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Nesta quinta-feira, 28, o geógrafo, jornalista, saciólogo e cachaceiro (aquele que bebe, não aquele que produz cachaça) Mouzar Benedito lança Meneghetti, o gato dos telhados, biografia do anti-heroi italiano que virou lenda em São Paulo.
Foto: Polícia de São Paulo/"Nosso Século"da Editora Abril - 1910-1930, página 269
Preso, foi fichado com e sem disfarce pela polícia
Parte da coleção “Pauliceia”, a obra conta com o tradicional tom bem-humorado de Mouzar. E inclui um gibi de Luiz Gê, datado de 1976, sobre as desventuras do gatuno, que jurava roubar apenas as joias dos ricos, “bens supérfluos que só servem para alimentar a vaidade”.
Gino Amleto Meneghetti nasceu em Pisa, na Itália, mas fez fama em São Paulo, onde morreu com 97 anos, em 1976. Foi tema de curta-metragem, livro, e muita conversa de bar.
Foto: Polícia de São Paulo/"Nosso Século"Muitas dessas histórias estão no livro. Mas a pedido do Futepoca, Mouzar separou quatro trechos da obra relacionados aos temas tão bem quistos por aqui: futebol, política e cachaça. Aí vão:
Ele não gostava de futebol:
“Vem um sujeito de calcinha, dá um pontapé numa pelota e fica milionário. Isto é absurdo. O outro fica rico dando murro na cara do outro. São espetáculos que para mim (...) o governo apoia, uma nova política para distrair o povo, como em Roma.”Mas em compensação...
“Isto [vinho] faz bem para a alma, para a barriga e para o cérebro.”E política? Bem... Ele tinha um filho chamado Lenine e outro Spartaco. E dizia:
“Tanto na Itália como na Inglaterra, como em todos os países burgueses, a maioria das pessoas é pobre, vive na miséria.”Ladrão? Assim lhe disse seu avô:
“Jamais roubei um pobre. Só me interessa tirar dos ricos, e tirar joias, que são bens supérfluos que só servem para alimentar a vaidade.”
“O comerciante é um ladrão que tem paciência.”
“Muitos dos homens bem colocados que você vê aqui em Pisa são ladrões refinados, mas roubam dentro da legalidade. São ladrões da pátria, ladrões de salão. Roubam e a lei ainda lhes presta honras, porque depende deles para aumentos, nomeações e outras coisas. Durante sua vida você vai ver muitos destes, vá em que país for, porque o mundo está cheio deles. São vigaristas e ladrões, mas vigaristas e ladrões bem sucedidos. Roubam milhões e nada acontece.”

de Mouzar Benedito
Com história em quadrinhos de Luiz Gê
Pesquisa: Marcel Gomes e Antonio Biondi
Boitempo Editorial
Lançamento dia 28 de janeiro, 19h, Livraria da Vila, r. Fradique Coutinho, 915,
Vl. Madalena, São Paulo-SP