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O que muitos consideram
o pontapé inicial de fato na campanha eleitoral foi dado ontem,
quando os candidatos a prefeito de São Paulo fizeram sua primeira
aparição no horário eleitoral (não) gratuito. Na verdade, em inserções
eles já haviam aparecido no dia anterior, mas com mais tempo as
estratégias de TV ficaram mais evidentes.
Paulinho da Força, em
seu primeiro programa, usou a velha cantilena da “biografia
comovente”, realçando a "infância pobre" na qual só
comia macarrão e tomava guaraná no Natal, para depois ressaltar
seus feitos na luta pelos direitos dos trabalhadores. Uma reprise de
Sessão da Tarde. Melhor fez Celso
Russomano, cujo programa explorou sua afinidade com as câmeras, além
de mostrar seu "contato com o povo", aquele abraça lá e
beija aqui de toda eleição. Isso foi quase metade do seu tempo, a
outra ficou a cargo do vice D'Urso contando uma parábola, algo pouco
usual (pra não dizer bizarro), e que provavelmente faz parte da
tentativa do candidato de se aproximar da classe média. Se a ideia
foi essa, deveria ter escolhido uma historinha melhor...
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Soninha e a bicicleta: reforço da marca |
Soninha Francine
investiu no seu público preferencial, com uma linguagem audiovisual
jovem. Mas também teve o lado “família”, aparecendo com suas
duas filhas. Uma delas, Sarah, disse que a mãe é “bem ecológica".
“Ou tá a pé, ou de bicicleta, ou de metrô, ou de carro. Quando
tá de carro, só abastece com álcool", falou, sobre a mãe. É
bom lembrar que há controvérsias sobre se
o
álcool polui menos que a gasolina, mas deixa pra lá.
"Homem novo para
um tempo novo", o slogan de Fernando Haddad permeou todo
o seu programa, tecnicamente bem feito, praticamente apresentando o
petista ao eleitorado não com narração em off, como os
rivais, e sim com o próprio candidato se expondo. Haddad anda por
muitos lugares de São Paulo durante o programa, e a música
triunfante às vezes dá a impressão de que o petista é uma espécie
de herói talhado para resolver os problemas da cidade. Troças à
parte, o programa vincula Haddad a Lula e Dilma, frisando o
sentimento de mudança que está bem patente nas sondagens
eleitorais, e ataca Serra dizendo que São Paulo não quer mais
prefeito de “meio mandato ou de meio expediente”, embora o
candidato cometa o ato falho de que vai ser um prefeito que irá
trabalhar "de manhã e de noite", deixando uma certa dúvida
sobre o que fará no período da tarde.
Já o programa de
Gabriel Chalita confirmou sua estratégia de campanha: a de ser a
dita terceira via. Conseguiu explicar bem no tempo que tinha
disponível essa linha, ao usar o exemplo das UPAs, programa do
governo federal que não existe em São Paulo, segundo ele, por conta
da rixa entre tucanos e petistas. A paternidade é reivindicada para
o seu partido, o PMDB e, como ele tem "amizade" com Alckmin
e é "amigo de Dilma", seria o mais apto para aparar as
arestas que atrapalham o desenvolvimento da capital paulista.
Conseguiu fazer a crítica a PT e PSDB sem ser agressivo, na base da
“paz e amor”, perfil que conquistou muitos professores da rede
estadual, ainda que não tenha feito uma gestão brilhante à frente
da Secretaria de Educação. Atentem para esse homem, que pode
crescer, principalmente com a troca de farpas alheia.
E o dileto José Serra?
Até arriscou uma aproximação com a linguagem jovem, faixa na qual
ele tem 50% de rejeição, ao usar um "tudo junto e misturado"
em sua fala, contudo, só transpareceu mais ser aquilo que se chama
"tiozão". Também fez as vezes do ausente mais presente
das eleições paulistanas ao expor obras e supostas obras, lembrando
Paulo Maluf. Justifica-se, já que o pepista, apesar de aliado ao PT,
teve seu espólio transferido para a dupla Serra/Kassab em 2004 e
2008, agora disputado também pelo ex-malufista Russomano (que espectro esse Maluf, hein?). Embora
seja uma canção original (sic) de sucesso, "Eu quero Serra, eu
quero já" tem tudo pra saturar o ouvido do eleitor, talvez
fazendo um efeito contrário do que o pensado pelos tucanos.
Gianazi, a despeito dos recursos e
tempo exíguos, poderia ter feito um programa mais criativo, cuja
produção parece improvisada. Gente para fazer melhor que isso o PSOL tem.