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quarta-feira, março 26, 2014

Leônidas da Silva, negro diamante - Futebol Sem Racismo

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"A alma não tem cor", diz a canção de André Abujamra. A alma brasileira está colada no futebol. E a alma do futebol brasileiro é multicolor. Na campanha por Futebol Sem Racismo, cujo pontapé inicial já foi dado e que avança pela meia cancha, a gente não se cansa de lembrar talentos negros. O primeiro é Leônidas da Silva, o Diamante Negro.

Criador do gol de bicicleta e apontado como "maior do que Pelé" pelo adversário e goleiro Oberdan Cattani, Leônidas da Silva foi o Diamante Negro. Símbolo de um povo, mágico com a bola nos pés, encantou os europeus nas Copas do Mundo de que participou. Nascido em 1913, jogou entre 1923 e 1951. Atuou por Flamengo e Botafogo, além de protagonizar uma das primeiras transações milionárias do futebol brasileiro, ao ser transferido para o São Paulo.

Era considerado temperamental, de pavio curto. Porém tal traço parece ter atrapalhado mais sua trajetória como treinador do que como jogador. Talvez o talento com os pés tenha tenha sido mais eficaz para cessar a sanha dos críticos do que os resultados como comandante. Tampouco impediu uma bem sucedida corrida como comentarista esportivo.

Outro Estigma que recai sobre a biografia do gênio é o de ter sido ausente, por contusão, na partida semifinal da Copa de 1938, quando o Brasil perdeu da Itália. Nos anos 1950, ele chegou a ser acusado de ter recebido suborno do regime de Benito Mussolini para "amarelar". Não era verdade.

O apelido "Diamante Negro" foi talhado pela imprensa francesa durante aquele mundial. O que envolve o fato de ter marcado 7 gols (foram 8, mas a Fifa tirou-lhe a autoria de um), incluindo o sexto do 6 a 5 contra a Polônia, na prorrogação da decisão de terceiro lugar.

Foto: Reprodução de Globo Sportivo, ao lado de Zizinho

A alcunha batizou o chocolate, vendido até hoje no mercado brasileiro. Por causa dos US$ 3 mil pagos a Leônidas pela fabricante, o jogador é visto como precursor do marketing esportivo. O fato de ter namorado figuras como a cantora Elizeth Cardoso contribuíram para um lado "celebridade" do atleta, visto como primeiro ídolo do futebol brasileiro e um dos responsáveis pelo crescimento da popularidade do Flamengo.

Ficha técnica de Leônidas da Silva

N° da camisa que consagrou: 9
Clubes em que atuou: Flamengo, Botafogo e São Paulo
Partidas na seleção: 37, com 37 gols marcados
Copas do mundo: 1934 e 1938
Marca registrada: O principal divulgador da bicicleta e ser considerado "Maior do que Pelé"
Estigma: o de ser temperamental e o de não ter conquistado Mundial de futebol em 1938, chegando a ter sido acusado de ter recebido suborno da ditadura de Mussolini

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domingo, julho 13, 2008

Onde repousa nosso primeiro ídolo

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Há 75 anos, em março de 1933, o chamado São Paulo "da Floresta" (antecessor do atual) venceu o Santos por 5 a 1, na Vila Belmiro, no primeiro jogo profissional disputado no país. E, simbolicamente, o gol de estréia do profissionalismo foi marcado por Arthur Friedenreich (à direita), o primeiro ídolo do futebol brasileiro, considerado o "Pelé do amadorismo". Filho de um comerciante alemão e de uma lavadeira negra, o mulato Fried jogou por 16 clubes entre 1909 e 1935, além da seleção brasileira, pela qual participou de sua histórica primeira partida, em 1914, contra o clube inglês Exeter City. E foi ele, também, que deu o primeiro título para o Brasil, o sul-americano de 1919, com um gol na prorrogação - sendo homenageado por Pixinguinha e Benedito de Lacerda com o chôro "1x0". Na época, os uruguaios, derrotados naquela decisão, batizaram Friedenreich de "El Tigre".

No Guiness Book of Records, ele é apontado como o maior artilheiro do futebol mundial em todos os tempos, com 1.329 gols. Essa informação foi publicada pela primeira vez por João Máximo no livro "Gigantes do futebol brasileiro", de 1965, baseado em relatos de amigos e familiares do atleta. Porém, há 9 anos, ao pesquisar os gols de Fried para o livro "O tigre do futebol", Alexandre Costa contabilizou apenas 556. Pelé confirmou sua coroa mas, como consolo, Fried apresenta uma média de gols superior: 0,99 (556 gols em 561 jogos) contra 0,93 do Rei (1.282 gols em 1.375 jogos). Na foto acima, vemos reunidos três de nossos maiores ídolos, cada qual em uma geração: Leônidas da Silva (décadas de 1930 e 1940), Friedenreich (dos anos 1910 e 1920) e o maior de todos, Pelé, (décadas de 1950, 1960 e 1970).

Pois então, além da data redonda de 75 anos do primeiro gol do profissionalismo no Brasil, registro nesse post uma descoberta que fiz há pouco tempo no cemitério de Pinheiros, bairro onde moro, em São Paulo: o túmulo desse herói nacional tão esquecido nos dias de hoje (veja abaixo).

Detalhe do local onde repousa "El tigre" (Fotos: Marcão Palhares/ Futepoca)

Trata-se de um mausoléu coletivo da Associação Atlética Veteranos de São Paulo (vista geral abaixo), que está encostado no muro que dá para a calçada da rua Cardeal Arcoverde. Além de várias plaquinhas indicando o nome e datas de nascimento e morte de quem foi enterrado ali, há uma placa maior informando que a obra foi "iniciada em 1956 e terminada em 1963" pela associação, mais o nome dos sete integrantes da "Comissão de Ereção" (não é sacanagem, tenho a foto para comprovar!): Arnaldo Andreucci, José Centofanti, Paschoal Ferreti, Miguel Cury Jacob, Roque de Abreu, Candido Cortez e Cesar del Lucchese. Outra placa diz que os idealizadores foram José Centofanti e Candido Cortez, e que a imponente escultura de metal (um atleta segurando uma tocha) foi projeto de J.A.Zampol. Na lápide, ao fundo, há desenhos e os símbolos de federações paulistas de vários esportes, como a de futebol (à direita). No mausoléu também está enterrado Lorival Ponce de Leon (1927-1965), atacante do São Paulo entre 1948 e 1951, período em que conquistou dois títulos paulistas, disputou 107 partidas e fez 52 gols. O "Almanaque do São Paulo", publicado pela Placar em 2005, sequer registra a data de seu falecimento.

Curioso é que, enquanto escrevia esse post, no intervalo de São Paulo x Palmeiras, a Globo exibiu cenas raras de um confronto entre Paulistano e Palestra Itália de junho de 1925. E mostrou uma foto de Friedenreich, um dos maiores ídolos do antigo Paulistano, que, naquele mesmo ano, foi o primeiro clube brasileiro a excursionar pela Europa. Após uma goleada de 7 a 2 sobre a seleção da França, em plena Paris, a imprensa local passou a chamá-los de "os reis do futebol". Foram 9 vitórias em 10 jogos, com 30 gols marcados - 11 deles por Fried. Depois que o clube alvirrubro acabou, em 1929, parte de seus jogadores ("El Tigre" entre eles) se uniu aos atletas do também extinto alvinegro A.A.das Palmeiras para formar o primeiro São Paulo Futebol Clube, que misturou as cores dos dois, adotando o branco, vermelho e preto, e existiu entre 1930 e 1935. Mais tarde, uma brecha jurídica da época permitiu que o atual São Paulo fosse fundado com o mesmo nome, herdando também o escudo e as duas versões do uniforme. Interessante é que a FPF contabiliza o título paulista de 1931 para o Tricolor do Morumbi, mas sua própria diretoria não. Um "descende" do outro, mas são clubes distintos.