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A propaganda eleitoral
na televisão tem início na terça-feira (21), com os candidatos a vereador, e na quarta, para os aspirantes a prefeito. Em tempos de domínio
do marketing político, trata-se da grande aposta de muitos
candidatos que estão atrás nas pesquisas eleitorais, sendo o ungido
por Lula na capital paulista, Fernando Haddad, um deles. Aliás, foi
justamente o tempo de TV o responsável pelo momento constrangedor
que ainda ecoa nas mentes de militantes petistas, o tal aperto de mão
com Maluf, que certamente será explorado na TV e no rádio.
Difícil dimensionar
qual o peso exato que a televisão terá nas eleições, mas
certamente não será pequeno. Menos pelo horário em bloco que faz as pessoas
assistirem à novela mais tarde e mais pela pelos chamados
spots,
que invadem os intervalos comerciais sem avisar (sim, o convencimento
político pseudo-pós-moderno se dá em pílulas de 15 e 30
segundos). Nas eleições municipais, estima-se que a importância
dos
spots seja ainda maior do que nas eleições
presidenciais, quando os candidatos dividem a atenção com
pleiteantes ao Senado, ao governo do estado, ao legislativo estadual
e à Câmara dos Deputados. Isso afeta também a distribuição das
inserções, como lembra esta
matéria
do Valor: nas eleições de 2010, Dilma teve 229
inserções, enquanto Serra teve 158. Em São Paulo, o tucano e
Haddad terão 689, quase o triplo do que teve a atual presidenta.
Outro dado da mesma
matéria é relevante: em 2008, nas últimas eleições municipais,
77% dos prefeitos eleitos nas capitais tiveram o maior programa no horário
eleitoral e 12% tinham o segundo maior. Só em Belém e Manaus
candidatos que detinham o quarto tempo foram vencedores.
São Paulo
Nas
eleições de 2008, o candidato a prefeito com maior tempo na
televisão e no rádio era Gilberto Kassab, então no DEM, com
8m44s73, seguido por Marta Suplicy (PT), com 6m40s75, Geraldo Alckmin
(PSDB), com 4m27s42, e Paulo Maluf (PP), com 2m30s46. A última
pesquisa do Datafolha de antes do início do horário eleitoral
apontava Marta com 36%, Alckmin com 32% e Kassab patinando com 11%
das intenções de voto. A propaganda eleitoral começou naquele ano
no dia 20 de agosto e, no levantamento feito nos dias 21 e 22, o
tucano, que tinha o terceiro maior tempo, já perdia 8 pontos, com
Marta indo a 41% e Kassab a 14%. Apenas uma semana depois da campanha
televisiva, a d
iferença
entre Alckmin e o então prefeito, que antes era de 21%, se
reduzia a 8%.
Essa é, certamente, a
esperança de Haddad em 2012, já que o petista tem índice
semelhante (9%, conforme o Ibope) ao que o atual alcaide paulistano
tinha em 2008. Ainda que não conte com a máquina municipal, tem,
entre os dois oponentes que estão bem acima dele, um que conta com
alto grau de rejeição (Serra), além de um candidato com bem menos
tempo de rádio e TV, Celso Russomano. Mas as semelhanças
com aquela eleição param por aí.
Enquanto o quarto
postulante de 2008 era praticamente um”nanico com grife” que já
não vislumbrava chance de vencer, Paulo Maluf, hoje existe um quarto
nome que pode causar estragos nos três que estão acima. O deputado
peemedebista Gabriel Chalita, candidato acostumado com as câmeras de
TV principalmente em função de suas participações em programas de
emissoras católicas, terá 4min22s, abaixo de Serra e Haddad, que
terão direito a 7min39s cada um,
de
acordo com o TRE-SP. O líder nas pesquisas Celso Russomano (PRB)
terá metade do tempo de TV de Chalita, 2min11s, próximo ao do
pedetista Paulinho da Força, 1min43s. Soninha Francine, do PPS, terá
1min11s, Carlos Giannazi (PSOL), 57s, e Levy Fidélix (PRTB), 54 s.
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Serra na campanha. Sorriso vai durar? (Fernando Cavalcanti/Milenar) |
Pelo tempo de televisão e rádio,
recursos à disposição e dado o histórico do PT na capital
paulista, que tem um candidato entre os dois finalistas do segundo
turno desde que este começou a valer, em 1992, seria catastrófico
para o partido não ter Haddad em um segundo turno. Se a escrita valer e o petista for à segunda volta, quem seria seu adversário?
A rejeição de Serra é
alta (37% de acordo com
o
Ibope), mais que o dobro do segundo colocado, Levy Fidelix, com
16%. Claro que, no decorrer da campanha, isso pode mudar, mas além
de seu patamar atual estar abaixo do que se poderia esperar, sendo o
tucano o candidato mais conhecido, a tendência é que Russomano e
Chalita disputem parte do seu eleitorado para buscarem o segundo
turno. Em outras palavras, Serra e a gestão Kassab vão apanhar
muito até o fim do primeiro turno. Russomano ainda teria que bater
também em Haddad para conservar sua fatia do eleitorado nas hostes
históricas do PT mas, sem muita exposição, terá que escolher seu
rival prioritário em dado momento da campanha. Preparem-se para o
show.