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quinta-feira, março 01, 2012

Onde Você Está?

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Por Luciana Nepomuceno


Hoje é aniversário do Rio de Janeiro. Eu, como uma devota de janela, fico aqui imaginando a beleza das pessoas, das ruas, do mar, aquela lagoa linda, tudo em quase festa. Quase eu digo, porque ontem o Flamengo jogou. E perdeu. E é assim...

“Quando o Flamengo vence, há mais amor nos morros, mais doçura nos lares, mais vibração nas ruas, a vida canta, os ânimos se roboram, o homem trabalha mais e melhor, os filhos ganham presentes. Há beijos nas praças e nos jardins, porque a alma está em paz, está feliz. O Flamengo não pode perder, não deve perder. Sua derrota frustra, entristece, humilha e abate. A saúde pública, a higiene nacional exigem que o Flamengo vença, para bem de todos, para felicidade geral, para o bem-estar nacional."

E nem foi um rubro-negro que disse isso aí, viu. Foi um torcedor do América. É claro que nem as contingências nem o Joel estão muito preocupados com a saúde pública a felicidade e o bem-estar nacional. Porque, se estivessem, não se veria o que se viu ontem. O acaso, esse pândego, fez a parte dele: não estavam em campo Leo Moura, Airton e Ronaldinho. Mas, semana após semana estão aí dizendo que o Ronaldinho não faz nada (e, convenhamos, o Bottinelli jogou bem) e o Airton não é, exatamente, um craque. Esforçado, muito. Mas impreciso e limitado. Já a ausência do Léo Moura é mais significativa. O Galhardo tem muito potencial, é rápido, apoia e marca com consistência, mas falta-lhe o élan que tem dominado menino Léo. Dito isso, a parte do leão no resultado, menos que ao acaso, deve ser creditada (um tanto ao Boa Vista, bem arrumado) ao Joel e sua lógica: pra que gol? pra que jogo? Bom é o resultado.

O começo foi até animado pros rubro-negros, Deivid – em evidente tentativa de superação do lance rodrigueano do último jogo – chutou de longe, forte, a bola bate na trave, volta na direção de Vagner Love que se atrapalha todo mas, como a marcação estava surpreendentemente ausente, se recupera e acerta um bom chute. Gol. Daí o time se coloca na postura vamos-jogar-na-metade-do-campo... só que erra a metade e fica no seu, ao invés de ocupar o campo adversário. E erra, generosamente, passes. De curta, média e longa distância, sem distinção. E o acaso resolve participar mais ativamente e em um dos vários lances mais duros do Boa Vista, sai o Williams com o tornozelo em pandarecos. Entra Maldonado, coitado, e já vai mostrando sua lentidão: penâlti. Daí pra frente ladeira abaixo, o Joel trocou muito mal, o Boa Vista fez outro gol, o Diego Maurício entrou bem desconcentrado, o time perdeu as estribeiras e o Renato foi expulso (confesso, comemorei). Ainda teve o lance na área do Flamengo que dá pra todo mundo reclamar, Galhardo faz pênalti não marcado, jogador do Boa Vista toca com a mão na bola. Uma farra, eu diria, se não estivesse tão entristecida. Sabe, o duro não é perder, isso acontece. Mas é ficar aqui imaginando o tanto que o jogo poderia ser outro.

Disse o Nelson, uma vez: “há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa aberta no arco. E diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável”. Então, contingências, deuses da bola ou o que quer que seja que espie e cuide dessa bagaça: não é que o Flamengo não precisa dos tais jogadores, técnicos e tal. É que a gente tá sem, mesmo. Não dá pra aliviar e deixar a camisa resolver? Lembra aí que é tempo de festa no Rio de Janeiro e andamos, todos, precisando mesmo de mais beleza e felicidade...


Ah, meu Mengo, onde você está?


Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos