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Campanha é campanha e marqueteiro é uma desgraça. Mas tudo tem limite.
A primeira vítima foi o John Cougar Mellencamp. Our Country e Pink Houses foram incorporadas às propagandas políticas do republicano John McCain ainda em fevereiro de 2008. O ardente democrata ficou possesso. Para alguém que apoiou a bi-derrota de John Edwards na corrida dos burros, ver músicas compostas com finalidades (quase) políticas é um acinte.
Meses depois, o desconhecido Christopher Lennertz. Em junho, a campanha de McCain usou a trilha sonora do jogo Medal of Honor (abaixo), composta pelo músico, enquanto o republicano falava sobre sua família e sua participação na guerra do Vietnã. Segundo o Game Politics, Lennertz vota no democrata Barack Obama.
Foto: Reprodução

Foto: Divulgação

Em agosto, Jackson Browne
achou ruim que
Running on Empty fosse usada sem autorização, sempre por McCain, em anúncio bancado pelo Partido Republicano de Ohio. Lascou-lhes um processo em Los Angeles por violação de direitos autorais da canção de 1977. O roqueiro é um ativista liberal – leia-se esquerda nos Estados Unidos – e sempre votou com os democratas. Aliás, segundos os advogados do cantor, ao usar a música a campanha violou uma tal de
Lei Lanham, já que a peça de propaganda dá a idéia de que o cabra apóia o candidato.

Aí, foi a vez dos irmãos
Eddie e Alex Van Halen ficarem furiosos ao encontrarem
Right Now cobrindo anúncios do senador de Arizona talvez ao saber que o filho da vice do republicano, a governadora do Alasca,
Sarah Palin, é fã da banda convenceu Sammy Hagar a
achar que "tudo bem".
E não pára, não pára! Em setembro,
My Hero, da banda Foo Fighters foi usada sem permissão
de novo pelo candidato republicano. Dave Grohl, ex-bateirista do Nirvana, e sua atual banda reclamaram, a exemplo de seus colegas, da subversão do sentido original de sua composição.

E parece que tanta chiadeira deu resultado. Quando ninguém mais acreditava que isso era possível, eis que Bon Jovi sai xingando. Democrata que só ele, o loirinho e sua banda homônima reclamam do uso de
Who says you can't go home em comícios de Sarah Palin. Para alguém que arrecadou 30 mil dólares em um jantar em sua casa para o senador Obama, foi quase um tapa na cara. É que a música,
segundo ele, é uma bandeira da reconstrução das comunidades de Nova Jersey. Ou algo assim.
Mas e o resultado da chiadeira? É que a composição de Bon Jovi está liberada de direitos autorais e restrições para execuções públicas na
Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores (Ascap). O pessoal é bom.
Será isso um sinal de que, se eleito, o republicano vai ser um incentivador das licenças livres?
Com Obama é diferente
Se McCain não cansa de usar músicas de compositores democratas, Obama não faz o inverso nem sofre do mal de artistas revoltados. Stevie Wonder, Sheryl Crow e outros músicos se mobilizaram para gravar o
Yes we can: voices of grassroot movements (Sim, podemos: vozes dos movimentos populares – ou de base, como queiram –, numa tradução mais que livre). O CD serve para
arrecadar para a campanha do senador de Illinois. Dos indignados supracitados , só Jackson Browne participou.