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domingo, janeiro 27, 2013

Uma triste imagem da tragédia em Santa Maria

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Em 1997, no Clube de Regatas Santista, o Raimundos terminava seu show por volta das três horas da manhã, e apenas uma das cinco escadarias para a saída estava liberada. O excesso de pessoas e, consequentemente, de peso, fez os degraus cederem e o resultado do pânico que se instalou e do despreparo do clube foi um saldo de oito mortos e 63 feridos.

Não havia internet e só soube do acidente pela namorada de um amigo, que me acordou no dia seguinte com um telefonema angustiado. Ele havia ido ao show e ela não conseguia localizá-lo; o desencontro de informações fazia com que se pensasse no pior. Comecei a ligar pra outros amigos pra saber se ele havia dormido na casa de algum deles, já que não estava em casa. Como não havia nenhum telefone para informações, liguei para a redação do jornal A Tribuna. Ali, perguntei se tinham a lista de mortos e feridos, e havia somente a de óbitos. Perguntei pelo meu amigo, Kléber, e dei o nome, mas meu interlocutor falou que só iria ler a lista, e não conferi-la. Respirei fundo, àquela altura já com taquicardia, e pedi para ele fazer aquele favor. Não constava o nome na lista, e depois viemos saber que ele havia dormido na casa da madrinha.

Deivid Dutra / Agência Freelancer
Além de não haver internet, celular era artigo de luxo. Conhecia muitas pessoas que nem telefone residencial tinham. Hoje, a tragédia ocorrida em Santa Maria, que já conta mais de duas centenas de mortos e outros tantos feridos, repercutiu rapidamente em todo o mundo por conta das novas tecnologias. Mas estas também criaram uma cena típica de um filme de terror ou de catástrofe.

Foi ouvindo a Rádio Bandeirantes, no Domingo Esportivo do Milton Neves – aliás, nesse tipo de cobertura, as emissoras de rádio batem a internet e dão goleada nas TVs –, que escutei um depoimento chocante. Um tenente-coronel contou que, ao chegar no local da tragédia, viu a triste cena de vários corpos no chão, obstruindo que se chegasse até o fundo da casa noturna. Ao mesmo tempo, uma sinfonia macabra de sons de celulares, tocando de forma incessante melodias distintas, enquanto os bombeiros e o pessoal do resgate tentavam achar sobreviventes e remover os corpos. Os aparelhos tocavam no chão, nos bolsos e nas bolsas, sem parar. Mais tarde, um soldado pegou um dos celulares e viu 104 chamadas perdidas. Impossível não pensar e se comover com a angústia daqueles que buscavam notícias de suas pessoas queridas.

Nossos sentimentos a todos.