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POR Thais Barreto *
Um pouco de dedicação e uma cuidadosa pesquisa já foram suficientes para concluir: quem quiser saber a fundo o que se passa nos bastidores de realização da Copa 2014 precisa estar sujeito e entrar num labirinto.
O repórter que queira fazer uma matéria levantando simples dados como: total de investimentos ou andamento da obra encontrará dificuldades. Ele perguntará a seus botões: onde está a transparência que o governo prometeu?
Os dirigentes responsáveis pela candidatura do Brasil como sede da Copa do Mundo FIFA 2014 alegaram, entre outras coisas, que a população poderia receber um grande legado de desenvolvimento urbano e social. Além disso, o pretexto para justificar os investimentos veio acompanhado de outra vantagem: o futebol mexe com a emoção e tem o poder de mobilizar boa parte dos brasileiros.

Além disso, temos um agravante: a sociedade pouco usufruirá. Recuperando experiências de outros locais, podemos citar Portugal, que sediou em 2004 a Eurocopa. Gestores locais chegaram a discutir opção de demolir o estádio municipal de Aveiro. Isso aconteceu por conta das desvantagens entre a receita e as despesas. Essa é uma realidade que o Brasil não está imune.
O TCU apontou em quatro cidades-sede o risco de estádios se tornarem “elefantes brancos”. É o caso de Natal, Manaus, Cuiabá e Brasília. Experimente acompanhar essas obras. O Estádio Mané Garrincha, no Distrito Federal, possui relatórios desatualizados. Nos portais da Controladoria Geral da União e do TCU até a data referente ao início dessa obra está diferente.
Dificilmente será cumprido o prazo estabelecido para entrega dos estádios, o qual, de acordo com o relatório do TCU, elaborado em 2009, as obras estariam finalizadas em 31/12/2012. E agora, o que nos resta? É preciso encarar o desafio, não podemos nos limitar porque os dados nos confundem ou desestimulam o trabalho. O que resta aos repórteres-investigadores é tecer o fio de Ariadne, aquele utilizado no labirinto. Temos muitas perguntas a serem respondidas, vamos definir as pautas e encontrar nossas respostas que devem chegar ao interesse público. Há uma porção de números perdidos por aí.
* Artigo encaminhado à Abraji para conclusão do curso “Investigação em Esporte: Gastos com a Copa 2014 e Olimpíadas 2016”.