), que jogou as temporadas de 2004 e 2005 (período em que chegou à seleção brasileira e conquistou um bom posto no exterior), o Tricolor do Morumbi peleja para efetivar alguém na posição. Aliás, mesmo naqueles tempos, a coisa já era feia: com a saída do reserva Gabriel, em 2004, Cicinho tornou-se o único lateral-direito de origem no elenco. Por isso, na metade de 2005, quando ele foi convocado para disputar a Copa América, o São Paulo apelou para o semi-aposentado Michel, ex-Santos, para fazer o papel morto-vivo em algumas partidas. No ano seguinte, com a venda de Cicinho e a vinda de Muricy, a coisa piorou.

O clube trouxe, inicialmente, outro semi-aposentado, Maurinho, que passou mais de um ano no estaleiro e saiu, no início deste mês, exatamente como entrou - sem ninguém notar. Depois, o São Paulo recorreu ao equatoriano Reasco, que pouco jogou, devido às seguidas contusões. Mas o Tricolor deu sorte e acabou "achando" o ex-palmeirense Ilsinho (acima) para a lateral direita, uma promessa que deu certo. Mas ele ficaria só um ano no Morumbi, até ser vendido ao ucraniano Shaktar Donetsk. A solução, a partir daí, foi improvisar o - hoje gremista - meia Souza no lado direito, posição em que foi muito bem, chegando a ser premiado. Mas era improviso, ponto.

E aí, quando ele foi vendido, no início deste ano, o presidente são-paulino Juvenal Juvêncio decidiu radicalizar, contratando Joílson (que, apesar de também ser meia de origem, destacou-se como lateral-direito no Botafogo em 2007), o agora defenestrado Éder (ex-Noroeste de Bauru, para onde voltou) e Jancarlos (ex-Atlético-PR). Nenhum conseguiu ser titular absoluto. Éder já foi banido, Joílson está encostado e Jancarlos quase foi negociado com Santos ou Fluminense durante a janela de transações, mas voltou e, na última partida, conseguiu até marcar um (belo) gol de falta. Porém, sua cotação na lateral direita não é tão grande quanto a do volante improvisado Zé Luís. Por isso, a "maldição" dessa posição continua e o tal "planejamento" do São Paulo está cada vez mais complicado de ser exaltado. Outra prova disso é que o punido Júnior é o único lateral-esquerdo de ofício no elenco. Assim, fica difícil sonhar com mais um título brasileiro.

No butiquim da Política - Fumaça da dúvida

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CLÓVIS MESSIAS*

O projeto de lei que proíbe fumar em ambientes coletivos, públicos ou privados, de autoria do governador tucano José Serra (na foto, à direita), enviado à Assembléia Legislativa, já está na Comissão de Justiça. Deverá percorrer, ainda, as Comissões de Saúde e de Finanças e Orçamento. Aqui no buteco ninguém fuma, mas a história surgiu porque a maioria dos filósofos de mesa opina que a ação do governo estadual deveria ser apenas uma matéria de campanha educativa, de respeito ao próximo. Argumentam ainda que parece mais um assunto para desviar a atenção do povo. Afinal, a Assembléia está parada, por causa das eleições municipais.

Entre um gole e outro, alguém cita o jurista Ives Gandra Martins (à esquerda), que afirma ser o projeto de lei inconstitucional. Se eu tenho um butiquim que está sujeito ao município, ele é quem estabelece as regras e condições, e não o Estado. Um outro companheiro pergunta se quem deve ser punido é o fumante, que está desrespeitando a individualidade, ou o dono do buteco. Segundo especialistas em direito empresarial, é um equivoco punir o estabelecimento comercial, sendo que o fumante é quem infringe a lei.

Outro alguém afirma ter lido o projeto e diz que a punição prevista pelo não cumprimento da lei é exagerada. Ele remete a sanções de uma lei federal, sanções estas que vão de multa à cassação da licença de funcionamento. Não podemos nos esquecer que o Brasil assinou uma convenção anti-tabaco em 2005, e isso não impede que o Estado crie leis restritivas, como é o caso deste projeto do governador Serra. Os que defendem a sua constitucionalidade o vêem como assunto de saúde pública.

Continua na mesa o debate: é uma matéria de campanha educativa ou punitiva? E no segundo caso, para punir quem?

*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino e dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo. Escreve a coluna "No butiquim da Política" regularmente para o Futepoca.

Boa, governador!

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Essa acabei de ouvir na cobertura da inauguração do Museu do Futebol. O governador José Serra foi lá falar. Mandou esta com um sorriso de lado a lado do rosto:

— Se macumba ganhasse eleição, o Campeonato Baiano terminaria empatado (pausa) — alguém avisa que ele se enganou — Hein? O jogo. Falha, né?

Segundo informações, foram servidos aperitivos na cerimônia. É justo.

Foto: Ciete Silvério

À esquerda, o teleponto de cristal líquido

A última chance de Falcão

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Começa hoje a disputa do 9º Campeonato Mundial de Futsal, o 6º organizado pela FIFA (antes, era a Fifusa, Federação Internacional de Futebol de Salão, que organizava o torneio). A competição acontece no Brasil - mais especificamente no Rio de Janeiro e em Brasília. O Brasil tenta chegar a seu sexto título. O maior adversário é a Espanha, atual bicampeã mundial

Essa é, de acordo com declarações dos próprios jogadores, a última chance da geração de Falcão. Na última conquista brasileira, em 96, na Espanha, Falcão tinha apenas 19 anos. Seu reinado como melhor jogador do mundo ainda não foi coroado com um título mundial. Se perder, ele deve abandonar a seleção. Ainda de acordo com os atletas, as duas derrotas nos últimos mundiais seviram para devolver a humildade para o Brasil, já que o time estava mal-acostumado com tantas vitórias consecutivas. Conversa perigosa...

A Espanha também vem para a disputa mantendo a base dos anos anteriores. Javí Rodriguez disputa seu quarto mundial - assim como Falcão - e lidera outros veteranos, inclusive dois brasileiros naturalizados espanhóis, em busca da consagração com o terceiro título seguido.

Para a imprensa espanhola, só Espanha e Brasil têm cacife parao título. Portugal e Itália, que estão no mesmo grupo - podem incomodar, e os outros times seriam coadjuvantes.

Os 20 times são divididos em 4 grupos de 5. Os dois primeiros de cada grupo são divididos novamente em dois grupos. Os dois melhores de cada grupo passam para a fase final, disputada de forma tradicional, com semifinal e final.

O Brasil encabeça o Grupo A, que tem ainda Rússia, Cuba, Japão e Ilhas Salomão. O primeiro jogo é hoje, contra o Japão, às 10h30.

atualização: o Brasil venceu o Japão por 12 a 1. E acabei de descobrir que toda a seleção italiana é formada por brasileiros naturalizados. Eu, einh?

segunda-feira, setembro 29, 2008

Série C na reta final

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Aconteceram ontem os jogos da última rodada da terceira fase da Série C brasileira, a popular terceira divisão. Foram definidas as oito equipes que ainda permanecem na briga pelas quatro vagas na Série B de 2009. Os classificados são Guarani-SP, Brasil-RS, Rio Branco-AC, Confiança-SE, Duque de Caxias-RJ, Campinense-PB, Atlético-GO e Águia de Marabá-PA.

A lista é bem, bem heterogênea. Não apenas pelo interessante fato de que os oito times venham de estados diferentes, mas também por diferenças abismais de "camisa" e do momento atual de cada uma das equipes.

Quem encabeça a lista em termos de tradição é o Guarani de Campinas. O bugre, aliás, pode obter um feito inédito caso seja o campeão da Série C: será o primeiro time brasileiro a ser campeão nacional em três divisões diferentes (ganhou a primeira divisão em 1978 e a segunda em 1981). E o Guarani pode ser considerado favorito ao acesso não apenas pela sua camisa, mas também bela boa campanha que vem fazendo: nessa terceira fase, foi o único time que permaneceu invicto, em grupo que continha também Marcílio Dias-SC, Ituiutaba-MG e o Brasil de Pelotas.

E falando no time gaúcho, esse é outro que merece destaque no octogonal da terceirona. Apesar de ter feito má campanha no Gauchão (caiu logo na primeira fase, ficando em sétimo lugar num grupo com oito equipes), o Brasil levou a Série C muito a sério e mostrou disposição de subir desde o início. Tanto que em todas as fases se classificou sem muitos problemas. E agora, no octogonal, aposta na sua torcida - considerada uma das mais fanáticas do país - para conseguir o sonhado acesso à segunda divisão.

Aqui, à distância, também arriscaria um chute em Atlético-GO e Rio Branco-AC para conseguir as outras duas vagas. Os goianienses já estão merecendo melhor sorte no futebol nacional há algum tempo. No ano passado, passaram bem perto de subir de divisão - era só ter ganhado do já eliminado Barras para celebrar o acesso. E, em 2008, impuseram uma das maiores zebras do futebol brasileiro, quando eliminaram o Grêmio da Copa do Brasil em pleno Olímpico. Quanto ao Rio Branco, o palpite também se baseia no bom desempenho no ano passado - os acreanos fizeram ótima campanha nas duas primeiras fases e só perderam a vaga para o Bahia na terceira com um gol histórico aos 46 do segundo tempo - e na Arena da Floresta, belo estádio que a capital do Acre tem e que ainda dá esperanças para que a cidade receba jogos da Copa de 2014.

Quanto aos outros competidores, admito meu total desconhecimento sobre o futebol de Confiança e Campinense, e portanto não sei o que esperar desses times. No caso de Duque de Caxias e Águia de Marabá, ambos já começam o octogonal com um ponto bem desfavorável: por conta do regulamento que prevê a capacidade mínima de 15 mil nos estádios para essa fase, os dois terão que jogar fora de suas casas. O Duque provavelmente jogará no Engenhão, distante cerca de 50 quilômetros de sua sede; já o Águia sairá bem, bem prejudicado. O estádio adequado mais próximo de Marabá está em Belém, distante "apenas" 500 quilômetros da base do time...

O octogonal se inicia no sábado (4) com os seguintes jogos: Brasil x Rio Branco, Duque de Caxias x Confiança, Campinense x Atlético e Águia x Guarani. Lembrando que o sistema de disputa é o velho e bom "todos contra todos em turno e returno", e sobem para a Série B os quatro melhores classificados. Veja a tabela completa aqui.

O pé-frio que secou o Santos

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Tudo bem que a campanha do Santos no Brasileirão não é das mais brilhantes. Mas o empate com a Portuguesa ontem foi um fenômeno que teve acontecimentos estranhos. Defesas portentosas do goleiro luso em arremates certeiros de Kléber Pereira, um gol com pane geral sofrido logo após o Alvinegro ter aberto o placar e a inexplicável re-escalação do lateral Kléber Chicletinho como titular. Tudo bem, esse último item não é tão metafísico, atribui-se mais à falta de noção do treinador.

Investigações metafísicas apontaram o verdadeiro culpado do empate em um a um de ontem. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que se diz santista (perdoai-o, ó Pai), esteve ontem na Vila Belmiro depois de longo e tenebroso inverno sem pisar em tais dependências. E conseguiu presenciar a interrupção da seqüência de vitórias do Peixe no gramado sagrado. Junto a ele estava o secretário estadual de Justiça, Luiz Antônio Marrey.

Ambos receberam das mãos do glorioso presidente do Santos, Marcelo Teixeira, vulgo "o eterno" , um kit com a camisa oficial do clube e a camisa da Campanha Time da Virada. A julgar pela experiência do ministro em "viradas", o mandatário peixeiro acertou no presente.

Mais sobre o jogo, aqui .

Pérolas do debate da TV Record

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O debate entre os principais candidatos a Prefeitura de São Paulo (à esquerda) na noite de ontem, organizado e transmitido pela TV Record, mostrou o esperado: Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) se engalfinhando. Depois que o tucano apareceu 4 pontos abaixo do adversário na briga por uma vaga no segundo turno, de acordo com pesquisa da Datafolha, os dois passaram o tempo todo se provocando. Alckmin insistiu em associar Kassab ao malfadado governo de Celso Pitta (PPB) - do qual o atual prefeito foi secretário de Planejamento. O "democrata" reagiu com uma revelação embaraçosa: a de que foi convidado por Alckmin para comparecer a duas reuniões - uma na casa do presidente municipal do PSDB, José Henrique Lobo, e outra na do candidato a vereador tucano Gabriel Chalita - para negociar uma possível desistência de sua candidatura. Geraldo negou com veemência, mas Kassab sustentou a indiscrição de bastidores.

No mais, como também já era esperado, o debate foi mais quente que o anterior, da TV Bandeirantes. Afinal, falta pouco para o dia da eleição e a tendência era mesmo que a "luta livre" imperasse. Candidato a reeleição, o prefeito Kassab levou bordoadas de todos os adversários. Preferiu responder com polidez e louvar seus "feitos", mas pareceu muito mais nervoso, gaguejante e atrapalhado do que no debate anterior. Alckmin parecia desesperado, porém, é tão insosso que suas tentativas de ataque soavam inofensivas e sem graça. Marta Suplicy (PT), primeira nas pesquisas, evitou confrontos o quanto pôde, mas, na hora do aperto, bateu mais em Kassab. Quando Ivan Valente, do PSol (acima, à direita), questionou a postura do PT de imitar a "direita" com privatizações e tercerizações, Marta não respondeu. Preferiu listar suas promessas.

Mas o show da noite, pra variar, foi mesmo Paulo Maluf (PPB). Logo de cara, escolheu alguém para saco de pancadas: a vereadora Soninha, candidata a prefeita pelo PPS. Na bucha, sem rodeios, o ex-prefeito disparou: "-Candidata, como a senhora vai coibir a venda de maconha nas escolas?" (referindo-se ao episódio em que Soninha assumiu seu apreço pela marijuana). A candidata engasgou e disse que isso é assunto para a polícia mas, no penúltimo bloco, Malufão voltou a carga, dessa vez mostrando a revista Época, de 2001, com Soninha na capa (foto à esquerda) - no que foi advertido pelo apresentador Celso Freitas, pois as assessorias dos candidatos haviam concordado que nenhum material seria mostrado para as câmeras.

Maluf ainda disse que Marta "é honesta" e classificou Kassab e Alckmin como "farinha do mesmo saco", pois "brigam na sala e fazem as pazes na cozinha". Por fim, Renato Reichmann (PMN) também colaborou para que o debate ficasse mais divertido, ao propor, como solução para o trânsito, que fiscais da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) pegassem caronas diárias com helicópteros das equipes de TV. Depois, afirmou que, nas creches, é preciso que a Prefeitura saiba até "quando a criança faz cocô" (nesses termos). Já o "Rolando Lero" Ciro Moura (PRN) é tão mala que suas bravatas nem merecem detalhes. Pelo o que aparenta, vai estar com Kassab no segundo turno, assim como Maluf. Reichmann e Soninha tendem mais para Marta. Valente e - principalmente - Alckmin são as grandes incógnitas. E se quem passar para o segundo turno for o PSDB, por favor, invertam os nomes de Kassab e Alckmin nas frases desse final de parágrafo.

Um zero a zero para a liderança

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É bom ver essa imagem na tabela do Brasileirão.

Reprodução


O Coisa Verde também não vê ninguém à frente.

Bastou um empate sem gols para o Palmeiras superar a diferença de pontos que faltava para o Grêmio e assumir a liderança pelo primeiro critério de desempate, o número de vitórias.

Estava errado quem, como eu, não apostava no otimismo para considerar que a liderança estava realmente muito próxima.

A goleada do Inter só mostra a descendente em que se encontra o Tricolor Gaúcho. Ainda é cedo para decretar como concretizada a realização da profecia Celso Roth – a mais cantada como certa no início do campeonato. Foi a quarta rodada sem vitórias, dois empates, duas derrotas.

Valeu, Inter!

Foi morno nos Aflitos
E foi nos Aflitos, o palco da sofrida glória gremista de ascensão à Série A que o Náutico viu o Verdão criar boas chances, sem conseguir marcar. Tentou das suas, com pelo menos duas jogadas na cara do gol. Mas ficou no oxo, para usar a terminologia de Walter Abrahão.

O 300 de Esparta não gostou da representação de Palestra Itália, especialmente do posicionamento dos laterais. E calcula: com seis partidas em casa e cinco fora, é hora de apoiar o time.

O Parmerista Conrado avalia que tirar Diego Souza de campo para pôr Evandro reduziu a capacidade ofensiva do time e deixou escapar mais dois pontos fora de casa numa eventual vitória.

Não se pode esquecer a partida no meio de semana, contra o Sport Ancash, em que metade do elenco, justamente a parte ofensiva, ficou no Brasil para não se desgastar.

Um pontinho, francamente, achei de bom tamanho. Para a liderança.

Agora precisa manter a liderança contra o Atlético-MG, no Palestra Itália. É que o Grêmio também joga em casa, contra o Botafogo.

Escudo de time ou leite de saquinho?

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Sempre achei uma palhaçada essa história de estrela em escudo de time de futebol. Além de não haver critério, pois cada clube inventa a estrela - ou estrelas - que quer, acho uma coisa extremamente feia, pra não dizer brega. Meu próprio time, por exemplo: o carnaval de estrelas acima do escudo do São Paulo, umas amarelas, outras vermelhas, é totalmente dispensável. Muito mau gosto. Mas o Tricolor do Morumbi tem um adversário forte nesse quesito, o rival Corinthians. Depois de propor a substituição das estrelas por uma coroa, frescura que deu em nada, a diretoria do alvinegro paulistano surge agora com uma idéia ainda mais estapafúrdia: uma estrela "Tipo B" para celebrar o título da Segundona do Brasileirão. Segundo o Lance! de hoje, a idéia (de jerico) é do vice-presidente de futebol, Mário Gobbi, que quer submeter a proposta ao crivo do Conselho Deliberativo. Sinceramente, se a coisa for aprovada, o Corinthians estará carimbando no peito a pecha de time "Tipo B". E se a moda pegar, os escudos dos clubes, no Brasil, vão virar saquinho de leite. Vai ter estrela do "Tipo A" ao "Tipo D", agora que teremos a quarta divisão do campeonato nacional. Lamentável.

domingo, setembro 28, 2008

F-Mais Umas - Apagão vermelho

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CHICO SILVA*

Os poucos - mas fiéis - leitores que tenho já devem ter percebido que não sou dos admiradores mais fervorosos de Felipe Massa. Acompanho a F-1 desde 1980, ano em que o australiano rechonchudo Alan Jones (à esquerda) conquistou seu único título mundial, pela Williams, batendo Nelson Piquet e sua Brabham azul e branca na última prova da temporada, o GP do Canadá. Essa vivência me deu alguma rodagem para identificar num piloto traços que o diferenciem da manada. E quando olho para Massa, parece que falta alguma coisa.

Talento ele até tem. Mas acho que talvez lhe faltem a malandragem de um Piquet, a frieza de um Prost, a obstinação de um Senna, o arrojo temerário de um Mansell (à direita, os quatro juntos) ou a impressionante regularidade de um Schumacher. E, além dessas qualidades, todos que citei sempre tiveram a sorte como passageira no cockpit. E ela mais uma vez deixou Massa a pé.

Tudo bem que a culpa não foi dele. A perda da vitória no primeiro GP noturno da história da categoria, a prova número 800 da F-1, deve ser creditada exclusivamente à Ferrari. A Rossa teve um apagão na noite de Cingapura. A troca do velho e bom pirulito pelo complexo e ineficiente sistema de luzes que orienta o piloto na saída dos pit-stops apagou as chances de vitória do brasileiro. Apesar de estarmos falando de F-1, essa é a prova de que nem sempre inovação rima com êxito. Um erro inaceitável para uma equipe de ponta como a Ferrari é. Azar de Massa (acima, à esquerda), que viveu um verdadeiro pesadelo na noite asiática.

Não poderia terminar essa coluna sem falar de Fernando Alonso (à direita). Ele não é simpático, não se esforça para agradar ninguém e teve uma conduta questionável em seu duelo com Lewis Hamilton na McLaren em 2007. Mas o que ninguém pode negar é sua absurda capacidade de pilotar um carro de F-1. E essa capacidade ficou mais uma vez evidenciada no travado e ondulado circuito de Marina Bay. Pela primeira vez na temporada, o espanhol teve um carro com chances de vitória. Foi o que bastou para que ele brilhasse mais do que os não sei quantos lux que iluminaram a noite de Cingapura. Alonso mostrou a Lewis Hamilton, Felipe Massa, Robert Kubica e Sebastian Vettel o que separa os homens de meninos.

Sorte dessa turma que a Renault não foi o carro que o espanhol precisava. Se fosse, talvez o campeonato tivesse outros rumos. A três provas do final, Massa tem sete pontos para tirar de Hamilton. Se o fizer, calará a boca deste colunista. Mas, para isso, precisa buscar esse algo a mais que lhe falta e torcer para que o azar tenha se dissipado com os primeiros raios de sol da manhã em Cingapura.

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

Rima fácil

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Vi há pouco um programa sobre o jornalista, escritor, compositor, produtor musical e pesquisador carioca Sérgio Cabral (foto), pai do atual governador do Rio de Janeiro. A certa altura, o jornalista Fernando Barbosa Lima (falecido no início deste mês) lembrou de quando convidou Sérgio para participar do mitológico programa Abertura (TV Tupi), no início da década de 1970. Daí, o próprio Cabral apareceu contando um de seus momentos de maior provocação naquela época:

- Levei o Pandeirinho da Mangueira ao programa e ele cantou uma música que falava do Getúlio Vargas. Nisso, eu disse para os telespectadores que Vargas era o presidente que talvez tivesse mais músicas falando dele. E disse que isso acontecia porque ele era muito popular. Aí perguntei se alguém conhecia alguma música sobre Médici. Até reconheci, na hora, que era difícil achar rima para Médici. Mas para Garrastazú era muito fácil...