Compartilhe no Facebook
Agora pela manhã peguei um jornal gratuito, na rua, e uma das chamadas de capa já alarmava: "Cerveja, água e refrigerantes vão ficar 10% mais caros". Na materinha interna, Milton Seligman, vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), explica que o índice leva em conta a inflação acumulada desde o último aumento, em janeiro de 2009. E elogia o governo federal: "O governo contribuiu para o setor nos últimos anos e agora chegou a hora de fazer a correção".
Ou seja, além de não reajustar os impostos para o setor cervejeiro por dois anos, o governo também contribuiu com o aumento do poder de compra do consumidor. Prova disso é que, no mesmo jornalzinho que li, há uma outra matéria muito mais eloquente, mas que não mereceu chamada de capa: "Salários tiveram maior alta em 14 anos". Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 89% dosw reajustes concedidos em 2010 foram acima da inflação.
Não por acaso, o portal R7 já noticiava, na metade do ano passado, que "Aumento da renda do trabalhador eleva consumo de cerveja do brasileiro". Na época, o mesmo Sindicerv já prenunciava que 2010 deveria fechar com um aumento de 12% no consumo da bebida em todo o país. Dizia o texto: "No ano passado [2009], o consumo nacional de cerveja cresceu 10,9%, contra 10,4% no ano anterior, apesar da crise econômica internacional. O mercado somou 10,91 bilhões de litros de cerveja fabricados e comercializados em todo o país, gerando um faturamento bruto de R$ 31 bilhões em 2009".
Já o jornal Valor Econômico informava, em dezembro, que "as estimativas do mercado são de que o volume vendido no País ultrapasse os 126 milhões de hectolitros, ou seja, 14 milhões de hectolitros a mais do que em 2009. Além de mais gente comprando cerveja, o brasileiro passou a beber mais. De acordo com o instituto Euromonitor, o consumo per capita de cerveja passou de 54 litros em 2007 para os atuais 64,4 litros. Um crescimento de 19,2% no volume por habitante, o que fez o Brasil passar de 48º colocado no ranking global de 2007 para a 23ª em 2010".
Pois então, o trabalhador manguaça está com dinheiro no bolso e mandando muito bem no consumo da loira gelada. O que leva a crer que nem um aumento de 10% no preço poderá aplacar sua sede. Saúde!