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quinta-feira, outubro 02, 2008

Uma proposta de "hierarquia manguaça"

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Na tentativa de entender ou pelo menos sistematizar (subjetivamente) a manguaça e seus praticantes, o Futepoca já tratou, por exemplo, das fases da bebedeira e dos motivos para tal. Mas o que nunca abordamos foi a hierarquia dos bêbados, exercício curioso praticado com muito "método" pelo blogue Perereca Albina, que condena o desconhecimento dos "critérios técnicos regulamentados pelo Incopo". "Tomar um porre todo mundo toma, porém, ter status etílico é outra coisa", sentencia o blogue. Vamos, então, às categorias definidas pelo Perereca Albina:

1 - Bêbado: é a patente mais insignificante da escala, mesmo porquê, não chega a ser um profissional. A coisa aí é definida pelo verbo de ligação: normalmente o sujeito ESTÁ bêbado (como o coitado na foto à esquerda), ele não É bêbado. É como os ministros. Eles não são ministros, eles estão ministros - o que também não impede que o ministro seja ou esteja bêbado. É o pé-de-chinelo da escala. O bêbado, não o ministro, é claro!

2 - Biriteiro: é o cara que, depois de alguns porres, acaba se interessando pela carreira e começa a praticar a bebunagem com regularidade. Como o fígado ainda está tinindo e a família achando que aquilo é só uma "fase passageira", ele vai metendo os cornos devagarinho. Toma três hoje, duas amanhã, pára no domingo, recomeça na terça, vomita na quinta, toma boldo na sexta, e vai indo… Como ainda não tem certo domínio sobre o álcool, acaba fazendo merda (como na foto acima, à direita). E depois da primeira, é uma atrás da outra, para alegria dos cunhados canalhas.

3 - Bebum: é uma patente acima do biriteiro. Mais constante e mais previsível (quanto às cagadas que costuma aprontar), o bebum é aquele cara que vive pagando mico, para a vergonha da esposa e felicidade da sogra. Pode ser "sistemático" (faz merda todo dia) ou "assistemático" (o que não faz mais merda, pois já tem o suficiente em estoque).

4 - Pinguço: o que faz com que um bebum seja elevado à categoria de pinguço é o horário em que adentra o recinto cachacístico. O bebum é um notívago por excelência, só costuma molhar o chifre à noite, enquanto o pinguço é um "tardívago"; começa na hora que seria do almoço. Seria, mas não é. Almoço, para pinguço, é perda de tempo. Só pode ter sido invenção de crente.

5 - Pau-d’água: é o pinguço que já perdeu o respeito da vizinhança. Embora seja uma patente alcoólica de grande carisma, a expressão "pau-d’água" é usada por muitos abstêmios como adjetivo pejorativo. E isso é sacanagem. Se o pau-d’água fosse da família deles seria "vítima do alcoolismo" (...) É o mesmo preconceito que muita gente tem contra a viadagem: se for da nossa família é "homossexual", mas se for da família do vizinho é "viado", "bichona".

6 - Pé-de-cana: é o pau-d’água pobre. Rico, de porre, é extravagante; pobre é impertinente. Rico fica eufórico; pobre faz vergonha. Rico fica alegre; pobre enche o saco. Rico agita a madrugada; pobre enche os culhões. Não tem como escapar! Só enchendo os cornos para esquecer o preconceito…

7 - Papudinho: é a maior patente da escala, o último e derradeiro degrau. É quando a cara incha de vez, os olhos empapuçam, o passo fica curto, os pés engordam, as mãos vacilam, a voz se arrasta e até o anjo da guarda dá no pé. Geralmente é um solitário. Bebe sozinho, cai sozinho, mija nas calças sozinho, e fica babando no sereno até que uma alma caridosa, normalmente um outro papudinho, se ofereça para ajudar. Ocorre que, muitas vezes, o outro papudinho está ainda mais mamado e acaba caindo também. Aí, para levantar dois papudinhos são necessários outros dois papudinhos, que quase sempre não aparecem, já que estão caídos mais adiante. Daí então, só de revolta, resolvem formar mais uma dupla sertaneja para torrar de vez com o saco dos brasileiros.

Obs.: Além destas sete patentes, há algumas outras posições intermediárias, como sub-bebuns, terceiros, segundos e primeiros-pinguços, biriteiros de corveta etc., mas que são estritamente corporativas e servem tão somente para efeito de promoção. Figuras como o "ébrio", por sua vez, não são mais reconhecidas como patente. O ébrio, para quem não sabe, é o bebum em desuso. Ainda há alguns poucos remanescentes no mercado, cujas famílias os prendem em casa para evitar que façam merda na rua. Os poucos que ainda existem funcionam à válvula, já perderam o contraste e têm sérios problemas com o vertical.


Só para registro, "papudinho" ou "papudim" é um termo muito usado no Nordeste do Brasil, como mostra este post e este também.